outubro 2009

Vinhos da Espanha na Cultvinho

                Que o mundo do vinho tupiniquim anda em polvorosa com uma tremenda dança de cadeiras, isso já não é mais noticia. Que estamos vendo um crescimento acentuado de novas pequenas importadoras com foco em nichos, também não. Mesmo não conhecendo algumas, temos a De La Croix, a Cave Jado e a Emporio Sorio (Córsega) todas com vinhos franceses, porém com nichos diferenciados, a Wine Lover’s com vinhos americanos, a Vinho Sul, Porto Mediterraneo e Brasart com vinhos chilenos e argentinos, a  Tradebanc com vinhos italianos, Vinhas do Douro  e por aí afora. Faltava alguém que focasse a Espanha, mas não falta mais.

CultvinhoChegou a Cultvinho, uma empresa movida pela paixão e razão, ou melhor, pela Sandra e Armando o casal que abraça esta causa. Já são 43 rótulos, 14 deles abaixo de R$100,00, com projetos de chegar a próximo do dobro dentro de um tempo. Inicialmente centrado em pequenas vinícolas familiares de pequena produção e grande qualidade o foco de região é a Rioja Alavesa, que possui uma característica de vinhos mais modernos, e algo de Ribera Del Duero, mas a idéia é expandir esses horizontes para outras regiões de Espanha já havendo alguns rótulos do Priorat, Málaga e Penedès.

         Junto com alguns outros colegas blogueiros, tive a grata satisfação de participar de uma degustação seguida de almoço lá no Café Journal, um local muito bonito, simpático, com uma decoração rústica chic e intimista que serve um Buffet primoroso. Gosto de degustações em locais que possuem Buffet porque permite-nos brincar num playground de sensações diversas harmonizando vinhos e comidas, fazendo exercícios loucos, enfim me esbaldo! O maior foco, no entanto, é nos vinhos e estes vieram confirmar a ótima escolha de bodegas feita pelo casal. Nessa parceria, o Armando aporta com toda a sua experiência industrial e empresarial de diretor de multinacional automobilística por vários anos tendo sido presidente da Mercedes Benz Espanha onde consolidou sua relação com o vinho, ele que é português. A Sandra, sua esposa brasileira da gema, já na apresentação da empresa e seus planos, mostrou claramente de onde vem a paixão nessa parceria. Uma dupla que, “despacio”, certamente vai encontrar seu espaço! Uma bela sacada que eu aplaudo, inclusive pela boa relação custo x  beneficio apresentada.

Cultvinho 003Tanto o Álvaro (Divino Guia) como o Beto (Papo de Vinho) quanto o Daniel (Vinhos de Corte), todos com links aqui do lado, já fizeram alguns comentários, porém não posso deixar de dar meus pitocos aqui e registrar minhas impressões dos vinhos provados e que teve, a meu ver, dois grandes destaques entre os diversos bons rótulos provados. Provamos um vinho branco e cinco tintos de muito boa qualidade.

Ostatu Tinto Jovem 2008, um 100% tempranillo muito frutado, produto da maceração carbônica por que passa, num estilo de vinificação a la Beaujolais Noveau. Muito gastronômico, aliás como foram a maioria dos vinhos provados, para ser servido fresco, ao redor de 14º acompanhando umas tapas. Bom, correto, mas é um estilo de vinho que não me encanta. Preço R$54,00.

Nobleza Dimidium 2007, aromas gostosos, muita fruta, madeira sutil. Na boca é de corpo médio, taninos aveludados, acidez moderada, final algo seco e especiado de média persistência. Vinho agradável, sem arestas e de preço justo, R$64,00.

Ostatu Crianza 2006 de nariz muito tímido, ganharia muito com uns 45 minutos de decanter, cresce na boca onde se mostra complexo, redondo mostrando boa estrutura e taninos finos, guloso e de boa persistência que só melhorará com mais alguns anos de garrafa apesar de já ser muito apecetível. Preço justo por um crianza desta qualidade, R$94,00.

Cultvinho 008Erial 2007, um senhor vinho já na paleta olfativa complexa e encantadora em que sobressai a fruta e um chocolate expressivo que convidam a levar a taça à boca. No palato é equilibrado, muito boa estrutura, denso e rico preenchendo a boca com sabores sedutores, taninos maduros e sedosos com um agradável final de boca. Provavelmente o melhor vinho desta degustação que é vendido a R$114,00 no site da Cultvinho, mas que ainda não foi o meu vinho.

Cultvinho 007Prios Maximus Roble 2007, apesar da muito boa coleção de vinhos apresentados, foi este que me seduziu por completo tendo, inclusive, achado que foi o que mais facilmente se harmonizou com os mais diversos pratos provados e apresentado a melhor relação custo x beneficio entre os vinhos tintos provados. Possui um nariz de boa intensidade, muito frutado e fresco, com algo difícil de encontrar num tinto, toques cítricos que o tornam muito interessante. Na boca é encantador com bom volume de boca, equilibrado, harmônico repetindo a fruta do nariz, macio, um vinho vibrante e muito gostoso que só cresceu com a comida em função da ótima acidez. Com um preço de R$78,00, um achado que recomendo aos amigos.

Cultvinho 004Ostatu Branco Joven 2008, faz parelha com o Prios no meu pódio do dia. Corte de Viura e Malvasia de vinhedos de mais de 60 anos, possui  delicados e sutis aromas cítricos, frutos brancos como pêra e melão, com nuances minerais que encantam à “primeira fungada”.  Com o tempo em taça aparecem alguns aromas mais doces, provavelmente em função da presença da malvasia.  Na boca, complementa aquilo que prometia no nariz mostrando-se muito fresco, cremoso, saboroso e fácil de encantar. Com uma salada, queijinho de cabra/endívias e tomatinhos cereja, frutos do mar ou acompanhando uma costelinha na brasa, certamente um grande prazer.  Um destaque ainda maior porque é uma das melhores opções disponíveis no mercado nesta faixa de preços, excelentes R$38,00 que faz com que ele seja o campeão na relação de Qualidade x Preço x Prazer. Maravilha!

