janeiro 2009

Reflexões do Fundo do Copo – A Literatura e o Vinho

breno3Mais um delicioso texto do amigo e colaborador de todos os sábados, Breno Raigorodsky. Para acessar seus textos anteriores, clique em Crônicas do Breno, aqui do lado, na seção – Categorias

 

         “O Vinho Mais Caro da História” de Benjamim Wallace (editora Zahar)foi meu livro de cabeceira, nos últimos dias. Apesar de ser chato, ele me pegou e só larguei depois que acabei de ler suas 252 páginas mal escritas. Por que fui até o fim, eu que sou conhecido como um impiedoso larga-livros, que jamais leio até o fim coisas que não me prendem a atenção? Perguntem para o Joyce se li seu Ulisses até o fim, perguntem para o Guimarães Rosa quantas vezes tentei ler sua história sobre Diadorim até finalmente conseguir…

Pois bem, li este Benjamim Wallace porque, talvez tenha sido a fonte mais precisa do porque vinho custa o que custa… Este absurdo disparatado que concorre diretamente com os preços das relíquias mais valiosas, quando – mesmo nos mais caros e cuidadosos processos – não custa sequer 1/20 do preço que tem nas prateleiras. Descubro pelo livro, que jamais um vinho tinha superado os US$500,00 até 1970 ou próximo disso.

Descubro então, que o vinho vira moda e que torna interessante a sua entrada no mundo dos leilões, o que vai alimentar uma espiral de preços que levou, em 1985, aos tais US$150.000,00, que justificam o título do livro. Em menos de 10 anos, mais de 30.000% de valorização, números que nem os bancos brasileiros conseguem atingir em termos de lucro! Os ricaços americanos e alemães, alguns até interessados em vinho e não apenas em aparecer, principiaram um processo de degustações infindável, consumindo, como se fosse água, vinhos da era pré-filoxera, ou seja, vinhos anteriores ao fim do século XIX, já que a praga exterminou praticamente toda produção mundial de uvas ditas apropriadas para o vinho, exceção feita às vinhas do Chile.

Gente importante como Jancis Robison e Robert Parker, entraram de bocós neste processo de valorização sem medidas e sem respaldo na realidade. O livro trata das dificuldades em determinar o falso, mas deixe entender que falso mesmo não são garrafas e conteúdo, mas as motivações, pois a relação que cria com Thomas Jeferson – embaixador da novíssima república americana em solo francês – nada mais faz do que conduzir o fio da meada, que leva à prova de falsificação de uma parte importante de vinhos neste período.

O que mais incomoda é que aquela gente esbaldou-se de beber os grandes vinhos anteriores à II Grande Guerra, mas quem paga a conta, até hoje, somos nós!

 

Breno Raigorodsky; filósofo, publicitário, sommelier e juiz de vinho internacional FISAR

Wine Sale -Tem Mais Promoção no Pedaço!

                  Estamos na época das promoções, queimas de estoques e coisa que o valha. Este blog tem “Boas Compras & Oportunidades” todos os meses, até porque faz parte de nosso objetivo essa divulgação de bons vinhos por bons preços, mas este é especial porque as promoções são maiores. Algumas coisas boas, outras nem tanto, descontos altos nem sempre proveitosos porque a base de cálculo já é nas alturas, enfim um ótimo momento para repor estoques em casa desde que tomados os devidos cuidados inclusive com relação à idade dos vinhos. Na duvida, fique na sua e busque outras oportunidades. Muitos posts já foram publicados sobre o tema e, eu mesmo, já dei uns toques em artigo publicado no ano passado. Este ano esta reposição de estoques toma forma de investimento já que, em função do dólar e aumento de encargos no Estado de São Paulo assim como do IPI, a previsão é que as lojas e importadores terão um acréscimo de custos em torno de 20 a 30% que, certamente, nos será repassado. O quanto o mercado ou seja, nós consumidores, aguentará, só saberemos dentro de uns dois ou três meses, porém creio que segurar preços o máximo possível através de renegociações com produtores, fornecedores de serviços, fretes, e segurar margens será essencial para que o mercado não desabe.

 Bem, deixemos isso para quem entende e vive disso. Como consumidor quero mais é comprar com segurança, sabendo que os vinhos são de qualidade, são bem estocados e os preços/descontos são honestos. Sim, porque creiam ou não, ainda existe gente aumentando preço para depois dar desconto! Pensando nisso, solicitei aos amigos e parceiros do vinho, uma lista de vinhos recomendados que estivessem em promoção e, alguns responderam. Aqui abaixo a lista de Boas Compras em Promoção deste mês com promoções imperdíveis. Marquei com um asterisco aqueles que conheço e recomendo. Com dois asteriscos, são os vinhos que entraram nas minhas listas de Melhores Vinhos de 2008 e que acho imperdíveis em sua faixa de preços, ainda mais com descontos. Para o verão, vinhos como Filipa Pato 3b, Pascual Toso Sauvignon Blanc e Obikwa Rose são para comprar de caixa e curtir o quanto dê. Nos tintos o Hecula, Ochotierras (os dois), San Marzano Primitivo, Barbera d’Asti, Tosca Chianti Colli Senesi, Callia Alta Syrah/Malbec, Pizzato Merlot Reserva, Vila Santa, Cuvée Marie-Paule, Castello di Brolio, Farnese Montepulciano, Cadão e o Finca La Celia Cabernet Franc, entre outros, são imperdíveis nestes tempos de instabilidade e horizonte negro gerando grande economia. Aproveite o fim-de-semana e faça suas compras.

 

Rótulo

Cepa

Safra

País

Tipo

De R$

Por R$

Da Zahil uma lista muito interessante toda com 30% de desconto

Trimbach Riesling

Riesling

2005

Alemanha

Branco

101,00

70,70

Trimbach Gewurtzraminer

Gewurtzraminer

2005

Alemanha

Branco

125,00

87,50

Domaine Conté

 

2007

Chile

Rosé

38,00

26,60

Sangervasio Rosso *

Corte

2005

Itália

Tinto

74,00

51,80

Bordeaux Les Granges *

Corte

2004

França

Tinto

88,00

61,60

Trumpeter C. Sauvignon

Cab. Sauvignon

2007

Argentina

Tinto

45,00

31,50

d’Aremberg Ironstone Pressing

Corte

2003

Austrália

Tinto

235,00

164,50

 

 

 

 

 

 

 

Kylix,  está com a loja toda em promoção de até 30% nos vinhos e 40% em outros produtos. Eis a seleção que eu escolhi.

