dezembro 2008

Dois Portugueses de Reflexão

Duas situações, dois vinhos diferentes com duas propostas diferenciadas, porém de igual impacto gustativo que me deixaram nas nuvens. Os vinhos portugueses há muito que deixaram de ser rústicos com promessas de futuro, para serem realidades de grande complexidade, boa estrutura e, quando lhes é dado o devido tempo para evoluir, verdadeiros elixires dos deuses. Estes dois fizeram parte do seleto grupo de vinhos que elegi neste ano de 2008 como meus Deuses do Olimpo, ou meus TOP 25. Não são somente grandes vinhos portugueses, são Grandes Vinhos de nossa Vinosfera!

Mais do que uma degustação, os mesmos se destacaram entre uma mesa repleta de verdadeiros néctares, todos grandes vinhos, e mostraram uma enorme persistência em minha memória. Por isso estarem aqui nesta categoria que poucos frequentam, a dos meus Vinhos de Reflexão. Outros já poderiam estar por aqui, mas vinhos degustados em feiras e eventos de maior porte, em que as doses de degustação são compreensivamente minúsculas, não contam. Apesar de terem, eventualmente, despertado fortes emoções, não as concretizaram em função da falta de “liquidez” na taça o que inviabiliza uma análise mais profunda que os poderia trazer até aqui. Agora chega de lero e falemos dos vinhos.

chryseiaChryseia 2001, um produto de grande categoria elaborado no Douro pela Prats & Symington, um delicioso corte de Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinto Cão e Tinta Roriz. Na mesa junto com ele, em almoço de final de ano com amigos, um Gandjó Reserva, um Catena Zapata Agrelo Estiba Reservada 02, um Don Melchor 97 e para finalizar e brindar a mais um ano que passou, uma Veuve Clicquot Ponsardin. Almoço difícil de ser esquecido, tanto pelas garrafas, como principalmente pelo momento e pelos amigos com que foram compartilhadas, algo meio histórico. A prova de que grandes vinhos necessitam de tempo para mostrarem todo o seu potencial e esplendor, um vinho de grande categoria que o tempo aprimorou, um vinho que desperta fortes emoções e enorme prazer. Um vinho que já ao ser vertido para a taça mostra ao que veio. De cor escura ainda sem mostrar sinais de sua idade após seis anos de vida e com uma paleta olfativa complexa em que ressaltam as frutas silvestres e algo herbáceo. Na boca mostra uma incrível harmonia e equilíbrio que resultam em taninos macios e aveludados, muito boa acidez que lhe dá um caráter diferenciado de grande frescor, uma complexa concentração e riqueza de sabores que nos levam ao nirvana logo ao primeiro gole. Extremamente elegante com um final de boca muito longo e levemente achocolatado, é um vinho que persiste ad-eterno na memória. Já encomendei duas garrafas mais para uns amigos que irão a Portugal agora em Janeiro já que aqui, não consigo bancar.

Na minha humilde opinião, um vinho para ser tomado com um mínimo de cinco anos de guarda, devendo atingir seu ápice, dependendo da safra, por volta dos oito a dez anos, talvez até um pouco mais. Para fazer a prova dos nove (alguém ainda lembra?), precisarei abrir uma 2003 neste novo ano que rapidamente se aproxima.  Dá para tomar antes, certamente que sim, porém acredito que a finesse e elegância, que o vinho ganha com o tempo, não aparecerão quando tomado muito jovem com dois ou três anos, mas aí vai muito do gosto de cada um. Para mim, este 2001 mostrou ser um dos melhores vinhos que jamais tomei nesta minha curta vida de navegante de nossa vinosfera. Não dando para bancar este vinho, seu “segundo” vinho é o Post Scriptum que é excelente e uma tremenda relação custo x beneficio. No Brasil você encontra na Mistral e a Grand Cru (nesta ultima somente o Chryseia) porém o 2001 acho que está esgotado. Se tiver bala na agulha, compre o 2003.

Moscatel Roxo de Setúbal 97, produzido pela Quinta da Bacalhôa com esta pouco conhecida e rara variedade de moscatel, aparentemente autóctone da região de Terras do Sado. Um vinho de sobremesa que tive o enorme privilégio de tomar em um jantar degustação a convite da ViniPortugal, realizado nas bonitas instalações do Consulado de Portugal em São Paulo, um evento sobre o qual falarei em Janeiro com mais calma. Agora quero é falar deste incrível néctar que se destacou entre outros grandes vinhos como; Morgadio da Torre Alvarinho 07, Quinta do Corujão Dão Grande Escolha 04, Paulo Laureano Alicante Bouschet 05, Quinta do Crasto Touriga Nacional 05, Redoma Branco Reserva 05, Quinta do Zambujeiro 03 e um Madeira Justino Old Terrantez. Todos os vinhos mostraram enorme qualidade, vinhos de respeito em qualquer lugar do mundo com alguns realmente excepcionais, mas este Moscatel Roxo, vinho licoroso com 18 a 20º de teor alcoólico, despertou sensações diferentes entre os presentes e farei uso de duas frases geniais que ouvi nessa noite da boca de dois experientes e conhecidos enófilos, Carlos Cabral (se referindo ao Touriga da Quinta do Crasto outro grande vinho) e Walter Tommasi, para descrever minhas emoções; tanto para dizer que este vinho deve ser servido junto com uma almofada para que possamos nos ajoelhar e agradecer aos deuses por tamanho elixir, como para dizer que esta verdadeira iguaria não é para ser; nem cheirada nem tomada, mas sim lambida!