            A linha de rótulos é vasta, cada um tem seu gosto e aprecia mais determinados estilos de vinho do que outros, então aventure-se pelo site e curta alguns desses bons caldos. Do que provei e o que pude conhecer da empresa e seus projetos, gostei e recomendo. Sigo achando que os vinhos espanhóis ainda estão longe de terem a participação de mercado que merecem e torço para que este novo empreendimento incentive mais importadores a alçarem vôo naquela direção. Aliás, até porque não posso deixar de puxar a sardinha para meu lado, os vinhos da Peninsula Ibérica são show!

Salute e kanimambo.

Pequeno Dicionário de Português x Brasileiro – Parte IV

dicionario1 Este vinho tinto vinificado em extreme com tinta amarela, é muito porreiro e fácil de encontrar no mercado retalhista lisboeta, mais barato do que os preços nas garrafeiras. Melhor seria dizer que é uma tara, especialmente quando acompanhado de uma tarte de pimentos assados, algo que me sabe muito bem. Podem-me chamar de saloio, mas me fio no feitio do banheiro, que é gajo sério e fiche, quando me diz que é um dos melhores vinhos de Portugal. Ou será que me está a enfiar o barrete?

       Meus caros, com esta última lista e frase acima, que agora já deve dar para “traduzir” facilmente, finalizo meu Pequeno Dicionário que espero vos ajude a compreender melhor o idioma de Camões. Outras palavras existirão, especialmente na área enogastronômica, que espero os amigos possam ir completando através de comentários. Com maior prazer revisarei os posts inserindo estas nova palavras e/ou expressões.

Relva Grama
Rés-do-chão Térreo
Resolúvel Solucionável
Ressonar Roncar
Restauração Restauração ou região de restaurantes
Restolho Sobras, resto do resto, algo ruim sem uso.
Retalhista Varejistas
Retrete Privada, vaso sanitário
Rojões Pedaços de carne de porco conservada em banha.
Rotunda Praça circular. -CUIDADO – Em Portugal, como no resto da Europa, quem está fazendo a rotunda tem preferência no transito e não quem entra pela direita como prática comum no Brasil, mesmo que a lei seja a mesma.
Rulote Trailer
Saber bem Tem a ver com sabor. Ex. uma tosta e um galão iam-me saber bem agora.
Saco Saco mesmo, e só. È muito comum ir á padaria levando seu próprio saco. Ao significado dado pelos Brasileiros à palavra saco, em Portugal se usa bolas, tomates, etc.
Saloio Caipira
Sandes Sanduíche
Sanita Privada, vaso sanitário
Sapateira Um prato feito de carne de um tipo de caranguejo e servido gelado, normalmente na própria casca. Pitéu.
Sarilhos Encrenca, confusão
Sebenta Apostila
Secretária Mesa de escritório / Escrivaninha
Sem crise Sem problema
Serviços de restauração Serviços de restaurante
SIDA AIDS
Sitio Lugar
Sorna Pessoa indolente, preguiçoso
Sova Surra
Sumo Suco
Supressão de berma à frente Término do acostamento logo adiante
TAC Tomografia axial computadorizada. Um exame de raio X, muito comum em Portugal.
Tacho Panela
Talho Açougue
Tara Qualquer coisa muito boa ou bonita, inclusive pessoas. Ex. o almoço estava uma tara.
Taralhoco/a Senil, gagá.
Tareia Surra
Tarte Torta
Tasca Boteco em que se servem refeições prontas, nosso “pf”, porém de boa qualidade.
Tejadilho Teto (capota)
Telemóvel Celular
Tenda Barraca
Tensão Pressão arterial
Ter lata Cara de pau
Ter tomates Gíria para determinar alguém com “aquilo” roxo, corajoso, macho.
Teso Duro, sem dinheiro.
Tirar um curso Fazer um curso
Titulo Bilhete (ônibus, trem, metrô)
Tosta Torrada
Tosta mista Misto quente
Trambulhão Tombo
Traque Também conhecido como bufa, ato de soltar gazes.
Travão Freio
Trepar Mero ato de subir
Trinca-espinhas Pessoa alta e magérrima
Trincar Morder
Tripeiro Pessoa nascida na cidade do Porto
Troço Trecho
Trolitada Pancada
T-shirt Camiseta
Utente Usuário
Vale dos lençóis Cama. Ex. estou estafado, chega por hoje, vou para o vale dos lençóis.
Valente Valente, mas também usado com o intuito de grande, robusto.
Varicela Catapora
Ventoinha Ventilador
Verniz Esmalte para unhas
Vinho em extreme Vinho varietal, produzido com uma só cepa.
Visa Cartão usado para crédito
Zaragata Briga, discussão, confusão
Zé dos anzóis Um Zé ninguém, individuo qualquer, sem valor..
Zona Região

Salute e kanimambo

Frutos do Mar e Vinho Verde Branco

marithimus 005Gosto que me enrosco desta clássica harmonização, mas como a maioria, a cozinha não é dos meus fortes apesar de me esforçar e até fazer algumas coisas interessantes. Frutos do mar, por exemplo, são iguarias que ainda não dominei (exceção feita á caldeirada de lulas) e como gosto de combiná-los com bons vinhos brancos de ótimo frescor, esta linha de produtos da Marithimu’s veio bem a calhar. Já apresentei os produtos desta nova empresa de Santa Catarina há um tempinho atrás, mas fiquei de degustar e compartilhar a experiência com os amigos, o que finalmente faço e, como podem ver pelos potes, não sobrou nem cheiro para contar a história, só mesmo escrevendo.

