dezembro 2008

Espumantes que Tomei e Recomendo III – Dez/08

A principio, prefiro os espumantes elaborados pelo método tradicional já que o processo é mais elaborado e menos estressante sobre o vinho gerando, normalmente, produtos mais complexos, com maior intensidade de sabores e aromas, quase sempre mais cremosos apresentando perlage mais fina e delicada do que os elaborados pelo método charmat. Por outro lado, é comum os “charmats” apresentarem perlage abundante, de dimensão maior, porém de menor persistência, e bom frescor. Tudo isto, no entanto, tem suas exceções como é o caso de um dos melhores, se não o melhor espumante nacional, o Chandon Excellence, que possui todos os atributos do método tradicional mesmo sendo elaborado pelo método charmat. Resumo da história, apesar dos guias, dicas e sugestões, não existem verdades definitivas no mundo do vinho, tudo é mutável e nada supera a prova, então aproveite ao máximo a época, ótima desculpa, e diversifique o quanto possa até encontrar o estilo de espumante que lhe agrade mais.

A faixa de preços anterior é tão rica de bons produtos, que pouco tenho me aventurado nos rótulos acima de R$50,00, apesar de ter provado diversos bons espumantes tanto nacionais como importados. Neste post, pretendo cobrir as ultimas duas faixas de meus Tomei e Recomendo, de R$50 a 80,00 e de R$80 a 120,00.

 

50-a-8000-003

 

De R$50 a 80,00 – Meu garimpo por bons vinhos e espumantes com bons preços, gerou algumas pedras preciosas neste ano, e alguns deles estão presentes aqui.

Proseccos, tradicionalmente elaborados pelo método charmat, algums belos exemplares que mostram que existem proseccos, e PROSECCOS! Estes fazem parte dessa ultima leva, rótulos de muita qualidade e muitíssimo saborosos. Bedin (Decanter) e Incontri (Vinea Store) são produtos muito similares, até de preço, e de grande qualidade, verdadeiramente cativantes. Ambos apresentam um enorme frescor, algo de maçã verde no olfato, bem cítrico na boca, muito bem balanceados e sedutores com um final de boca muito agradável e longo, deixando na boca aquele gostinho de quero mais que faz com que a garrafa acabe rápido demais. Duas opções difíceis de resistir em função da incrível relação Qualidade x Preço x Prazer que entregam. Rústico (Expand) é um prosecco também muito fresco, porém um pouco mais complexo com aromas que me lembram pêra e algo de pêssego, mais encorpado sem ser pesado, muito harmônico, cremoso com suave presença de sabores de levedura na boca, um senhor prosecco com uma personalidade muito própria.

petit-kriter1Dos outros espumantes importados, dois franceses de tirar o chapéu e cair o queixo, ótima opção para quem é chegado num champagne, porém está com o bolso meio curto. Kritter Brut Blanc de Blancs (Decanter) crémant de bourgogne da região de Beaune, amarelo palha, límpida e brilhante, perlage muito boa, fina e abundante. De média estrutura é um espumante macio, algo cremoso, mais sério e compenetrado mostrando alguma fruta, bom frescor e algo de torrefação e leveduras bem ao estilo dos espumantes de champagne.  O Kritter Rose, me encantou mais ainda porque tenho uma certa dificuldade em gostar deste estilo de espumante, em função do forte amargor de final de boca que costumam apresentar, tendo-me deixado muito satisfeito e seduzido por seu saboroso e muito agradável final de boca com grande frescor. Os suaves aromas de frutas silvestres frescas, se confirmam na boca com muita sutiliza e harmonia. O legal é que estão disponíveis em doses quase que individuais em pequena e charmosas garrafinhas de 200ml.

Ainda dentro os importados, duas deliciosas Cavas, tradicionalmente elaboradas pelo método champenoise; a Raventos i Blanc L’Hereu Reserva Brut .(Decanter) muito equilibrada, saborosa, frutada, fresca, de perlage fina e abundante, aromas sutis e delicados, persistência média, muito fácil de tomar e agradar formando um conjunto muito refinado; a outra acaba de chegar e já está à venda na rede de supermercados do interior Paulista, a rede Paulistão, e é uma grata surpresa, verdadeiramente encantadora e complexa, é a Marrugat Gran Reserva Brut Nature 04 (Pinord) de produção biodinâmica que passa 36 meses em garrafa. De cor amarelo dourado, límpida e brilhante, na boca é cheia, cremosa, seca, porém sem nunca perder o frescor aportado por uma ótima acidez. Boa estrutura, perlage muito fina, abundante de enorme persistência (aproximadamente uns 30 minutos) mostrando todo o seu potencial. Aromas sutis de leveduras e frutas cítricas, uma cava de primeiro nível, muito bem elaborada, de delicado final de boca mostrando muita finesse e elegância. Enorme surpresa que esteja posicionada nesta faixa de preços e um grande achado.

Dos nacionais, alguns dos considerados tops e já amplamente comentados pela imprensa especializadada; Valduga 130, Miolo Millésime e Chandon Excellence, todos grandes espumantes, porém bem diferentes entre si, com estilos diferentes que atendem gostos diferentes. O Valduga 130, homenagem à idade da vinícola, é o mais encorpado deles, um espumante que passa 30 meses em contato com as leveduras e adquire aromas muito clássicos de brioche e algo tostado,  muito presente no nariz, boa estrutura de corpo médio, denso, mostrando boa concentração de aromas e sabores mostrando um leque de sensações bastante complexas e uma perlage de média intensidade. O Millésime 04 da Miolo, segue o mesmo estilo, mas tenho para mim que a melhor acidez lhe dá um frescor maior de final de boca que me atrai mais. Cremoso, algo de torrefação e leveduras no nariz, na boca apareceu uma certa mineralidade, algo de abacaxi que me agradou bastante. Perlage abundante e fina com leve amargor no final. O teor alcoólico de 13º incomoda um pouco, não na boca porque está bem equilibrado, mas na terceira taça (hic.. rsrs). O Chandon Excellence Brut Cuvée Prestige, único deles produzido pelo método charmat, é elegante e sedutor, mostrando uma perlage fina, abundante e concentrada de ótima persistência. Apresenta aromas sutis de padaria, algo de abacaxi com eventuais nuances florais. Ótima acidez aportando bom e refrescante frescor produzindo muito equilíbrio, cremoso com espuma abundante que forma um bonito colar. Final de boca saboroso e muito agradável, algo cítrico e amendoado, convidando a mais uma taça.

 

De R$80 a 120,00 – quase não provei espumantes nesta faixa de preços, exceção feita a um delicioso spumante italiano rose e um soberbo espumante francês que, lamentavelmente, subiu para esta faixa em função da forte valorização do Euro e do Dólar. Da faixa anterior, andei pulando direto para alguns champagnes realmente muito bons, mas sob os quais pouco falarei já que, certamente, a maioria é bem conhecida e já amplamente comentada pela critica especializada.