Como costumo dizer, há vinhos que não sabemos se cheiramos ou bebemos, pois este é daqueles pelo qual nos apaixonamos à primeira fungada! É extremamente sedutor, com notas florais que me fazem recordar laranjeira e rosas, com algo de frutos secos e mel, talvez até influenciado pela incrível cor amarelo dourado, quase topázio, uma verdadeira preciosidade. Tudo isso, no entanto, não convence se quando chega à boca esses aromas morrem e são substituídos por um liquido xaropento, enjoativo e sem vida, decorrente da falta de acidez muito comum em muitos vinhos doces. Este Moscatel Roxo da Quinta da Bacalhôa é o oposto de tudo isso, pois possuí uma acidez maravilhosa que lhe aporta uma personalidade muito vibrante, elegante, de grande leveza e maciez que convidam ao próximo gole. Absolutamente encantador aos seus jovens onze aninhos, nove ou dez dos quais envelhecendo em meias pipas de carvalho, devendo, conforme pesquisado, ainda evoluir por mais vinte, trinta ou mais anos! Para tomar devagar, após o almoço, jantar ou a qualquer hora, sorvendo todas as suas nuances e desfrutando de toda a sua riqueza de sabores. Esta maravilha dos deuses dá para encontrar na Santa Ceia (19 – 3836.2202), aqui em São Paulo, Vinhedo e Campinas ou na Portuscale (importadora).

 

Salute e kanimambo por um ano de 2008 certamente muito enriquecedor. De grandes descobertas e conquistas, maravilhosos aromas, nem sempre bem identificados, muito sabor e enormes surpresas.

Reflexões do Fundo do Copo – Degustando Brasileiros

breno2Mais um delicioso texto do amigo e colaborador de todos os sábados, Breno Raigorodsky. Para acessar seus textos anteriores, clique em Coluna do Breno, aqui do lado, na seção – Categorias. Oops, mas hoje não é Sábado! Não mesmo, só corrigindo uma falha de comunicação no ultimo Sábado em que o post não foi publicado e depois, coisa boa não tem hora nem dia!!

 

Na lousa ao lado da cozinha traço um quadriculado para avaliação de 20 vinhos, 6 de até R$50,00, 8 entre R$50,00 e R$90,00, 6 de mais de R$90,00. Somos 14 degustadores, pagamos nossa experiência de vida com calvície aparente ou cabelo agrisalhado entre o sal e a pimenta do reino; todos somos bebedores de vinho desde criancinha, todos com experiências de vida internacionais, sendo que o mais bobinho passou um ano nas européias, e os menos bobinhos viveram algo como 6 anos fora daqui. Todos se mantêm em contato com o mundo, seja por atividades comerciais, seja por atividades acadêmicas ou de consultoria. Apenas 3 mulheres estão presentes nesta maratona de copos, uma falha machista, deste que convocou a reunião. Pretendemos passar algumas horas decidindo, na taça, o rumo do vinho tinto brasileiro – se ele finalmente se acomoda na sua faixa que vai do totalmente medíocre até o bonzinho ou se ele pode pretender mais e atingir a superação desta percepção generalizada.

Faço as honras da casa, mostro que – no mínimo – muita coisa acontece nos últimos anos no mundo do vinho brasileiro. Começo por dizer que até pouco tempo compartilhava da mesma sensação de que o vinho brasileiro teria vocação para ser um produto de segunda, seja por causa das chuvas de Janeiro/Fevereiro, seja porque o bom vinho brasileiro é e sempre será o espumante, seja porque o Vale do Vinhedo está interessado mesmo em produzir suco de uva e destilado… Sei lá o porquê! Digo que a percepção está mudando e estamos começando a nos entusiasmar com nosso potencial. Formadores de opinião importantes como a Jancis Robison e outros começam a falar com simpatia deles. Aponto para uma lista de prêmios internacionais que estes vinhos brasileiros têm recebido em todas as partes do mundo, diante de todos os públicos, inclusive na França, Itália e Argentina.

Nosso vinho não é mais somente advindo de novas gerações das velhas vinhas de sempre, no Vale do Vinhedo. Aliás, estas já são formadas pelos netos e bisnetos dos primeiros imigrantes, gente formada em enologia, em engenharia agrícola, muito distante da romântica imagem dos colonos do Vale, apenas trabalhadores da terra em geral, imigrantes sem cultura. Chamo a atenção para o que acontece nas bordas do Vale, para os lados de Flores da Cunha e para outros cantos inesperados, como Garibaldi, tradicionalmente ligado aos espumantes. Apresento a diversificação do vinho tinto nacional, que pulula agora nas promissoras regiões da Campanha, em Sta. Catarina e Paraná, além do surpreendente Vale do São Francisco. Diversificação que começa pela origem de capital, nada a ver com o mundo do vinho… Origem esta que se mescla entre gente da construção civil, gente do negócio da distribuição de gasolina, enólogos que investem em novas dinâmicas produtiva; diversificação nos objetivos financeiros, mas igual procura pela excelência. Digo dos simpósios sobre o negócio do vinho no Estado de Santa Catarina, com a presença de gente formada em Bordeaux. Falo dos profissionais do defeito do vinho, que fiscalizam com mais rigor as falcatruas de antão. Digo que o vinho – a partir do crescimento de mercado entre a moçada urbana – vai se tornando o principal acompanhamento dos jantares em restaurantes, como é em tantos outros países e que isso incentiva demais o espírito de competição capitalista de quem está neste negócio, apesar dos custos ainda serem altos demais. Tudo muito distante do consumidor dos produtos de garrafão, nos tempos áureos das cepas americanas Santa Isabel e Bordô, quando o Sangue de Boi reinava.