        Num primeiro momento, abri o pote de deliciosos e suculentos pedaços de polvo, tenros, delicados e saborosos. Para acompanhar algumas fatias de pão italiano levemente aquecidos que gulosamente molhava no óleo que envolvia o polvo, abri uma garrafa do delicioso Quinta do Ameal Loureiro 2007  (Vinho Seleto) que escoltou o polvo em perfeita harmonia e sedutor encantamento. Ambos suaves, delicados e saborosos, cresceram juntos me Diversos 043enchendo a boca de prazer e a alma de satisfação. Uma bela “maridage” para ninguém colocar defeito e uma pena que esta minha degustação tivesse que ser interrompida por um acidente que requereu minha urgente e imediata atenção tendo, inclusive, me feito esquecer o fato de que não tinha fotografado esse encontro especial. Pelo menos curtam o rótulo, por que o resto desapareceu muito rapidamente. O Quinta do Ameal é um dos bons exemplos do que os vinhos elaborados com a casta autóctone Loureiro podem gerar.  Muito fresco, aromático, saboroso, suave e repleto de sutilezas num estilo que nos faz lembrar os bons vinhos alemães da região do Mosel e que acaba muito rapidamente. Melhor ainda porque tem um preço bem convidativo, por volta dos R$42,00

        Três semanas depois o segundo momento e este mais programado, sem interrupções e mais satisfação. Aliás, tenho que reconhecer que este produtos e um bom vinho branco são parceiros infalíveis e, muito importante, fácil e rápido de servir. Estou longe de ser um craque na cozinha, muito menos uma Renata Braune que soube como ninguém trabalhar estes produtos ou outros autores que aparecem na seção de receitas do site da Marithimu’s. No entanto, seguir receita eu sei, e segui a de Bruschettas de Ostras que vem com a própria embalagem, mas que também tem no site. Dois potes, um com mexilhão e o outro com ostras, que traçei devidamente acompanhado por um dos mais saborosos alvarinhos, o divino Soalheiro 2007.

Receita0001

         Para começar, preparei as bruschettas com as ostras, tendo feito um teste também com o mexilhão em somente duas. Achei que a delicadeza da ostra se houve melhor na bruscheta tendo deixado o restante do mexilhão para comer somente com pedaços de pão italiano levemente torrado, uma verdadeira delicia. Enquanto escrevo me vêm á memória os aromas e sabores tanto do prato como do vinho, deixando-me com água na boca, prova cabal de que essa harmonização foi perfeita. Costumo dizer que vinhos de longa persistência são aqueles que ficam na memória, pois bem essa harmonização seguiu o mesmo padrão.

Comemoração Bruno 008

           O Soalheiro, esse é um caso à parte, um vinho elaborado com 100% da cepa Alvarinho que é uma de minhas preferidas, sendo este rótulo muito especial, tanto que sempre que passo em Portugal me asseguro de trazer uma ou duas garrafas, até porque não é caro, custa algo próximo a 8 Euros. Uma pena que não posso trazer de caixa pois correria o risco dos fiscais da alfândega acharem que fosse para revenda! Existem vinhos de maior nome e bem mais caros, que não lhe chegam aos pés e, por outro lado, é campeão de consistência anos após ano possuindo uma característica interessante, envelhece bem. Uma pena que nunca lhe dou esse tempo e acabo com ele ainda jovem pois é irresistível. È um vinho de muita classe, grande intensidade aromática em que se sobressai damascos e flor de laranjeira com espectro floral e frutado que encanta. Na boca é exuberante e algo cítrico com  deliciosa textura e riqueza de sabores, sedutor e um final mineral que nos deixa pedindo mais. Um dos grandes vinhos brancos portugueses e quem ainda não teve oportunidade de o provar está perdendo. Faça-se um favor e compre uma garrafa aqui na Mistral, só para conferir se toda essa minha empolgação tem, ou não, razão de ser. Se não for com estas iguarias, que seja com um belo risoto de camarão, garanto que será um manjar digno dos deuses!

         Dois momentos, duas harmonizações deliciosas que recomendo aos amigos e uma dica ao pessoal da Marithimu’s, disponibilisar, opcionalmente, embalagens maiores com o dobro do conteúdo. Eu vou me garantir e fazer algum estoque, tantos dos vinhos quanto dos deliciosos quitutes dos amigos da Marithimu’s. Salute e kanimambo.

“La Negra” Se Ha Ido.

         Pessoas desse porte e com esse histórico não morrem jamais, simplesmente passam para outro estágio, porém ao fazê-lo deixam um certo vazio e tristeza para trás. Como Mirian Makeba, um símbolo da resistência pacifica em África, La Negra foi a voz que não calou em tempos difíceis de ditaduras militares por toda a América do Sul e, ao partir,  deixa no rosto uma lágrima que insiste em cair. Uma voz, um pensamento em total sintonia com Violeta Parra, esta chilena, de quem cantou musicas que marcaram uma geração. Este blog dá importância e foco ao vinho, mas reconhece que o doce néctar não é tudo, muito pelo contrário. Como já fiz com Mirian, a Mama Africa, permitam-me agora fazer a essa guerreira que foi Mercedes Sosa, La Negra, uma pequena e simbólica homenagem. Duas músicas que me marcaram e que tenho a certeza, marcaram muitos outros amigos leitores. Quem não conhece, aproveite e tire alguns minutos para conhecer. Já os que conhecem, aproveitem para relembrar inclusive nesse dueto com Milton Nascimento que é uma das obras primas da canção Sul Americana.

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[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=BcID17wcZHU&feature=related]

Salute e kanimambo Mercedes Sosa. O vinho volta amanhã.

Mais Rótulos Criativos

             Realmente a necessidade é a mãe da invenção! Seja em nomes, seja no design, para escapar das exigentes regras das classificações DOC, para criar impacto mercadológico ou estabelecer empatia com o consumidor  num mercado cada vez mais competitivo, os designers usam a abusam da criatividade como já mostrei anteriormente. Eis mais alguns rótulos interessantes sendo que o Cycle Gladiator chegou a ser banido na Alabama por algo como, atentado ao pudor dos tomadores de vinhos. Só lá! Salute, kanimambo e um bom Domingo.

Bad Boy                  Incógnito

 

        cycles_gladiator Cab                    evilwinelabel

 

2848952307_bdb8e1c0fa              rootwine_6          boxhead Shiraz label

 

3737611260_82bd8844ec            430505038_3e4a467e83

 

   interlude-label-front         lbl_AU_Black_Chook_Shiraz        lbl_AU_boarding_pass_so_aus_shiraz_2005_remc

 

350557365_a7ad053045    Omen shiraz    red_guitar_temp_garnacha

 

  Sones-wine-label   sharkbay      promisqous-label-front

 

  Scraping the Barrel                Zin cardinal

 

Old bastard

Reflexões do Fundo do Copo – O Vinho e o Crítico

   breno3 O vinho e o crítico mantêm uma relação nem sempre auspiciosa. Enquanto o crítico é um amador, ou seja, não vive do que faz, faz de conta que é crítico, porque muitas vezes acaba sendo mais um inocente útil a serviço dos interesses do produtor do vinho, que pode ser tudo, mas jamais deixa de ter interesses comerciais no seu produto. Eu te convido para os eventos que promovo e você escreve bem sobre o que faço. Este é o trato. O mais influente conhecido de nossos entendidos em vinho na imprensa, o recém falecido e bem quisto por todos Saul Galvão, falava bem do que gostava e omitia sua opinião sobre o que não lhe agradava. Coisa de gentleman, coisa de gente fina.