Começemos pelo Bailly-Lapierre Brut Reserve (Nova Fazendinha) um crémant de bourgogne de muita qualidade  e um verdadeiro achado, que já foi mais competitivo, mas segue sendo uma boa opção aos champagnes de maior valor, especialmente para os amigos do Rio de Janeiro, Niterói e região. Às cegas, é difícil identificá-lo como um cremant e não um verdadeiro champagne. É bastante complexo, elaborado com um corte de Pinot, Chardonnay e Aligoté, passa 18 meses em garrafa nas caves antes de ser lançado no mercado. Os aromas de panificação estão muito presentes, com algo de frutas brancas e uma acidez e mineralidade bem marcantes que ajudam a dar-lhe equilíbrio, tornando-o mito agradável e sedutor na boca.

O Faive Rosé (Expand), é mais um daqueles espumantes que me arrebatou e encantou. Começa a cativar pela bonita cor rosa pálido, quase cobre, e límpida. Corte de Cabernet Franc e Merlot, muito balanceado com a marca de frescor e frutuosidade que Nino Franco, produtor italiano, imprime a seus saborosos espumantes, é extremamente sedutor, cremoso, equilibrado e fácil de beber. Ótima perlage, fina, persistente e abundante algo de cereja fresca na boca, vibrante, levemente off-dry, suave e de boa textura, muito agradável e saboroso final de boca de muito boa persistência. Um dos meus favoritos.

 

Acima disto chegamos nos champagnes e aí o céu é o limite. Para quem pode, recomendo alguns “básicos” de excelente qualidade com os quais me identifico mais. Um dos mais baratos e, na minha opinião, um dos mais frescos e saborosos é a Piper-Heidsieck (Interfoods), depois temos a super-elegante Taittinger Reserva Brut (Expand) verdadeiramente aristocrata e fina plena de sabor, cremosa, algo de baunilha e caramelo na boca com grande frescor harmonizando o todo; a Gosset Excellence Brut (Expand) muito equilibrada e de estupenda perlage, fina, abundante e persistente e a Veuve Clicquot Ponsardin Brut, de grande frescor e frutuosidade todos entre R$180 a 200 exceto a Piper que costuma estar por volta dos R$140,00.  Uma das que mais gostei, sem considerar o Comtes de Champagne de Taittinger que é de reflexão e talvez o melhor vinho que tenha tomado este ano, está o Mailly Grand Cru Brut Reserve (Ana Imports), de perlage abundante, persistente e fina com sur-lie de 3 anos que lhe dá profundas notas de brioche, boa fruta com ótimo frescor que mexem com nossas pupilas gustativas, um champagne verdadeiramente inebriante e muito elegante.

Bem, este foi realmente longo, mas queria terminar isto hoje. Faltaram os Cave Geisse, eu sei Leandro, mas estes e mais uma série de outros bons rótulos nacionais e importados, serão um de meus focos para 2009. Salute amigos, com muita borbulha e muito sabor. Aproveitem com moderação, desfrutem das festas, de bons vinhos e de boa gastronomia. Espero que estas dicas de Tomei e Recomendo do mês tenham ajudado em sua escolha e termino aqui as indicações do ano. Kanimambo e nos vemos por aqui lembrando; Sábado a Coluna do Breno e Domingo Noticias e Eventos de nossa Vinosfera. Segunda tem mais.

Boas Compras III – Espumantes e Algo Mais.

MCU035Com este post finalizo a lista de destaques de nossos parceiros e amigos, grande parte deles nos acompanhando desde o inicio e outros mais novos que vêm chegando e subindo no trem conforme ele vai evoluindo por essas estradas da vida. É um serviço que Falando de Vinhos disponibiliza, sem qualquer ganho financeiro no processo, a seus leitores e parceiros buscando facilitar o garimpo para, por enquanto já que ainda não temos participação de lojas de outros estados, os amigos de São Paulo. Nos dois primeiros posts de Boas Compras Espumantes deste mês, listamos mais de 45 vinhos e neste vem mais uma porção de grandes dicas, alguns com preços imperdíveis. No total, são mais de setenta destaques e boas dicas de espumantes e alguns vinhos tranquilos listados. Que Baco e Dionisos, vão precisar dos dois (rsrs), lhes iluminem na escolha.

 

Expand – Uma das principais importadoras com um incrível portfolio de belos vinhos por diversos preços. Aqui alguns bons destaques para você escolher e se deliciar.

  • Diamant Royal – Corte de Chenin Blanc, Sauvignon Blanc e Ugni Blanc super agradável e fácil de tomar por apenas R$29,90.
  • Prosecco Janus Extra-dry – Leve, frutado, perlage de boa persistência, frutado, um dos bons proseccos que tomei e recomendei por R$45,00.
  • Prosecco VSAQ La Pieve – Este eu não conheço, mas a Expand diz ser “uma verdadeira efusão de frutas brancas no nariz, seco e muito refrescante” por R$48,00.
  • Prosecco Rústico DOC – De Valdobbiadene, coração da região dos proseccos no Veneto, é um daqueles que tem que ser escrito com letra maiúscula pois se encontra num outro patamar de excelência. Equilibrado, cremoso e refrescante possui 90 pontos do Robert Parker e é um dos melhores no mercado constando do meu próximo Tomei e Recomendo, por R$78,00.
  • Faive Rosé Brut – Um dos meus prediletos e que também constará de meu ultimo Tomei e Recomendo. Do mesmo produtor do Prosecco Rústico, é um belíssimo corte de Merlot com Cabernet Sauvignon que encanta ao olhar e à boca. R$88,00.
  • Taittinger Brut Reserve – Com 91 pontos da Wine Spectato, tive o prazer de o provar faz pouco mais de um mês e é realmente muito especial, muito sedutora, de grande elegância e encantadoras notas florais e de baunilha com grande frescor e riqueza de sabores. Normalmente custa R$228,00, mas está com um preço especial, R$182,40.

De vinhos tranqüilos de seu vasto portfolio, recomendo três brancos e cinco tintos para a ceia e jantar de final de ano:

  • Quinta do Cabriz Branco Colheita 07, saboroso, leve e fácil de agradar por meros R$24,80.
  • Trio Chardonnay 07 um saboroso e muito agradável corte de Chardonnay com Pinot Grigio e Pinot Blanc por muito bons R$37,00.
  • Concha y Toro Winemaker´s Lot Riesling de boa intensidade aromática, especialmente saboroso e sedutor, muito fresco e balanceado, é um vinho cativante por R$68,00.
  • Vale da Clara 2005, um dos meus achados deste ano, um vinho de médio corpo, muito equilibrado, boa acidez e muito saboroso produzido pela Quinta de La Rosa por apenas R$38,00. Opcionalmente um Goats do Roam Red, Sul-africano pelo mesmo preço ou até os dois, para variar, um seguido do outro!
  • Chateau Rocher Calon 2005, um belo tinto de Bordeaux por R$68,00
  • Cuvée Marie-Gabrielle Cotes-du-Roussillon 2003 de corpo médio, muito equilibrado saboroso e mineral por R$75,00.
  • Villa Antinori IGT 2003, um belo vinho com o caráter da Toscana , muito rico e harmônico por R$98,00.
  • Marques de Murrieta Reserva 2002 (ou 04) um vinho encantador e vibrante por R$128,00.
  • Para finalizar sua refeição, um Vinho do Porto LBV 2001 da Quinta das Tecedeiras, quase um Porto Vintage, por apenas R$68,00 ou um Late Harvest 05 da Concha y Toro um dos mais equilibrados e saborosos do mercado por R$48,00.