Chianti Tosca Colli Senesi *

Corte

2004

Itália

Tinto

57,80

40,50

Callia Alta *

Syrah/Malbec

2007

Argentina

Tinto

27,90

20,90

Three Step

Shiraz

2006

Austrália

Tinto

48,00

36,00

Eolo Los Vientos Gran Reserva

Tannat

2002

Uruguai

Tinto

115,00

80,50

Barbera d’Asti Michele Chiarlo **

Barbera

2004

Itália

Tinto

74,40

55,80

Ochotierras Gran Reserva **

Syrah

2005

Chile

Tinto

85,70

64,30

Hecula  **

Monatrel

2005

Espanha

Tinto

62,00

49,60

Abadia Retuerta – Rivola *

Corte

2004

Espanha

Tinto

82,00

65,60

Viña Sastre Crianza  

Corte

2005

Espanha

Tinto

129,00

103,20

Marques de Tomares

Tempranillo

2006

Espanha

Tinto

38,80

31,00

Protos Verdejo  *

Verdejo

2007

Espanha

Branco

54,00

43,20

Ochotierras Reserva  **

Cab. Sauvignon

2006

Chile

Tinto

48,70

39,00

Monte do Vilar *

Corte

2005

Portugal

Tinto

29,90

23,90

Convento da Vila

Corte

2006

Portugal

Tinto

25,90

20,70

Válido até dia 6 de Fevereiro para pagamento á vista, ou até que os estoques se acabem.

 

 

 

 

 

 

 

BR Bebidas, em cima de seus já famosos baixos preços, mais um desconto especial para os leitores de Falando de Vinhos

Cava Negra

Malbec

2006

Argentina

Tinto

20,00

17,00

Ceiros Douro

Corte

2004

Portugal

Tinto

43,00

35,00

Lidio Carraro Quorum Grand Vindimia

Corte

2005

Brasil

Tinto

79,00

60,00

Filipa Pato 3b **

Baga/Bical

 

Portugal

Espumante

46,00

39,00

Secreto *

Carmenére

2007

Chile

Tinto

75,00

60,00

Viu Manent Reserva

Cab. Sauvignon

2005

Chile

Tinto

75,00

60,00

Viu Manent Reserva

Carmenére

2007

Chile

Tinto

75,00

60,00

San Marzano Primitivo **

Primitivo

2006

Itália

Tinto

26,00

22,00

Válido até dia 10 de Fevereiro ou até que os estoques se acabem.

 

 

 

 

 

 

 

Interfood,  o mais novo parceiro de Falando de Vinhos. Algumas ótimas ofertas para este verão.

Le More Castellucio

Sangiovese

2005

Italia

Tinto 

64,80

52,00

Quinta da Touriga-Chã

Touriga nacional

2004

Portugal

Tinto

136,90

109,60

Supremo Finca La Celia

Assemblage

2004

Argentina

Tinto

189,50

144,20

Obikwa *

Pinotage

2007

África do Sul

Rosé

25,60

17,93

Pascual Toso

Chardonnay

2004

Argentina

Branco

30,42

21,30

Pascual Toso *

Sauvignon Blanc

2008

Argentina

Branco

30,42

21,30

Finca La Celia

Malbec

2006

Argentina

Tinto

38,27

26,79

Calvet Conversation *

Sauvignon Blanc

2006

Argentina

Branco

34,33

24,00

Finca La Celia *

Cabernet Franc

2004

Argentina

Tinto

38,27

26,79

Válido até 20 de Fevereiro para compras minimas de R$300,00 via o televendas (11) 2602-7261

 

 

 

 

 

 

 

Casa Palla, ótimos preços, dos melhores no mercado, e se comprar um mix de 12 garrafas, uma (a de menor preço) é na faixa! Olha que tem coisa muito boa por preço melhor ainda. Compare!

Pizzato Reserva **

Merlot

2005

Brasil

Tinto

 

30,00

Cuvée Marie-Paule Bordeaux Superieure **

Corte

2005

França

Tinto

 

65,00

Vila Santera Primitivo di Manduria DOC

Primitivo

2004

Itália

Tinto

 

49,90

Chianti Classico Vila Cerna

Corte

2006

Itália

Tinto

 

50,00

Cadão Reserva Douro *

Corte

2000

Portugal

Tinto

 

32,00

Hardy’s *

Riesling/Gewurtz

2007

Austrália

Branco

 

29,90

Camigliano Rosso di Montalcino

 Brunello (sangiovese)

2006

Itália

Tinto

 

64,90

Vila Santa – Alentejo *

Corte

2005

Portugal

Tinto

 

75,00

Chianti Classico Castello di Brollio DOCG *

Corte

1999

Itália

Tinto

 

170,00

Farnese Montepulciano d’Abruzzo Colline Teramane

Montepulciano

2004

Itália

Tinto

 

60,00

Filipa Pato Ensaios *

Corte

2005

Portugal

Tinto

 

39,90

Edizione 6 Cinque Autoctoni **

Corte

 

Itália

Tinto

 

130,00

Válido até dia 10 de Fevereiro ou até que os estoques se acabem.

 

 

 

 

 

 

 

Peninsula, somente por telefone ou site e especial para os leitores de Falando de Vinho que comprarem uma caixa de seis garrafas.

Sierra Salinas (RP 90 pontos)

Monastrel

 

Espanha

Tinto

65,00

55,00

Válido até 10 de Fevereiro. Frete grátis na cidade de São Paulo.

 

 

 

 

 

 

 

A Ville du Vin, com apoio da Peninsula, também tem uma bela promoção de clássicos espanhóis. Tem outros rótulos em suas cinco lojas.

Protos Roble

Tempranillo

2006

Espanha

Tinto

81,00

62,00

Allende

Tempranillo

2004

Espanha

Tinto

159,00

119,00

Cuvée Palomar

Temp/Cab. Sauv.

2004

Espanha

Tinto

413,00

289,00

AAlto Crianza

Tempranillo

2005

Espanha

Tinto

346,00

310,00

Aalto PS

Tempranillo

2005

Espanha

Tinto

766,00

599,00

Válido até dia 28 de Fevereiro  ou até que os estoques se acabem.

 

Rótulo

Cepa

Safra

País

Tipo

De R$

Por R$

A Vinea Store nos traz alguns ótimos kits com descontos de 30%

Trio Bordeaux

 

 

 

 

R$379,00

R$265,30

01 Chateau La Raze Beauvallet

Cab. Sauvignon, Merlot, Petit Verdot, Cab. Franc

2005

França

tinto

 

 

01 Clos de Malte

Merlot, Cab. Sauvignon, Cab. Franc

2004

França

tinto

 

 

01 Chateau Desclau Cuvée Marguerite

Merlot, Cab. Sauvignon, Cab. Franc, Malbec e Petit Verdot

2002

França

tinto

 

 

Uva Malbec

 

 

 

 

R$230,00

R$137,90

01 Trazos de Autor Malbec

Malbec

2006

Argentina

tinto

 

 

01 Família Marguery

Malbec

2003

Argentina

tinto

 

 

Uva Syrah *

 

 

 

 

R$133,00

R$93,10

01 Poggio Bidini Syrah IGT Sicilia

Syrah

2005

Itália

tinto

 

 

01 Côtes Du Rhône AOC Grand Mont

Syrah

2006

França

tinto

 

 

Alentejo e Douro *

 

 

 

 

R$147,00

R$102,90

01 Montefino Reserva

Touriga Nacional, Alicante Bouschet, Trincadeira, Aragonês ( Tempranillo ).