Falo para incrédulos, a grande maioria do universo da degustação, gente acostumada a beber vinho de R$50,00 a garrafa para cima. Gente que sempre quer saber o que há de novo no mundo do vinho, mas que pouco olha para o que se faz aqui. A degustação nem começa e alguém contesta o método, diz que não vai conseguir chegar nos melhores e mais caros, ficará bêbado e sem critério, não é profissional. A choradeira então se espalha, todos querem menos para terem um melhor resultado. Decido sacrificar uns tantos pelos seguintes critérios – facilidades de mercado e distribuição e preço: os menos conhecidos e mais caros ficam.

Do primeiro grupo, dentre os mais baratos, o Fabian Assemblage ganha na boca e o Cordilheira de Sant’Ana Cabernet Sauvignon, ganha no buquê. Do segundo grupo, nenhum decepciona totalmente, mas nenhum empolga, talvez pela ansiedade de atacar os grandes reservas. Aqui, vale o comentário de que os incrédulos param de resistir na medida em que sirvo o “Castas Portuguesas” do Miolo, em parte porque a novidade em ver um vinho português feito (e bem feito) no Brasil surpreende muito. Em parte também – é possível notar – os apreciadores de vinho com uvas do tipo Touriga Nacional são muitos entre nós. Mas principalmente porque o desfile de Cabernets Sauvignons varietais ou no máximo cortados com merlots medianos é um pouco tedioso e a novidade nas uvas salta, cria destaque.

Lamento não ter trazido vinhos como o Tempranillo do Lidio Carraro, o Angheben com Teróldego, o Pinot Noir do Mauricio Ribeiro de Flores da Cunha, o Marselan do Bettù, o Nebbiolo dele e de outros, diversificações na pesquisa de produção e aceitação de mercado. Lamento não ter eleito os Tanat como o da Cordilheira de Sant’Ana, uma casa que foi extremamente bem avaliada, até porque, servi, antes de começar a degustação o seu surpreendente Gewurstraminer, vinho que foi comentado por muitos até as despedidas do fim do encontro. 

No grande final estão o Top do Boscato (enquanto ele não põe o seu Anima Vitis nas ruas), o Miolo Merlot de cepas escolhidas (que impressiona até pelo porte da garrafa), o orgulhoso Argenta Merlot, os cortes da Vila Francioni – o Francesco e o Família – para finalmente chegarmos no artesanal Bordalês C.

As opiniões se dividem, mas o ambiente, as honras do casal que nos acolhe maravilhosamente deixam qualquer debate atenuado e amistoso. O pesquisador da inovação prefere os cortados e vai embora impressionado com a qualidade dos vinhos que provou, convencido que há vinhos de qualidade no Brasil e que vale influenciar os mais influentes políticos que conhece para a causa do vinho tinto. O empresário da pesquisa, divide as atenções com o jogo São Paulo X Fluminense que desclassificaria o tricolor paulista para a “Libertadores da América”, mas sai bem impressionado com as novidades. O consultor fala entusiasmado do que experimentou e promete agir para contribuir com a melhora da imagem do vinho tinto nacional. Os três chefs de cozinha presentes, discutem a cepa que haverá de se tornar o nosso emblema de mercado. O empresário-músico profissional pergunta mais detalhes sobre os da primeira turma, surpreso pela relação custo-benefício que apresentou. O responsável pela telefonia digital de uma multinacional, está um pouco pasmo, sem conseguir finalizar uma impressão de qualidade, pois até o meio da degustação – como boa parte dos presentes – não trocaria seus bons argentinos por qualquer um daqueles que haviam sido provados. O ex-diretor financeiro de um dos maiores grupos de supermercado do país – talvez o mais experiente degustador de toda da turma – lamenta a ausência da uva mais significativa entre as mundiais, no seu entender, a Syrah.

No fim, uma salva de palmas pela minha iniciativa. No fim, uma salva de palmas para o vinho tinto nacional.

Breno Raigorodsky; filósofo, publicitário, sommelier e juiz de vinho internacional FISAR

Noticias do Mundo do Vinho

wine-globe-23Semana morna com todas as assessorias de imprensa de férias e as importadoras e lojas focando nas vendas de final de ano. No entanto, já que temos o compromisso de mantê-los informados, eis algumas noticias de nossa Vinosfera, e algo além dela também, porém com laços próximos.

 

Reino Unido, historicamente um dos maiores mercados consumidores do mundo e com pouquíssima produção, sempre foi o quintal dos países produtores europeus, em especial da França. Pois bem, os Estados Unidos, pela primeira vez, assumem o primeiro lugar nas importações inglesas desbancando a França. Frase emblemática “ os Californianos fazem muito bem aquilo em que os Franceses são fracos, descobrir o que os consumidores efetivamente querem”. (Decanter)

 

Wine Spectator, pode falar o quiser, mas contra fatos não há argumentos. O site deles contabiliza, somente nos primeiros 9 meses do ano, mais de 55 milhões de visitas. Somente nos primeiros 17 dias de Novembro, foram mais de 550.000 acessos e mais de 4.5 milhões de páginas visitadas. Depois disso a gente se sente tão pequenininho!