Casa Palla – uma bela e diversa lista de opções com preços muito camaradas!

  • Aurora Moscatel – um dos agradáveis espumantes Moscatel disponíveis no mercado por R$20,00.
  • Miolo Brut Champenoise – Foi recém premiado pela revista Veja, numa degustação à cegas, darei a noticia integral neste fim de semana, ganhando o painel de doze espumanes nacionais. Provei e aprovei, já tendo recomendado sua compra, mas ete preço está imperdível, R$29,00!
  • Maria Codorniu Sur – Mais um com preço bem abaixo do recomendado pela importadora, em mais um dos espumantes que tive a oportunidade de conhecer e recomendar. Apenas R$27,00.
  • Salton Poética Rosé – R$28,00
  • Don Candido Brut – Teve ótimas avaliações ao longo do ano tendo, inclusive, ganho um painel de espumantes nacionais feito pela revista Playboy. U já o conheço e recomendei o ano passado, por R$30,00.
  • Chiarelli Prosecco – Saboroso, fácil de emplacar e uma boa pedida para eventos, R$20,00
  • Conde de Foucault Brut e Demi-sec – Quando o bolso aperta, nada como tomar um destes dois, simples, corretos e melhores que a maioria dos proseccos nessa faixa de preços, R$17,00
  • Filipa Pato 3b – Sigo literalmente encantado com este espumante português. Tomei faz cerca de um mês e não canso de o recomendar aos amigos. Uma grande pedida por muito bons R$47,00.
  • Piper-Heidsieck Brut – A meu ver, uma das melhores, se não a melhor, relação custo x beneficio quando falamos de Champagnes, por R$140,00.

Vinea Store – Os amigos da Vinea não possuem uma vasta carta de espumantes em seu portfolio, mas o que tem é muito bom.

  • Incontri – Um dos mais saborosos e sedutores PROSECCOS, sim com letra maíscula mesmo, disponíveis no mercado e um que recomendo de olhos fechados. Da região do Veneto e produção de Piera Martelozzo, vêm outros rótulos de espumantes que devem ser bastante interessantes também, vis-à-vis a qualidade deste Prosecco que custa R$54,00 e estará na minha próxima lista de Tomei e Recomendo.

Empório Santa Maria – Agora sob o controle e administração do Bom Marche, possui nas gôndolas alguns interessantes produtos.

  • Exellence Chandon Brut – para mim o melhor espumante nacional, por R$ 79,90
  • Chandon Brut Rosé – R$ 48,00
  • Marson Espumante Brut – um dos meus prediletos, produzido pelo método champenoise por um preço bem convidativo, R$35,00.

Salute e kanimambo.

Meus Deuses do Olimpo ou Divindades Enófilas!

ancient-greek-gods

Para quem não conhece, de acordo com a mitologia Grega, eram doze os deuses mais importantes que viviam eternamente em um local que chamavam de Olimpo. Primitivamente, essa morada era localizada no alto do Monte Olimpo, na Tessália, mas logo passou a ser situada entre as nuvens, em algum misterioso lugar do céu, e a palavra “Olimpo” tornou-se uma verdadeira abstração.

Entre estes doze principais e mais poderosos deuses do Olimpo, estavam seis filhos do titã Cronos, seis filhos de Zeus, e uma deusa, Afrodite, de origem um pouco controvertida. A lista varia um pouco, mas a mais comumente aceita incluí Zeus, Hera, Deméter, Poseídon, Afrodite, Atena, Ares, Hefestos, Apolo, Ártemis, Hermes e Dionisos.

No Olimpo, os deuses passavam o tempo em maravilhosos palácios, eternamente em festa. Comiam a ambrósia e bebiam o néctar, alimentos exclusivamente divinos, ao som da lira de Apolo, do canto das Musas e da dança das Cárites. Quer conhecer mais, clique aqui e visite o site Mythologya de onde veio a inspiração para este post.

k12_28dionysosMas o que estes deuses do Olimpo tem a ver com Falando de Vinhos, afora o fato de que Dionisos (Baco da mitologia romana, filho de Zeus), conforme a lenda, ter descoberto a uva, uma fruta até então desconhecida, extraindo dela o vinho, bebida de efeitos poderosos que o tornou; deus do vinho, da alegria, das festas, da colheita e da fertilidade? Porque tive a oportunidade de ao longo do ano, ter provado alguns elixires dos deuses, verdadeiras obras primas, vinhos de enorme persistência em minha memória que deixaram suas marcas em meu consciente me fazendo entender a força da natureza e maestria/sabedoria dos homens na elaboração destes néctares. Porque são vinhos excepcionais, certamente pessoalmente abençoados por Dionisos, que tive o privilégio de degustar em 2008 tendo-os elegido, entre muitos e com muita dificuldade, como minhas divindades do ano.

Todos elaboramos nossas listas, seja dos top 5, dos top 10 ou top 100, já é tradição fazer isso. Pois bem, todo o dia 17 do mês de Dezembro, dia e mês em que publiquei o primeiro post em 2007, listarei meus doze vinhos brancos e doze vinhos tintos que comporão meus Deuses do Olimpo do ano vindouro, ato que espero poder repetir por anos a fio. A partir de dia 5 de Janeiro, voltando a assuntos mais terrenos e mais próximos de nossa realidade, publicarei minha lista de achados, um dos principais objetivos deste blog – o garimpo por bons vinhos a bons preços – dentre aqueles tomados e/ou degustados ao longo do ano e que merecem destaque em sua faixa de preços tanto por sua qualidade como pela capacidade que tiveram de despertar-me fortes e marcantes sensações. Agora, no entanto, chega de lero e vamos aos Deuses do Olimpo que, por total indecisão, dividi em dois montes Olimpos, um para brancos e outro para tintos cada qual com suas divindades. 