             Não é preciso ser muito esperto para saber que qualquer nota 90 de Robert Parker aumenta o valor de um vinho, porque acelera – e muito – o conhecimento que se tem daquele produto, pois ele há de ser experimentado numa velocidade além do que seria comum, apenas pelas mãos do investimento publicitário e promocional. O sistema de dar notas aos vinhos que eu pratico nos meus cadernos particulares, serve como exercício próprio, uma brincadeira de confrontar a minha avaliação com a dos outros. Mas mesmo que assim não fosse, não teria grandes importâncias porque afinal não piloto uma coluna de grande repercussão no mercado. Mas o que dizer da Wine Spectator, da Decanter, do Gambero Rosso, do Peñin e de tantos e tantos outros como eles que influenciam o ato de comprar?

           Gente que escreve para milhões. Um Jorge Lucki, um Jorge Carrara, ao elogiar um vinho, tem a responsabilidade direta sobre o sucesso de venda de muitas marcas. Com isso, enquanto apenas poucos veículos sustentam uma relação profissional com os produtores e importadores, as revistas e blogs sobre vinho vão aparecendo em todas as frentes possíveis e imagináveis. Colunas que reproduzem os releases das assessorias de imprensa são inúmeras, espalhados por todos os cantos, fruto – talvez – desta pobre e incipiente relação entre produto e informação. O jornalista enófilo é seduzido por todo lado: viagens de visitação, ações patrocinadas que influenciam seu discernimento, por melhor que seja. Apenas aqueles que têm condições econômicas para viajar, comprar e degustar quando quiser e nas condições que quiser pode gritar “independência ou morte” neste negócio.

           Esta relação entre produto e imprensa não é, evidentemente, coisa exclusiva do mundo do vinho. Muitos outros nichos de interesse dependem da opinião abalizada para fazer sucesso. Os produtores de filme bajulam os críticos de cinema por isso. Os donos de restaurante fazem o impossível e o possível para aliciar o crítico gastronômico. As orquestras tentam criar o canto das sereias que enebrie os críticos mais importantes. O mesmo acontece com o crítico de arte plástica, de publicidade, de design gráfico etc. A base da questão está no grau de subjetividade do objeto a ser analisado. Prefiro assim, para não cair na vala comum daqueles que acham que homem é de tal forma corruptível que sempre será tentado a agradar quem lhe afaga.

           Boto toda a minha caixa de ferramentas à disposição da minha vontade de convencer o leitor sobre o assunto que estou tratando, portanto me envolvo emocionalmente com isso. Trato de defender as minhas pequenas certezas com todas as armas que tiver. Tento racionalizar minhas opções subjetivas e com isso passar segurança, conhecimento e informação sobre elas. O receptor deste meu esforço de comunicação é o leitor que pega o que escrevo, identifica-se com a idéia geral, com os princípios que defendo e, quase que por osmose sai a defender meu ponto de vista como se fosse seu. E assim como sou influenciado pelos que sabem mais do que eu e seduzido pelos proprietários do negócio que escolhi para comentar, influencio os que me lêem.

          Esta é a minha força. Esta é a minha fraqueza.

Mais um texto do amigo e colaborador, agora com participação quinzenal aos sábados, Breno Raigorodsky; 59, filósofo, publicitário, cronista, gourmet, juiz de vinho internacional e sommelier pela FISAR. Para acessar seus textos anteriores, clique em Crônicas do Breno, aqui do lado.

Dicas da Semana

           Mais uma coletânea de eventos, encontros, lançamentos, boas compras, gastronomia, enfim, uma série de dicas recebidas de parceiros e amigos que valem a pena serem conferidos. Note-se que ao longo da semana, recebo algumas dezenas de press releases e solicitações de publicações de notas dos quais filtro aqueles que acho, efetivamente, interessantes. Aqueles que me interessariam provar e conferir e que, consequentemente, acho merecedoras de compartilhar com os amigos.

!cid_017e01ca41f8$259ecf20$0100a8c0@isabelCarta Brasil na Confraria Carioca – dando uma ênfase a uma série de rótulos brasileiros diferenciados, a mais charmosa winestore do Rio, a boutique de vinhos Confraria Carioca, em parceria com Rogério Goulart, diretor da ‘In Foco Comunicação’ e distribuidor dos vinhos finos Maximo Boschi e Reliquiae Vini (Bettú), no Rio de Janeiro, e Rogério Dardeau, considerado uma das maiores autoridades quando o assunto é vinho brasileiro, autor de livros sobre o tema, como “Vinho: uma festa dos sentidos” promove o lançamento no dia 06 de outubro às 19h30min na loja da Confraria, da Carta Brasil.

      O projeto foi idealizado por esses três entusiastas do vinho brasileiro diferenciado (como classificado no livro de Rogério Dardeau) que há algum tempo planejam oferecer mais visibilidade a estes vinhos especiais.  Para tanto, foram convidados parceiros produtores para criar a Carta Brasil, dentro da Confraria Carioca, que a partir do lançamento estará permanentemente incorporada ao cardápio da Confraria Carioca.