2004

Portugal

tinto

 

 

01 Quinta Nova Douro DOC **

Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz, Tinta Amarela,

2004

Portugal

tinto

 

 

Barbera *

 

 

 

 

R$186,00

R$130,20

01 Barbera D’Asti DOC **

Barbera

2004

Itália

tinto

 

 

01 Barbera D’Asti Superiore DOC

Barbera

2002

Itália

tinto

 

 

Promoção válida até 28 de Fevereiro ou final de estoques.

          Dá para fazer um estrago legal e montar uma adega de primeira com vinhos para todos os gostos e bolsos, vinhos para o dia-a-dia, ótimas opções para o verão, vinhos mais sofisticados, tem de tudo um pouco nessa lista aí em cima. Por outro lado, visitar os locais também é uma boa porque existe uma infinidade de outros rótulos nas lojas, ou batam um papo com os importadores aproveitando o momento, quem sabe você consegue algo mais. Para facilitar a vida de todo mundo, eis a lista de endereços/sites e telefones para contato:

Compre inteligentemente. Não compre desconto, faça contas e compare preços finais. Salute e que Baco o acompanhe em suas compras.

ViniPortugal II – O Jantar!

            Depois de uma primeira parte em que degustamos vinhos de grande qualidade, eis-nos chegando no jantar que, como já havia dito no post anterior, foi de lamber os beiços, a começar por aqueles acepipes que a incrível chef Helena Rizzo (Restaurante Mani), nos serviu para acompanhar o delicioso espumante da Filipa Pato, o 3b; Raviólis de manga com queijo de cabra, espetinhos de polvo com batata confitada e terrine de foie gras com galletas de uva assa, um mais gostoso que o outro! Mas era só o inicio de uma noite inesquecível repleta de gostosuras!

 

Entrada – Brandade de Bacalhau com geléia de pimentões e azeite de azeitonas pretas. Yummy! Para harmonizar, um Redoma Branco Reserva 05 muito elogiado pela critica especializada, mas que a meu ver, talvez pela harmonização, não se saiu tão bem. O vinho é muito bom, muito complexo, mas é um vinho já com um certo peso que se sobrepôs à delicadeza da Brandade de forma muito impositiva. Preferiria ter visto o Alvarinho aqui, creio que seria a harmonização, para o meu gosto, perfeita. Um exemplo claro de que harmonização é algo bem particular.

 

 

Primeiro Prato – Carne de Sol à Brás com palha de mandioquinha e azeite de coentros. Delicioso prato que teve o acompanhamento de um bi-varietal Touriga Nacional/Pinot Noir 2004 da Casa Santos Lima elaborado na região da Estremadura. Um clássico exemplo da arte de harmonizar. Sozinho o vinho era bom, mas não encantava, com a comida no entanto, foi um casamento perfeito tendo ambos – prato e vinho – crescido muitissímo.

 

Segundo Prato – um verdadeiro êxtase, uma explosão de sabores e harmonização difíceis de esquecer. Um divino Magret de Pato cozido em baixa temperatura com manga e rosas devidamente escoltado por um soberbo Zambujeiro 03 uma das mais recentes estrelas do Alentejo. Um vinho de muita qualidade, um complexo corte de Touriga Nacional, Aragonez, Cabernet Sauvignon, Alicante Bouschet e Trincadeira de grande intensidade aromática, encorpado, denso e de grande concentração, potente com 15º de álcool, porém muito equilibrado de taninos doces e aveludados, um vinhaço! Teoricamente, este encorpado vinho deveria matar a delicadeza do prato, mas não! Para minha enorme surpresa, ambos se complementaram de forma absolutamente maravilhosa.

Fizemos, eu e o Álvaro Galvão, um teste meio aventureiro, fomos buscar no fundo da garrafa, um restinho do Moscatel Roxo 97 que haviamos degustado antes. Algo totalmente diferente e muito prazeroso. Não sei se acompanharia a refeicão inteira, mas foi uma harmonização muito especial e extremamente rica.

 

Sobremesa – Sorvete de gemas com espuma de côco e coquinhos crocantes, delicadeza e sabor que se completaram com um excelente, objeto constante de desejo meu, Madeira Justino Old Terrantez, um vinho da Madeira elaborado com esta cepa (terrantez) quase em extinção. Uma maravilha, após o qual me levantei e beijei a careca, com todo o respeito mestre, do Dr. Mário Telles Jr. sob a batuta de quem ficou a escolha dos vinhos que tomamos, afora seus primorosos comentários que são sempre fonte de grande aprendizado.

 

Uma noite única, um enorme privilégio que recebi como um prêmio pelo trabalho que Falando de Vinhos fez ao longo deste primeiro ano de vida, tanto nas colunas dos jornais como deste blog. Uma noite comprovando a excelente qualidade e versatilidade dos vinhos portugueses, das diversas regiões e da capacidade de todos aqueles que se envolveram no evento; da ViniPortugal, da ICEP, do Consulado, da Fernanda Fonseca (Propop), da Chef Helena Rizzo e equipe do Mani (valeu Felipe) enfim, uma mostra do grande potencial vinícola de Portugal, tanto nas gamas mais baixas como nos grandes néctares. Não existem mais duvidas, nasceu uma nova estrela nesse competitivo mundo dos produtores de vinho e, como já disse a Wine Spectator, Portugal é a bola da vez!

Salute e kanimambo.

ViniPortugal I – A Degustação

Uma das maiores experiências de minha curta, porém intensa, vida enófila e certamente uma que persistirá na memória por muitos anos. Mas o que é a ViniPortugal e que encontro foi esse?

 

viniportugal

 

A ViniPortugal foi criada em 1997 tendo como objetivo principal a divulgação e promoção dos vinhos, aguardente e vinagres portugueses tanto no mercado internacional como no âmbito interno. Na parte internacional, mantém estreita colaboração com o ICEP (Instituto de Comércio Externo de Portugal) tanto através da estrutura externa que esta mantém em mais de 50 localidades no exterior, como através das próprias embaixadas quando necessário. Seu site, com link aqui do lado, tem importantes e detalhadas informações sobre a viticultura em Portugal, informações estas de grande interesse para os enófilos de plantão, especialmente para quem quer aprofundar seus conhecimentos sobre os vinhos, regiões e cepas portuguesas. Para quem curte o enoturismo, nada como entrar na seção Rota dos Vinhos, e viajar pelas diversas regiões produtoras. Incrível como um país tão pequeno pode ter tamanha diversidade, numero de regiões e cepas autóctones!

Dentro as diversas atividades pelo mundo afora, a promoção de eventos e provas junto a membros da imprensa especializada, formadores de opinião e consumidores finais, é uma das principais. No final do ano passado tive o enorme privilégio de ter sido convidado a participar de um de seus eventos, desta feita realizado nas dependências do Consulado em São Paulo. Um bota-fora para 2008 em grande estilo e regado com algumas preciosidades, exemplo do que melhor se faz em Portugal nos dias de hoje. Divinamente organizado pela Fernanda Fonseca (Propop Comunicação e Marketing) o evento se dividiu em duas partes. Na primeira degustamos diversos néctares escolhidos e comentados por um mestre no assunto o; médico, enófilo, critico, diretor da ABS e editor da Revista Wine, Dr. Mário Telles Jr. Na segunda parte, ainda sob a batuta do mestre, um magnífico jantar servido pelo restaurante Mani com a presença da mui competente Chef Helena Rizzo que rivalizou par a par com os néctares servidos. Uma grande noite com vinhos e comidas deliciosas, uma verdadeira esbórnia (não, não é palavrão) enogastronômica.

