Vinhos por Faixa de Preço

                  Perguntaram-me como cheguei nas faixas de preço que uso no blog e na coluna, assim como do porquê delas existirem. Muito bem, quanto às faixas, poderiam ser quaisquer umas, não existe razão científica para isso, somente bom senso. Tentei determinar faixas de preço que melhor se encaixassem no bolso do consumidor comum, que aprecia vinhos, mas que, de alguma forma, está preso a orçamentos domiciliares e pessoais. Ao mesmo tempo, faixas onde existisse a possibilidade de encontrar rótulos, com qualidade, dos diversos países estudados. Existem várias avaliações de vinhos de alguns críticos, que chamam de dia a dia, um vinho de R$50 e 60,00. Certamente esta é uma visão muito peculiar e pessoal de ver o dia-a-dia e, efetivamente, não é um valor que eu pudesse dispor para um vinho de consumo diário e, acredito, que a maioria dos leitores concorda comigo. Adoraria ter o privilégio de tomar, diariamente, vinhos nessa faixa de preço, e felicito quem pode, mas me parece irreal. Eis o conceito pessoal sob o qual desenvolvi as faixas de preço abaixo mencionadas e, baixo as quais, publico a lista de vinhos que Tomei e Recomendo.

  • Até R$30,00 – Vinhos para o dia a dia. Normalmente mais leves sem grandes complexidades de sabores e aromas, mas de qualidade comprovada e, provada, fáceis de agradar. Prova cabal que existem exceções a toda a regra ou conceito, com vinhos bastante agradáveis por valores bem acessíveis. Esse negócio de que vinho barato é ruim, não tem nada a ver. Sim existe muita coisa ruim, mas existe muita coisa boa também. Há que se despir de preconceitos e provar. Podem ser mais simples, razão de ser de um vinho para o dia-a-dia, mas não por isso ruins, pelo menos não os que recomendo.
  • De R$30 a 50,00 que são vinhos para o fim de semana. Vinhos já mais evoluídos que os vinhos para o dia-a-dia, são rótulos que já deixam uma outra persistência de emoções e satisfação ao serem tomados. Vinhos que já nos dão maiores prazeres sem furar o bolso. Bons vinhos, de alguma complexidade aromática e de sabores.
  • De R$50 a 80,00 são os vinhos do mês. Muito bons vinhos que já começam a tomar uma outra postura de emoções e prazer ao serem tomados. Normalmente, vamos encontrar vinhos com uma paleta de aromas e sabores mais complexas e evoluídas. Já se tratam de vinhos de uma qualidade superior, para que não percamos o contato com os bons néctares, um mimo. Não dá para tomar sempre, em função do preço, mas eventualmente, dependendo do caixa, podem até ser os vinhos do fim de semana. Alguns chegam a ser excelentes e imperdíveis.
  • De R$80 a 120,00 vinhos para ocasiões especiais. São vinhos de comemoração, de excelente qualidade, de grande complexidade de sabores e aromas que geram a expectativa de grandes prazeres. São ótimos vinhos, já mais evoluídos, dignos de serem tomados em ocasiões especiais.
  • Acima de R$120,00, reservado para os momentos de reflexão, do autopresente, das estripulias enófilas e, preferencialmente, também gastronômicas. São vinhos de qualidade indiscutível, muitos excepcionais, e objetos de desejo para serem apreciados com devoção e emoção. São vinhos de reflexão, para curtir. Se o caixa estiver tão bom que se possa tomar estes vinhos mais regularmente, maravilha! Este é o sonho de todo o apreciador de vinhos, poder tomar estes néctares com bastante assiduidade.

O porquê das faixas? Bem, aí já é um assunto diferente. Na verdade, já existem diversas publicações, blogs e informativos que separam seus vinhos por meio de faixas, não inventei nada. A idéia básica é facilitar ao consumidor/leitor o acesso mais direto a vinhos que caibam no seu bolso, de forma simples e direta, sem mistérios. Em breve apresentarei algumas novidades deste quesito. É isso, salute e kanimambo .

Boas Compras II – Uruguai

                  Eis a seqüência de destaques de boas compras listadas por mais alguns dos parceiros de Falando de Vinhos. São mais 24 rótulos para você escolher e se deliciar. Mas vamos ao que interessa, vamos aos vinhos!

 Confraria do Queijo & Vinho – Não possui muitos rótulos Uruguaios, mas nos deram a boa noticia que estão por receber os vinhos da Marichal que mencionei em meu primeiro Tomei e Recomendo. De qualquer forma, existem mais de 500 outros rótulos disponíveis na loja, assim como acessórios e produtos de empório.

  • Tannat de Reserva 2003 da Bodegas Carrau (Castel Pujol), elaborado com 100% tannat de vinhedos de mais de 25 anos. De taninos firmes e boa acidez, é um vinho que cresce com comida. Preço R$46,00.
  • Amat 2004 Castel Pujol de Cerro Chapéu, um tannat bastante conceituado no mercado e considerado por Saul Galvão, como um vinho de elite que consegue unir potência e elegância.  Preço R$83,00.
  • Alaia 2004, vinho Espanhol elaborado com uma uva pouco conhecida por aqui, a Picudo Preto e uma agradável surpresa. Bastante complexidade de aromas onde impera, me parece, frutos negros. Redondo, taninos finos e sedosos, um vinho muito agradável e diferente. Um vinho que me agradou muito. Preço R$45,00.
  • Códice 2005, outro bom vinho Espanhol, suculento, macio, equilibrado, um vinho fácil de agradar e fácil de tomar a garrafa inteira. Fruta madura com toques tostados no final de boca, médio porte, taninos elegantes e harmônicos, um vinho de que gosto muito. Preço R$47,00.
  • Cortes de Cima Alentejo 2002 e 2004, um de meus vinhos Alentejanos prediletos. É de uma intensidade aromática impressionante, com muita complexidade e nuances de flores do campo. Boa estrutura, taninos redondos, finos, ótima acidez e longo final de boca. Daqueles que deixa um gostinho de quero mais na boca. Delicia! Tanto uma safra como a outra, por R$74,90.
  • Versátil de Santa Vitória 2004. O da safra de 2005, obteve 87 pontos do Wine Spectator. Elaborado com Trincadeira e Aragonês (tempranillo na Espanha) é um vinho de corpo médio, boa fruta (ameixas vermelhas?) madura e algo de especiarias. Bela opção pelo preço R$28,00.

Grand Cru Granja Viana – Não têm, ainda, uma linha de vinhos Uruguaios, mas parece que isto logo/logo será corrigido. Vamos esperar para ver e depois traremos noticias. Em não havendo Uruguaios, foram disponibilizados diversos rótulos da Espanha e de Portugal, com um bom desconto. Confiram:

  • Panarroz 2004 da região de Jumilla na Espanha. Conheço diversos rótulos desta região e, ainda não tomei um que me desagradasse. Este Panarroz é um vinho de que gosto muito, o tendo recomendado em Novembro do ano passado, e acho um belo custo x benefício. Não obteve 90 pontos de Rober Parker à toa e de R$46,00 está por R$40,00. Uma ótima pedida.
  • Val Viadero Barrica 2006 elaborado na região de Toro. Não o conheço, mas a Bete e o Marcel, proprietários, são entusiastas do vinho e o recomendam como imperdível, um belo custo x benefício. De R$60,00 por R$53,00.
  • Quinta Sardonia 2004 da região de Castilla de Leon. Um produtor biodinâmico que elabora um vinho com muita fruta, potente num estilo bem moderno premiado com 96 pontos por Robert Parker. É um corte de Tempranilho, Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah, Petit Verdot e Cabernet Franc. De R$264,00 por R$232,00.
  • Herdade de São Miguel Colheita Selecionada 2006 – Um vinho do Alentejo que tem tido ótimas avaliações da Revista do Vinho em Portugal. De R$57,00 por R$50,00.
  • Montinho de São Miguel 2004, o irmão mais jovem do Herdade de São Miguel. De R$38,00 por R$33,00.
  • Vale Pradinhos Reserva Tinto 2001, mais um vinho de ótimas avaliações pela Revista do Vinho, de R$79,00 por R$69,00.