 BRANCOS

Rótulo

Produtor

País

Importador

Preço R$

Comtes de Champagne 98

Taittinger

França

Expand

880,00

Quarts de Chaume 03

Domaine de Baumard

França

Mistral

290,00

 

Puligny-Montrachet 1er Cru Champs Gain 05

Domaine-Bouzereau

França

Decanter

443,00

Aligoté de Bouzeron 06

Domaine Aubert et Pamela de Villaine

França

Expand

135,00

Grainha 06

Quinta Nossa Sra. Do Carmo

Portugal

Vinea

107,00

Burg “premier” Cru 03

Marcel Deiss

França

Mistral

435,00

 

Tiara 06

Viña Alicia

Argentina

Decanter

139,00

Erdener Trepchen Riesling Auslese 06 (1/2)

Dr. Loosen

Alemanha

Expand

138,00

Mademoiselle T 05 Pouilly-Fumée

Chateau de Tracy

França

Decanter

99,00

Vouvray Séc Le Haut Lieu 05

Domaines Hüet

França

Mistral

193,00

 

Dão Encruzado 05

Quinta dos Roques

Portugal

Decanter

89,00

Moscatel Roxo de Setubal 97

Quinta da Bacalhoa

Portugal

Portuscale

160,00

 

TINTOS 

Rótulo

Produtor

País

Importador

Preço R$

Barbera d’Alba Fides 04

Pio Cesare

Itália

Decanter

210,00

Viña Ardanza 99

Riojas Altas

Espanha

Zahil

192,00

Chryseia 01(preço do 06)

Prats & Symington

Portugal

Mistral

 470,00

Cote-Rotie La Divine 04

Jean-Luc Colombo

França

Decanter

483,00

 

Viñedo Chadwick 04

Eduardo Chadwick

Chile

Expand

480,00

Mirador 06

Achaval Ferrer

Argentina

Expand

385,00

Savigny-lés-Beaune 1er Cru Clos de Guettes 03

Maison Philippe Bouchard

França

Vinea

276,00

Sassicaia Bolgheri 04

Tenuta San Guido

Itália

Expand

680,00

Quinta do Monte d’Oiro Reserva 04

Quinta do Monte d’Oiro

Portugal

Mistral

294,00

 

Chateau Le Puy 01

Chateau Le Puy

França

World Wine

180,00

Tignanello 04

Marchesi Antinori

Itália

Expand

480,00

Amarone Classico Ca’del Pipa Cinque Stelle 04

Michele Castellani – I Castei

Itália

Decanter

259,00

 

S. Leonardo Porto Tawny 20 anos

Quinta do Mourão

Portugal

Lusitana

330,00

 

 

Foi um ano excepcional em que fui, real e efetivamente, um privilegiado abençoado por Dionisos, por ter podido degustar esses deliciosos néctares, verdadeiros elixires dos deuses. Aos amigos e amigas que me proporcionaram essas oportunidades, um imenso KANIMAMBO! Espero que 2009 possa trazer a todos, pelo menos um pouco destes prazeres e destas incríveis experiências que tornaram estes momentos inesquecíveis, inebriando meus sentidos e mexendo com minhas emoções. Salute!

De acordo com a mitologia, existia ainda um décimo-terceiro deus de igual nível, Hades, que não vivia no Olimpo e sim em seu reino, o mundo subterrâneo. Não sei muito bem o que isto pode significar, mas me deu a brecha para incluir mais uma divindade: 

Espumantes que Tomei e Recomendo II – Dez/08

Afinal, o que é espumante? É um vinho com presença elevada de dióxido de carbono, proveniente de uma segunda fermentação alcoólica; no caso do uso do método conhecido como champenoise, clássico ou tradicional, em que isto ocorre na garrafa; do método charmat, em que esta fermentação ocorre em grandes tanques de aço inoxidável sendo engarrafados sob pressão ou tipo Asti, de uma única fermentação como no caso do Moscatel nacional, quando a fermentação se faz em autoclaves sendo interrompida antes do final do processo com isso resultando em vinho adocicados (por conta do açúcar residual), aromáticos e com nível de álcool não muito elevado, entre 7 e 8,5º. Uma outra característica importante a ser considerada, e o que elimina lambrusco como espumante (entre outros fatores), é que existe a obrigatoriedade de este ultrapassar uma pressão de gás carbônico de no mínimo três atmosferas sendo que os bons estão muito acima disso, entre quatro a seis. Quer saber mais sobre espumantes, acesse post especifico que escrevi no ano passado, clique aqui.

 Lembrando o que Saul Galvão diz sobre nossos espumantes nacionais; “Os fatores que conspiram contra o vinho tranqüilo são, exatamente, aqueles que favorecem o espumante. Para um bom vinho de mesa, a uva deve amadurecer ao ponto ideal, armazenar bastante açúcar, acidez e cor nas cascas, no caso dos tintos. Quando o tempo ameaça, os agricultores cortam as uvas antes do tempo ideal, gerando vinhos de mesa com pouco álcool, pouca estrutura e alta acidez. Esses “defeitos” no vinho tranqüilo são virtudes para a elaboração de espumantes. È bom lembrar que a região de Champagne também é de clima difícil e seus vinhos tranqüilos não costumam ser atraentes”. Palavras sábias do mestre que sempre bem humorado ainda adiciona esta pérola, “é na hora da adição das bolinhas que o pato vira cisne”! Mas falemos dos espumantes que Tomei e Recomendo nesta faixa de R$30 a 50,00 em que abundam muitos bons produtos, inclusive uma bela coleção de nacionais, todos garbosos cisnes.

 

de-r30-a-50-023

Filipa Pato 3b, (Casa Flora) é um surpreendente espumante português que descobri recentemente e que me encantou! A cor é linda, salmonada, tem perlage fina e persistente, boa estrutura já que parte do vinho passa levemente por madeira, ótima acidez, muito balanceado e extremamente saboroso com um final de boca bastante longo e sedutor, podendo ser encontrado nos nossos parceiros Kylix/BR Bebidas e Casa Palla, entre outros. Ainda na linha dos espumantes estrangeiros, dois franceses já bem conhecidos nossos a começar pelo Paul Bur Brut (Zahil), um espumante realmente muito agradável e bem feito, que encanta com seu corte de Chardonnay/Folle Blanche/Chenin Blanc. Um dos mais vendidos na França e talvez o maior concorrente estrangeiro aos muito bons espumantes nacionais aqui relacionados. De muito boa e abundante perlage, bom frescor, suaves aromas de brioche, algo mineral, uma bela opção que segue sendo imbatível na relação Qualidade x Preço x Satisfação, ainda mais nesta época do ano em que a Zahil o coloca com preços promocionais (veja o Boas Compras da semana passada). O outro é o Louis Perdrier Brut (BR Bebidas) corte de Ugni blanc, Colombard,Chenin, Folle Blanche, e Menu Pineau um espumante com um estilo mais sério, estruturado, algo tostado, espuma abundante e um leve amargor no final que não chega a incomodar. Um terceiro francês, menos conhecido mas de igual qualidade e muito saboroso, é o Duc de Valmer Brut (Decanter),amarelo verdeal, claro e límpido, perlage média, aromas de boa intensidade lembrando padaria, final de boca um pouco curto mas muito agradável e fácil de beber.

Da Argentina, vêm três interessantes produtos. O Mariá (Interfoods), é produzido pela operação da Codorniu na Argentina com um interessante corte de Chardonnay (60%) e Tocai Friulano que lhe aporta uma ótima intensidade aromática. Muito pálido, transparente, perlage fina e abundante, agradável com algo de maça verde no palato. O Trivento Brut Nature (Wine Premium), foi uma grata surpresa. Com a Pinot Noir como protagonista e a Chardonnay de coadjuvante nesse corte, o espumante é levemente rosado e muito bonito na cor. Nos aromas aparece algo de maçã verde, mas na boca os sabores puxam um pouco mais para abacaxi, bastante interessante. Muito boa acidez que lhe transfere ótimo frescor e um final de boca bastante agradável. A Perlage é abundante, delicada e de média persistência. Para finalizar, de cor amarela palha com laivos rosados, o muito agradável Santa Julia Brut (Expand) um corte majoritário de Pinot com Chardonnay e Viognier. Perlage de boa intensidade, fina e muito persistente com leves nuances florais. Na boca está muito balanceado, cremoso e refrescante com algo de frutas tropicais, um espumante que agrada fácil e é bastante sedutor, mais um tiro certeiro da casa de Zuccardi.

