fevereiro 2009

Fazendo Contas ao Vinho

Na empolgação da época de promoções, bota-foras e coisas mais do estilo deixamos um pouco de lado um dos maiores dilemas de nossa vinosfera, o preço. O Luiz Horta, Didu e outros têm dado umas estocadas nesse tema, com muita precisão por sinal, mas gostaria de dar a minha contribuição a esse assunto que me é bastante próximo e algo bem sensível já que mexe numa das partes de nosso corpo que mais dói, o bolso. Desde o inicio deste blog deixo claro o meu comprometimento com o tema preço e sua importância na análise de qualquer vinho. Primeiramente porque se é caro tem a obrigação de ser bom, por outro lado, o fato de que ser mais em conta não é fator desabonador (qualidade está no conteúdo da garrafa e não no preço) e, final mas principalmente, porque preço é sim um importante fator de decisão para a grande maioria da população apreciadora de vinhos, a não ser que só se tome vinhos recebidos gratuitamente ou pagos com cartão corporativo.

Reclamam que o consumo não cresce, o que não é verdadeiro. O que não cresce como se gostaria é o consumo per capita que vem se mantendo estável entre 1,8 a 2 litros per capita ano. Se, todavia, o consumo per capita se mantém estável e a população cresceu bastante, obviamente que o consumo vem crescendo e os números oficiais demonstram isso. Agora, porquê não cresce mais? Uma das razões principais é que manter o consumo elitizado, verdadeiro absurdo estratégico, mantém o consumo estanque já que, está mais do que provado e comprovado, conforme o preço sobe o consumo cai. Por si só, os grandes néctares não são, exceção feita a algumas pouquissímas vinicolas no mundo, o que mantêm as empresas. Estes exclusivos rótulos trazem-lhe a fama que possibilitará realmente ganhar dinheiro com as gamas de entrada e médias, que são a verdadeira fonte de lucro das empresa e estas linhas, obrigatoriamente, têm que ter preços que seu publico consumidor possa pagar. No Brasil ganhamos menos, temos mais despesas/custos (pagamos tudo em dobro) e ainda temos os preços de vinho mais aviltados do mundo. Não acredita? Façamos a conta.

Um vinho que você encontra nas lojas da Europa por 9 euros (aproximadamente 27 Reais), deve ter um preço de produtor abaixo dos 6 euros, mas consideremos este valor para efeito de cálculo. As despesas de importação e fretes totalizam, em média dependendo do mix de produtos, algo próximo a 100% o que nos levaria a um custo posto armazém do importador por volta de 12 euros. Impostos adicionais gerados pelo sistema de distribuição mais uns 20% levando-nos a 14,40 euros. Agora temos que adicionar as margens do importador para cobrir seus custos empresariais, custo Brasil e lucro, assim como as dos lojistas o que nos levará a algo entre 23 a 26 euros (cerca deR$70,00 a 80,00), ou seja, cerca de 2,5 a 3 vezes o preço de prateleira do produto na origem, que é o que, enfim, acho aceitável dentro do contexto, já que, obviamente, queria que esse spread fosse bem menor. Nos rótulos de preço mais alto, esses porcentuais caem e o preço final pode chegar a ficar entre 2 e 2,5 vezes. Tudo aquilo muito acima, ou muito abaixo, disso é de se estranhar e os casos de 5 ou 6 vezes o preço são o que mais nos revoltam como consumidores. Quando vindos dos paises vizinhos, especialmente Argentina e Uruguai, esses custos são menores, porém não tenho esses detalhes no momento.

A grande mudança comportamental do consumidr brasileiro nos ultimos 10 anos, é que a Internet, e todas as suas ferramentas, nos propiciaram comparar preços cada vez mais rápida e facilmente no mundo inteiro e com uma economia estável ganhamos parâmetros. Desta forma, o consumo se tornou mais conciente, pois agora ficou mais claro saber se o que estamos pagando é justo ou se estamos sendo esfolados. Agora entraremos num período de dois a três meses de puro “desbalance” de preços. Os importadores já estão saindo com suas novas tabelas contemplando os aumentos derivados da taxa cambial e do aumento do IPI, o que deve significar algo entre 20 a 30% de aumento no preço final a nós consumidores. Alguns produtores nacionais, já querendo pegar essa onda, falam de aumentos também próximo disso e tem mais.