Cia do Whisky – Também não possui uma linha grande de produtos Uruguaios e nos complementa seus destaques com algumas Cavas do Produtor Cristalino, que possui produtos de primeira.

  • Alma Jovem, a linha de entrada dos produtos elaborados pela Bodega Toscanini com mais de 100 anos produzindo vinhos. A Cia do Whisky disponibiliza as versões Tannat/Merlot e o Rosé por R$25,55.
  • Cava Cristalino Brut ou Demi-sec, um espumante muito bem elaborado e já recomendado por mim em posts anteriores, por R$38,40.
  • Cava Cristalino Brut Vintage, outro belíssimo exemplar de espumante com muita qualidade por R$ 54,65.
  • Cava Cristalino Rosé Brut. Este eu não conheço, mas a casa só produz espumantes de qualidade então acho que não deve ter erro. Para quem procura espumante Rosé, aqui está uma boa opção por R$49,90.

Decanter – Importadora de Santa Catarina, com filial em São Paulo e presença em diversos outros estados, que nos lisonjeia com sua presença pela primeira vez e esperamos, esteja presente conosco mais vezes. Um belíssimo portfolio com vinhos de diversas partes do mundo.

  • Casa Filgueiras Tannat Reserva 2005. Conheço o 2004 que achei ainda jovem, com taninos firme e elegantes, sem agressividade na boca. Boa fruta, bastante complexo, um vinho muito saboroso e com tudo para melhorar com mais um ano de garrafa. Preço sugerido R$35,60.
  • Casa Filgueiras Merlot Premium 2002. Considerado por muitos como o melhor Merlot do Uruguai e um vinho de muita qualidade, denso, carnoso, austero na boca e de aromas intensos. Um vinho que necessita de decantação e, certamente, melhorará ainda mais com um ou dois anos adicionais na garrafa. Preço sugerido de R$67,80.
  • Casa Filgueiras Enigma 2004. Um vinho que me encantou por uma paleta aromática intensa e complexa. Na boca muita personalidade num conjunto muito atrativo com um final de boca longo com taninos aveludados. É um 100% tannat, mas podia jurar que tinha algo mais?! Preço sugerido R$59,60.
  • Bouza Tannat/Merlot 2006. De vinhos com este corte tradicional Uruguaio, este da Bodega Bouza, é um dos meus preferidos. Nariz complexo com muita fruta, na boca muito intenso com fruta e nuances de baunilha e chocolate, taninos redondos, boa estrutura e acidez com final de boca de média persistência. Preço sugerido R$ 74,75.
  • Bouza Tannat 2005, é um vinho mais robusto, de taninos firmes que se beneficia de uma decantação de uns 30 a 45 minutos. Bastante fruta madura com nuances herbáceas. Certamente um vinho que escoltará com fidalguia uma gorda costela na brasa. Preço sugerido R$ 54,05
  • Bouza Albariño 2006, uma grata surpresa de um ótimo vinho elaborado com uma cepa que tradicionalmente é da região da Galicia (Espanha) e do Minho (Portugal). Muita tipicidade e frescor neste bom vinho branco. Preço sugerido R$ 74,75
  • Bouza Tempranillo/Tannat 2006, um corte inusitado e delicioso que somente poderia ter surgido da criatividade deste produtor. É um vinho realmente diferenciado e, para quem gosta de Tempranillo como eu, certamente é um vinho encantador. Não prima pela potência, mas sim pela delicadeza e elegância. Bastante complexidade de aromas que se confirmam na boca com taninos sedosos num vinho de corpo médio e extremamente agradável e fácil de tomar. Preço sugerido de R$90,85.

Na Quarta-feira publicarei o último post de destaques do mês. Já recebi uma lista da Cantu, que também estará conosco pela primeira vez, e estou por receber mais, então aguarde, que teremos novas opções. No mais, já são 53 os destaques deste mês em Boas Compras, que Bacco lhe ilumine nas escolhas. Salute e kanimambo!

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African Sounds

                  Fim de semana é o momento de passeios por lugares além do vinho, para meus devaneios pessoais, para falar de coisas e culturas marcantes. Neste, sigo falando da África do Sul, lugar em que passei mnha adolescência. A musicalidade está no sangue dos povos indígenas seja no trabalho, nas festas ou nas principais manifestações políticas. Desde pequeno que me surpreendia com os corais dos trabalhadores  que cantavam como que para exorcizar o cansaço e tornar o trabalho menos árduo. Paul Simon conseguiu captar essa força e diversidade musical com um disco lançado em Harare, capital do Zimbabwe, em 1991 antes do fim do Apartheid e da libertação de Mandela. O álbum de nome Graceland foi um marco em sua carreira , talvez o melhor trabalho dele, e aqui estão quatro vídeos geniais onde os ritmos africanos estão bem presentes. Neste dia inesquecível Ladysmith Black Mambazo, Hugh Masekela e Mirian Makeba dão um show muito particular.

                Afora isso, existem três filmes que acho imperdíveis a quem queira entender, pelo menos parcialmente, o que foi o Apartheid para esse povo, não branco, sofrido e catalogado como gente de segunda classe com suas liberdades civis cerseadas. Cada um desses filmes; Biko, Serafina e The Power of One têm um hino, uma trilha sonora absolutamente genial. Desses também listei três vídeos imperdíveis. Curtam, reflitam, não deixem acontecer de novo.

‘Tudo o que é necessário para o triunfo do mal, é que

os homens de bem nada façam’. (Edmund Burke)

 

Tomei e Recomendo II – Uruguai

                 Os vinhos do Uruguai ainda são relativamente novos entre nós, apesar do grande crescimento de exportações em 2007, e não são muitos os que conheço. Alguns provei agora na preparação para as matérias deste mês e outros já conhecia de quando andei por aquelas bandas.  Do geral dos vinhos provados, posso dizer que a grande maioria me atraiu bastante e demonstraram um nível de qualidade muito bom. A partir de R$50,00 encontramos alguns ótimos vinhos e espero, no ano que vem, poder vos trazer outras boas opções conforme for tendo mais informações sobre novos rótulos. Por enquanto ficamos por aqui, com vinhos degustados na faixa de R$50 a 80 e de R$80 a 120,00 que Provei e Aprovei.

 De R$50,00 a 80,00.