 

Começo pelo 3b de Filipa Pato que acompanhou acepipes dos mais diversos, todos absolutamente saborosissímos. Foi meu primeiro contato com este espumante que surpreendeu por seu incrível frescor, estrutura e elegância, mostrando boa textura e uma cor levemente salmonada em função da cepa baga. Seduziu-me ao primeiro gole e foi, certamente, um dos espumantes mais agradáveis que tive a oportunidade de provar em 2008, tanto que tenho algumas garrafas na adega.

 

 

Morgadio da Torre Alvarinho 07 – Muita fruta tropical e aromas sutis, algo florais. Cremoso, muito balanceado, ótima acidez bem típico dos vinhos verdes, longa persistência um belo Alvarinho que agradou sobremaneira.

 

 

Quinta do Corujão Grande Escolha 04, um Dão nobre, rubi escuro, complexo, untuoso de boa acidez e taninos finos macios e elegantes mostrando muito boa concentração e estrutura. Já pronto, mas acredito que melhorará muito ainda nos próximos dois para três anos.

 

 

Paulo Laureano Alicante Bouschet 05, um digno representante do Alentejo. Potente, vinho de grande estrutura e ainda bastante fechado mostrando que tem alguns bons anos pela frente antes de atingir seu ápice. Muito rico, denso, macio com álcool ao redor de 14.5º porém equacionado e em equilíbrio, madeira ainda presente e taninos aveludados ainda bem presentes. Um grande vinho que precisa de tempo, bota tempo nisso, para se mostrar.

 

 

Lagoalva de Cima Syrah 05, da região do Ribatejo. Balsâmico, algo terroso, álcool presente no nariz. Na boca é especiado, algo apimentado, copo médio, boa acidez, um vinho que demanda comida. Não deixa de ser um bom vinho, mas não me cativou.

 

 

Quinta do Crasto Touriga Nacional 05, mais uma criança! Um ícone desta Quinta e um dos melhores varietais produzidos com esta nobre cepa portuguesa. Linda cor rubi com toques violáceos, nariz intenso onde aparecem violetas e frutas negras, especiarias tudo em uma enorme complexidade de aromas. Um vinho excepcional que já mostra grande equilíbrio e elegância, muito saboroso com uma textura muito especial e extremamente longo. Quisera poder comprar uma garrafa ou duas e esperar mais uma meia dúzia de anos para me deliciar com este verdadeiro néctar!

 

 

 

Moscatel de Setúbal Roxo 1997 da Quinta da Bacalhoa. Foi um dos meus entronados como Deuses do Olimpo 2008, um estupendo e impressionante vinho! Já me referi a ele anteriormente e, se há vinhos que não se sabe se cheiramos ou bebemos, existe agora uma outra categoria, a dos vinhos para serem lambidos! Absolutamente genial, um vinho doce fortificado, muito cremoso e absolutamente equilibrado entre seu nível de doçura e acidez. MARAVILHA!

        

          Você acha que terminou? Que nada, agora começamos o maravilhoso jantar servido pelo Mani e tenho que tirar o chapéu para esta incrível chef! Que comida maravilhosa e que belos vinhos. Disso, no entanto, falaremos em um outro post, este já está longo demais.

Salute e Kanimambo.

Comemorando (mais um) Aniversário.

Cisplatino Torrontés 07, Chateauneuf-du-Pape 01 e para finalizar um Etchart Torrontés Late Harvest, eis os acompanhamentos de meu jantar de celebração de um ano do primeiro post deste blog, dia 17 de Dezembro. O bom é que não faltam desculpas nem momentos para me tratar bem. Ao longo do ano tenho o aniversário da coluna, do primeiro post, do blog, o meu (tá chegando), de casamento, dos filhos, Páscoa, Natal , Reveillon …. e por aí vai!

Um dos pratos que mais curto é Strogonoff de Filé ao qual agregamos meio cálice de aguardente velha, pode ser conhaque, quase ao final do preparo, antes de acrescentar o creme de leite. Fica divino e é um prato relativamente fácil de harmonizar como mais uma vez ficou comprovado neste gostoso jantar. Mas falemos dos vinhos que é por isso que você clicou aqui.

 

niver-blog-081 Cisplatino Torrontés 2007, um belo achado pelo preço. Um vinho de qualidade produzido pela Pisano/Uruguay e, em se tratando de uma gama de introdução á boa e extensa linha de rótulos desta vinícola. Vinho direto, franco de grande frescor e tipicidade da casta, um pouco quente o que sugere um teor de álcool um pouco alto. Não de grande complexidade, nem se propõe a isto, porém é muito agradável e com um saboroso final de boca, um vinho honesto e correto. Acompanhou bem a lula à doré com molho tártaro que servi para abrir o apetite. Quando o comprei por R$19,00 era uma grande pedida, hoje está por R$33,00 na Mistral. Uma pena!

 

 

Chateauneufu-du-Pape Domaine de La Charbonniere Cuvée Vieilles Vignes 2001. Fazia tempo que não apreciava um Chateauneuf-du-Pape em todo o seu esplendor. Tomei uns goles de um muito bom Chateau La Nerthe, lá na Vinoteca Santa Maria, e um Vieux Telègraphe Telegramme mas é diferente você tomar a garrafa. Calma, éramos três! Um belíssimo vinho que comprei nos Estados Unidos há uns três anos por cerca de USD30. Ótima estrutura, muito bem  equilibrado, grande complexidade aromática que se confirma na boca. Vinho carnoso, denso, boa fruta madura com toques de especiarias, muito boa estrutura e acidez, taninos macios e aveludados. É um clássico que demonstra muita classe e um final de boca algo mineral e muito longo. Quando perdeu temperatura o seu alto teor de álcool apareceu um pouco mas não chegou a incomodar. Pelo que vi não é importado, o que provavelmente o inviabilizaria á minha mesa, e já deixou saudade! Engrandeceu o prato tendo me deixado imensamente feliz.

 

 

Etchart Torrontés Late Harvest 2005, foi uma agradável companhia para uma salada de frutas com sorvete de creme, porém não chega a encantar. Para o meu gosto pessoal, carece de acidez o que o deixa um pouco doce demais, porém é bem feito, saboroso e fácil de tomar, boa intensidade aromática com forte presença floral e boa tipicidade da casta. Preço no mercado (Sampa) por volta de R$35 a 40,00.

 

Salute e kanimambo.

Qual a Isenção Para Trazer Vinhos na Bagagem? Versão Final (Mudou).