Pegando o gancho da mensagem do Luis Henrique que publiquei aqui, o governo em conjunto com produtores nacionais, pelo menos com a anuência deles, trabalha numa invenção, ou seria aberração, chamada “selo fiscal” que deverá ser comprado e afixado nos vinhos. A idéia é que cada selo custe, pelo que escutei, algo ao redor de 3 reais mais todo o custo logístico e de mão de obra. Como é base de custo, todas as outras margens incidem em cascata sobre ele gerando um aumento final que estimo deva ficar por volta dos 5 reais por garrafa, talvez mais. Obvio que para os vinhos de elite que custam 200, 300 ou 500 Reais, este valor nem faz cócegas devendo, inclusive, provavelmente ser absorvido pela cadeia de distribuição. O problema é, por exemplo, nos Alfredo Rocca e las Moras, básicos nossos do  dia-a-dia, que terão seus preços acrescidos em cerca de 31% (R$5 sobre os 16 cobrados hoje nas gôndolas) ou dos famosos Reservados chilenos ou um Quinta de Cabriz Dão Colheita Selecionada (20% de aumento) ou, ainda, de um Travers de Marceaux ou Bom Juiz (mais 10%). Isso tudo em cima de todos os outros aumentos já citados. O pior é que atingem exatamente aqueles que começam a se familiarizar com vinhos finos, porque isto afeta principalmente os rótulos de menor preço a porta de entrada para que novos consumidores apareçam e se desenvolvam galgando os diversos degraus de conhecimento e de consumo. Com o devido respeito, esse selo fiscal é de uma tremenda ignorância, coisa de gente desassociada com a realidade! Depois ainda contam piada de Português …… bem, deixa para lá!

Algumas lojas, importadores e produtores nacionais estarão com estoques a preços antigos, outros já de estoque novos, outros remarcando por conta dos custos de reposição, outros não e por aí vai. Com toda essa verdadeira zorra, perderemos momentaneamente o parâmetro recém adquirido, mas logo, logo o mercado se estabilizará e voltaremos a poders avaliar melhor em que pé o mercado ficou e o estrago, ou não, provocado. O provável resultado final de tudo isto, caso falte sensibilidade e bom senso aos importadores, produtores e governo, é que vinho bom abaixo de R$30,00 (Euros 10 ou USD 13) vai ficar cada vez mais escasso, entrando na lista dos ameaçados de extinção, e aquela balela de democratizar o consumo vai para o brejo de vez!

A persistir essa ameaça, a Ibravin bem que pode colocar a viola no saco e esquecer seus planos mercadólogicos recém elaborados, pouparão uma grana lascada. Não precisa ser muito inteligente para entender que, com todo estes aumentos, o consumo cairá e a evolução cessa gerando problemas no médio e longo prazo. O que fica claro é que, mais que nunca, o garimpo será essencial para conseguirmos seguir tomando bons vinhos por bons preços, algo que vai se tornando cada vez mais difícil. Encontrar bons rótulos, parceiros sérios e compartilhar isto com os amigos leitores será, mais que nunca, uma árdua tarefa tanto deste blog como de todos aqueles que de alguma forma estejam envolvidos no meio, especialmente dos colegas blogueiros do vinho e da imprensa especializada.

Sorry, quando me entusiasmo extrapolo e alonguei o assunto um pouco demais tendo o texto virado um manifesto. Para quem teve a paciência (rsrs) de ler até ao fim, kanimambo. Salute e esperança de dias melhores.

Leonardo da Vinci e Jarno Trulli, Juntos na Santa Ceia

Eheheh, não é sacanagem não, é vero! Três eras juntas, algo imaginável que só poderia ser realizado em nossa Terra Brasilis e em nossa vinosfera! Tá legal, abusei da criatividade, porém é tudo verdade. Jarno Trulli, sim o da Toyota na Formula 1, é sócio de uma vinícola italiana, a Podere Castorani, com atividades em Abruzzo, Puglia e Sicília, e a Cantine Leonardo da Vinci é um produtor bastante conceituado com uma linha bastante ampla de vinhos na Toscana. Ambos são agora importados para o Brasil, com exclusividade, pela Santa Ceia, uma jovem empresa de Valinhos. Agora deixem-me compartilhar com vocês um pouco deste meu encontro com os três.