Das cavas, uma das melhores é certamente a Anna de Codorniu Brut Reserva, que ás cegas será bem capaz de enganar muita gente. Extremamente saborosa, muito balanceada, cremosa, fresca, algo cítrica, ótima perlage, elegante e muito longa é uma ótima pedida e uma das grandes opções de espumantes de qualidade nesta faixa de preços. A Marrugat Brut (Pinord) também é uma boa opção de cava nesta faixa, de perlage fina e abundante de boa persistência, boa acidez, balanceada e bastante saborosa, um produto muito rico e interessante que recém chega ao mercado. O Brut nature é ainda melhor, mas está em uma faixa de preços acima.

Proseccos; Janus (Expand) muito delicado, suave com agradáveis aromas em que desponta um certo floral, cítrico, muito fresco e balanceado; Villa Sandi DOC (Barrinhas/Cia do Whisky) muito rico de sabores, boa paleta aromática, muito saboroso e harmônico e o Tosti (Bruck), um dos primeiros a chegar ao Brasil, detonando essa prosecco mania, de boa estrutura, corpo médio, algo mais seco, leveduras presentes com leve amargor final, tipico da cepa, continuam sendo alguns dos melhores proseccos nesta faixa. Ainda da itália, mas do Piemonte um bom Spumante Asti Araldica DOCG (Decanter), elaborado com Moscatel, é muito aromático com grande tipicidade, riqueza de sabores, fino e elegante um perfeito companheiro para a sobremesa após a ceia.

Dos espumantes nacionais, temos ótimas opções nesta faixa de preços e são uma grande escolha nestas festas e em qualquer outra época do ano, pois devemos tornar o ato de tomarmos bons espumantes em algo mais comum, mesmo que não corriqueiro. Pizzato Brut, Marson Brut, Salton Evidence e Miolo Brut são elaborados com o tradicional e clássico corte de Chardonnay com Pinot Noir, já o Dal Pizzol Brut inova agregando Sylvaner à Chardonnay e Pinot. Todos elaborados pelo método champenoise, são espumantes de primeiro nível em qualquer lugar do mundo e não fazem feio perante a maioria dos espumantes estrangeiros encontrados no mercado. Algumas características comuns a todos eles que me cativam e me seduzem são;  o equilíbrio, boa frutuosidade com toques citricos, enorme frescor, algo mineral e ótimo e agradável final de boca com perlage de primeira, consistente e fina, um estilo de espumantes que me atrai pela delicadeza e finesse. Cada um apresenta sua própria personalidade, seus próprios sabores, mas todos são extremamente prazerosos de tomar e incríveis relação Qualidade x Preço x Prazer. Adicione a este seleto lote, o Marco Luigi Reserva da Família Brut (que consta da faixa anterior) e você terá seis deliciosos espumantes para experimentar e se deliciar. Um, talvez algo mais complexo que o outro, outro de maior ou menor intensidade, um levemente mais caro que o outro, tudo é uma questão de escolha pessoal, do seu gosto e de seu bolso. Eu cá tenho minhas preferências, mas sugiro que aproveite este final de ano e faça sua própria degustação de espumantes nacionais, divertida e, certamente, saborosissíma experiência! O gasto não será grande e, se quiser variar, aproveite e adicione um Dal Pizzol Rosé, o melhor de todos os espumantes rosés brasileiros que já provei.

Salute e que Baco o/a acompanhe nesta difícil escolha, definir o(s) espumante(s) deste final de ano. Eu já me defini e serão vários! Amanhã, a lista de meus Deuses do Olimpo 2008, vinhos excepcionais, verdadeiro Dream Team selecionado entre os muitos néctares degustados este ano. Ao longo da semana, mais Boas Compras com dicas de nossos parceiros e o post final de Tomei e Recomendo deste mês. Kanimambo e vejo você por aqui! 

 Endereços e Telefones para contato, encontre na seção “ONDE COMPRAR”

Boas Compras II – Espumantes e Algo Mais

Começamos a semana com mais algumas boas opções de espumantes, e alguns outros vinhos, que nossos parceiros destacaram de seus respectivos portfolios. São mais de trinta opções para você escolher, sem contar a primeira leva do Boas Compras I. Se você estiver em São Paulo, temos aí diversas opções para tudo o que é gosto e bolso.

 

Cia do Whisky, a Mariluz destacou os seguintes rótulos que merecem destaque e são boas relações custo x beneficio dentro se seu portfolio.

  • Prosecco Villa Sandi il Fresco (região de valdo) – R$ 29,90
  • Prosecco Castelnovo do Veneto – R$ 22,90
  • Prosecco Tosti, um clássico e muito agradável prosecco – R$ 39,15
  • Prosecco Sperone, mais um que já anda por aqui faz tempo e segue fazendo sucesso – R$ 28,50.
  • Mumm Cuvée Brut ou demi sec, produzido na Argentina pela famosa casa produtora francesa – R$ 24,90/unid
  • Tribal Brut ou demi-sec. Da África do Sul  – R$ 43,90/unid

        Vinho, com esse calorão, a sugestão são rosés:

  • Porta da Ravessa rosé  (português) – R$ 21,20/unid
  • Vinho da Defesa rosé (português) – R$ 51,60/unid 

Portal dos Vinhos, o Emilio e a Fátima nos listaram alguns bons rótulos para fazermos a festa de final de ano.

  • Prosecco Astoria 07, Gran Medaglia de Ouro na VINITALY, tem feito muito sucesso em nossa loja. O cliente compra 01 garrafa e volta pedindo em caixas. Preço R$82,50.
  • Casa Valduga 130 ANOS um dos muito conceituados espumantes nacionais, de boa estrutura e complexidade, um outro blockbuster na loja. Preço R$51,00.
  • Cava Don Román , uma das mais saborosas no mercado, já recomendadas por mim desde o ano passado, tem uma excelente relação custo x benefício à R$34,00

Decanter, de nossos amigos de Blumenau que possuem um ótimo catálogo de bons vinhos com preços justos, alguns belos exemplares de espumantes para tudoo que é gosto e preço.

  • Duc de Valmer Brut, pelo método charmat um saboroso espumante da região de Bordeaux por R$47,80.
  • Bedin Prosecco, do Veneto, um excepcional prosecco que me agrada muitíssimo, um dos melhores no mercado e quase imbatível nesta faixa de preços por R$52,90.
  • Bernaut Grand Cru Gran Reserve Brut, um clássico de muita qualidade por R$184,00.
  • Ferrari Maximum Brut, da região de Trentino na Itália, produz excelentes espumantes entre eles este que permanece por três anos Sur Lie que lhe confere grande intensidade e complexidade. Preço R$157,00.