   A seleção dos eleitos foi minuciosamente planejada e estudada e, os 15 rótulos escolhidos;

  • Bettú Corte Bordalês B 2003
  • Dal Pizzol Assemblage 30 anos
  • Dal Pizzol Touriga Nacional 2005
  • Don Miguel CS 2005
  • Lidio Carraro Tannat 2005
  • Maximo Boschi CS 2000
  • Miolo Quinta do Seival Castas Portuguesas 2005
  • Santo Emílio Espumante Brut Rosé Estellato
  • Tormentas 2007
  • Valduga Storia Merlot 2005
  • Villa Bari Gran Rosso 2005
  • Villa Francioni Rosé 2008
  • Villa Francioni SB 2008
  • Villaggio Grando Innominabile
  • Villaggio Grando SB 2008

ficarão expostos numa prateleira especial da loja. Dois espumantes Don Giovanni, o DG Cuvée 2004 e o DG Espumante Brut.serão os grandes destaques. “Um dos objetivos desse projeto é chamar a atenção do consumidor para a relação custo x qualidade do vinho brasileiro diferenciado”, avalia Duda Zagari.  Fico feliz por ver alguns vinhos já amplamente destacados neste blog em diversos posts e outros, bem outros ainda estão na fila, mas chego lá! Para você que está no Rio, não deixem de prestigiar o lançamento neste próximo dia 6 de Outubro às 19:30.

 

Uvas Ícones 006Kylix – Sempre uma boa dica de compra. Desta vez o Simon nos traz um vinho que teve uma boa performance em nosso último Desafio de Vinhos de Uvas Ícones quando foi considerado pela banca de degustadores (13) como a melhore relação Custo x Beneficio. É o Michele Chiarlo Barbera d’Asti Le Orme 2005 que teve a escolha baseado em seu bom preço de R$79,00 então imagine agora que voce pode comprar duas garrafas e leva a terceira na faixa?! Barbera Le orme a R$52,00?? Barbada imperdíve!.

 

Hungria em Piracicaba – O Luis Otavio apronta mais uma lá no seu recanto, o Enopira, uma degustação e um jantar todo húngaro.  Vejam só a programação:

VINHOS APRESENTADOS

  •  Espumante Törley Száraz ( Dry-Sec ) NV
  • Aranymetszés Balatoni Irsai Oliver 2008 ( Branco )
  • Kemendy Pázmándi Chardonnay Barrique 2006
  • Vesztergombi Szekszárdi Pinot Noir 2006
  • György-Villa Villány Cabernet Sauvignon 2006
  • Vesztergombi Szekszárdi Kadarka 2007
  • Vesztergombi Szekszárdi Kékfrankos 2006
  • Vesztergombi Szekszárdi Csaba Cuvée 2006

De entrada serão servidos, torradas com Libamájpástétom e com Camembert Áfonya lekvárral.

APÓS A DEGUSTAÇÃO SERÁ SERVIDO: Csirkepaprikas Galuskával, Mákoi  Kolbász szósz Tokaji Kereskedóház Furmint 2008 ( Frango com paprikás e lingüiça picante defumada de Máko, cozidos em Tokaji Furmint, acompanhado de nhoque de batata ).

Estivesse um pouco mais perto e não perderia porque de Hungria sou um neófito. Para você da região que se interessou, lembro que são só 15 vagas, eis o onde, quando e como participar: ENOPIRA – Rua Mamede Freire nº 79, Piracicaba, tel. (019 ) 3424-1583 /  Cel. ( 19 ) 82040406 ou por e-mail para  luizotaviol@uol.com.br  . DIA: 08/10/2009  às 20:00 hs e o preçinho, R$70,00.

 

6º Boteco Bohemia São Paulo  Além do ‘Melhor Petisco’, os bares também disputam nas categorias de ‘Melhor Atendimento’, ‘Melhor Ritual de Servir Bohemia’ e ‘Garçom Nota 10’ (um para cada estabelecimento). Diferente dos anos anteriores, quando o público votava via internet nos bares participantes, neste ano a seleção ficou a cargo de três chefs de cozinha: Roberto Ravioli, Erick Jacquin e Massimo Battaglin, convidado de Belo Horizonte, assim como o jornalista Mauro Marcelo Alves. Eles !cid_01d201ca42db$275b8220$0600a8c0@VIVAdegustaram às cegas petiscos de 75 bares paulistanos e selecionaram 31 concorrentes. Entre eles , pela sexta vez consecutiva, o Jacaré Grill  desta feita com seuRolê do Jacaré“,  petisco criado por Cintia Camargo, proprietária do bar. A receita é preparada com picanha suína recheada com queijo coalho e acompanhada por mel picante (R$ 14,90 a porção com quatro unidades).

        Em todos os botecos, o consumidor encontrará cédulas de votação, nas quais pode conferir notas de 1 a 10 às três categorias e indicar o melhor garçom da casa. Os três primeiros colocados de cada categoria serão eleitos por voto popular e por um júri de especialistas e formadores de opinião em gastronomia, sob a supervisão do instituto Vox Populi. Ao final, vence o bar que tiver a maior média de pontos. Os ganhadores serão divulgados durante a Festa da Saideira, nos dias 7 e 8 de novembro, que contará com a presença dos 31 bares concorrentes e seus respectivos petiscos, além de diversas apresentações musicais. Vamos conferir?

 

Bistrô da Casa do Porto –  um lugar diferente e aconchegante montado para os amantes do vinho. Vale conferir, não só o bistrô, mas também a vasta coleção de vinhos ao seu dispor. De dar água na boca!

!cid_6DD085829FE948EBB2F662A74427AA21@Gilberto

 

Casino do Estoril – Esta é para os amigos portugueses e para os brasileiros que por lá perambulam. Hoje e amanhã tem lugar o evento Vinhos do Alentejo no Casino.  No cenário envolvente do Salão Preto e Prata do Casino do Estoril, uma viagem pelos grandes vinhos alentejanos em provas comentadas com produtores, enólogos e especialistas. Uma oportunidade rara de degustar criações de um “terroir” de excelência, contactar com os protagonistas da região e perceber melhor o carácter de vinhos excepcionais. Aos vinhos, juntam-se ainda tapas alentejanas, preparadas por um chefe convidado, e um ambiente convidativo, ao som de boa música. Veja o programa com dois importantes detalhes; a presença de Marcelo Copello, confirmando seu prestigio internacional, e os preçinhos camaradas. Se tivesse lá não perdia de jeito nenhum!