 

Austrália, a preocupação com os altos índices de conteúdo alcoólico de seus vinhos, fez com que os produtores acelerassem a busca por soluções. A “Osmose Reversa” (ou inversa), processo que resulta na redução de álcool no vinho e que já começa a ser estudado em outros países, entre eles a Argentina, ganha força com a negociação efetuada com o mercado comum europeu. No acordo, a Austrália finalmente pára de usar denominações européias em seus vinhos, como champagne e porto, e a comunidade européia libera a importação de vinhos elaborados com osmose reversa. (Decanter)

 

Vinho Rosé, em um dos maiores mercados do mundo, o Reino Unido, o crescimento de consumo foi de 17% em Outubro. Para o nosso verão, um must neste 2009 e tem opções de montão no mercado.

 

Portugal, seus vinhos seguem bombando no mercado internacional com grande destaque na imprensa especializada como a bola da vez! Esta noticia, no entanto, não tem nada a ver com vinhos, mas com azeite. O azeite ROMEU foi eleito o melhor azeite do Mundo, como foi considerado pelo “L’Extravergine”, um guia italiano de azeites, na categoria de laboração seguindo o método tradicional, com lagar de prensa. Também a revista gourmet alemã “Der Feinschmecker” colocou-o no top 10 dos melhores azeites do Mundo. Mais do que a inovação tecnológica, no “Romeu” é aplicada a sabedoria acumulada ao longo de 130 anos de cultivo da oliveira na quinta da família. “Se, em cada ano, eliminarmos um pequeno defeito, imagine-se onde se pode chegar”, referiu. Actualmente são produzidos cerca de 20 mil litros que se destinam maioritariamente à exportação para o Brasil, Canadá, Japão, Hong-Kong, Nova Zelândia e Europa. (Jornal de Noticias)

 

Quinta Nova de Nossa Sra. Do Carmo. Lembram do furo que dei, é também dou das minhas, de que esta respeitada vinícola portuguesa viria com um varietal de Touriga Nacional? Pois bem, o produtor acaba de lançar no mercado o seu primeiro vinho varietal (monocasta) e é ele próprio, o Quinta Nova Touriga Nacional, que deu origem a uma edição limitada de apenas 1666 garrafas. Engarrafado no passado mês de Maio, o Quinta Nova Touriga Nacional estagiou durante 17 meses em barricas novas de carvalho francês e 6 meses em cave. (Blue Wine)

 

Listas de Tops do Mar de Vinho. São várias que estão por aí, cada um de nós que se aventura a escrever sobre este tema, tem lá suas preferências sobre aquilo que provou ao longo do ano. Marcello Copello, ilustre critico e avaliador de nossa vinosfera, publicou pelo oitavo ano consecutivo seu TOP 200 do ano de 2008 no jornal Gazeta Mercantil e reproduz em seu blog. Vale fuçar, é sempre informação interessante para nós consumidores e apreciadores do doce néctar. Veja mais aqui.

 

Arranjos com frutas, para este final de ano algo lindo e criativo que peguei do blog da Leila (Delishville). Solte sua imaginação e criatividade. Quer ver mais? Visite o site da Passion Leaf.

 

panorama-passion-leaf

 

Salute e Kanimambo

Espumantes – Meus TOP 25 de 2008

Antes de começar a publicar, dia 5 de Janeiro, minha retrospectiva de 2008 com os principais achados por faixa de preços, listei no último dia 12 meus TOP 25 vinhos deste ano, escolhidos a duras penas entre os cerca de novecentos degustado no período. Foram os eleitos para sentarem nos tronos destinados a meus Deuses do Olimpo de vinhos brancos e tintos.

Hoje, finalizando meus posts sobre espumantes neste mês de Dezembro, listo meus TOP 25 do ano, só que de  espumantes. Como sempre, a lista contêm preços referenciais em São Paulo, podendo existir diferenças entre lojas e Estados, e não considero preços de promoção. Esta lista é fruto de minhas degustações tendo sido escolhidos entre todos aqueles bons espumantes que destaquei nos diversos Tomei e Recomendo do mês, porém exibe uma preferência pessoal, muito clara e declarada, por espumantes mais frescos, bem balanceados, algo cítricos e bem frutados, sempre que possível, com toques minerais. Limitei a 25, mas certamente caberiam aqui mais três ou quatro!

Não existe um numero 1 nesta lista, ou em qualquer outra que eu tenha ou venha a publicar. Tudo depende do momento, da ocasião, da companhia e do bolso , podendo, nas condições adequadas, qualquer deles ser o numero 1 para aquele momento especifico. A lista está ordenada em função de preço e a maior parte destes rótulos está disponível nas diversas boas lojas do ramo espalhadas pelo Brasil afora. Se estiver em São Paulo, não deixe de contatar os nossos parceiros lojistas ou contate direto os importadores e produtores, todos listados em Boas Compras.  

 

Rótulo

País

Imp/Prod.

Preço R$

Marco Luigi Moscatel

Brasil

Marco Luigi

22,00

Salton Reserva Ouro Brut

Brasil

Salton

25,00

Marco Luigi Reserva da Família Brut

Brasil

Marco Luigi

30,00

Miolo Brut

Brasil

Miolo

32,00

Valduga Premium Prosecco

Brasil

Casa Valduga

32,00

Cava Don Roman

Espanha

Casa Flora

32,00

Marson Brut

Brasil

Marson

34,00

Cava Cristalino

Espanha

Vinoteca Brasil

34,00

Pizzato Brut

Brasil

Pizzato

35,00

Paul Bur

França

Zahil

44,00

Dal Pizzol Brut

Brasil

Dal Pizzol

45,00

Salton Evidence

Brasil

Salton

45,00

Filipa Pato 3b

Portugal

Casa Flora

47,00

Anna de Codorniu

Espanha

Interfood

47,00

Bedin Prosecco

Itália

Decanter

53,00

Incontri Prosecco

Itália

Vinea Store

54,00

Marrugat Gran Reserva Brut Nature

Espanha

Pinord

75,00

Exellence Cuvée Prestige

Brasil

Chandon

78,00

Crémant de Bourgogne Bailly-Lapierre Brut Réserve

França

Nova Fazendinha

 