Não quis apagar o post abaixo, mas agora, em Agosto de 2010, a lei mudou. Veja como isto afeta você em >> http://falandodevinhos.wordpress.com/2010/08/12/atencao-mudou-a-lei/.

 

Apesar de já ter comentado este assunto em outras ocasiões, sigo recebendo consultas. No ultimo post em que tratei deste assunto, recebi um comentário muito elucidativo e definitivo sobre o tema. O Rafael é servidor da Receita e com todo o seu conhecimento fez este comentário que creio de tamanha importância para os amigos viajantes, que merecia um post especifico. É que comentários nem todos lêem então aqui está, para quem estiver de viagem marcada nestas férias, eis como devem proceder.

 

“A primeira informação que deve ser passada ao leitor do blog é de que a faixa de isenção varia em função do transporte utilizado pelo passageiro, em função da destinação dos produtos importados e se refere sempre à bagagem acompanhada:

 

– via aérea ou marítima: U$500,00

– terrestre, fluvial ou lacustre: U$ 300,00

– terrestre, fluvial ou lacustre em veículo militar: U$ 150,00

 

O vinho pode ou não ser incluído no conceito de bagagem, e portanto estará acobertado pela faixa de isenção, SE E SOMENTE SE for destinado para uso e consumo pessoal. Não é através do número de garrafas que aquele servidor que fizer a inspeção da bagagem terá como avaliar se aqueles produtos terão ou não destinação comercial. Não existe essa regra e acredito que nem mesmo poderá algum dia existir. Será possível catalogarmos todos os produtos passíveis de importação via bagagem e definirmos uma quantidade mínima e máxima de importação? Quantos produtos novos são lançados por dia no mercado? Essa definição é impossível e precisamos entender que não é somente de vinhos que se limita a bagagem dos viajantes, no trabalho de inspeção de bagagem acompanhada.

No exemplo que você mostrou, 12 garrafas podem ou não ser consideradas como de uso pessoal: por ex., quando o viajante traz consigo 12 garrafas idênticas, do mesmo vinho, posso afirmar com toda certeza que o enófilo estará concedendo ao servidor aduaneiro uma dúvida. Então, uma sugestão que faço é não trazer todas as garrafas do mesmo vinho. Varie, adquira vinhos de produtores diferentes, com rótulos distintos.  Também não leve documentos legais, textos de internet e etc. Os servidores da aduana são bem capacitados, trabalham com essa matéria no dia a dia e conhecem bem a legislação. Ao invés disso, carregue consigo qualquer documentação que comprove a sua profissão, o ramo de mercado em que você atua. Leve consigo seu contracheque, sua carteira de trabalho, o contrato social da sua empresa ou qualquer outro documento que possa comprovar que você não atua no ramo de bebidas, mas somente é um apreciador delas. Enfim, ofereça provas e argumentos ao servidor aduaneiro, de que você trouxe aquelas garrafas para consumo pessoal. Garanto que será melhor do que levar textos legais ou dicas de agências de viagens.

O recolhimento de impostos somente se dará se as compras ultrapassarem a faixa de isenção. O Imposto de Importação será calculado mediante a incidência da alíquota de 50% sobre o valor que ultrapassar o limite de isenção. Assim, se o viajante, através de vôo internacional, trouxer do exterior U$ 750,00 em vinhos e estes foram considerados como bagagem acompanhada, ou seja, para uso pessoal, o recolhimento será da ordem de U$ 125, convertidos para moeda nacional na data do recolhimento. Ou seja, será a aplicação da alíquota de 50% sobre o valor excedente ao limite de isenção.”

 

Bem meus amigos, agora acho que não existem mais duvidas sobre o assunto. A única recomendação que faço é que evitem trazer as garrafas dentro de suas malas pois o risco é muito grande, pela forma tosca com que elas são manuseadas nos aeroportos, e prefira despachá-las em caixas bem acondicionadas. Converse com a companhia aérea, algumas cobram por volume, pois mesmo que haja um pequeno custo adicional, certamente será bem mais barato que seu terno! Uma sugestão para aqueles que curtem trazer suas preciosidades de fora, é acondicionar de forma correta seus vinhos  e recomendo o uso de malas adequadas para o transporte de vinhos, há diversas no mercado ou, eventualmente, compre em sua viagem. 

Salute e kanimambo.

Noticias do Mundo do Vinho

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Taylor’s Porto Vintage e Barak Obama. Teoricamente nada a ver, porém um restaurante em Ontário (Canadá) inventou uma cápsula do tempo comemorativo à posse do novo presidente americano. Entre outros itens criteriosamente selecionados, um Quinta de Vargellas Porto Vintage 2005. A cápsula do tempo foi enterrada à porta do Aroma Mediterranean Restaurant, em Londres, na província de Ontário (Canadá), e será reaberta dentro de cem anos.  Juntamente com o Quinta de Vargellas 2005 será depositada uma carta com a história da emblemática e secular casa Taylor’s. Quer ver mais, clique no link da Blue Wine aqui do lado.

 

Monsaraz tinto 07 ganha Sabor do Ano 2009. Um dos meus achados deste ano incluído no meus Melhores de 2008 na faixa até R$30,00 acaba de ganhar um dos principais prêmios do mercado, a meu ver,porque é uma escolha baseada em degustação às cegas efetuada por consumidores portugueses. Fruto de um painel de provas que englobou 8.150 consumidores que realizaram no ano passado degustações cegas dos produtos concorrentes ao troféu Sabor do Ano, o vinho Monsaraz obteve uma nota média superior aos restantes produtos concorrentes.

         As provas são realizadas anualmente sob inteira coordenação da Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa e do Instituto Superior de Agronomia, submetendo os produtos à prova cega (sem conhecerem marca e embalagem do produto) de milhares de consumidores. O Monsaraz Tinto 2007 é proveniente da equilibrada junção das castas Trincadeira, Aragonês e Castelão e é fruto de dois lotes que estagiaram em carvalho português e em depósito. A importação é representada no Brasil pela Vinho Seleto com dados para contato disponíveis em Onde Comprar. Fonte, Blue Wine.

 

Best of Wine Tourism. As cidades de Cape Town (África do Sul), Bilbao-Rioja (Espanha), Bordeaux (França), Florença (Itália), Mainz (Alemanha), Mendoza (Argentina), Porto (Portugal) e San Francisco-Napa Valley (Estados Unidos) compõem a Great Wine Capitals do mundo que, pelo sexto ano consecutivo elegem os melhores do turismo viníco. Com 385 inscritos, em Novembro passado foram premiadas 8 vinícolas entre as quais duas conhecidas nossas; a Argentina Bodegas Salentein de Mendoza e os amigos da Quinta Nossa Senhora do Carmo de Portugal. Quer ver mais, clique aqui.