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WINE MASTERCLASSES | PROVAS COMENTADAS

Deixe-se guiar pelos maiores especialistas numa experiência única. Terá a oportunidade de provar vinhos do Alentejo numa verdadeira aula e de tornar-se um conhecedor exigente

SEXTA, dia 2 | 17h00 (5€)

GRANDES COLHEITAS | Rui Falcão

SEXTA, dia 2 | 19h00 (5€)

NOVIDADES BRANCOS ALENTEJANOS | Marcelo Copello

SÁBADO, dia 3 | 16h00 (5€)

CASTAS DO ALENTEJO | Aníbal Coutinho

SÁBADO, dia 3 | 18h00 (5€)

NOVIDADES TINTOS ALENTEJANOS | Marcelo Copello

SEXTA e SÁBADO | 20h30 (40€)

CHEFE VÍTOR SOBRAL

HARMONIZAÇÕES AO JANTAR

Porque a comida e o vinho são inseparáveis. Descubra com o famoso Chefe Vitor Sobral os contrastes que intensificam os sabores ou quais as melhores combinações para uma degustação perfeita.

 

Derby Português na Portal dos Vinhos – meio que em cima da hora também, mas por falar em Alentejo e antecipando um pouco o Desafio de Vinhos deste mês, a Portal dos Vinhos dos amigos Fátima e Emilio estarão promovendo hoje, ligue logo pois não sei como estão as reservas (só 16), promovem este duelo entre vinhos do Alentejo e do Douro. Que tal?

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Mostra Internacional de Vinho acontece em Campinas – Amanhã, (3/10), a quarta mostra acontecerá no Royal Palm Plaza Resort Campinas. As principais importadoras de vinhos e vinícolas nacionais apresentarão grandes rótulos e mais de 200 vinhos para degustação, com muitas novidades. Sucesso de público desde sua primeira edição, em 2006, o evento reuniu, no ano passado, mais de 600 participantes ligados a lojas de vinhos, restaurantes, bares e pessoas que se interessam por vinhos. A taxa de inscrição, de R$ 50,00 para homens e R$ 35,00 para mulheres, inclui uma taça de degustação com a qual é possível provar todos os vinhos expostos. Durante o evento haverá um buffet de comidinhas no foyer do hotel. “Temos grandes marcas dos mais diversos países a serem degustadas e comparadas num único local. Além disso, a MIV-Campinas é uma importante fonte de negócios do setor”, diz Midory Vianna, organizadora da Mostra.

         O evento deste ano contará com seis palestras, com 40 minutos de duração cada, a partir de 16 horas, sobre diferentes temas ligados ao mundo do vinho. Para participar, o interessado deverá se inscrever pelo site www.mivcampinas.com.br  e pagar R$ 15,00 mais taxa de conveniência por palestra.

PALESTRAS (vagas limitadas):

  •  Iniciação à Degustação de Vinhos – com Francisco Soares, engenheiro, enófilo, sócio-fundador e ex diretor da ABS-Campinas, professor do curso de formação de sommelier e outros cursos.
  •  Slow Food – prazer e alimentação com consciência e responsabilidade – com Mário Firmino, consultor de marketing e co-fundador do Convivium Campinas do Slowfood – haverá degustação de vinhos.
  •  Noções de Harmonização Enogastronômica – com Bruno Vianna, engenheiro, consultor de vinhos, fundador e presidente da ABS-Campinas, professor do curso de formação de sommelier e outros cursos.
  •  Vinho e Saúde – com Dr. Miguel Hatsumura, médico e diretor de degustação da ABS-Campinas.
  •  Azeite: Longevidade, Esta é a Nossa Receita – com Marco Antônio Guimarães, engenheiro, proprietário da Dolivino, passou mais de um ano na Europa e África estudando azeites de oliva.
  • Novo Mundo x Velho Mundo – as diferenças e as tendências – com Dr. Arthur Azevedo, médico, ex-presidente da ABS-SP, professor do curso de formação de sommelier e outros cursos. Consultor de vinhos e sócio editor da revista Wine Style.

 

BordeauxCurso de Bordeaux – 05/10 – segunda-feira – 20:00 hs .A Kylix vinhos sob comando do sommelier Manuel Luz, apresenta uma das mais famosas regiões da frança e de todo o mundo.Bordeaux é a região mais influente do mundo do vinho e rica em diversidade. a qualidade de seus vinhos serve de modelo para todos os enólogos que buscam finesse e elegância. Suas uvas Cabernet Sauvignon, Merlot, Cabernet Franc, Semillion, Sauvignon Blanc e Carménère estão entre as preferidas de todos. Os comerciantes de bordeaux ensinaram a degustar corretamente um vinho. Criaram o primeiro manual do degustador e a primeira faculdade de enologia. Neste curso serão abordadas; as características da região com ênfase no terroir , na cultura e gastrônomia local. Para maiores informações acesse >> http://www.kylixvinhos.com.br/td+32+agenda+de+cursos.html

 

Salute, kanimambo e um belo fim de semana para todos.

Desafio de Uvas Ícones – Quem Faturou?

           Talvez uma das mais enriquecedoras degustações que já realizamos. Um Desafio diferente que fez com que tomássemos consciências de nossas limitações e o quanto ainda temos para aprender. Aos amigos que compuseram a banca de degustadores que julgariam esta prova, lancei um desafio extra, descobrir qual a cepa de cada um desses vinhos servidos às cegas. Fácil? Então, você que pensa que já sabe tudo, experimente fazer um exercício semelhante e depois falamos. Passamos por dois processos, provar e analisar os vinhos e puxar por nossas memórias para tentar achar as tipicidades de aromas e sabores que compunham cada cepa na taça. Muito bom, mas por outro lado, também nos mostra o quanto isso é menos importante no vinho quando comparado ao todo, se tornando um “mero” detalhe do conjunto!

            Nosso principal objetivo, no entanto, é apurar os ganhadores da noite e, como sempre nestes desafios, algumas surpresas;  atletas de primeiro nível que não estão numa boa noite, outros menos cotados que se superam, momentos em que o vinho se assemelha à vida. Não existem verdades absolutas em nossa vinosfera e duas garrafas do mesmo vinho e safra, guardadas de forma igual e no mesmo local, podem evoluir de forma diferente então cada um destes Desafios vem carregado de indagações de como os vinhos se comportarão. Mais uma vez, um belo painel que tenho o privilégio de organizar com o apoio de um monte de gente que já destaquei em posts anteriores. Agora quero compartilhar a experiência., comentando um pouco sobre os vinhos conforme a ordem em que foram servidos, lembrando que notas e comentários são a média e coletânea do que colhi nas planinhas de degustação. Ao final listo o vinho preferido de cada degustador e a nota dada por ele.