*Preço no Rio de Janeiro

80,00*

Faive Rosé

Itália

Expand

88,00

Piper-Heidsieck

França

Interfood

145,00

Veuve Clicquot Ponsardin

França

 LVMH

180,00

Taittinger Brut Resérve

França

Expand

185,00

Gosset Brut Excellence

França

Expand

198,00

Mailly Grand Cru Brut Resérve

França

Ana Import

247,00

 Salute e kanimambo

Presente Especial e um Bom Vinho Verde Para Brindar

Um presente e homenagem muito especial aos amigos, tios, tia, primos que estão longe da vista, mas sempre muito próximos do coração. Para minha saudosa mãe, apaixonada que sempre foi por essa linda cidade.

 

[youtube=http://br.youtube.com/watch?v=CHAYV4M3dwo&feature=related]

 

Show de bola, grande encontro de dois craques do mundo da musica, Ivan Lins e Carlos do Carmo; duas culturas, duas vozes, dois estilos, uma só alegria! Imperdível.

 

[youtube=http://br.youtube.com/watch?v=_VeFHpk9K2g] 

 

E para celebrar, nada melhor, afora um belo espumante, que brindar com um bom e fresco Vinho Verde branco. Eu vou de Muros Antigos Loureiro (Decanter) bem geladinho, só para preparar o palato para as delicias gastronômicas que virão á mesa hoje e amanhã. Para os mais saudosistas, clique aqui em baixo e curta.

 

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=GWBrVUGIChQ]

 

         Mais a ver comigo. Vinho Verde e Saudade, uma certa nostalgia que me invade o coração nesta época do ano.

 

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=E_7BV-IuyKI]

 

 

Luzes de Natal.

Mais uma vez chega o Natal, época em que, afora o consumismo desacerbado, a solidariedade aflora em toda a sua plenitude, somos invadidos por um estado de espirito conciliador e tolerante, se enterram os machados, se desculpa tudo, se prega paz e harmonia entre os povos. Acho uma época do ano realmente incrível que tem para mim um valor muito especial ligado à família e ao encontro, nem sempre possível ao longo do ano, com aqueles que mais amamos seja física ou virtualmente. Não encaro estas festividades do ponto de vista religioso porque acredito piamente que esta confraternização, estado de espirito, encontros e sensações são universais, extrapolam os valores de uma religião ou outra primando por trazer aos homens de boa vontade o desejo de praticar o bem, de compartilhar, perdoar, celebrar e de amar o próximo. Uma pena é que tudo isso que pregamos e desejamos para nós, para nossa família, para nossos amigos e para a humanidade como um todo, esquecemos rapidamente ao dobrar a esquina do Ano Novo.

Meu desejo e esperança é que todos, independentemente de cor, posição social, raça e religião levem para 2009 a missão de seguir praticando e divulgando estes valores. Tire o S da palavra crise e crie! Vamos inovar, descobrir novos caminhos colocando nossa criatividade para funcionar a todo o vapor, mudando atitudes para nos sobrepormos às dificuldades com entusiasmo e determinação por mais difícil que isto possa vir a ser. Julguemos menos e compartilhemos mais, respeitemos para que possamos ser respeitados, sejamos mais amorosos e pacientes com aqueles que nos cercam e, certamente, faremos deste ano que se aproxima, com promessas de dificuldades é verdade, um mundo mais alegre, harmônico e de maior serenidade para se viver. Não sei se conseguirei, mas trabalharei para fazer a minha parte e espero que você também.

Que as luzes do Natal tragam esperança, alegria e paz a todos os nossos lares. A todos um forte abraço, beijo no coração e desejos de um Feliz Natal e um Ano Novo repleto de paz, harmonia, saúde e um dim-dim no bolso, porque sem eles complica! Achei legal esse vídeo que peguei no you tube, uma festa de luzes e musica, que quis compartilhar com vocês.

 

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=JB1wzqCLqL8].

 

Salute, kanimambo e seguimos nos encontrando por aqui.

E o Ganhador É?

sparkling-question-markQual o melhor espumante? Não creio que isto exista. Depende de cada um, de cada garrafa e de cada momento, até porque este mundo do vinho não é binário! Cabe a você escolher os seus melhores para o seu momento.

Como já tinha mencionado antes, é época de painéis de degustação de espumantes de todos os tipos, preços, cores e nacionalidades. Todas as revistas, especializadas ou não, trazem os seus ganhadores, escolhidos por um grupo de juizes sempre montado com especialistas e grandes estrelas do mundo vinho. Aqui estão alguns desses painéis com seus ganhadores, porém eu torço mesmo é por você meu caro amigo que, debaixo dessa dose cavalar de informação sobre espumantes, tem que fazer sua escolha e arcar com o ônus dela. Que Bacos e Dionisos o ilumine nesta hora e o faça um ganhador imensamente satisfeito, lembrando que aqui mesmo, em Falando de Vinhos, existe uma vasta opção de rótulos recomendados e listas de Boas Compras elaboradas por nossos parceiros do mundo do vinho.