 

Começo pela Bodega Bouza (Decanter) que tive a oportunidade de conhecer pessoalmente. Gente que trata o vinho com carinho e gosta de inovar. O local é idílico, um sonho e os vinhos muito bons. Aliás, fica a 15 kms do centro de Montevideo e vale marcar uma visita com degustação. Certamente um meio dia muito bem aproveitado e inesquecível. Os únicos locais no mundo, que produzem vinhos brancos com a casta Alvarinho ou Albariño, como o chamam por aqui, são a região da Galicia na Espanha e a do Minho em Portugal. Pois não é que este produtor elabora um Bouza Albariño 2006 de muito boa qualidade! Muito fresco com boa tipicidade, uma enorme e agradável surpresa. O Bouza Tannat/Merlot 2006 é um dos melhores vinhos com este corte que já tomei. Nariz complexo com muita fruta, na boca muito intenso com fruta só que agora com nuances de baunilha e chocolate, taninos redondos, boa estrutura e acidez com um final de boca de média persistência. Já o Bouza Tannat 2005 é um vinho mais robusto de taninos firmes que se beneficia com uma decantação de uns 30 a 45 minutos. Bastante fruta madura com nuances herbáceas. Certamente um vinho para acompanhar uma gorda costela na brasa.

Da Pisano adorei o RPF Torrontés de enorme frescor, ótima acidez, frutado (apricot/pêssego?) com toques florais, ótima companhia para pratos de frutos do mar. Se tiver oportunidade de o tomar, sentado no Lo de Tere, Rambla Del Puerto, olhando a marina em Punta Del Este, então todos esses aromas e sabores se multiplicaram exponencialmente. O RPF Tannat 2004 (Portal dos Vinhos) é um dos mais agradáveis tannats que já tomei. Complexo no nariz e boca, muita elegância num vinho de muita personalidade. Um vinho que não se deve deixar de provar.

Do produtor Traversa y Hermanos, que já nos trouxe um mui agradável Traversa Tannat Roble numa faixa de preços mais baixa, traz-nos agora este Viña Salort 2005 (Mr. Man) que é uma versão Premium deste primeiro vinho. Mais uma vez muito equilíbrio, taninos maduros e sedosos, pronto a beber, um vinho muito elegante e fácil de agradar.

Da Casa Filgueira (Decanter) dois vinhos de muita qualidade sendo que um me surpreendeu e me encantou. Casa Filgueira Premium Merlot 2002, um vinho ainda em evolução e reconhecido como um dos melhores Merlots do Uruguai, se não o melhor. Achei um vinho muito bom com qualidades, denso, carnoso, muita intensidade aromática, austero na boca com taninos firmes pedindo decantação apesar de seus seis anos de garrafa. Um vinho que ainda irá evoluir bem por pelo menos, em minha opinião, uns dois anos mais. Enigma 2004 um vinho exótico, não sei se seria essa a palavra adequada, diferenciado com uma ótima paleta aromática. Tem uma entrada de boca potentosa que evolui na boca para taninos doces e aveludados. Boa acidez e ótima persistência. Um vinho que mexeu com minhas emoções e me conquistou e que, também possui qualidades para mais um ou dois anos de guarda. Ainda tenho que decifrar este enigma, o que será que faz este vinho diferente? Aviso assim que descobrir.

De R$80 a 120,00. A fina flor dos vinhos Uruguaios e os únicos três que provei, adorei. Os preços poderiam ser mais comedidos, inclusive pelos benefícios gerados pelo Mercosul, mas de qualquer modo são vinhos a serem conhecidos. O incrível é que são três vinhos totalmente diferentes entre si e todos ótimos.

 Prelúdio 2002 (Expand) elaborado pela bodega Juanicó, é um corte de Tannat, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot e um tico de Petit Verdot. Vinho de guarda com ótima estrutura. Este 2002 apresentou aromas complexos, taninos firmes nas sem agressividade na boca, fruta madura, boa acidez, muito equilibrio num conjunto que preza pela elegância. Estará melhor ainda em um ano ou dois.

Bouza Tempranillo/Tannat 2006, um corte inusitado desta bodega que gosta de inovar. Sem ser um vinho potente, este corte único transborda delicadeza e harmonia. Muita complexidade de aromas, suave na boca com taninos sedosos, num vinho de corpo médio, muito agradável que nos encanta. Se existe beleza e complexidade na simplicidade das coisas, este vinho é um claro exemplo disto.

Abraxas 2002 (Portal dos Vinhos/BR Bebidas), um vinho de muita qualidade produzido com esmero e muita competência pela Domínio Cassis numa região nova do Uruguai, Rocha ao norte de Punta, que fica a 10kms do Atlântico e se beneficia das brisas marítimas. Um 100% tannat diferenciado, recém chegado ao mercado, que me encantou por sua complexidade de aromas e sabores. É um vinho untuoso, denso, gordo, que tinge a taça com sua cor negra e brilhante. Ao final de uma hora de decanter ainda estava se abrindo mostrando todo o seu potencial de guarda. Muito harmônico, taninos finos ainda firmes, encorpado, ótima acidez convidando a comer. É um grande vinho, de ótima persistência, sendo que somente 600 garrafas foram produzidas e é a única safra disponível até ao presente. Ainda vou querer umas duas garrafas para tomar uma em 2009 e a outra em 2010 e descobrir sua capacidade de evolução.

Na Segunda-feira tem mais Boas Compras tanto de vinhos Uruguaios, assim como de Portugal e Espanha, entre outros destaques que nossos parceiros listaram. No fim de semana, sempre algum post sobre temas além do vinho, porque vinho é bom, mas não é tudo. Espero você por aqui. Salute e kanimambo.

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Espumantes e Casamento

                 Tenho recebido diversos comentários com perguntas sobre dicas de espumantes para casamentos, se um ou outro é melhor ou pior, se eu o recomendo, etc. A mesma pergunta vem de amigos de meus filhos, que sabem de minhas atividades no mundo do vinho, que querem dicas do que servir. Difícil tarefa essa, pois é de extrema responsabilidade e muita gente se esquiva de dar nomes ou sugestões. Eu por outro lado, como adoro dar “parpite”,  achei que a resposta a pessoas como a Carolina e a Patrícia, é o seguinte, prove! Porquê provar? Por que a festa é sua, é um dia para lá de especial em que se pretende que tudo saia à perfeição e mais, acima de qualquer outra coisa, você tem que gostar, ficar satisfeito e feliz. Posso, e darei algumas sugestões, mas acho que o essencial é você definir sua disponibilidade financeira e, em cima disso, provar, escolher e determinar o espumante que irá servir, não deixando de considerar as opções nacionais. Não, não é em função de preço, até porque nem sempre é mais barato, mas sim pela relação qualidade X custo. Para quem ainda não sabe, os espumantes nacionais estão na elite mundial destes vinhos. Estamos produzindo rótulos de muito boa qualidade, isto é um fato .

Espumante é festa, é a celebração da vida e da alegria, tem tudo a ver com momentos como este. Primeiramente determine se este será o único vinho a ser servido, ou seja, se terá que acompanhar comida, se haverá somente um bolo, se será servida entrada de canapés e salgadinhos e depois um vinho diferente acompanhando a refeição, enfim existem diversas opções a serem analisadas.