Uvas Ícones 006Barbera Le Orme 2006 de Michele Chiarlo (Zahil) representando a Itália, com 88 pontos da Wine Spectator, é um vinho da região de Asti mostrando bem sua tipicidade com uma cor rubi, brilhante com bastante fruta vermelha ao nariz. Na boca é macio, sedoso e equilibrado, rico com um final muito fresco pedindo comida. Um vinho gastronômico, mas versátil que também se toma muito bem sozinho ou acompanhado de um bom prato de queijos e frios, sendo fácil de agradar desde os mais neófitos dos enófilos até aos mais tarimbados. Muita elegância num vinho que costumo denominar como amistoso e confirmou minha opinião anterior. Obteve a média de 85,73 pontos e custa R$79,00.

 

Uvas ìcones 001Touriga-Nacional Reserva 2005 da Quinta Mendes Pereira (Malbec do Brasil) representando Portugal, recebeu 16,5/20 pontos da Revista de Vinhos portuguesa, tendo-se mostrado á altura das expectativas. De nariz intenso, fruta confeitada e algo balsâmico com sutis nuances florais . Na boca apresentou-se com taninos firmes porém finos, harmônico, saboroso, complexo, acidez no ponto mostrando-se também bastante gastronômico (arroz de pato?) com um final de boa persistência. Um belo vinho que alcançou a pontuação média de 86,36 e custará, assim que chegar, por volta de R$90,00.

 

Uvas Ícones 010Zinfandel Pezzy King 2005 (Wine Lover’s) o competidor mais difícil de conseguir já que quem tinha não quis participar e quem queria não tinha o rótulo disponível. Ao falar com a Giselda, por indicação do amigo Álvaro, no entanto, a coisa mudou de figura. Não são muito os rótulos disponíveis no Brasil e, consequentemente, não são sabores a que estejamos acostumados. Este possuía uma paleta olfativa muito intensa e convidativa onde se destacavam toques de licor de cereja, fruta em compota e amoras. Na boca segue intenso, de bom volume de boca, taninos maduros e sedosos, harmônico com um final algo adocicado com coco e chocolate perfeitamente balanceado por uma acidez correta que deixa um retrogosto de quero mais. Belo Vinho que obteve a média de 88,91 e custa R$110,00. Tem uma história de que cliente VIP tem 20% de desconto, então vale conferir no site deles.

 

Uvas Ícones 005Tempranillo Sierra Cantabria Crianza 2004 (Peninsula) foi o desafiante espanhol que veio com um senhor retrospecto, o de ter obtido 90 pontos da Wine Spectator e ficando entre os top 100 de 2008 dessa conceituada revista. Acho que os 40 minutos de decantação foram pouco para este renomado vinho que se apresentou fechado, nariz tímido em que aparecem aromas de fruta vermelha fresca (ameixa) e algum tostado. Na boca segue fechado, algo austero, taninos ainda jovens e firmes ‘pegando” um pouco, acidez muito boa que convida a comer e pede um prato com “sustança”. Final de boca mostra um certo desiquilibrio, coisa que um tempo mais em garrafa, ou o dobro do tempo em decanter, devem harmonizar mostrando todo o potencial do caldo. Obteve uma média de 83,41 pontos e custa ao redor de R$109,00. Um vinho que necessita de uma segunda visita!

 

Uvas Ícones 007Carmenére Ochotierras Gran Reserva 2005 (Brasart), o representante Chileno desta cepa que possue amantes e ferrenhos opositores. Eu não sou fã, mas gosto de alguns rótulos, entre eles este. Vinho pronto não devendo melhorar mais do que já está. Nariz balsâmico com nuances vegetais e alguma especiaria. No palato apresenta-se redondo, macio, equilibrado com taninos sedosos, boa acidez e estrutura mostrando-se muito elegante e saboroso. Obteve a média de 84,68 pontos e custa em torno de R$90,00.

 

Uvas Ícones 012Pinotage Morkell PK 2004 (D’Olivino), o desafiante sul africano desta cepa que também é pouco conhecida por aqui com muita coisa bastante rústica e barata (existem exceções) e caldos como este, com muita qualidade, um vinho que enobrece a casta. Classificado por alguns membros da banca como, misterioso e intrigante, mostra no olfato aromas complexos em que aparecem com maior destaque cacau e frutas secas, com boa evolução em taça. Na boca é harmônico, boa estrutura, denso e rico de sabores com um final muito agradável com toques de especiarias. Vinho para tomar com calma e mais uma boa participação dos vinhos desta importadora. Obteve a média de 87,73 pontod e custa ao redor de R$120,00.

 

Uvas Ícones 015Pomar Reserva 2006, o nosso vinho surpresa da noite, e que surpresa! Da Venezuela, Bodegas Pomar, região de Lara a 480mts de altitude vem este saboroso corte de 60% Petit Verdot, 23% Syrah e o restante de Tempranillo, um assemblage diferente e criativo que surpreendeu a todos tendo sido escolhido por um dos membros da banca, como o melhor vinho da noite. Como vinho surpresa, posso introduzir qualquer coisa no painel, então a escolha por um vinho que não fosse varietal, mas que trazia consigo uma enorme dose de exotismo. Por ser um corte foi fácilmente identificado pela maioria, porém a sua origem deixou a todos perplexos. Fruta madura, ervas e alguma especiaria compõem uma paleta olfativa muito agradável que convida levar a taça à boca onde se mostra muito equilibrado, elegante, complexo com boa evolução em taça, taninos aveludados e muito gostoso. Um conjunto sem arestas que obteve o reconhecimento de quase todos, houve uma única nota mais baixa, que resultou numa média de 86,45 pontos e não está disponível para venda.