A Playboy, há um tempinho atrás, Agosto, antecipou uma prova em que estiveram presentes; Chandon Excellence Chandom, Dal Pizzol Brut, Don Candido Brut,  Aurora Brut, Chateau La Cave Brut, Goerges Aubert Reserva Brut, Almaden Brut, De Greville Brut, Peterlongo Brut, Miolo Millésime, Casa Perini Brut Champenoise, Casa Valduga 130 Anos Brut, Castellamare Chardonnay Espumante Brut, Cave Geisse Brut Champenoise, Conde de Foucauld, Marco Luigi Espumante Brut, Marcus James Brut, Marson Brut, Piagentini Brut, Rio Sol Brut, Salton Évidence e Terranova Blanc de Blancs Brut. Para enorme surpresa de todos, o Don Candido levou o troféu! Quer ver mais, clique aqui ou aqui.

A Veja fez seu painel de degustação na semana passada reunindo: Chandon reserva Brut, Casa Perini Brut, Casa Valduga Brut, Salton Reserva Brut, Cave Geisse Brut, Vallontano Bru, Georges Aubert Brut, De Greville Brut, Peterlongo Brut, Chateau La Cave Brut e Aurora Brut. Deu Miolo Brut na cabeça! Para ver mais clique aqui.

A Revista Freetime, a revista de lazer do executivo, editada pelo amigo Walter Tommasi, enófilo de carteirinha muito respeitado no pedaço e muito boa gente, apesar de um pouco esquecido (rsrs). A revista fez dois painéis de degustação, um composto de espumantes nacionais e outro somente de champagnes.

 Eis os resultados dos espumantes nacionais com dezesseis rótulos participantes avaliados pelo seguinte corpo de jurados; Alessandro Tommasi, Alvaro Cézar Galvão, Beto Acherboin, José Luis Pagliari, José Oswaldo Borges, Jeriel da Costa, Miguel Lopes, Renato Frascino e Walter Tommasi.

1)Casa Valduga Brut 130 –Champenoise – Preço R$ 50,00 – Nota 90.3

2)Don Giovanni Brut Ouro – Champenoise – Preço R$ 75,00 – Nota 88.4

3)Pizzato Brut- Champenoise– Preço R$ 36,00 – Nota 88.3

4)Angheben Brut – Champenoise – Preço R$46,25 – Nota 89.2

5)Dal Pizzol Brut – Champenoise – Preço R$ 46,00 – Nota 88.0

6)Cavalleri Brut – Champenoise – Preço R$ 39,00 – Nota 87.6

7)Salton Evidence Brut – Champenoise –   Preço R$ 38,00 – Nota 87.4

8)Miolo Millesime – Champenoise –  Preço R$ 58,00 – Nota 87.3

8)Don Laurindo Brut Reserve – Champenoise   Preço  R$ 38,00 – Nota 87.3

8)Vallontano Brut – Charmat – Preço R$ 40,00 – Nota 87.3

11)Cave Geisse Brut – Champenoise – Preço R$40,00 – Nota 86.4

12)Luiz Argenta Brut – Charmat  – Preço R$ 36,00 – Nota 85.7

13)Aurora Brut – Charmat – Preço R$ 31,00 – Nota 85.6

15)Chandon Brut – Charmat – Preço R$ 35,00 – Nota 85.3

16) Lídio Carraro Reserva da Serra  – Charmat – Preço R$35,00 – Nota 85. 

Para avaliar os dezessete champagnes escolhidos, o Walter compôs a bancada de jurados com os seguintes experts afora ele próprio; Aguinaldo Zackia, Alessandro Tommasi, Beto Acherboin, Fabio Miolo, José Luis Pagliari, José Oswaldo Borges, Miguel Lopes e André Santos. Eis os resultados: (houve erro na lista anteriormente publicada, sorry, veja a revisada)

  • 1) Michel Gonet Brut Reserve – Vitis Vinífera –Preço R$ 165,00 – Nota 91.6
  • 2) Gosset Exellence  Brut  – Expand Group – Preço R$ 198,00 – Nota 90.4  
  • 3) Drappier  Carte D’Or  Brut – Zahil – Preço R$ 173,00 – Nota 90.3
  • 4) Legras & Haas Tradition Brut – Grand Cru – Preço  R$213,00 – Nota 90.2
  • 5) Barnaut Grande Réserve Brut Gran Cru – Decanter – Preço R$ 202,40 – Nota 90.0
  • 6) Charles Heidsieck Brut Reserve  – Interfood  – Preço R$ 220,00 – Nota 89.8
  • 7) Philipponnat Brut Royale Reserve. – Terroir – Preço R$ 240,00 – Nota 89.7
  • 8) Fleury Père & Fils Brut – De La Croix – Preço R$ 150,00 – Nota 89.4
  • 9) Mailly Brut  Grand Cru  – Ana Import  – Preço  R$ 247,00 – Nota  87.3
  • 10) Henriot Brut Souverain  – Varanda Frutas e Mercearia – Preço R$ 290,00 – Nota 89.0
  • 11) Egly – Ouriet Les Vignes de Vrigny Brut – World Wine – Preço 196,00 – Nota 88.8
  • 12) Deutz Brut Classic – Casa Flora – Preço R$ 155,00 – Nota 88.6
  • 13) Piper Heidsieck  Brut – Interfood – Preço R$ 150,00 – Nota 88.3 (na Casa Palla por R$140,00)
  • 14) Taittinger Brut Reserve – Expand Group – R$ 228,00 – Nota 88.0 (em promoção por R$ 182,40)
  • 15) Laurent Perrier Brut    Aurora –  Preço R$ 192,00 – Nota 87.8
  • 16) Zoémie De Sousa Brut Merveille – Decanter –Preço R$ 251,70 – Nota 87.8
  • 17) Michel Gonet Brut Blanc de Blanc – Vitis Vinífera – Preço R$ 217,50 – Nota 87,6