  • Espumante e bolo, uma celebração simples e enxuta. Aqui eu acho que um bom espumante Moscatel nacional dará um ótimo resultado. A Moscatel gera espumantes adocicados e de muito boa acidez que harmonizam muito bem com o bolo, mas cuidado para que o espumante não seja doce demais porque aí fica enjoativo. De qualquer forma, ajuste isto ao seu gosto. Eu pessoalmente, adoro o da Marco Luigi, muito equilibrado e pouco doce,  e gosto do da Aurora que também é bastante agradável e tem preços mais em conta. Se couber no bolso, um Asti Spumante da Fontanafredda, Italiano, uma beleza.
  • Espumante que servirá a recepção inteira com jantar. Neste caso recomendo um espumante Brut e aqui existe uma vastidão de opções. Eis algumas sugestões; dos nacionais que recomendo estão o Salton Reserva Ouro num nível de preço mais acessível, e os deliciosos Marson, Pizzato, Dal Pizzol e Marco Luigi Reserva da Família, todos muito bons e melhores que a grande maioria dos importados. Das Cavas (espumante Espanhol) três ótimas opções; Don Román, Cristalino e Marques de Monistrol. Existem opções Argentinas (Mumm), Francesas (Pol Clement e Francois Montand) entre outras, mas as acho, geralmente, inferiores. Opcionalmente um Prosecco Brut como o Premium da Valduga ou os Terra Serena, Vila Sandi ou Tosti Italianos.
  • Espumante mais um vinho. Aí acho que pode ser servido um prosecco mais leve como o Italiano Corte Viola Extra-dry , que agrada fácil, ou outro bom prosecco que lhe agrade como o Moinet IGT ou alguns dos outros que mencionei acima, e depois o vinho na refeição, que deverá ser de fácil harmonização.

Finalmente o mais importante, provar. Selecione dois ou três lugares, de sua confiança, onde você poderá vir a comprar os espumantes. Invista um pouquinho nesta fase, valerá a pena no final e, enquanto isso vocês se deliciam com alguns espumantes, o que não é nada ruim, e já vão celebrando antecipadamente! De qualque forma, tente fazer um acordo para a prova de uns dois ou três espumantes em cada loja. Normalmente, o local em que você comprar não lhe cobrará as garrafas de prova, e ao final, compre o que gostar mais! O resto, minhas dicas inclusive, não importam. O que realmente importa é o que a noiva gosta. Sim noivo, você comece a se acostumar, de agora em diante é só amén! (rsrsrs, calma gente, brincaderinha!) Agora sério, o que o casal gostar é a escolha certa. Quando minha filha casou provamos oito diferentes opções até que houvesse um consenso que coubesse no bolso e no gosto de todos, e deu tudo certo.

             Caso não tenha uma loja preferida e esteja em São Paulo, veja em “Onde Comprar”.  Dos parceiros deste Blog existem várias opções de boas lojas como a Vino & Sapore, Portal dos Vinhos, Cia do Whisky, BR Bebidas, Confraria do Queijo & Vinho, Kylix, etc. Em todas elas, tenho a certeza, você será muito bem atendido(a) se falar que é leitor(a) deste blog. É isso, um brinde especial ao noivos, salute e felicidades.

Boas Compras I – Uruguai

         Hoje começo com uma seqüência de posts de Boas Compras que são fruto de destaques listados por nossos parceiros. Como do Uruguai, não são muitos os rótulos disponíveis e nem todos os parceiros mantém vinhos Uruguaios em seu portfolio então, afora vinhos desta origem, haverão outras boas oportunidades de compra de países diferentes. Bom proveito, como são muitos os participantes e rótulos, publicarei a lista por etapas ao longo dos próximos dias. Aqui estão 29 opções para todos os gostos e todos os bolsos, muitos ainda estão por vir nos próximos posts, então, salute e Boas Compras:

1) BR Bebidas- Os preços deles já são muito bons normalmente e ainda têm um esquema de consignação para festas e eventos. Procurem o Fredo ou o Jorge. Eis uma lista dos preços especiais para os leitores de "Falando de Vinhos".

  • Eclipse 2006. Um vinho elaborado com 100% Cabernet Franc. Vinho correto, ligeiro ótima opção para o dia-a-dia, vinho fácil, básico por apenas R$15,00. Não precisa acreditar em mim, prove uma garrafa e depois, compre a caixa!
  • Recuerdos 2006. Subimos um degrau no nível de qualidade. Na taça sobressai um frutado agradável, sem exageros,com toques de chocolate provavelmente advindos do tempo em barrica. Na boca, não se sente o álcool que está muito bem integrado e equilibrado, acidez um pouco baixa, persistência média, redondo e com boa estrutura formando um conjunto saboroso de se tomar e fácil de agradar.Por apenas R$22,00.
  • Cisplatino Tannat/Merlot 2004. Bom vinho de entrada da Pisano, que é uma das grandes casas produtoras e com vinhos de diversos níveis. Um corte muito comum no Uruguai, com a Merlot amaciando a tânica Tannat. Muito agradável e por somente R$ 21,00.
  • Tremendus Clarete 2007. Da Espanha um muito interessante rosé, bem clarinho estilo Provence, produzido pela bodega Honório Rubio de Rioja, com um corte das uvas Garnacha e Viura. É muito fresco, super aromático com frutas brancas lembrando melão, suave com leves nuances de tuti-frutti num bom final de boca. Uma delicia que certamente agradará fácil. Por R$37,00.
  • Do mesmo produtor, o Honório Rubio Crianza 2004 da região da Rioja. De acordo com o Fredo, uma delícia de vinho que está por R$57,00.
  • Guarda de Família Errazuriz 2006. Vinho chileno que recém trocou de importadora e está muito mais competitivo. Por R$15,00.
  • Veo Errazuriz Cabernet/Syrah 2006. - Um bom corte elaborado pelo mesmo produtor Chileno a um preço excelente de R$27,00.

 2)Portal do Vinho -  Sempre um ótimo atendimento da parte do Emilio e da Fátima, jovem casal que toca este simpático e bom estabelecimento inaugurado em Dezembro do ano passado.

  • Oceánico 2005. Um corte de Tannat (50%), Cabernet Franc (40%), Cabernet Sauvignon (6%) e Syrah (4%). Sem filtragem nem claraeamento, o vinho é negro, opaco e brilhante de corpo médio para encorpado. Taninos finos, acidez muito boa, aromas e sabores complexos, boa persistência, um vinho de muito boa qualidade que entusiasma, inclusive pelo baixo preço. Pronto para beber, mas ainda jovem e certamente seguirá evoluindo bem na garrafa por mais um ou dois anos. Por R$39,00, uma senhora barganha.
  • Abraxas 2002. Vinho elaborado com 100% da casta Tannat com 18 meses de barrica Francesa de primeiro uso, tendo sido usado o melhor das uvas colhidas em todo o vinhedo. Untuoso, negro, tinge a taça e precisa respirar. Certamente, se bebido agora, um vinho que necessita de pelo menos uma hora de decanter.Muito harmônico, taninos finos ainda firmes, aromas complexos, fresco, encorpado, elegante é realmente um vinho de primeiríssimo nível, o que poderíamos chamar de um "vinhaço". É vinho para mais alguns anos de guarda e certamente crescerá muito ainda.Por R$95,00.
  • Cisplatino Torrontés 2007. Da linha de entrada da Pisano, um branco muito agradável, fresco, com bastante tipicidade, que bate muitos dos vinhos Argentinos produzidos com esta casta. Por R$ 28,00
  • RPF Tannat 2004 - Linha intermediária da Pisano, uma das importantes casas produturas da região de Canelones. Este tannat está no ponto. Maduro, taninos sedosos e sabores intensos, é um vinho de muita qualidade e com muita tipicidade da casta. Gostei muito e recomendo como um belo tannat, por um preço condizente com a qualidade ofertada, R$55,00.