Primeiramente falemos da Santa Ceia, que são os responsáveis por este encontro de tão ilustres figuras (rsrs). Um sonho do Chef e restauranteur Rogério Bertazzoli (Cantina Família Bertazzoli em Vinhedo) que decidiu dar um tempo às panelas e abraçar uma outra paixão, os vinhos. Para realizar esse sonho, se unio a dois outros amantes do vinho buscando novos desafios; o Ricardo Selmi (Grupo Selmi) e Belarmino Marta (Rádio Campinas) para criar a Santa Ceia em Abril de 2008, uma importadora de vinhos buscando trazer ao mercado vinhos de qualidade com um posicionamento de preços competitivo. Para começar, quatro produtores e três países; da Itália os nossos protagonistas da chamada deste post, a Podere Castorani de Jarno/Enzo Trulli e seus sócios, assim como a Cantine Leonardo da Vinci com seus prestigiados e bem avaliados vinhos da Toscana, do Chile a Torreón de Paredes e da Argentina a linha Zolo da Fincas Patagonicas / Bodegas Tapiz. Tive a oportunidade de conhecer alguns destes bons vinhos que comentarei mais abaixo e, pelo que pude apreciar, creio que é mais uma boa opção para o enófilo consciente que quer bons vinhos por bons preços. É só o inicio de um trabalho que terei imenso prazer em acompanhar, até porque já falam de um bistrô aqui no endereço de São Paulo, e me parece que as bases plantadas são muito boas. Falemos dos Vinhos e seus criativos produtores com um incrível e atraente apelo visual.

leonardo-jarno-045         Os vinhedos da Podere Castorani, vinícola que data de 1793 mas que passou por diversas mãos até que chegou nos presentes 4 sócios, possuem uma idade média superior a 25 anos e são localizados na região de Abruzzo. As vinhas produzem, essencialmente, as cepas da região, ou seja; a Montepulciano, a Trebbiano d’Abruzzo e algo de Malvasia. Possui, também, vinhedos na Sicília e em Puglia de onde vêm, respectivamente, os rótulos Picciò e Scià. Gostei bastante do design da linha Majolica, que nos convida a provar os vinhos.

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Provei dois dos três rótulos da linha Majolica que tem o Montepulciano, o Trebbiano e o Rosé.

O Montepulciano 07 mostrou bastante tipicidade, com uma paleta olfativa de muito boa intensidade e uma boca bem saborosa, mas de taninos firmes ainda presentes mostrando qualidades porém ainda muito novo. Necessita de decantação ou, pelo menos, mais um ano de garrafa para mostrar todo o seu potencial. Um pouco curto, mas de agradável retrogosto.

O Rosé 07, elaborado com 100% de Montepulciano é de uma cor rosada muito bonita e chamativa. Aromas frutados e frescos de fruta vermelha como cereja e morango, na boca mostra uma certa untuosidade, muito bem balanceado, bom frescor com um final de boca muito saboroso e de média persistência. Ótimo para ser servido a 8º de temperatura como aperitivo ou acompanhando pratos leves.

          Ainda preciso provar os outros rótulos disponíveis, especialmente o Scià, um vinho mais em conta, e os topo de gama, incluindo o Jarno, porém o aperitivo foi muito bom e me abriu o apetite para conhecer mais dos vinhos da Podere Castorani. Estes vinhos provados estão por volta de R$43,00.

         Cantine Leonardo da Vinci, um ilustre representante dos vinhos da Toscana com muito prestigio junto á critica especializada mundial, especialmente a Wine Spectator onde seus vinhos alcançam pontuações bastante altas. Em 1961, trinta produtores locais se uniram para produzir vinhos tendo a partir de 71, também entrado na comercialização para melhor controlar seu destino. Hoje são cerca de 200 pequenos produtores e mais de 500 hectares de vinhas distribuídos pela região de Chianti, Montepulciano e Maremma na Toscana, produzindo vinhos de qualidade sob a batuta do conceituado winemaker Alberto Antonini que já andou pelas bandas de casas famosas como Marchesi Antinori e Marchesi de Frescobaldi. Tendo estudado em Bordeaux e Califórnia, obteve seu doutorado em agronomia, o que lhe permite tratar a terra e o cultivo dos vinhedos de forma diferenciada. É uma ponte entre o clássico e o moderno que se sente nos vinhos elaborados pela casa. Uma das poucas vinícolas a ostentar DOCG em seus rótulos de chianti, somente 24 na região desde 2003, produzindo vinhos realmente encantadores. Das diversas linhas produzidas, provei alguns da linha Leonardo e da linha Vinci que comentarei abaixo, mas mais uma vez me encantei com o design e classe dos rótulos que realmente nos convidam a abrir a garrafa. Lógico que se o conteúdo não acompanhar o design de nada adianta e, neste caso, é um casamento perfeito.