     Como consumidor e apreciador que sou, sempre buscando encontrar bons néctares a bons preços, e analisando tão somente as listas da Freetime acima conjuntamente com meu gosto e acessibilidade dos rótulos, parece-me que Pizzato e Piper-Heidsieck são, respectivamente, os grandes campeões dos painéis realizados. No entanto, devem existir mais uma série de painéis por aí, cada um com sua verdade e seus ganhadores, os quais não tive a oportunidade de conhecer ou escutar algo a respeito, porém lembre-se que não existe nenhuma análise sensorial que substitua a sua. Diversifique, explore, mas tome o que você mais gostar, pois a grana é sua e o prazer idem!

Salute, kanimambo e um Feliz Natal para todos. 

Noticias do Mundo do Vinho

wine-globe-22Mais uma da Miolo – Faça Seu Próprio Vinho. É o projeto Winemaker, curso inédito criado pela Miolo Wine Group e iniciado em Agosto deste ano. Este primeiro grupo de 23 pessoas, concluirá seu curso em 2010 tendo o privilégio de elaborar seu próprio vinho. Nesta primeira fase, já foram a Bento Gonçalves para realizar a poda seca e a poda verde. Até 2010 ainda irão diversas outras vezes, para colher a uva, elaborar o vinho, definir cortes e tempo de envelhecimento assim como acompanhar o engarrafamento e a rotulagem personalizada. Cada participante desse curso terá direito a 10 caixas do vinho elaborado. A próxima turma está prevista para somente 2010, mas sugiro já contatá-los e tentar fazer sua reserva, só para garantir!

 —————————————-

Esta deu na Wine Spectator – Bateram recorde de leitores com mais de 2.580.000 leitores, good for them, e até aí tudo bem. Mostra a grande influência que eles, com todos os seus erros, acertos e informações duvidosas, têm sobre nossa Vinosfera. Interessante mesmo é o fato de que, pela primeira vez, as mulheres assumem a liderança representando 52% dos leitores! Éh ………., tá cada vez mais difícil competir.

 ——————————————-

Moet Chandon personalizada? Podem crer e um ótimo mimo para quem já tem tudo. Vejam o post completo do amigo Alexandre no Diário de Baco. Chique no urtimo!

 ————————————–

diversos-0061 Ainda falando da Miolo, dentro de suas atividades mercadólgicas de grande intensidade, eis mais uma bela sacada no tamanho certo desta importante vinícola nacional. Os saborosos espumantes que ela produz sob a marca Terranova, estão com logo novo e, mais interessante ainda, com uma nova alternativa de tamanho que achei perfeita, 250ml. Dá para umas duas taçinhas bem servidas ou, se for guloso, uma bela dose individual que certamente agradará. Eis aqui uma boa idéia que outros produtores poderiam adotar pois me pareceu, sou guloso, na medida certa!

——————————————-

 Boas Novas, aguardem os vinhos portugueses de 2008! A revista Blue Wine e ViniPortugal, ambos com link aqui do lado, informam que a qualidade esperada dos vinhos de 2008 supera expectativas, segundo dados recolhidos pela ViniPortugal junto de enólogos de diversas regiões vitivinícolas portuguesas.

           A estabilidade climática que se registou na altura da colheita foi um dos factores decisivos para o sucesso dos vinhos de 2008, que se apresentam de um modo geral equilibrados, muito concentrados na cor e nos aromas, com frescura e grande potencial de envelhecimento.

           Os enólogos consultados agora pela ViniPortugal confirmaram igualmente as expectativas avançadas em Setembro que sugeriam uma quebra quantitativa da produção na vindima de 2008.

—————————————–

Noticias da Argentina. Estas vêm do blog El Malbec do amigo Esteban, com link aqui do lado. Primeiramente uma ótima noticia para o amigo Ken Marshall da KMM que importa os bons vinhos da Família Schroeder, adoro o Sauvignon Blanc, da região da Patagônia. No ultimo concurso Mundial de Pinot Noir, o décimo-primeiro, foram outorgadas três únicas  Gran Medalhas de Ouro, e uma delas ficou com o  Saurus Pinot Noir 2007, que leva um tico de Malbec como tempero local! Quer ver mais sobre este assunto? Clique aqui.

Verdades Cantadas,a mais nova campanha promovendo o Vinho Argentino, elaboradas pela Agencia La Negra para o Fondo Vitivinícola Argentino. Vale a pena ver. 

 [youtube=http://www.youtube.com/watch?v=FpNcl5MURsc&feature=related]

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=SfJbjMqG-y8&feature=related]

 

Salute e Kanimambo.

Reflexões do Fundo do Copo – Causadores de Inveja

breno1Mais um delicioso texto do amigo e colaborador de todos os sábados, Breno Raigorodsky. Para acessar seus textos anteriores, clique em Coluna do Breno, aqui do lado, na seção – Categorias

 

Consta nos anais jurídicos e policiais* da cidade de Nancy, norte da França, que, em 1949, determinado empregado – responsável pelos cuidados da secreta e magnífica adega da nobre família de seus patrões, durante o período da ocupação nazista – matou a machadadas seu patrão, que insistia, desde a Libertação – 4 anos antes – servir os melhores da Borgonha e do Médoc em jantares regulares, deixando para ele e outros serviçais nunca nada mais do que garrafas vazias, jamais um pequeno gole sequer para experimentar. Compadecidos, apesar do crime ter sido flagrado e confessado, jurados e juiz imputaram-lhe pena extremamente branda, considerando que fora ele vítima de crueldade e tortura mental quase insuportável!