Saint Vin Saint, esta linda e aconchegante mescla de loja de vinhos com bistrô, nos traz diversas boas oportunidades de compra com preços muito especiais como abaixo, entre eles um dos meus preferidos, o Marco Luigi Reserva da Familia Brut que, pelo preço, é para comprar de caixa!

promocao-natal-vint-saint-vin

Amanhã tem mais no Tomei e Recomendo II com espumantes entre R$30 a 50,00. Salute e kanimambo.

 

Endereços e Telefones para contato, encontre na seção “ONDE COMPRAR”

Merlot Terroir 2005 é Premiado na International Wine Challenge

Em uma semana de poucas noticias recebidas, vem-nos a grata informação da premiação e reconhecimento internacional que o Merlot Terroir 2005, produzido pelo Miolo Wine Group no Vale dos Vinhedos (RS) e um de nossos melhores vinhos da atualidade, teve na Inglaterra. Ganhador de outros prêmios de renome, desta feitamerlot-terroir-2005, foi classificado na categoria prata no International Wine Challenge 2008, concurso que acontece anualmente em Londres e seleciona os melhores vinhos de regiões produtoras de todo o mundo, sendo considerado o Oscar do mundo do vinho. As amostras enviadas para o International Wine Challenge são avaliadas por cerca de 400 especialistas. Com base nos resultados da competição, é elaborado o guia The World’s Best Wines. Os vinhos que se encaixam na categoria prata são aqueles que recebem notas de 90 a 94.

O Merlot Terroir é produzido somente em safras excepcionais com as melhores parcelas dos vinhedos merlot. O The World’s Best Wines o descreve como um vinho com cor de rubi, aroma de mirtilo e uma boa e profunda estrutura. Os exemplares de 2005, a última safra na qual eles foram produzidos, já estão esgotados. No inverno de 2009 será lançada a próxima edição do produto, o Merlot Terroir 2008.

Sempre que nossos vinhos conseguem se sobressair no complexo e difícil mercado internacional, especialmente em países de grande exigência de qualidade e eventos de grande renome, este blog estará aqui para divulgar e ajudar a reduzir, gradualmente, os preconceitos e resistências que ainda predominam sobre nossos vinhos. Não provei o 2005, que dizem realmente etupendo, mas em Novembro tomei o 2004 que descansava em minha adega já fazia um tempinho. Como disse, não conheci o 2005, mas o que tomei já mostrou muitas qualidades sendo um dos vinhos que recomendei quando das matérias sobre o vinho Brasileiro. Agora resta-nos esperar o 2008. Salute à Miolo por mais esta conquista.

Reflexões do Fundo do Copo – Os Mal Amados

brenoMais um delicioso texto do amigo e colaborador de todos os sábados, Breno Raigorodsky. Para acessar seus textos anteriores, clique em Coluna do Breno, aqui do lado, na seção – Categorias.

 

Suspeito ter uma queda pelos mal amados em geral. Gosto do peixe diabo, da passarinha – um órgão bovino meio que desprezado – gosto de jiló… Só falta agora dizer que gosto de Beaujolais!

No início do século, 7 anos atrás, Miolo e Cave de Pedra faziam Gamay que poderiam ser considerados de boa qualidade, com tipicidade no olhar e no nariz, muito agradáveis na boca. Por que será que os projetos com esta uva não se multiplicaram? Ingenuidade minha, por um momento pensei que ela seria a nossa Malbec, a nossa Tannat, o nosso ícone do futuro, nossa bandeira marqueteira no mercado internacional.

Assim como toda a torcida do Flamengo, na época, eu não apostaria um tostão na produção de grandes vinhos tintos feitos no Brasil, porque ainda pareciam eternas as dificuldades climáticas que insistiam em aguar as uvas na hora da colheita, assim como parecia eterna a baixa tecnologia empregada e o solo pouco conhecido. O todo produtivo, em suma, inibia grandes investimentos no quesito. Aqueles Gamay me fizeram esquecer as dificuldades e pensar grande, foram incentivos mais poderosos do que os Lote 43 da Miolo, o Don Laurindo Cabernet Sauvignon e os outros Valdugas feitos de uva internacional, porque desses havia uma pá de rótulos chilenos e argentinos para comparar e a produção nacional mal conseguia se equiparar a vinhos que chegavam ao mercado muito mais baratos.

Além disso, Gamay seria uma ótima alternativa para o consumo interno, para quem vive num país tropical e que resiste fortemente a migrar do consumo de outras bebidas para o vinho. Distante daquele tempo, o vinho tinto brasileiro vive um momento de afirmação internacional e está direcionado para outras cepas que não a Gamay. Parece se preocupar muito mais com aquelas mais aceitas pelo mercado, tendo como retribuição grande aceitação dos enófilos e sommeliers em todos os concursos internacionais em que participa, conquistando espaços importantes apesar de ainda conviver com forte desconfiança sobre sua capacidade. Argenta, Boscato, Cordilheira de Sant’Ana, Angheben, Villa Francioni, R.A.R. e Familia Bettù, Lydio Carraro entre outros, estão se afirmando com seus Merlot e Cabernet Sauvignon, além de uvas pouco conhecidas entre o consumidor brasileiro.  O Millèsime Cabernet Sauvignon da Aurora, o Storia da Valduga, os reservas Merlot e Cabernet Sauvignon da Casa Miolo, superam as barreiras de qualidade que pareciam intransponíveis para os tintos nacionais.

É evidente que nestes 7 anos o vinho tinto viveu uma surpreendente evolução, os capitalistas de outras áreas decidiram investir no negócio, as plantações se deram de modo muito mais objetivo, consolidando outros centros de produção vitivinícola, muito além do Vale do Vinhedo, o que não quer dizer que este não venha dando fortes sinais de vigor. Gamay ou outras uvas que podem render vinhos com as características que defendi ficaram para trás nos esforços das vinícolas, até onde vai minha limitada informação, exceção feita à Pinot Noir que continua sendo pesquisada por conta de sua presença em espumantes e que produz vinhos de qualidade como o recente e muito bem vindo Blanc de Noir da Aurora ou o quase secreto trabalho do Maurício Ribeiro, que vem sendo realizado em Flores da Cunha.

Com Gamay produz-se uma categoria de vinho extremamente gastronômico, feita para ser consumido a uma temperatura abaixo dos 16ºC. Vinhos bons e ruins, alguns dos quais excepcionais como os Borgonhas, outros de qualidade extremamente duvidosa como os Lambruscos. Sem serem excepcionais, mas longe de serem descartáveis, há uma plêiade interminável de vinhos e uvas como as Primitivo da Puglia e de Salento e seus netos californianos, Zinfandel; os Grignolinos piemonteses e os vinhos verdes tintos portugueses, inevitáveis quando se trata de comer bacalhau na terrinha; os vinhos do Loire produzidos com Cabernet Franc e que mereceram da Jancis Robison, no Atlas Mundial do Vinho que escreveu com Hugh Johnson, um comentário indignado contra o desprezo do mercado mundial com vinhos como estes, deliciosos, mas que “pecam” por serem feitos com “menos corpo e vigor”.