 

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Dos vinhos acima provei o Leonardo Chianti, o Maremma Morellino di Scansano, o Vinci Chianti e o Vinci Chianti Clássico. Lamentavelmente a fotografia não é uma arte que domino, mas garanto que os rótulos são realmente muito bem desenhados, clássicos mas com um toque de modernidade, assim como os vinhos.

label-morellino3 Morellino di Scansano 2006, notas frutadas com aromas delicados de ameixas vermelhas. Boca macia, harmônica com taninos finos, macios e sedutores. Um vinho muito fácil de agradar, tendo harmonizado muito bem com uma massa recheada de queijo brie e damascos, coberta com um molho de tomate caseiro. Preço por volta dos R$68,00.

 

label-leonardo Leonardo Chianti DOCG 2007, decididamente um vinho que ainda necessita de decantação, pois ainda se encontra meio viril, precisando ser domado. Depois de uns 40 minutos mostra suas qualidades. Não sendo um blockbuster, é sim um vinho bastante agradável, de boa tipicidade, nariz tímido, de bom equilíbrio na boca, taninos firmes e aveludados com um final de boca saboroso e levemente apimentado. Acompanhou muitíssimo bem umas polpetas com molho de tomate. Preço por volta dos R$54,00.

 

label-da-vinciDa Vinci Chianti DOCG 06, no meu conceito um degrau acima dos demais. Nariz intenso de frutas vermelhas, muito rico, sedutor, cremoso, fruta fresca na boca, taninos finos presentes, redondo, com uma acidez muito boa mostrando toda a sua aptidão para acompanhar um bom prato, neste caso braciola, yummy. De médio corpo e boa persistência, me agradou bastante. Preço ao redor de R$60,00.

 

 

label-vinci-classicoDa Vinci Chianti Clássico DOCG 06, surpreendentemente pronto para o ano, mas mostrando estrutura para guarda de alguns anos mais. Boa paleta olfativa, ótima entrada e meio de boca, final saboroso, de média persistência mostrando muita harmonia e equilíbrio. Taninos presentes, mas de grande elegância, finos e sedosos, muito rico de sabores, um vinho sedutor que dá grande prazer de tomar e nos convida à próxima taça. Este eu tomei acompanhando um bom bate-papo e um queijo parmesão. Com um preço de cerca de R$72,00 foi, para mim, a melhor relação Qualidade x Preço x Prazer dentro os vinhos que provei.

         Ainda tem os chilenos e argentinos, tem Brunello e Rosso di Montalcino, tem Super Toscano, mas isso deixo para um outro dia. Agora que lhe apresentei aos protagonistas deste post, só me resta recomendar uma visita para conhecer a loja e seus vinhos, mais um que provei e aprovei. Se quiser conhecer mais e visitar um de seus três endereços (Valinhos / Campinas e São Paulo) dê uma olhada em www.santaceiavinhos.com.br. O endereço de São Paulo fica na Rua da Consolação alí próximo à Alameda Franca, local simples e sem frescura com projeto para se tornar um point de encontro para os amantes de vinho na região dos Jardins.

Salute e kanimambo

Noticias do Mundo do Vinho

wine-globe-2Rota de Feiras do Vinho – Imperdível roteiro por algumas das melhores feiras de nossa vinosfera. Começamos pela cidade do Porto em Março, Verona em Abril e terminamos em Maio aqui em São Paulo. Procuro patrocinador (rsrs) alguém se habilita?

  • Essência do Vinho 2009, a sexta edição da mais importante feira de vinhos em Portugal. Será realizada no lindíssimo Palácio da Bolsa na cidade do Porto, de 5 a 8 de Março com a presença de cerca de 300 produtores expondo e dando à prova mais de 2.000 rótulos. A Essência do Vinho vai além da “simples” feira de vinhos, sendo um verdadeiro evento gourmet que mexe com a vida da cidade. Mais um programa ao qual não me incomodaria de atender! Algum importador por aí precisando de um “garimpeiro” de bons vinhos portugueses, sou todo ouvidos!! Quer ver mais? Clique aqui.
  • Vinitaly 2009, com 42 anos, uma das principais feiras de nossa vinosfera e a Meca dos apreciadores do vinho espalhados pelos quatro cantos do mundo. O evento será realizado em Verona a poucos quilômetros de Veneza e Sirmione, duas cidades imperdíveis para quem estiver pos essas bandas, dos dias 2 a 6 de Abril. Os números são impressionantes e, só para que tenham uma idéia da dimensão desta feira, em 2008 foram 4300 participantes representando mais de 30 países instalados em cerca de 84 mil metros quadrados. Foram mais de 157.000 visitantes, dos quais 43.000 do exterior, vindos de mais de 110 países. Eis um programa que eu não me incomodaria nada de fazer!
  • Expovinis 2009 – falando de feiras, eis que nosso principal evento do ano para os apreciadores de vinho, também já está programado e recebendo inscrições. A feira seguirá sendo promovida no Transamérica Expo Center, graças ao bom Deus e ao bom senso dos organizadores, na zona sul de São Paulo nos dias 5, 6 e 7 de Maio e já se pode fazer inscrições no site deles. Clique aqui. Com mais de 260 expositores vindos do mundo inteiro, é a mais importante feira de vinhos realizada na América do Sul e imperdível para os amantes do vinho.