 

La Nieta, Rioja em todo o seu esplendor – O amigo Juan da Península, me informa que acabou de receber o La Nieta 2005, um dos melhores vinhos do planeta. Da região de Rioja, tem um “pedigree” de dar inveja e é para alguns poucos afortunados já que a alocação para o Brasil foi de poucas caixas. Vejam só as premiações que este vinho arrebatou:

  • Wine Enthusiast – Melhor vinho da Rioja com 97 pontos.
  • Guia Peñin, 96 pontos para a safra 2005 e 97 para a de 2006. Nesta última, foi considerado o melhor vinho de Rioja.
  • Guia Peñin 2009 – 2° melhor vinho Espanhol.
  • Robert Parker: 98 pontos na safra de 2004.
  • Guia Todo Vino – 3 lacres – um dos 23 melhores do ano 2008.

Eis a resenha de alguns “catadores” locais:

  • “Entrada fructuosa densa con cuerpo, equilibrio y taninos valientes con una ligera aspereza y la personalidad de un gran vino sigue el recuerdo de ahumados y nos lleva a un recorrido interminable, sublime es 2005 que encuentro superior al 2004”
  • “Hay de todo y siempre de la mejor calidad. A lo largo del tiempo que dura la cata, siempre se mantiene en las alturas. Al nivel de los mejores recuerdos olfativos que tengo, como L’Ermita 2001 o Lafite 2001. En boca, una experiencia superior. Equilibrio, armonía, una madurez increible. ¿Puede hablarse de “juventud madura”? ¿De “madurez juvenil”? Fresco y complejo al mismo tiempo. Muy envolvente. Larguísimo. Señorial. Incita a la reflexión.”
  • “Esta nieta me ha emocionado, que placentera es, que espectacular, evoca recuerdos que tenía dormidos (nuestro primer gran vino, la primera vez que descubrimos como recolectar frutas del bosque durante un paseo por él…), inspira momentos inolvidables, todo un PLACER. Tiene raza, es potencia a raudales, sus taninos domados y refinados, carnoso, elevada acidez que me hace segregar más saliva y le dará mucha mucha vida, largo, largo, largo y persistente, notas de mantequilla afloran cuando ya se ha retirado de mis labios y se aleja hacia el firmamento de cristal.”

Um vinho que desperta tamanhas sensações e emoções em quem o toma, tem que ser divino. Preço na Pensinsula, R$900,00. Aproveitando que vai fuçar no site, vi que o Hecula, mais um dos meus eleitos como Melhores de 2008, está com um preço imperdível de R$54,00 e tem mais; tem Códice, Alaia, Viña Sastre, Sierra Cantabria, Primicia, Rivola …….

 

Vinea Store – Em época de grandes promoções, a Vinea Store inova e cria seu Wine Day que promete ser muito especial. Ao fim e ao cabo são produtores de grande qualidade reunidos num só e aconchegante ambiente. Mesmo que não se compre, ter a oportunidade de degustar inúmeros vinhos de grande qualidade por apenas R$50,00, já é uma grande pedida. Recomendo a visita, mas corra porque o local não é grande e existe uma limitação de convites disponíveis. Quer ver mais e inscrever-se, então clique aqui.

 

Ibravin, este instituto contratou os serviços de uma empresa especializada para buscar dados e informações que possibilitassem a criação de um plano estratégico para 2009/2010.

       “Os resultados da pesquisa feita com 1.037 pessoas entre 18 e 69 anos em três capitais do País – Porto Alegre, São Paulo e Recife (uma lástima que não tenham incluído o importante mercado do Rio de Janeiro nesse estudo) – indicam que O crescimento do mercado de vinhos brasileiros passa por três ações principais: uma maior divulgação das suas características autênticas, a difusão dos seus benefícios à saúde e a democratização do consumo. O presidente do Ibravin, Denis Debiasi, disse que uma das maiores surpresas do levantamento foi o grau de desconhecimento dos canais de venda de vinhos e espumantes. “Imaginávamos que a falta de informações era só dos consumidores, mas não, a pesquisa demonstrou que temos de agir também junto ao varejo, pontos de venda e distribuidores”.

         O amplo estudo da Market Analysis aponta duas armas fundamentais para alavancar as vendas dos vinhos finos nacionais. A primeira é a realização de campanhas de propaganda junto aos consumidores para trabalhar a imagem do vinho brasileiro, ainda vítima de um preconceito que não condiz com a sua crescente qualidade e reconhecimento internacional, comprovado por mais de 1.700 premiações no mundo inteiro. A segunda é desmistificar e desglamourizar o consumo de vinho, afastando a idéia de que é uma bebida “para momentos especiais”. “Isso restringe o seu consumo”, observa Echegaray. A lenda de que “um bom vinho custa caro” e a alta carga tributária atrelada aos vinhos são os fatores que mais impactam, de forma negativa. Inovações nas embalagens (não apenas nos rótulos) e aumento na oferta do produto no varejo são outros dois fatores que reforçariam a força dos vinhos brasileiros perante os consumidores.

         Ato louvável e um passo importante na direção certa, porém acho que falar de “desmistificar e desglamourizar” e seguir com uma política de preços nas alturas, uma estratégia comercial e de distribuição incipiente e uma visão/gestão de negócio paroquial é uma incoerência  que em nada ajudará a industria nacional a sair do buraco onde ela se enfiou. Ao preço em que estão, os vinhos finos nacionais seguirão sendo, lamentavelmente, para “momentos especiais”! Por outro lado, basta ler a mídia especializada e, mais que tudo, os blogs nacionais que falam de vinho, para se ter a verdadeira dimensão do problema sem precisar se gastar nada para isso a não ser, talvez, a contratação de um serviço de clipping.

         Mais do que a mídia especializada, os blogs hoje existentes são a principal voz do mercado porque todos são consumidores apaixonados e há muito tempo que a maioria destaca e aponta os problemas e dificuldades dos vinhos nacionais no mercado, com total destaque e apoio para a grande melhora de qualidade, que só não vê quem não quer ou está demasiado focado no seu próprio umbigo. Ou será que essa imensa legião de “wine writers” e aficionados estão todos equivocados?

Salute e kanimambo

Reflexões do Fundo do Copo – A Tensão das Taças

breno2Mais um delicioso texto do amigo e colaborador de todos os sábados, Breno Raigorodsky. Para acessar seus textos anteriores, clique em Coluna do Breno, aqui do lado, na seção – Categorias

 

A bateria é composta de seis vinhos tintos, todos servidos em ordem desconhecida, de cepas desconhecidas,de processos desconhecidos, de origem desconhecida, tendo apenas como norte, o hemisfério sul. As taças são do tipo ISO, todas numeradas, do mesmo modo que as fichas respectivas. Os vinhos foram servidos cobertos por folha de alumínio, com dosador.

A água à disposição está em jarra, servindo em média, cada quatro degustadores. O pão cortado em cubinhos está acabando. As notas devem variar de um a cinco, sendo que os primeiros quatro pontos são referentes às avaliações sensoriais dos olhos, do nariz e da boca, sendo que o último ponto é livre para o nada técnico – mas decisivo – “gosto-não-gosto” absolutamente subjetivo.

A degustação vai se encaminhando para o fim.Treze pares de olhos, voltam-se famintos para o veredicto do mestre. Ele sabe mais, ele é o grande líder de grupo, com uma longa tradição em degustações. Além disso, ele conhece as fichas técnicas, foi ele que escolheu os vinhos que participaram da bateria.