Todos nós queremos consumir aqueles vinhos de preços astronômicos, apesar de não termos o brilho dos reis, nem termos sido coroados presidentes desta nossa República ou até mesmo compartilharmos da amizade de gente como o Duda Mendonça ou o Maluf. Como escrevi em artigo publicado na revista Menu, nem tudo é tão duro assim na vida – O Martin Berasategui sensibilizou-se com a extrema contradição que existe entre a nossa vontade e o nosso bolso e criou o primeiro restaurante de comida contemporânea com assinatura nobre ao alcance de gente menos aquinhoada!

Por €60, um casal come maravilhosamente bem em seu MB Kursaal GastroPub em Donostia (San Sebastian), com direito a coquetel que lembra um Kir Royal e uma garrafa de um jovem vinho Rioja, muito bem escolhido (WWW.restaurantekursaal.com). Nesta linha de raciocínio, sugiro que o criador e proprietário do Chateau Ausone de St Emilion, dá uma dica meio involuntária neste fim de ano. Nem tão boa de preço, mas não deixa de haver um alento no ar.

É assim: o Chateau Ausone é o mais valorizado dos vinhos de St emilion, no nível do seu colega de rótulo, o Cheval Blanc – de acordo com a revista nº 12 – 2008/9 da WorldWine, o exemplar de 2004 custa R$8.883,00. Seu irmão imediatamente mais novo, o Chapelle Ausone, do mesmo ano 2004, custa €198 no negociante da cidade, o que faz com que ele chegue pelas importadoras a algo em torno de R$3000,00. O Moulin St George 2003, um chateau vizinho, que acaba de ser incorporado e leva agora a mesma marca do proprietário Ausone, custa € 82,77 para quem se aventurar a comprar direto da fonte! Ou seja, custa para nós algo em torno de R$1200,00 em nossas gôndolas… Nem pensar, não é?

Pois bem, estas reflexões iniciais, parecem justificar a entrevista que forjei e que se segue. A idéia nasceu quando experimentei um vinho espanhol, o Cuvée Palomar, que custa muitas vezes menos do que os tais R$1200,00 citados acima! 

-Sr. Pascal, tomando o Cuvée Palomar 2004 Abadia Retuerta me veio a idéia de perguntar ao senhor – ao criar este vinho o senhor estava com muitas saudades de casa?

-Por que a pergunta?

-Sr. Pascal, este vinho que senhor criou é um clone de um importante vinho francês, o Chateau Ausone, o melhor vinho que jamais tomei!

-Ora, como alguém pode dizer isso?

-Sim eu sei, vinho é oportunidade é situação, é surpresa. Mas é também qualidade, nuances de paladar, firmeza e delicadeza etc. e tal

-Bom, eu criei o Cuvée Palomar, numa mistura de tempranillo e cabernet sauvignon, portanto, nada a ver com um Saint Emilion.

-Sr. Pascal, com todo respeito, por acaso um Supertoscano como o Tignanello não é um bordolês, apesar da presença marcante da Sangiovese, uva que mal-e-mal saiu da Itália Central?

-(longa pausa) Sim, é verdade, que o cabernet sauvignon em corte, cria uma lembrança característica, apresenta os tons que permeiam alguns bons vinhos de guarda de Bordeaux.

-Então?

– Foi porque criei o Chateaux Ausone, que o pessoal da Novartis me contratou para fazer os vinhos da Abadia Retuerta.

-Ah bom, parece que começamos a nos entender…

– Não quis falar de pronto, mas não por vergonha, muito pelo contrário, pois meus vinhos em Saint Emilion são muito respeitados.

-O Chateau Ausone é o único que se equivale ao Cheval Blanc em toda a região! E o Chateau Belair, parece que vai pelo mesmo caminho…

– Não posso dizer, mas, diga-me, fiz tantos outros na Espanha, por que o Cuvée?

-Fale-me sobre ele…

– Ele encalha. Alguma coisa não está certo, parece até que não atende o mercado… Em vários países do mundo, ele encalha. Enquanto os da linha Abadia vendem muito bem, enquanto os Pago são aclamados em todas as degustações, enquanto o Petit Verdot e o Syrah não páram de ganhar fila de admiradores, incluindo gente como o Robert Parker… os Cuvée ficam nas prateleiras.

-Talvez porque sejam menos modernos e modernosos, o que não se espera de uma Bodega como a Abadia Retuerta, sempre tão à frente do que se faz na região. Por isso pergunto de novo, era em Bordeaux que estava pensando?

-Não posso deixar de pensar na minha origem no meu Porto Seguro, em Saint Emilion. Você tem razão, ao menos em parte, porque estou seguro da nobreza da Tempranillo e já fizemos experiências suficientes com ela para saber que se dá perfeitamente bem junto a uvas como a Cabernet Sauvignon. Angel Anocibar me fez a cabeça, mas minha cabeça continua sendo Saint Emilion. Sou criativo, mas meu limite é minha origem!

Despedimo-nos em nossa entrevista imaginária. Vou pra casa decidido a fechar os olhos e pensar que numa ocasião muito especial poderei conter a minha inveja por muito menos!.

*Si non è vero è bem trovato!!!