 

Austrália – A coisa anda complicada por aqueles lados. Dificuldades comerciais a nível internacional, fyloxera em vinhedos de Yarra Valley e agora uma onda de calor terrível com mais de 40º, atingindo picos de 46º, que estão forçando produtores de diversas regiões do sul da Austrália a antecipar suas colheitas ou correndo o risco de ver seus vinhedos transformados em uva passa ressecados pelo sol escaldante. Com três a quatro semanas antes do previsto, longe de alcançar o amadurecimento necessário para obter um mínimo de sabores, a colheita deverá ser 40 a 50% do previsto, com alguns locais chegando a 70% e perda. Mclaren Vale e Langhorne Creek são as regiões que mais sofreram, porém Coonawarra/Limestone Coast e Barossa Valley também sentirão bastante o impacto desta terrível e devastadora onda de calor. Certamente os enólogos da região terão que tirar alguns coelhos da cartola para produzir vinhos de qualidade nesta safra e o impacto comercial causado, trará graves e danosos efeitos financeiros aos produtores. Fonte; Decanter Magazine

 

Cortiça – difícil algum setor passar incólume por esta crise. Indiretamente atingido pela crise, o grupo Amorim, gigante produtor de produtos de cortiça e rolhas com atividades em nossa vinosfera através da Quinta de Nossa Sra. Do Carmo, demite 200 trabalhadores. Com as vendas caindo para as industrias automobilística e de construção civil, assim como da expectativa da queda no setor de vinhos, a empresa já faz seus ajustes. É, não vai ser fácil este ano de 2009! Fonte: Decanter Magazine

 

ViniPortugal, informa que foram apresentados, dia 28 de Janeiro, na Embaixada de Portugal em Londres, os 50 melhores vinhos portugueses, selecionados pelo jornalista inglês Jamie Goode que foi eleito pela Association of Portuguese Wine Importers (APWI) como jornalista do ano 2008 para os vinhos portugueses. Esta seleção é feita anualmente por jornalistas ingleses que mais e melhor escrevem sobre vinhos portugueses e realiza-se desde 2005. A lista deste ano é uma das melhores de sempre e é verdadeiramente representativa do que melhor se produz em Portugal.

Jamie Goode considera que “há cinco anos atrás, Richard Mayson, o primeiro jornalista a fazer esta seleção, teve um trabalho mais fácil do que atualmente: “os vinhos portugueses percorreram um longo caminho durante este período e penso que Portugal é, actualmente, um dos países produtores de vinho mais excitantes e dinâmicos da Europa. Escolher só 50 vinhos foi uma tarefa difícil e para ser justo com todos os produtores não defini regras especiais – simplesmente tentei escolher os meus favoritos”.

Durante esta próxima semana divulgarei a lista completa com alguns rótulos interessantes e nem todos conhecidos por estas bandas.

 

Sons dos Vinhos de Rioja, uma brincadeira em que taças do bom vinho riojano espanhol servem de instrumento musical. Curioso? Criativo? Expresse sua sensibilidade musical criando sua própria melodia aqui. Se quiser assista o video abaixo que agora representa o som dos vinhos da Rioja.

 [youtube=http://www.youtube.com/watch?v=MsJRCoddeCo&feature=related]

 

Poesia e Vinho, esta é para meus amigos Juan (Península), Alex (Pinord), Luiz Horta e Pingus (Pingas no Copo). “Mi copa suena a poesia” por Diego de Miguel.

 

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=QyezVPJFg7o]

 

Salute e kanimambo. 

Programa de Degustaçãoes na Portal dos Vinhos

A Portal dos Vinhos é um dos parceiros de primeira hora deste blog e já famosa na região do Morumbi por seu acervo de bons vinhos, escolhidos a dedo pelo experiente Emilio, preços justos e serviço de primeira. Pois bem, o Emilio e a Fátima inovam elaborando seu programa de degustações, com temas já definidos para todas as Sextas da semana, até Junho! A cada semana um inusitado tema que serve como um aprendizado nessa nossa vinosfera repleta de preciosidades. Certamente eu estarei presente em algumas dela, mas aproveite e programe-se.