 

A jovem funcionária da enoteca sabe que depende daquela avaliação para manter o seu emprego e o prestígio dentro do grupo.

 

O senhor, especialista em turismo de aventura, disfarça a ansiedade com tiradas de bom humor.

 

A grande maioria apenas espera, depois de entregar sua ficha de avaliação.

 

O mestre dá suas notas. A jovem abre um largo sorriso, o sommelier orgulhoso vira-se para o vizinho e arrisca um “eu não disse?”.

 

A senhora, proprietária de um bufê de festa de crianças acerta todas.

 

O grande sommelier erra a metade.

 

Dois dos degustadores discutem com o mestre, justificam suas notas divergentes.

Um deles, um vendedor de uma famosa importadora, sai da sala revoltado.

A jovem funcionária despede-se de todos, mantendo ainda aceso o seu largo sorriso.

 

Breno Raigorodsky; filósofo, publicitário, sommelier e juiz de vinho internacional FISAR

Vinho & Saúde II

healthandwineNão é de agora que o tema de Vinho & Saúde está na moda. Este assunto é constante pauta de estudos e matérias das mais diversas, não é moda e sim importante assunto de interesse geral e estudo acadêmico. Seja por conhecimento ou apenas para ter desculpa para tomar umas taças do doce néctar, este tema é sempre atual, mas só para mostrar que não é de hoje que se fala disto, eis uma matéria garimpada da Internet e escrita por André Freire de Carvalho – Médico e enófilo – no Jornal Tribuna da Bahia em 7 de Janeiro de 2005 e muito atual.

“Todo ano começa com resoluções e esperanças. As pessoas definem objetivos e almejam situações que tornem suas vidas mais produtivas e prazerosas. Neste contexto, nada melhor que começar o ano falando sobre vinho e saúde. Muito se fala sobre os benefícios do consumo moderado do álcool e especialmente do vinho tinto sobre o bem-estar do ser humano. Existem vários estudos realizados por conceituadas instituições médicas, material suficiente para que tracemos um perfil do efeito do vinho sobre a saúde. Ao decidir falar sobre o tema, o fiz pensando em um querido casal de amigos que, apesar de sempre terem sido abstêmios, já admitem em nome da saúde beber uma taça diária de vinho, mudando assim seus hábitos de vida. Ressalto que nossa intenção não é fazer apologia ao consumo abusivo do álcool, substância que ainda que socialmente aceita, pode ser extremamente danosa ao corpo humano. Recomendamos a ingestão diária e moderada de álcool, preferencialmente na forma de vinho tinto, o que equivale a uma ou duas taças. É importante deixar claro que apesar das diferenças quanto a sexo, tipo físico, condições de saúde e tolerância, além de outras variáveis, a dose diária de uma taça a duas que contém aproximadamente 15 a 30 gramas de álcool traz benefícios sem riscos à saúde. Nociva, contudo, é a ingestão de álcool em curtos períodos de tempo. Ou seja, você deve beber uma taça de vinho a cada dia da semana, mas não deve beber sete taças de vinho em um dia.

Outro dado importante é que consumir álcool com alimento é mais saudável que apenas beber, pois o alimento ajuda a metabolizar o álcool, diminuindo pela metade seu nível no sangue, e o álcool promove a metabolização mais eficiente das gorduras dos alimentos. O uso moderado de álcool sob a forma de bebida fermentada ou destilada não traz os efeitos positivos apresentados pelo vinho, especialmente o tinto, pois este além do álcool apresenta mais de trezentas substâncias químicas em sua composição, entre elas os polifenóis, sendo, portanto a bebida alcoólica preferencial quando se busca benefícios a saúde. O Vinho promove:

  • No coração, diminuição em até 50% o risco de doenças coronarianas como infarto, insuficiência cardíaca congestiva e doença vascular periférica. Tais efeitos ocorrem por aumento do bom colesterol, o HDL, alterações dos mecanismos de coagulação, diminuindo o risco de formação de trombos, e aumento da dissolução de trombos que circulam na corrente sanguínea.
  • Diminuição de 45% no risco de desenvolver diabetes.
  • Melhoria na capacidade da memória e de funções cognitivas, o que sugere que o vinho ofereça mecanismos de proteção à demência e doença de Alzheimer.
  • Aumento de 5% na longevidade
  • Nos olhos, prevenção da degeneração macular.
  • Na pele diminuição do risco de câncer e da formação de quelóides
  • Diminuição do risco de doença pulmonar crônica, possivelmente devido à presença de Revesratrol, substância presente apenas nos vinhos tintos.
  • Diminuição do risco de aterosclerose
  • No estômago, diminuição da flora bacteriana, proporcionando uma diminuição do risco de úlcera gástrica.
  • No útero, diminuição do risco de câncer.

Algumas pessoas têm alergia a sulfito, substância utilizada principalmente no vinho branco e, portanto devem evitá-lo. São geralmente pessoas asmáticas ou em uso de esteróides e podem desenvolver dor abdominal ou problemas respiratórios. É recomendável àqueles que sentem dores de cabeça que ao beber, além de associar comida à bebida, utilizem um analgésico 30 minutos antes de beber. Apesar de uma taça de vinho conter em torno de 150 calorias acredita-se que devido à ação de seus componentes sobre a insulina e a metabolização das gorduras, a bebida não concorre para obesidade quando utilizado às refeições. É relevante notar que nas sociedades onde o consumo de álcool não é proibido ou é associado a cerimônias religiosas, datas festivas ou uso familiar e moderado o abuso do álcool por adolescentes e a dependência do álcool em indivíduos adultos, é menos comum que nas culturas puritanas, nas quais existe a proibição do uso da substância e a sua associação a algo nocivo ou diabólico. A desmistificação é ferramenta importante para evitarmos o abuso de bebidas alcoólicas. Em resumo, vinho consumido com parcimônia pode ser um grande remédio, algo que já se sabia há centenas de anos atrás.”

Tenho um amigo que, brincando, disse; “ se uma ou duas taças diárias  fazem bem à saúde, imaginem uma garrafa!”. Sabemos que não é bem por aí, porém também sabemos que há benefícios e as novidades decorrentes de estudos são constantes. Estou coletando diversos artigos sobre este tema e, como já prometido, em breve volto com mais informações sobre Vinho & Saúde.

Salute e kanimambo

Sobre a Minha Mesa

Seleto grupo de vinhos portugueses sobre minha mesa e na minha minha taça. Mesa portuguesa farta, repleta de sabores e de boa companhia. Para acompanhar um primeiro prato de bacalhau e um segundo de cordeiro com batatas e brócolis, ambos deliciosos, os confrades levaram algumas preciosidades. Cortes de Cima Reserva 03, Quinta do Corujão Dão Reserva 01, Esporão Reserva 04 e eu levei minha ultima, snif/snif, garrafa de Malhadinha Tinto 03. Para finalizar a refeição e acompanhar as rabanadas, um Vinho do Porto Fonseca Ruby, melhor só se fosse um LBV!