 3) Casa Palla - um pouco mais longe, na Granja Viana Km 24,5 da Rodovia Raposo Tavares, é um empreendimento familiar com algumas ótimas opções de vinhos para todos os gostos e bolsos. Tem uma boa noticia, nas compras acima de R$150,00 fará entrega em São Paulo nos bairros do Butantã, Morumbi, Brooklin, Itaim e Pinheiros.  Não deixe de os visitar, tem sempre ótimas opções de vinhos. Vá ao Sábado e aproveite para almoçar em um dos bons restaurantes da região como o Restaurante do Canto, A Quinta do Bacalhau, Koizan e o antigo, parte da história do bairro, o Restaurante Pátio Viana mais conhecido como Restaurante do Ney. Veja aqui endereços e telefones dos restaurantes. São seis boas dicas de vinhos

  • Don Adélio Ariano Tannat Reserve Oak Barrel 2004. Sem ser um vinhaço, é um vinho muito interessante, pujante com aromas frutados e algo floral ao final.Taninos ainda firmes, encorpado, boa acidez, um vinho que pede comida e certamente, acompanhará muito bem um churrasco de picanha. Uma das gratas surpresas, de baixo custo, disponíveis no mercado e ainda por cima de uma das melhores safras no Uruguai. Por apenas R$29,90.
  • Viña Constancia Selección 2002 - Do mesmo produtor, Adélio Ariano, um corte de Cabernet Franc/Tannat e Syrah bem elaborado e já evoluído, bem balanceado, baixa acidez, ligeiro e agradável na boca. Preço R$25,90.
  • Leonardo Falcone Reserva da Família Tannat 2004. O produtor é conceituado e elabora seus vinhos em uma região diferenciada, de Paysandú no Litoral Norte. De acordo com o produtor; Grande complexidade de aromas. Na boca, taninos redondos, potentes e equilibrados com final longo. Preço R$39,90.
  • Quinta da Cortezia Touriga Nacional 2004. Vinho Português de muita qualidade, médio corpo, bem equilibrado, boa paleta aromática e na boca redondo e elegante com um final de média persistência. Muito agradável, por R$49,90.
  • Torres Corona Tempranillo Crianza 2004. Um 100% tempranillo Espanhol da região da Catalunha, com ótimas avaliações. Preço R$35,00
  • Altano Douro 2005. Um vinho do Douro delicioso. Muito equilibrado com ótima acidez que convida a comer. Acompanha muito bem um bacalhau ao forno. Fácil de agradar, redondo, taninos finos, uma opção de bom vinho com preço idem, R$37,90
  • Cadão Reserva Douro 2000. Uma ótima safra no Douro e um vinho muito agradável, no ponto para ser tomado. Taninos presentes, mas muito elegantes, o vinho está redondo, médio corpo fácil de harmonizar, uma bela escolha de vinho por um preço que é para comprar o pouco que resta de estoque, R$32,00
  • Licor de Ginjas D'Óbidos. Licor típico Português elaborado artesanalmente com um tipo de cereja. Na garrafa, ficam um pouco dessas ginjas inteiras, o que lhe dá um caráter muito particular. Este, especificamente, é muito bom, ótimo para encerrar uma refeição ou simplesmente como aperitivo num bate papo. Preço R$65,00

4) Kylix - O Simon está sempre elaborando promoções das mais diversas. De cursos a degustações temáticas e, acima de tudo, uma boa diversidade de rótulos de qualidade com preços muito bons. Eis a lista de destaques do mês com os comentários do próprio Simon.

  • Alcyonne Tannat. Um licor de Tannat próprio para sobremesas à base de chocolate e frutas vermelhas ou sorvete de creme. Muito untuoso na boca, com um final de boa persistência e aromas de amêndoa, caramelo e cacau. De R$105,00 por R$89,00
  • Tannat Platinium 2004. Produzido pelo Viñedo de los Vientos na região de Canelones. Boa intensidade de frutas negras maduras revela-se intenso e austero com notas de tostado e especiarias. Especialmente indicado para acompanhar carnes assadas. Um vinho bastante premiado de R$59,00 por R$49,00.
  • Ripasso de Tannat 2004. Também da Viñedo de los Vientos, é um vinho potente, denso, com aromas de frutas secas e toques de couro. Na boca frutas negras maduras e notas de torrado. Bom vinho para acompanhar carnes mais condimentadas e carnes de caça assim como queijos azuis. Um vinho muito conceituado com produção de somente 600 garrafas, elaborado pelo método Ripasso usado na região de Valpolicella na Itália, que obteve 90 pontos na Wine & Spirits Magazine. De R$210,00 por 185,00.
  • Dom Próspero Tannat/Merlot 2003. Corte típico do país, com 60% Tannat com 40% Merlot. Aromas de complexos de frutas vermelhas e negras, com traços de pimentão. Na boca apresenta boa estrutura, taninos maduros e suaves com final prolongado. Ideal para acompanhar massas e carnes vermelhas. De R$30,00 por R$27,00
  • Paulo Laureano Clássico Tinto 2006. Amoras silvestres, azeitona preta e especiarias num conjunto equilibrado e atrativo. Na boca é macio, taninos sedosos e uma frescor agradável num final longo. De R$31,00 por R$30,00, a partir de 6 garrafas R$29,50 e acima de doze R$28,60.
  • Paulo Laureano Premium Tinto 2004. - Um complexo e harmonioso corte de Aragonez com Trincadeira, duas uvas autóctones de Portugal e uma característica do enólogo Paulo Laureano que só trabalha com castas locais. Estrutura marcante com aromas de compotas de frutos negros. De R$43,60 por R$42,30, a partir de seis garrafas R$41,50 e acima de doze R$40,00.

 5) Mr. Man - Importadora que recém iniciou suas atividades com os vinhos do Uruguai. Já os conhecia devido a outros produtos que trazem e, neste mês, temos o privilégio de contar com sua participação com destaque para quatro rótulos.

  • De los Man Tannat/Merlot Reservado 2006. Mais uma vez o tradicional corte Uruguaio em que o Merlot é usado para amaciar a tanicidade da tannat. Por R$19,00.
  • De los Man Tannat Reservado 2006. Um vinho com bastante tipicidade, ligeiro, sem muita complexidade, mas muito correto, frutado e fácil de agradar. Apenas R$19,00.
  • Traversa Tannat Roble 2004. O nome nos leva a pensar que vamos tomar um puro tannat, mas ao lermos o contra-rótulo vemos que é um corte com 20% de Merlot e, certamente, poderia ser denominado como um Tannat/Merlot de boa paleta aromática com bastante fruta vermelha que se confirma na boca com muita elegância. Muito redondo, macio, um vinho muito agradável, com boa estrutura, elegante, teor de álcool educado, taninos finos e boa acidez que aguçam as papilas gustativas. Em Tomei e Recomendo o coloquei na faixa de R$30 a 50,00, mas o importador nos presenteou com uma redução considerável de preço. Um achado pelo preço, R$28,52, não dá para perder. Belo custo X beneficio.
  • Sarlot Reserva Tannat Roble 2005. Vinho Premium, pertencente, teoricamente, a outra categoria, mas o preço o deixa mais perto de nós probres mortais. Um upgrade do Traversa e um belo vinho. Tudo o que Traversa apresentou e mais um pouco. Totalmente pronto a tomar, taninos maduros, muita harmonia num vinho que é  cremoso e aveludado na boca por apenas R$59,00.