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Lusitana na Casota dias 17 e 18 de Fevereiro

          Mais uma vez a Lusitana e a Casota, delicioso restaurante português com os melhores doces portugueses produzidos em terras brasilis, promovem mais um jantar harmonizado. O pessoal da Casota entra com a cozinha de primeira, a Lusitana com os vinhos e você com sua presença para usufruir desse evento enogastrônomico em boa companhia. A harmonização elaborada será a seguinte:

Rissoli de Camarão e Bolinho de Bacalhau – Herdade Paço do Conde Branco 2007.

Arroz de Polvo – Barão do Sul Garrafeira 2002 .

Bacalhau “Duque de Palmela” – Lascas de Bacalhau, camarões, queijo, creme de leite, cebola, batatas fritas e amêndoas torradas – Quinta das Bágeiras Garrafeira Branco 2005

Lampreia de ovos – Espumante Milantino Moscatel – espumante nacional, semi-artesanal.

Veja o programa oficial abaixo e uma dica, se reservar  e pagar até  dia 13, tem um desconto de R$10 por cabeça!

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Curso de Vinho na Granja Viana

                Fazia um bom tempo que esta região da Granja Viana, parte da região metropolitana de São Paulo, não tinha alguém promovendo cursos de vinhos. Pois bem, a Bete e o Marcel agora disponibilizam cursos em seu espaço na loja da Grand Cru na Granja Viana. Aproveitem, é sempre interessante no sentido de ser um abridor de mentes e descoberta de sabores para esta vinosfera.

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Reflexões do Fundo do Copo – Salsicha, Linguiça, Cerveja e Vinho.

breno1Mais um delicioso texto do amigo e colaborador de todos os sábados, Breno Raigorodsky. Para acessar seus textos anteriores, clique em Crônicas do Breno, aqui do lado, na seção – Categorias

Para aqueles que pensam em cerveja no mesmo momento que pensam em salsichas, aviso: não há nada de estranho ou fora de lugar, pensar em vinho. Entre a França e a Alemanha, naquele lugar do mundo onde a cultura gastronômica saxônica se encontra em pororoca constante com a latina, produz-se vinhos brancos de primeira, vinhos cuja genética é voltada naturalmente para a charcutaria. Vinhos brancos conhecidos na fronteira, à base das nobres Riesling e Gewurzstraminer, mas também à base de Silvaner e Pinot Gris, freqüentam os bares dos dois lados do Reno, mesmo quando estes bares levam o nome de cervejaria.

Vinhos brancos, cervejas e espumantes, fazem rodízio no preparo do prato regional mais disputado, onde o chucrute se prepara com repolho refogado com carne de porco, umas dessas bebidas e zimbro, como tempero típico.Mas não dá para esquecer o vinho tinto, mesmo nesta disputa, pois o pinot noir alsaciano, pouco divulgado, entra na dança fazendo sucesso como poucos, vinho de primeira qualidade que é.

A não ser que se fale de um tipo de específico de salsicha, ah bom: a bierwurst da Baixa Saxônia, é exemplo de salsicha que leva cerveja em seu interior. Ponto para quem pensa em cerveja! Mas o vinho tem seus contrapontos, no interior de tantas lingüiças secas, de tantas origens peninsulares. A Grande Enciclopédia Ilustrada da Gastronomia do Reader’s Digest nos conta que é comum na culinária do norte da Itália, condimentar com vinho branco a lingüiça fresca, aquele tipo que se come nos churrascos e é feita para grelhar ou fritar. Ponto para o vinho!

No fim, quem sabe, a associação que fazemos naturalmente é a do embutido cozido com cerveja e a do embutido cru, fresco ou curado, com o vinho, certo? Errado, porque as posições se misturam muitas vezes pelo caminho da confecção e do uso, até porque estamos falando de produtos que o homem (e também a mulher, por que não?) bebem e comem, antes mesmo que a palavra “comemorar” tivesse sido criada para melhor justificar a comilança!