O Beaujolais do Bem e do Mal

gamay-grapeGamay é a cepa responsável tanto pelo Beaujolais Nouveau, quanto pelos Beaujolais genéricos, Beaujolais Village e finalmente pelos Cru Beaujolais. O primeiro é o mais conhecido e que lhe deu (má) fama internacional, e que se presta a uma bebemoração festiva global, de São Paulo e São Francisco a Tókio, no mesmo dia. É quase um “não vinho”, feito através de um processo de vinificação estrambólico, a partir de maceração semi-carbônica, onde os cachos inteiros são enfurnados em câmaras lacradas até que se dê a fermentação de parte desta uva, tendo como resultado um meio vinho, meio suco de uva, que, no fim da 2ª Guerra Mundial, fez fama e sucesso entre os sedentos soldados aliados que entraram em Lyon para libertar os franceses do jugo alemão e cair na merecida gandaia por alguns dias, ao menos. Conheceram e aprovaram a beberagem nos bistrôs da cidade libertada e fizeram seu nome internacionalmente.

Se o Vinho Fosse Coxinha

Este é o Beaujolais Nouveau, muito distante em pretensões da denominação “Cru Beaujolais”, a mais nobre da região, restrita à produção de apenas 10 comunas. Ambos são feitos das mesmas uvas, mas, se fossem coxinhas de frango em vez de um vinho, o primeiro seria aquela que você encontra ressecada no bar da esquina, feita de manhã com sobras de frango e consumida só no fim do dia; enquanto que aquele que leva o nome “Cru” é equivalente à coxinha premiada da Regina Preta, por exemplo, feita com os melhores ingredientes, frita e servida crocante e sem excessos de gordura, ainda cálida da primeira e única passagem por uma fonte de calor.

Se o Beaujolais Nouveau merece mesmo pouca consideração, os Beaujolais Village e Cru não têm escapado da ignorância deste mercado que privilegia a potência alcoólica, o ataque adocicado e o tanino da madeira; um mercado que parece ter medo da diversidade. São mal tratados pela mídia especializada, que confunde um determinado paladar com vinho mal feito. Como se, ao contrário, um vinho qualquer oriundo de uma uva nobre e reconhecida por todos como a Cabernet Sauvignon fosse – em si – um atestado de boa qualidade!

Abrir um vinho feito no Brasil, similar ao daqueles cujo rótulo vem registrado com o controle de qualidade regional Cru Beaujolais – Saint Amour, Fleury, Julienás, Chenás, Chiroubles, Morgon, Brouilly, Côtes de Broully e particularmente os Moulin a Vent –, tornou-se um desejo meu de consumo. Queria mesmo encontrar aquela boa complexidade, a presença de taninos sofisticados e até a perspectiva de envelhecimento como a que se dá com os grandes nomes citados neste parágrafo, que crescem dentro da garrafa e encontram seu ápice muitas vezes além dos dez anos! Não são geniais como os grandes da Borgonha, mas, em compensação, custam muitas vezes menos! Coloquei alguma dúvida no seu copo? Você promete dar mais uma chance para o jiló?

Falando de Vinhos no Planeta Oceano.

capa-dez-jornal-oceano2È com imensa satisfação que venho compartilhar com os amigos mais uma conquista em nosso trajeto por essa vinosfera. Como sabem, este blog surgiu como a revista diária e virtual de minha coluna no jornal Planeta Morumbi aqui em São Paulo. Pois bem, agora existe o jornal Planeta Oceano em Niterói no Estado do Rio de Janeiro e estamos lá! Estreamos neste mês de Dezembro e esperamos construir ali um outro alicerce para o crescimento de nosso projeto de democratizar o mundo do vinho, garimpar e buscar bons vinhos por bons preços, assim como compartilhar experiências e conhecimento adquirido ao longo do tempo. Como me disse o Paulo Sampaio um dia, “um apanhado de informações visando a divulgação da causa”, ou algo muito parecido.

A região Oceânica em Niterói, agrega uma série de bairros que é essencialmente composto de casas em condomínios horizontais, contrariamente à região do Morumbi em São Paulo que é muito verticalizada (conheça mais da região em http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=390825)O jornalista responsável segue sendo meu mui amado e idolatrado, salve/salve publisher Henrique Farina, mas o projeto é tocado localmente pelo Orville Martins que é também responsável por todo o design gráfico, distribuição e aspectos comerciais do projeto e a Lilian Franklin que cuida de todo o conteúdo das matérias do jornal. Seguindo o mesmo padrão visual do Planeta Morumbi, o Planeta Oceano visa atingir os condomínios na região vastamente composta, em sua maioria, por um publico alvo de muito bom poder aquisitivo. Com o primeiro exemplar distribuído em Outubro do corrente, esta terceira edição já sai com mais de 9.000 exemplares impressos. Me sinto honrado pelo convite e feliz por estar estreando minha coluna neste mês. Que venham muitos mais meses, e muitos mais exemplares! Se quiser acessar o jornal, clique no link aqui do lado – jornal planeta oceano – e caso queira ver a coluna na íntegra, clique na imagem abaixo.

 

coluna-de-vinhos-dez-08

 

No Sábado, volta a Coluna do Breno, no Domingo mais Noticias & Eventos e começando a semana o segundo post de Tomei e Recomendo com espumantes entre R$30 a 50,00. Bom fim de semana e nos emos por aqui.

Salute e Kanimambo.

Trio da Concha Y Toro

Os vinhos Trio são mais um dos muitos braços da Vinícola Concha Y Toro (VCT), um dos cinco maiores grupos vinícolas do mundo e chileno por nascimento, apesar de alguns investimentos fora do páis natal. O Trio é um conceito, e um vinho que primeiro conheci nos idos de 2002/3. Àquela época, o Trio era um nome basicamente mercadológico elaborado sobre um triângulo “marqueteiro” que juntava Terroir/Enólogo/Clima sendo que, a partir de 2004, esta nova fórmula, em que é elaborado um assemblage de três cepas tendo uma sempre como protagonista e duas coadjuvantes buscando harmonia e equilíbrio, é adotada. Os vinhos são vinificados em separado e somente ao final é feito o corte definitivo com resultados realmente muito bons para um vinho que chega ao consumidor por volta dos R$37 a 45,00 dependendo do lugar e região.

emporio-0023Para comemorar e divulgar as novas safras chegando ao mercado, a Concha y Toro em conjunto com a Expand fizeram um tour pelo Brasil acompanhados do famoso chef Sumito Esteves, venezuelano de renome internacional, em especial na América Latina, que preparou uma série de pratos harmonizados com os diversos Trios apresentados. Evento de primeira e uma bela e diferenciada idéia mostrando que, afora os bons vinhos, a Concha y Toro é também muito boa de marketing. Neste evento tivemos o prazer de provar três versões do Trio, todas muito boas;

