setembro 2010

Falando do Meia Pipa

              Um dos mais conhecidos vinhos top de gama portugueses será certamente o Quinta da Bacalhôa da vinícola do mesmo nome situado em Terras do Sado, ou seja região Setúbal. Podemos até discordar, mas o vinho fez a fama no mercado internacional e muitos são fãs de carteirinha, virou um clássico! Cá entre nós, apesar de o achar um vinho muito bom, de grandes atributos especialmente quando tomado com cerca de uns seis para sete anos de vida, acho que é um pouco sobre valorizado havendo na casa outros vinhos que, talvez menos midiáticos, valem mais a pena em função da relação Qualidade x Preço x Prazer que oferecem. Acho o Só Touriga um grande vinho e uma pena que seu preço deste lado do atlântico seja tão caro, pois é um exemplar varietal dessa nobre casta lusa que dignifica a vitivinicultura portuguesa.

            Uma das melhores opções e, na minha opinião, um dos mais injustiçados rótulos produzidos pela casa é o Meia Pipa que com três a quatro anos de guarda nos presenteia com uma riqueza de sabores que me encanta e não é de hoje! É um pouco como o Quinta de Camarate Tinto, o branco também é muito bom,  vinho da mesma região produzido por José Maria da Fonseca e que por aqui andou há cerca de uns cinco para seis anos atrás pelas mãos do Pão de Açucar. De lá para cá desandaram a trazer rótulos mediáticos e caros, esquecendo-se desse belo vinho. Bem, mas voltemos ao Meia Pipa, um blend da tradicional Castelão com Cabernet Sauvignon e Syrah que passa cerca de 11 meses em meias pipas de carvalho Allier, daí seu nome. Boa estrutura, taninos doces e finos, boca macia, textura sedosa, aromas bem frutados, notas de chocolate, alguma baunilha, madeira bem colocada, sem exageros, no geral bem balanceado e muito apetecível. O único senão talvez seja um teor de álcool levemente acima da média nas proximidades dos 14% que, apesar de não aparecer nem no nariz como na boca devido a seu enorme equilibrio, torna-se um pouco mais pesado depois da terceira taça, até porque ele é tão cativante que a tendência é passar fácilmente da terceira! rs.

             Trazido pela Portuscale e disponível nas boas lojas do ramo, (criativo não?),  por cerca de R$50 a 55,00, venderia maravilhosamente bem se a R$45,00, é um rótulo que vale a pena ser conferido antes de partir para os big brothers da casa e este 2007 confirma tudo aquilo que já conhecia e um pouco a mais. Eu gosto e minha avaliação é bem positiva, então esta é minha dica para este fim de semana alongado com feriadão na terça. Salute, boa comida, bons vinhos e boa companhia, a vida não fica muito melhor que isso!

Kanimambo e nos vemos por aqui.

Bom Vinho Rima com Boa Comida

              É, dá para tomar bons vinhos solo, mas a grande maioria foi feita para acompanhar comida, preferencialmente bem acompanhado(a).  A minha dica de hoje, na verdade duas, tem a ver com essa constatação e não deixem de brindar. Não interessa ao quê, pegue uma garrafa de espumante e faça deste dia um dia especial!

Restaurant Week – no Dicas da Semana da semana passada, tinha dado destaque e sugerido a visita ao Hitan, um local diferente a ser conferido. Hoje tenho o prazer de de destacar um restaurante pertinho de casa, o Açafrão da Terra. Local muito agradável que possui a Chef Cacilda (conhecida na região) comandando a cozinha, é um restaurante jovem com menos de seis meses de vida, mas que já começa a mostrar ao que veio com muito dinamismo e competência. Melhor ainda, é aqui na Granja Viana, um local especial com ampla carta de vinhos e uma ótima opção á zorra que se tornou Sampa. Vejam abaixo e não deixem de prestigiar, especialmente os moradores da região da Raposo Tavares.

Chef Márcia é Ideia Gourmet – estamos em plena Restaurant Week,  mas tem gente que gosta mesmo é de receber e se aventurar pelos segredos da boa culinária, em casa! Nesse caso, tanto você pode encomendar os serviços da simpática e sempre alegre Chef Márcia de Paula como aproveitar de seu conhecimento tomando umas aulas e visitando seu site da Ideia Gourmet. Eu tenho isso no meu wish list! Agora com a abertura da loja, não pude nem pensar nisso, mas deixa a coisa acalmar que estarei batendo na sua porta para marcar minhas aulas.

               Para acompanhar as dicas acima, um bom vinho sempre vai bem. Desta forma fica aqui a minha sugestão para um espumante. Falo muito destes vinhos borbulhantes, mas já faz um tempinho que não publicava nenhum comentário aqui. Desta feita venho recomendar um de uma casa produtora nacional, mais precisamente de Garibaldi, relativamente nova porém com um respaldo enorme de conhecimento já que pertence ao grupo Valduga, é a já muito premiada Domno. Sua marca, Ponto Nero, da qual sou gamado no Extra-brut que já comentei aqui por diversas vezes,  vem crescendo em diversidade e incorporando marcas importadas usando sua rede de ditribuição. Hoje gostaria de comentar o Ponto Nero Brut, seu espumante “básico” desta gama (tem outros) produzido pelo método charmat e mui recentemente premiado na avaliação do Guia 4 Rodas, em que ficou no segundo lugar na classificação geral de melhores espumantes do Brasil, sendo o mais bem colocado na categoria charmat.

Corte de Chardonnay com Pinot Noir e um tico de Riesling, mostra-se muito fresco e especialmente vivaz, talvez por esse tempero do riesling que lhe dá um toque mais mineral. Cremoso e de perlage fina, creio que advindo do uso do método charmat longo em que passa seis meses sobre lies, é cítrico com nuances de tostado e levedura, possui interessante volume de boca e é  muito bem balanceado dando-nos enorme prazer ao tomar. Pode ser tomado solo, como eu fiz no Domingo, ou acompanhando saladas, peixes grelhados sem grandes temperos, frutos do mar fritos (lula, camarãozinho), etc.. Um espumante que se vende no mercado por volta dos R$35,00 preço justo para o que entrega e, mesmo não sendo exuberante, não é esse seu papel e se buscar isso vá de extra-brut, é um espumante muito agradável e fácil de se gostar. Tomei e recomendo.

Salute e kanimambo