Nesta disputa, entra as mortadelas, nada mais que embutidos cozidos, como as salsichas e salsichões, consumidas historicamente com vinho, de preferência, em Bolonha – onde a mortadela foi consagrada com Denominação de Origem Controlada – com vinho Lambrusco tinto e seco. Meio ponto para o vinho, porque nem sempre é de bom alvitre aceitar que o Lambrusco seja coisa que se tome, apesar da grande massa de admiradores que este suco de uva fermentado tem ao redor do mundo, a ponto de colocá-lo entre os maiores produtos de exportação da Itália …

Em Portugal e na Espanha, brancos, tintos e cervejas disputam mesa-a-mesa a preferência, quando se trata de acompanhar seus excelentes embutidos. Na mesa da feijoada nossa de cada sábado, dificilmente o vinho entra, mais por tradição que por “mariaje”. Pois está provado que um bom vinho verde tinto acompanha o nosso prato nacional com muita galhardia, apesar de que estas provas sempre foram feitas com a “turma dos bebedores de vinho”, com nenhum grande bebedor de cerveja à mesa. Portanto ponto para esta última.

O que não se pode dizer sobre tantas outras tradições que misturam um ou mais vegetais com embutidos de carne. Os grandes cozidos italianos, espanhóis, portugueses, franceses etc. são comumente preparados com vinho e embutidos, como é o clássico molho à bolonhesa que em uma de suas receitas mais aceitável mistura carne de lingüiça moída com carne bovina e vinho. Ponto para o vinho, mas a contrapartida vem rápida, quando lembramos de vários embutidos ingleses, verdadeiras refeições completas – às vezes com queijo, aveia e frutas, misturadas com carnes moídas – que comumente levam cerveja no preparo. E eles lá sabem cozinhar, aqueles britânicos que cozinham carneiro na água para depois temperar na mesa com os molhos que roubaram das colônias, como o ketchup e chutney indianos?

 Injustiça com ingleses feita, de ponto pra cá e ponto pra lá, pergunto por fim: e alguém ainda se interessa por coisas desse tipo, salsichas, lingüiças, salames, vinho e cerveja? Pode ser bom, diz nosso paladar, mas tem muito médico nutricionista que diz – pode ser ruim. Ponto para todos!

 

Breno Raigorodsky; filósofo, publicitário, sommelier e juiz de vinho internacional FISAR

Acabou-se o que Era Doce

quinta-de-baldias-008Neste caso acaba, mas dá para passar na Lusitana e comprar outra garrafinha. Quinta de Baldias Tawny. Dos Vinhos do Porto, tenho uma preferência pelos Rubi, especialmente os Reservas e os LBV. Nos Tawny, gosto muito dos envelhecidos; 10, 20 e 30 anos o que não é para o bolso de todos nós, mas este tawny da Quinta de Baldias é muito especial, pois permanece por 8 anos em barricas antes de ser engarrafado. Possui aromas frutados e na boca a tipicidade acentuada de frutas secas e amêndoas, tudo de bom. A um preço bem competitivo e uma ótima relação Qualidade x Preço x Prazer é, nesta época do ano, um grande parceiro para um panetone. Em outros momentos, é grande companhia para os doces conventuais portugueses (ovos e amêndoas) ao final de uma refeição ou a qualquer hora. O meu acabou, snif, essa foi a ultima taça, mas logo/logo vou comprar mais uma garrafa porque sem Vinho do Porto não fico não! Na Lusitana e lojas por cerca de R$55,00.

Salute

Burocracia no Vinho

Estou retransmitindo uma mensagem recebida que serve como mais um alerta para que todos que, de alguma forma, estejam envolvidos nas coisas de nossa vinosfera tomem posição e uma atitude.

Não sei se você que está lendo este texto, produtor de vinho, jornalista ou simpatizante, sabe que algumas medidas estão sendo pleiteadas junto ao governo federal para a adoção de mais um controle para os vinhos. Se a medida for adotada, sem uma ampla discussão, estaremos dando um grande passo para afastarmos o nosso consumidor e prejudicar a imagem do vinho brasileiro diante dos próprios brasileiros. Como produzir e vender vinhos num país onde em vez de andarmos para frente, corremos para trás? Mais uma vez, gastaremos tempo e dinheiro com medidas, que embora bem intencionadas,  pouco  contribuirão para sanar a problemática do setor vitivinícola. Em vez de nos preocuparmos com o baixo consumo do nosso produto, motivado pelo desconhecimento de sua qualidade e com a extorsiva carga tributária, nos socorremos mais uma vez no governo, pedindo que resolva (ou que crie) mais um problema: o Selo Fiscal. Não seria melhor nos unirmos para pedir ao governo que suspenda o IPI do vinho como fez para os automóveis? Isto seria prático e rápido.