  • Trio Chardonnay 2007 – saboroso corte de Chardonnay (70%), Pinot Blanc (15%) e Pinot Grigio (15%) em que as primeiras duas passam por cerca de 10 meses de barricas e o ultimo somente em tanques inox para preservar mais a fruta e a mineralidade que aporta ao corte. Possui um nariz bastante complexo com muita fruta fresca, algo cítrico de boa intensidade. Na boca é cremoso, macio mostrando estar muito balanceado com um frescor muito agradável e um final de boca com leves nuances de abacaxi. A harmonização com um salmão, curado com sal, açúcar e cachaça por 24 horas, que recebe delicioso e suave molho holandês puxado no maracujá, foi perfeita e me agradou muito. Muita delicadeza e finesse nessa combinação bem pensada e executada com primor.
  • Trio Merlot 06 – sempre um dos meus favoritos, e não é de agora. Este, é um corte de Merlot (65%), Carmenére (25%) e Cabernet Sauvignon (15%) que realmente me encanta e, na minha opinião, é o melhor deles. No nariz, uma paleta aromática de média intensidade em que sobressaem frutas negras como amoras e ameixas abrindo-se para algo de chocolate após um tempo na taça. Entrada de boca especiada, corpo médio, boa textura, harmônico e de taninos amistosos e aveludados, redondo, muito saboroso com um final de boca algo mentolado e de boa persistência. A harmonização com uma Massa Dobrada de Cacau recheada com vários tipos de funghi, ficou bastante interessante em função dessa relação aromática do chocolate do vinho com o prato.
  • Trio Cabernet Sauvignon 06 – tendo a Cabernet Sauvignon como protagonista (70%), coadjuvada por Shiraz (15%) e Cabernet Franc (15%), é um vinho ainda um pouco fechado. Apesar da Cabernet Franc lhe trazer um pouco mais de delicadeza, a parte de Cabernet Sauvignon com o Syrah necessitam de um pouco mais de tempo para mostrar todo o seu potencial. Na boca mostra maior potência, um vinho mais denso, concentrado, de muito boa estrutura, suculento, mostrando bom equilíbrio com taninos firmes, mas finos, ainda presentes. A harmonização foi com um frango ao vinho muito bem elaborado, mas achei que foi atropelado pelo vinho. Para meu gosto, creio que este vinho precisa de uma carne mais potente para acompanhá-lo. Quando provei o prato com um resto de Merlot que tinha ficado na taça, ficou perfeito mostrando-se a melhor harmonização do evento.

Opinião: Como já mencionado, os três são bons, mas acho que, talvez até por estar mais pronto, o Merlot é o meu vinho. Por outro lado, foi uma grata surpresa o Trio Chardonnay, tanto é que já comprei para servir na ceia junto com uma salada com salmão e como aperitivo também. Ótimas opções de bons rótulos com preços muito justos e um belo achado pelo preço. Estes, tomei e recomendo sem sombra de duvidas, encaixando-se perfeitamente no conceito de “Bons Vinhos com Bons Preços”. Meus agradecimentos à Concha Y Toro, Expand e Sumito, uma personalidade muito especial e chef inventivo, por um evento muito agradável. Sem contar que a Sandra Schkolnick (Suporte Comunicação), mostrou, mais uma vez, perfeição na realização e administração do evento. Valeu!

Salute e kanimambo.

 

Ps. Uma menção honrosa pelo contra-rótulo das garrafas que demonstram bem o respeito da empresa para com o consumidor, no sentido de lhe prover com informações pertinentes e úteis. Bela idéia, que podia ser levada um passo adiante com algumas informações adicionais como provável pico de consumo e data do engarrafamento. 

 

 

     chardonnay-006

Boas Compras I, Espumantes e Algo Mais.

            Certamente este mês de Dezembro não é um mês normal. Afora se tomarem bem mais espumantes, se toma mais vinho de forma genérica. Seja nas festas ou comemorações de final de ano nas empresas, entre amigos, em confrarias, em reuniões familiares, etc. Pensando nisso nossos Boas Compras deste mês, terão foco em espumantes, mas terão também uma série de outros vinhos colocados em destaque por nossos parceiros. Vejam aqui, no primeiro de uma série de três posts, 17 destaques e boas opções de compra.

 

BR Bebidas, uma boa diversidade de espumantes de diversas origens em que obtêm destaque os seguintes rótulos.

  • Villa Fabrizzia Prosecco – simples, ligeiro, fácil de agradar R$22,50
  • Corte Viola Extra-dry – um dos melhores nesta faixa de preços, mostrando muito bom frescor e equilíbrio R$23,50
  • Cassal Del Ronco Prosecco – mais encorpado, perlage abundante, bem seco por R$27,00
  • Salton Reserva Ouro Brut – um dos meus espumantes preferidos nesta faixa de preços e um belo exemplo de bom espumante nacional com ótimo preço, R$22,00. Imperdível!
  • Salton Evidence – outro muito bom produto da Salton e muito conceituado no mercado. Normalmente está acima dos cinqüenta reais, mas a BR vem com arrasadores R$40,50.
  • Nieto Senetiner Extra-brut – um Blanc de Noir, elaborado na Argentina tendo como base a uva Pinot Noir. Sério, encorpado, é um espumante gastronômico, bastante diferente e interessante, por R$27,00.

 

Kylix – o amigo Simon que comemora hoje (11/12) dois anos de existência com um wine day especial,nos traz algumas boas sugestões.

  • Cava Cristalino, uma das mais saborosas no mercado, por R$37,00
  • Cava Cristalino Vintage 04 por R$51,90
  • Kriter Brut , espumante Francês da região da Borgonha por R$61,00
  • Juves Y Camps Reserva Vintage um verdadeiro clássico espanhol e uma das melhores cavas no mercado por 94,00

 

Zahil – Desta simpática importadora e loja (São Paulo) algumas opções e duas promoções imbatíveis, especialmente o Paul Bur que é um dos meus favoritos e que faz parte de minha pequena, mas selecionada adega particular.

  • Prosecco La Veneziana – fresco, leve idla para festas, eventos e no combate a este forte calor que nos assola, preço R$48,00.
  • Astoria Prosecco Millesimato 07 – Cremoso, intenso e equilibrado um espumante de alto nível por R$ 72,00
  • Cuvée des Ardoises Château des Erles 2003 – uma delicia de vinho elaborado no Languedoc com as cepas Syrah/Grenache e Carignan, muito frutado, macio, redondo uma beleza que teve seu preço reduzido de R$65 para 55,00.
  • Tosca Chianto Colli Senesi 04 – absolutamente pronto, delicioso, muito redondo, rico e com ótima acidez, um chianti delicioso que já tinha um preço bom e está em promoção por R$46,00. Uma pechincha!
  • Para finalizar, veja a incrível promoção abaixo:

10mais27

     Difícil encontrar Champagne por este preço e o Paul Bur, para quem compra 12 garrafas, sai por menos de R$37,00, uma bela opção para quem quer um bom espumante e necessita de quantidade ou junte a turma para dividir uma caixa.

Salute e kanimambo

 

Endereços e Telefones para contato, encontre na seção “ONDE COMPRAR”