Pessoal, desculpem a zorra com as fontes no texto , mas o WordPress está dando uma de difícil hoje. Assim que puder arrumo, mas achei que não deveria vos deixar sem estas dicas de compra em função disto. Espero botar ordem na casa muito em breve. Enquanto isso escolha os vinhos e busque o endreço e contato do vendedor no link abaixo. Kanimambo.

 Endereços e Telefones para contato, encontre na seção “ONDE COMPRAR”

O Especialista

                Foi no Jornal de Araraquara em 13 de Agosto de 2005, que João Batista Galhardo escreveu esta crônica genial com que me deparei, sem querer, navegando pela rede. Ressalvas feitas aos exageros inerentes a crônicas deste tipo, é por aí mesmo, é muito chato ser um enochato! Delicie-se com o texto.

Crônica
O especialista

Por, João Baptista Galhardo

Especialista é todo aquele que possui habilidades, conhecimentos especiais ou extraordinários sobre determinada prática. Fui convidado pelo Barbosa para tomar vinho numa requintada cantina. Ele convidara, também, o Beto e o Nando que não víamos há muito tempo. O Nando reside em São Paulo e uma vez por ano vem visitar parentes e amigos. Cheguei primeiro. Ocupei uma mesa para quatro pessoas. Pedi pão, salame e queijo cortados e uma porção de sardela. Quando já estava comendo pão com sardela chegaram os três. Foi Nando quem escolheu o vinho. Caro. Veio o garçom e abriu a garrafa. Entregou-me a rolha, quase esfregando no meu nariz. Não sei porque, também não perguntei para que servia. Para não correr o risco de uma resposta malcriada.

O Nando falou: “pelo seu cheiro e manchas ao seu redor, sabe-se pela rolha o estado do vinho para o consumo”. Percebi que o Nando, que na mocidade chamávamos de Fer, especializara-se em vinho. Mandou trocar de copos várias vezes até aceitar taças brancas bojudas e de cristal fino. Peguei a garrafa para me servir e ele gritou: “não faça isso”. Confesso que levei um susto, com aumento de batimentos cardíacos. Ele acrescentou: “você não sabe o que é aeração? O vinho tem que respirar para se acostumar com o ar ambiente”. Tentei de novo pegar a garrafa e nova carraspana do Nando: “limpe os lábios e dentes com miolo de pão para tirar o gosto da sardella que você comeu”. Obedeci. Peguei a garrafa para me servir e nova advertência: “deixe a boca secar. Não tome antes de diminuir a salivação para não estragar o bouquet do vinho”. Tive vontade de mastigar uns dois guardanapos de papel. Mas fiquei na minha.

Já estava me sentindo verdadeiro idiota pela minha ignorância no assunto. O Nando perguntou ao garçom se não havia no recinto uma cuspideira: “todo enólogo que se preza, a primeira dose é cuspida para sentir se o retrogosto da bebida é adorável e duradouro”. Intervi e parece que não agradei: vocês não têm um penico para colocar ao lado dele? O garçom fez que não ouviu. E o Nando retomou a palavra: “cuspideira de enólogo é de papelão”. Num ritual cerimonioso ele colocou um pouco de vinho na sua taça. Balançou a bebida em círculos. Cheirou com as duas narinas. Depois com uma só. Deu-me a impressão de que iria beber pelo nariz. Colocou na boca sem tirar o órgão do olfato de dentro do copo. Mastigou a bebida como se estivesse comendo pamonha. Bochechou. Gargarejou e disse: “trata-se de um vinho jovem, violento, agressivo, e de personalidade marcante. De perfeito equilíbrio e harmonia entre os ácidos, álcool, fruta e tanino. Isto é o que se chama vinho feito por estilista, por artista. Verdadeiro vinho de alfaiataria. De perfeita equivalência entre custo e benefício”. Eu não sabia que para tomar vinho tinha que aprender economia. A conversa já estava um saco e o Nando continuou: “olha as lágrimas que escorrem nas paredes do copo. Perfeita evaporação. É um vinho com grande parte de merlot e pequena de sangiovese. Para acompanhar carne vermelha. De preferência paleta de cordeiro ao molho leve de hortelã “.

Eu ainda não tinha dado um beiço na bebida. Como amante de coisas simples, eu estava zonzo sem ter bebido nada. Não sabia se degustava o salame, comia o vinho e bebia o pão ou se fazia um bochecho com a sardela, bebia a água e molhava o pão no vinho. Para complicar eles pediram charutos. Quatro. Mas eu não fumo, apressei em dizer. “Não…você tem que fumar. Bebedor de vinho fuma charuto”. Nesse instante tive uma idéia. Por baixo da mesa acionei a campainha do meu celular. Simulei um atendimento e informei: “é minha mulher. Tenho de ir embora”. Deixei minha parte da conta. Comprei uma garrafa do mesmo vinho e fui para casa.

Descalço, sem camisa e de bermuda tirei a rolha. Convidei minha mulher para beber comigo. – “O que você quer comer”, perguntou ela. Paleta de cordeiro com molho de hortelã, nem pensar? Ela disse “você está delirando, vou fazer omelete com aqueles ovos de gansa, bacon, queijo e salsinha”. Então pedi: “faça bem mole, para comer com pão”. Antes, porém, fechei as janelas, as portas e as cortinas para que ninguém nos visse tomando aquele vinho com omelete. E se eles resolvessem passar pela minha casa? Imagina o que diria o enófilo-enólogo Nando! Deus me livre. Enquanto bebíamos disse que se tratava de um vinho agressivo e de personalidade forte. Com olhos arregalados ela perguntou: – você tem medido a sua pressão? Não respondi e continuei: olhe para o copo. De lado é vermelho. Olhando de cima para baixo ele escurece, mas dá para perceber no fundo da taça as frutas vermelhas, principalmente amora, cereja e pitanga. Ela ficou mais assustada. Eu estava repetindo coisas que ouvi do Nando, mas quando lhe disse que se tratava de um vinho feito por alfaiate, ela quase se afogou. Colocou o copo na mesa e me advertiu: “pare de beber que você já está é troncho da cabeça”.

 

Tomei e Recomendo I – Uruguai

                 Como já mencionei, o Uruguai produz vinhos diferentes com um estilo diferenciado. Com teores alcoólicos mais comedidos, seus vinhos apresentam bastante elegância e complexidade. Não são muitos os vinhos disponíveis no mercado e tão pouco tive oportunidade de provar todos, mas os que provei, são vinhos com bastante personalidade. Mesmo nesta faixa de preços, vinhos muito interessantes e com preços bem acessíveis como poderá ser conferido na seção de Boas Compras, com vários posts ao longo dos próximos dias, em que nossos parceiros trarão diversos destaques. Afora esses, publicarei também, mais dicas de vinhos que Tomei e Recomendo, porém em outras faixas de preços. Continue por aqui e, por enquanto, anote estas interessante opções de bons vinhos que valem a pena ser conhecidos.