 A adoção do selo para o vinho diminuirá de fato a sonegação, o contrabando e a falsificação? São perguntas que devemos nos fazer antes de instituir mais este elemento em nossas vidas de produtores. As pequenas vinícolas não podem mais pagar o preço por um  mecanismo criado sem uma prévia avaliação dos  impactos futuros nas pequenas organizações e em toda cadeia produtiva. Teremos mais um custo para nossos vinhos? Afinal, o selo será comprado, colado, catalogado, controlado, comunicado, etc. Além de rótulos, contra-rótulos, cápsulas, tags, selos de indicação geográfica, teremos que explicar para o consumidor mais o Selo Fiscal? Mais uma vez estaremos afastando nosso consumidor, empurrando-o para o consumo fácil de uma cerveja. Vinho não é commodity, não pode levar na sua imagem o mesmo selo usado em cigarros e em destilados. O amante do vinho não pode tirar um lacre que insinue que este produto está no rol dos possíveis criminosos fiscais.

Tantos são os esforços para o reconhecimento do vinho brasileiro e o que estamos tentando fazer? Contribuir para que o Brasil se torne o país do vinho mais burocrático do mundo? Quem vai sobreviver a isto? Conversando com muitos produtores de vinhos, grande parte não aceita a idéia deste selo, pelos motivos supracitados. Deve existir uma maneira menos agressiva de resolver nossos problemas. Quando tudo estiver pronto e decidido, não adiantará reclamar. Temos que lutar dentro do nosso setor e divergir quando necessário.

O que sinto é que a cada dia o vinho brasileiro vai perdendo espaço para ele mesmo, vai perdendo a sua essência, transitando mais no papel do que na boca dos brasileiros. Uma pena.

 

Luís Henrique Zanini – Enólogo  

 

Falou tudo e é do ramo! Será que vão acordar para a vida ou vão, mais uma vez, perder o bonde do progresso?!! Usei o texto e titulo da mensagem que o próprio Luis Henrique me enviou, mas será burocracia ou será que voltamos á famosa burrocracia da mediocridade tupiniquim?

Dica de Boas Compras do Dia.

Durante o mês de Fevereiro falarei um pouco sobre o painel de vinhos brancos e rosés que preparei para aproveitar este verão com muita satisfação e prazer. Foram muitos, mas como vi que alguns deles estão em oferta nas promoções de nossos parceiros sugiro que aproveitem.

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De preços mais camaradas e super refrescantes, saborosos e equilibrados; o Obikwa Rosé 2007 é uma grande pedida assim como o Pascual Toso Sauvignon Blanc 2008, os dois da Interfood e, pelo preço, para comprar de caixa nem que seja para dividir com um amigo. Um degrau acima em preço e qualidade, uma verdadeira delicia, pleno de frescor, frutas tropicais, boa acidez e mineralidade que encantam, Protos Verdejo 07. Um vinho vibrante para acompanhar um salmão grelhado, frutos do mar, paella ….ou num vôo solo! Importação exclusiva da Península e está na Kylix por um ótimo preço. Eu já garanti um par de garrafas! 

Afora isso a Zahil me mandou informação de mais uma série de rótulos em promoção sendo, em minha opinião, alguns verdadeiramente imperdíveis. São belos vinhos com preços bem camaradas, ainda mais agora. Não deixe escapar estes rótulos, alguns dos quais fizeram parte dos meus Melhores de 2008* em suas diversas faixas de preço: Lagar de Cervera 06 (belo Albariño) por preço dificil de achar em varietais desta cepa, de R$89 p/62 / Cuvée des Ardoises 03* (no ponto) de R$72 p/51 / Trumpeter Reserve 05* de R$64 p/45 e Domaine la Soumade Cote du Rhône Village Rasteau 06* de R$98 p/69.

Ontem passei pela Expand da Granja Viana e aproveitei para repor meu estoque de Vinho do Porto que tinha zerado. Dei sorte, tinha um lote de Quinta das Tecedeiras LBV 2001, que estava por R$68,00 e agora está por INCRÍVEIS R$34,00 o que foi irresistível. Fiz a festa e recomendo aos amigos que gostam, prato cheio! Aproveitando que estava lá …. um Quinta do Encontro Merlot/Baga 04 por míseros R$17,50 e Valle Escondido Cabernet Sauvignon 06 por R$19,00.

É isso, mais Boas Compras e Oportunidades com promoções de nossos parceiros podem pintar aqui, na sua telinha, a qualquer momento. Aproveitem enquanto dura!

Salute!

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