 

Uvas Ícones 018Pinot Noir J. Cacheux Bourgogne Les Champs D’Argent 2006 (Decanter), nosso desafiante  francês e talvez o vinho mais fácil de identificar pois já no exame visual se mostrava com toda a sua tipicidade com uma cor rubi clara, brilhante, quase clarete. Nos aromas muita sutileza com a presença de frutos do bosque como morangos e framboesas assim como leves nuances florais. Na boca, taninos finos e sedosos ainda bem presentes, rico e complexo mostrando nuances de salumeria, um vinho sedutor como são a maioria dos bons Pinots, em especial os da Bourgogne. Obteve a média de 86,45 pontos e custa ao redor de R$119,00.

 

Uvas Ícones 008Shiraz Bridgewater Mill de Adelaide Hills 2005 (Wine Society), o representante da Austrália onde essa cepa virou rainha. De boa tipicidade, nariz discreto mostrando alguma fruta vermelha e especiarias. Na boca aparece uma madeira mais presente, porém sem subjugar o caldo, e álcool um pouco saliente sem ofuscar um conjunto muito agradável, de bom corpo, taninos presentes, aveludado e macio, acidez moderada, elegante com um final bem saboroso que satisfaz e nos faz pedir mais. Obteve 86,91 pontos e custa ao redor de R$87,00.

 

Uvas Ícones 017Malbec Rutini 2006 (Zahil), o nobre desafiante desta cepa que já virou sinônimo de Argentina, mesmo sendo francesa (como a maioria), mas que vem crescendo também no Chile e até aqui no Brasil já começam a aparecer alguns exemplares. Rubi violáceo, bem típico da casta, apresenta um perfil aromático composto de frutas escuras, algo vegetal e nuances florais que despistaram muitos da banca. De boa estrutura, no palato é suave, com taninos finos e sedosos, elegante, equilibrado com um final muito agradável e levemente frutado mostrando boa persistência. Um Malbec algo diferenciado que obteve 85,59 pontos e custa R$119,00.

 

Uvas Ícones 009Merlot Valduga Storia 2005 (Portal dos Vinhos), uma cepa que já se tornou símbolo da Serra Gaúcha. Eu que adoro este vinho, não o dentifiquei em função de uma intensidade aromática muito além do que tinha experimentado em vezes anteriores. A forte presença de café tostado, moka, que impacta a primeira “fungada” mostra a forte presença de madeira e a necessidade de um período maior de decantação para que o vinho encontre seu melhor equilíbrio olfativo quando aparece um pouco mais os aromas frutados com nuances florais. Na boca, alguma fruta negra, leve toque químico, untuoso, rico e complexo com um final algo tânico com retrogosto que nos lembra caramelo e muito boa persistência. Obteve uma média de 88,14 pontos e custa algo ao redor de R$110, porém devido à raridade, já se houve falar de R$130 e mais!

 

Uvas Ícones 014Tannat Abraxas 2002 (Dominio Cassis), rótulo premium do produtor, do qual somente 600 garrafas foram produzidas numa região diferente das tradionais áreas produtivas no Uruguai, em Rocha. Mais um dos vinhos que mostraram bem o que são, muita tipicidade num tannat de prima que ainda se apresenta fechado com taninos ainda bem presentes e firmes, porém sem qualquer agressividade, mostrando que ainda tem muito anos de vida e avolução pela frente. Nos aromas, algo herbáceo com nuances frutadas ainda tímidas que evoluem na taça. Na taça é uma explosão de sabores, rico e complexo com alguma madeira ainda por integrar, mas sutil, dando suporte a um conjunto gordo e harmonioso que enche a boca de prazer e ainda promete mais para daqui a alguns anos. As garrafas rareiam por aí, eu ainda tenho uma, e acredito que em 2012 estaremos perante um verdadeiro néctar. Obteve 86,77 pontos e custa por volta de R$105,00.

 

              Apurados os resultados, o grande campeão da noite, o Melhor Vinho foi o Pezzy King Zinfandel (atropelando por fora). Pelos pontos obtidos e bom preço, a Melhor Relação Custo x Beneficio ficou com o Barbera D’Asti Le Orme e o vinho considerado como a Melhor Compra, o Bridgewater Mill Shiraz. Na segunda colocação no rol dos Melhores Vinhos da noite, o nosso Valduga Storia Merlot, seguido do Morkell PK Pinotage, do Bridgewater Mill Shiraz e completando o podio, o Abraxas Tannat 2002. O nosso vinho surpresa vindo da Venezuela direto para este Desafio de Vinhos na Zahil, obteve um honroso oitavo lugar entre vinhos e países produtores já consagrados mundialmente. Mas quais foram os vinhos preferidos de cada membro da banca de degustadores? Pois bem, para matar a curiosidade dos amigos, aqui está:

  • Emilio Santoro – Pezzy King Zinfandel – 89 pontos
  • Marcel Proença – Pezzy King Zinfandel – 93 pontos
  • José Luiz Pagliari – Morkell PK Pinotage – 91 pontos
  • Francisco Stredel – Pezzy King Zinfandel – 93 pontos
  • Evandro Silva – Bridgewater Mill Shiraz – 90 pontos
  • Ralph Shaffa – Storia Merlot – 91 pontos
  • Ricardo Tomasi – Storia Merlot – 91 pontos
  • Cristiano Orlandi – Rutini Malbec – 93 pontos
  • Fabio Gimenes – Pomar Reserva – 92 pontos
  • José Roberto Pedreira – Pezzy Kink Zinfandel – 92 pontos
  • Simon Knittel – Storia Merlot – 88,5 pontos
  • João Filipe Clemente – Pezzy King Zinfandel – 89 pontos

       È isso gente, mais um Desafio de Vinhos terminado e mais um monte de lições a serem devidamente registradas. Por falar nisso, já ia-me esquecendo, quem acertou mais rótulos/cepas? O amigo Marcel da Assemblage Vinhos, com nove cepas identificadas tendo sido premiado pelos amigos da Zahil com uma garrafa do saboroso e recém chegado Barbera d’Asti I Cipressi Della Court de Michele Chiarlo. Vosso humilde servo aqui ficou nas cinco! Como disse, muito que aprender, um “pequeno gafanhoto’ em nossa vinosfera, na busca de conhecimento.

UFA, terminei! Salute e kanimambo, curtam o slide show abaixo e seguimos nos encontrando por aqui.

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