Lembrar de todos esses vinhos tomados com muito gosto faz quase seis meses, acompanhados de uma galera de bons gourmets, fica difícil até porque tomar notas numa hora dessas seria uma tremenda enochatisse! Então, se me permitem, copiarei algumas resenhas encontradas na rede, adicionado de algum comentário do que eu me lembrei. Agora, que foi inesquecível lá isso foi!

esporao-reserva-04Esporão Reserva 04, esta foi a avaliação do Pedro Barata do blog Os Vinhos com link aqui do lado. Diz ele; “Aromas de fruta madura bem vincados, com leves especiarias a acompanhar, tem um paladar cheio e volumoso, a madeira ainda está muito presente, mas denota alguma elegância, taninos maduros e complexidade muito interessante, o final é prolongado”. Apesar de todas as criticas favoráveis, tenho que confessar um pecado; não sou um fervoroso e apaixonado consumidor dos vinhos da Esporão, pelo menos dos que já tomei, mesmo os achando muito bons e bem feitos. Este, mais uma vez, lembro-me que não entusiasmou, mesmo sendo um vinho correto e muito bem feito. Será uma questão de incompatibilidade de gênios? rsrs. Sou teimoso por natureza então seguirei tentando e provando, afinal são vinhos de grande prestigio e respeitadissímos. Os vinhos da Herdade do Esporão são importados pela Qualimpor e o preço deste deve andar por volta dos R$90,00.

 

corujaoQuinta do Corujão Dão Reserva 2001, deste me lembro claramente, pois me surpreendeu muito positivamente, um vinho muito equilibrado, elegante, macio e de grande sabor, que me agradou sobremaneira. O provei novamente num recente encontro promovido pela ViniPortugal e esta primeira impressão se confirmou estando no ponto para ser tomado. Um vinho sedutor de corpo médio, boa acidez, de grande harmonia, taninos finos, boca de boa fruta e algo de especiarias com um final muito saboroso, agradável e longo implorando pela próxima taça. Um vinho que acaba rápido, com um estilo que me agrada muito e faz a minha cabeça. Este é certamente uma boa opção que recomendo aos amigos, até em função do preço que está por volta de R$82,00 na Vinci, que é quem importa.

 

cortes-de-cimaCortes de Cima Reserva 2003, um degrau acima dos demais, complexo, denso e ainda muito fechado, tanto que deveria ter passado por um decanter para melhor mostrar todas as suas nuances. Um belo vinho do qual tenho uma garrafa na adega, mas que a meu ver precisa de tempo. Nesse momento e dia, não apresentou tudo o que pode, mas mostrou muita qualidade, estrutura, grande riqueza de sabores e muito potencial do qual espero sorver e apreciar melhor no ano que vem em meu 55º aniversário. Devido às “condições” em que foi servido, nem deu para abrir na taça como deveria! Eu gosto muito do “básico” tinto Alentejo deles, que é um dos meus achados (Melhores de 2008 entre R$50 a 80,00) e um vinho muito especial. Diz Pedro Gomes no www.novacritica-vinho.com ; “Amplo e profundo na entrada, cheio e denso, sem ser excessivamente gordo. Rico na evolução, sedoso, muito envolvente, com uma acidez quase estranha para a região e taninos robustos mas ao mesmo tempo muito sedosos. Termina muito longo com uma dimensão frutada –amora e ameixa- plena de encanto. Grande Alentejo, grande tinto, grande vinho. Se tudo fosse assim…”. Um digno representante do que de melhor o Alentejo tem a oferecer. Quem o trás é a Adega Alentejana, mas não tenho noção de preços, creio que deve andar próximo dos R$290,00.

 

malhadinha-1Malhadinha Tinto 2003, desse eu lembro-me bem! Para mim e naquele momento, o vinho do dia. Aliás, poucos à mesa conheciam o vinho e ficaram entusiasmados, tendo dividido a preferência da mesa com o Cortes de Cima Reserva. Uma das principais diferenças entre os dois, todavia, foi o fato de que o Malhadinha estava absolutamente pronto, no momento ideal para ser tomado e apreciado. Por estar mais macio e pronto, se contrapôs melhor ao bacalhau, apesar de ter escoltado bem o cordeiro. Aliás, fosse um almoço normal e eu sugeriria essa harmonização, Malhadinha com o bacalhau e o Cortes de Cima com o cordeiro. Falemos desse Malhadinha, um vinho do Alentejo, corte de Aragonês, Alicante Bouschet e Cabernet Sauvignon muito frutado com o que me pareceu ser algumas nuances florais, denso, de muito boa estrutura, taninos finos, elegantes e sedosos, ótimo equilíbrio, com um final de boca complexo, longo, algo especiado e muito saboroso que pede o segundo, terceiro e mais goles. Estava perfeito, um grande vinho no ponto para ser tomado, companhia certa e pratos idem, só podia dar no que deu! A comprovação de que o Alentejo possui uma interminável coleção de grandes vinhos que, por caracteristica de seus cortes e terroir, necessitam de tempo para mostrar toda a sua exuberância. A importação é da Épice e o preço ronda os R$260,00. Comprei em Lisboa por uns 25 euros, hoje deve estar um pouco mais caro, e esta garrafita já deixou saudades!

 

fonseca1Fonseca Porto Ruby, esperar que depois de tudo isso eu lembrasse deste vinho seria exigir demais deste vosso amigo! Vinícola histórica produzindo Vinhos do Porto desde 1820, possui uma vasta gama de produtos, entre eles o BIN 27 que me agrada muito. Como só tenho uma vaga lembrança, recorri aos “universitários” (rsrs), neste caso ao www.portuguesewinesshop.com que diz: “Vinho jovem e encorpado, apresentando frescura e vigor, sabores de ameixa bastante prolongado, robusto,  rico e harmonioso.” Que era bom era e a combinação com a rabada, divina! Disponível na Vinho Seleto por R$55,00 e o BIN 27 por R$70.

 

         Os vinhos portugueses top estão já muito caros em Portugal e por aqui ficam quase que inacessíveis a nós pobres mortais, em função dos altos impostos e margens praticadas, porém sempre existem uns amigos viajando o que permite umas estripulia ou outra, opcionalmente se garimpa alguns bons vinhos menos midiáticos e de grande qualidade que abundam tanto aqui como especialmente por lá. Ao longo do ano passado comentei diversos e este ano, prosseguirei na mesma batida buscando os bons rótulos a preços melhores ainda, sem que haja necessidade de grandes perdas de qualidade. Enganan-se aqueles que pensam que a qualidade está no preço, qualidade está no conteúdo da garrafa! No caso do Malhadinha e do Cortes de Cima Reserva, e outros do mesmo calibre, o preço acompanha a qualidade do caldo, mas também o marketing e a produção limitada.  São néctares que todos gostaríamos de ter na taça mais assiduamente, porém estão no mesmo nível dos grandes espanhóis, italianos ou franceses, então não é de se estranhar os altos preços, mesmo que não seja do nosso agrado. Tendo a chance, no entanto, não perca a oportunidade pois são soberbos.

           Salute e kanimambo.