Até R$ 30,00:               

              Da Domínio Cassis, dois vinhos muito interessantes o Eclipse (BR Bebidas) elaborado com 100% de Cabernet Franc, que tem um estilo mais ligeiro e agradável, fácil de tomar e o Recuerdos (Portal dos Vinhos/BR Bebidas) que já é um corte de Tannat com Cabernet Franc e um leve toque de Syrah que lhe dá uma paleta aromática muito interessante, um vinho que me agrada bastante. Da Pisano o Cisplatino Tannat/Merlot (BR Bebidas) é muito agradável e uma boa introdução aos vinhos desta importante casa. Prove também o Cisplatino Torrontés (Portal dos Vinhos), que dá um baile em muitos dos vinhos Argentinos produzidos com esta casta. Don Adélio Ariano Reserve Oak Barrel Tannat (Casa Palla) é uma agradável surpresa nesta faixa de preços. Sem ser um vinhaço, é um vinho muito interessante e agradável de tomar. Dizem que o Tannat/Cabernet Franc deles também é bom, mas não o conheço. Ainda desta bodega, a Viña Constancia Selección (Casa Palla), é um corte muito bem elaborado de Cabernet Franc/Tannat e Syrah. Bem diferente do Recuerdos, mesmo que com o mesmo corte, devido ao corte ser elaborado com variação nos porcentuais das castas usadas e ser elaborado em região diferente. Para finalizar esta faixa, o De los Man Tannat (Mr. Man) que é um vinho com bastante tipicidade, ligeiro, sem muita complexidade, mas muito correto.

De R$30 a 50,00:

             A Domínio Cassis nos traz também, um belíssimo vinho que, a meu ver, é um dos melhores Custo X Beneficio desta faixa de preços, o Oceánico (Portal dos Vinhos/BR Bebidas) um corte de Tannat/Cabernet Franc/Cabernet Sauvignon e Syrah já bastante complexo nos aromas e sabores, taninos finos, boa acidez, longo, realmente muito bom. A Marichal inova com vinhos elaborados com a Pinot Noir, uma cepa de pouca tradição no país. O corte do Pinot Noir (70%) com Tannat (30%) no Marichal Reserve Collection Pinot/Tannat, é inusitado e alcança um resultado surpreendente. Gostei bastante dos muito bons, Reserve Collection Pinot Noir, muito elegante e agradável, bem ao estilo dos pinots da Borgonha e totalmente diferenciado com relação ao estilo dos pinots que vemos tanto na Argentina como no Chile, assim como do Reserve Collection Tannat um ótimo varietal muito harmônico, bom nariz e, na boca muito redondo, taninos finos com um final de boca sedutor e ótima acidez que aguça as papilas gustativas pedindo comida. Por ultimo, o Marichal Reserve Chardonnay de bonitos aromas e muito fresco na boca, todos trazido pela Wine Company que tem executado uma política de preços muito justa e comedida para vinhos de muita qualidade. Estes vinhos podem ser encontrados em São Paulo na Confraria do Queijo & Vinho que é nossa parceira, assim como na Biesky e no Varanda, ou ligue para a Wine onde, certamente, lhe indicarão outros locais de venda.

               Ainda nesta faixa de preços existem outras boas opções como a Casa Filgueiras Tannat Reserva (Decanter) um vinho ainda jovem, provei o 04, com taninos firmes que só melhorará com a idade. Se hoje já é um bom vinho, certamente estará melhor ainda dentro de um ano. Boa fruta, na boca apresenta bastante complexidade e acompanhou muito bem um prato de carneiro, belo vinho. O Traversa Tannat Roble, (Mr. Man) que é uma outra surpreendente opção pelo preço. O nome nos leva a pensar que vamos tomar um puro tannat, mas ao lermos o contra-rótulo vemos que é um corte com 20% de Merlot e, certamente, poderia ser denominado como um Tannat/Merlot, que é um corte bem típico no país, que gosto muito quando bem elaborado. É o caso deste vinho da safra de 2004 que tem uma boa paleta aromática com bastante fruta vermelha que se confirma na boca com muita elegância. Muito redondo, macio, um vinho muito agradável, com boa estrutura, elegante, teor de álcool educado, taninos finos e boa acidez que aguçam as papilas gustativas. 

                No próximo post de Tomei e Recomendo outras dicas entre R$50 a 80 e 80 a 120 com vinhos que Provei e Aprovei. Salute amigos, e desfrutem.

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“ONDE COMPRAR”

 

 

 

Establishment Blues

               Esta semana estou saindo um pouco fora do roteiro dos vinhos apesar de que, nos fim de semana, costumo me dar ao direito de viajar para lugares além. É que o Goats do Roam mexeu com algumas coisas que há muito estavam guardadas. Enfim,  final dos anos sessenta inicio dos setenta, vivíamos ainda o sonho de que podíamos mudar o mundo. Que seria viável criarmos um mundo de paz e harmonia, época em que ainda se sentiam os efeitos de “Imagine” e “Give Peace a Chance”, em que era proibido proibir! Inocência, sonhos, devaneios?

              Na África do Sul, sob o domínio do apartheid, uma população jovem cada vez mais engajada ouvia  (Sixto) Rodriguez e seu Establishment Blues ou Sugar Man, fonte de inspiração para mudanças sociais que precisavam ocorrer. Desde aquela época que tenho uma inclinação para quebrar esse establishment, fazer diferente e fazer diferença buscando caminhos alternativos. O que isso tem a ver com o vinho? Quase nada ou quase tudo, depende de seu ponto de vista. Os posts onde falo da “Goats do Roam” e seus vinhos,  me fizeram viajar, relembrar Rodriguez, pois eles também inovam, criam e contestam o establishment. Os próprios vinhos do Uruguai com seus criativos e inovadores produtores, também são um pouco assim. Tenho o CD “Live Fact” do Rodriguez que é genial, a foto sonora de uma geração, junto com vários outros cantores e compositores da época que influenciaram uma geração.

                  Afora o Establishment Blues tem; Sugar Man (clássico), Inner City Blues, Forget it, Crucify Your Mind e I Wonder todas absolutamente geniais. Uma época em que musica não era só uma questão de ritmo, mas de letras, de conteúdo! Aqui acho que muito poucos o conheceram então, tomei a liberdade de compartilhar um pouco dele com vocês.  Para quem curte, leia a letra, veja o vídeo (imagens meio ruins, mas …) e, se quiser conhecer mais, clique aqui.  Deixo-vos hoje, com uma frase de Rodriguez;   “…don’t waste your time, make up your mind, and make it happen…”. Não perca tempo, decida-se, faça acontecer ou como dizia Vandré “quem sabe faz a hora, não espera acontecer”. Bom fim de semana, salute e, Kanimambo!

THIS IS NOT A SONG IT’S AN OUTBURST: OR THE ESTABLISHMENT BLUES

 

The mayor hides the crime rate
council woman hesitates
Public gets irate but forget the vote date
Weatherman complaining, predicted sun, it’s raining
Everyone’s protesting, boyfriend keeps suggesting
you’re not like all of the rest.

Garbage ain’t collected, women ain’t protected
Politicians using people, they’ve been abusing
The mafia’s getting bigger, like pollution in the river
And you tell me that this is where it’s at.

Woke up this moming with an ache in my head
Splashed on my clothes as I spilled out of bed
Opened the window to listen to the news
But all I heard was the Establishment’s Blues.

Gun sales are soaring, housewives find life boring

Divorce the only answer smoking causes cancer
This system’s gonna fall soon, to an angry young tune
And that’s a concrete cold fact.

The pope digs population, freedom from taxation
Teeny Bops are up tight, drinking at a stoplight
Miniskirt is flirting I can’t stop so I’m hurting
Spinster sells her hopeless chest.

Adultery plays the kitchen, bigot cops non-fiction
The little man gets shafted, sons and monies drafted
Living by a time piece, new war in the far east.
Can you pass the Rorschach test?

It’s a hassle is an educated guess.
Well, frankly I couldn’t care less.

  www.youtube.com/watch?v=JHR74nxb-uA  / http://www.youtube.com/watch?v=24uYmHxERNk&feature=related / http://www.youtube.com/watch?v=2MX4Atd7lLU&feature=related

Aos amigos que não falam Inglês que me perdoem, mas há coisas que só podem ser apreciadas no original.

Uruguai – Regiões & Uvas

O Uruguai é um país de pequenas proporções, pouca população, mas riquíssimo em cultura e desenvolvimento de seu potencial vinícola. Sim, para quem ainda não sabia, aqui se fazem muito bons e saborosos vinhos. Com apenas cerca de quatro milhões de habitantes, tem cerca de 280 vinícolas produzindo e aproximadamente umas 120 exportando regularmente, porém só cerca de 30 com vinhos finos (VCP) engarrafados sendo o restante de vinhos de mesa a granel. São cerca de oito mil e quinhentos hectares de vinhas gerando um total de cerca de cem milhões de litros de vinho, dos quais somente cerca de trinta por cento, de acordo com o INAVI, são de vinhos finos e o restante de mesa. O Brasil é seu grande mercado exportador, para vinhos finos engarrafados com cerca de 33% do total de suas exportações, através de vinte diferentes bodegas. A Rússia é seu maior importador, porém essencialmente de vinhos de mesa a granel (97%). O consumo per capita é de cerca de 29 litros, a grande parte de vinhos de mesa produzidos com vitis-vinífera, principalmente a Moscatel de Hamburgo que gera vinhos ligeiros e meio adocicados, porém a preços muito acessíveis. È um consumo per capita maior que o do Chile, mas inferior ao do vizinho Argentina e consideravelmente maior que o Brasil com seus míseros 2 a 3 litros anuais.

Apesar de produzirem vinho a mais de 250 anos, foi realmente a partir de 1874 com a aposta na uva Tannat por parte de Pascual Harriage, que o a vinicultura começa a ganhar corpo. A moderna vinicultura, todavia, somente começa a ganhar corpo a partir do inicio dos anos de 1980 culminando com a criação do INAVI (Instituto Nacional de Vitivinicultura), uma entidade publica que vem regendo o presente e o futuro do vinho Uruguaio. Em 1992 foi feito um estudo de regionalização da produção do vinho em que se definiram oito grandes regiões de potencial de desenvolvimento baseado em parâmetros climáticos assim como da geologia encontrada. Sua marca registrada é o Tannat e sua chegada ao cenário mundial é bem recente, mas ganhando espaço com bastante velocidade apesar de ainda ter suas exportações muito concentradas, com 87%, em dois países.

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Algumas importantes normas foram definidas para a industria. Começando pelo fato de que qualquer varietal declarado no rótulo deverá ter, obrigatoriamente, um mínimo de 85% dessa variedade. Por outro, se instituiu a VCP (Vino de Calidad Preferente) que é o verdadeiro vinho fino como nós o conhecemos. Ter a chancela VCP impressa no rótulo significa dizer que o vinho foi produzido dentro das normas, região e condições estabelecidas.  Não é chancela de qualidade, ou seja, pode-se ter um bom vinho sem VCP como ter um péssimo com VCP. Na verdade, ter VCP é uma indicação de que o vinho deve ter qualidade, mas não uma verdade absoluta.

Por outro lado, o mestre Saul Galvão, em seu livro Tintos & Brancos, nos informa que as safras no Uruguai são muito importantes, tanto quanto nas regiões Francesas de Bordeaux e Borgogne então preste atenção quando for comprar. As melhores safras mais recentes são as de 2001, 2002, 2004 e 2005. Como já mencionei em meu post anterior sobre Safras, isto não quer dizer que vinhos de outras safras sejam ruins, somente de que os elaborados nestes bons anos serão potencialmente melhores. A concentração da produção ainda é muito grande sendo que 89% advém da Região Sul. Gradualmente as fronteiras se ampliam, e existem diversos bons projetos em andamento fora dessa região. Um desses destaques é a Domínio Cassis com um projeto pioneiro na Região Sudeste mais precisamente em Rocha.

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             Os vinhos Uruguaios apresentam características bem diferentes dos vinhos a que estamos habituados a tomar de origem Argentina e Chilena. Pelas próprias diferenças climáticas com temperaturas mais amenas e condições geológicas bem distintas às encontradas nestes outros paises. São vinhos com personalidade própria, elaborados por gente que tem um jeito diferente de fazer vinho e que, neste sentido, nos parecem vinhos mais parecidos ao estilo do Velho Mundo. Com menos potência, teores alcoólicos mais controlados, boa estrutura, mais elegância e sabores diferentes já que a base de sua vinicultura é a uva Tannat, originalmente da região de Mandiran na França, que encontrou aqui seu habitat perfeito. A Tannat no Uruguai é elaborada tanto em vinhos varietais como em cortes em que seu forte potencial tânico costuma ser suavizado pelo acréscimo de Cabernet Franc e Merlo assim como já vi com Tempranillo, Pinot Noir e Viognier, uma uva branca. Mas não é somente de Tannat que é feita a reputação dos vinhos Uruguaios. Bons varietais de Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Merlot, também são encontrados. Nos brancos, as presenças da Sauvignon Blanc e da Torrontés se fazem presentes no portfolio da maioria dos principais produtores.

A Tannat, especialmente rica em polifenóis, tendo o maior contéudo de Resveratrol (forte poder antioxidante) entre todas as cepas Vitís Viniferas conhecidas, quando mal trabalhada, é extremamente adstringente (tannat vem de taninos) e gera vinhos muito rústicos. Afortunadamente, a maioria do que vem sendo exportado para o Brasil são de vinhos de qualidade,  bem elaborados e de boa estrutura. Mesmo assim, é aconselhável dar aos varietais desta cepa, especialmente quando 100%,  um pouco de tempo em garrafa para que possa usufruir-se de toda a sua complexidade de aromas e sabores e para que os taninos amadureçam.

No ano de 2007, mais que dobraram as importações Brasileiras de vinhos Uruguaios, demonstrando o grande interesse do consumidor Brasileiro por estes produtos, que já conquistaram 2% do mercado considerando-se volume, mas 4% no que se refere a valor. A grande parte da produção está nas mãos de empreendimentos familiares com produções relativamente pequenas, porém em franco desenvolvimento com projetos muito bem cuidados. Prove estes vinhos, têm um quê do jeito de ser Uruguaio, um quê do Velho Mundo. Os críticos sérios e grandes conhecedores, como o mestre Luiz Horta e o Didu entre outros, são unânimes em declarar que os vinhos Uruguaios estão em franco desenvolvimento e muito ainda se irá falar sobre eles. Comece desde já a descobrir, se é que ainda não o fez, os vinhos desta terra simpática e hospitaleira que é o Uruguai. São, realmente, produtos diferenciados e com um nível geral de qualidade muito bom, aproveitem.

Abril é o mês do Uruguai e, a partir da próxima semana, publicarei os destaques que nossos parceiros estarão disponibilizando, tanto de vinhos Uruguaios como outras boas indicações, e listando os vinhos Uruguaios que tive o privilégio de provar e aprovar. Veja em Tomei e Recomendo também ao longo deste mês, que para nós enófilos e amantes do vinho é especial já que é mês de Expovinis, os vinhos que provei e aprovei em cada uma das faixas de preços pré-estabelecidas (até R$30, 30 a 50, 50 a 80 e 80 a 120) .  Salute e Kanimambo!