outubro 2013

O Ontem e o Ante Ontem!

Começo de semana bravo este! Na Segunda a extrema-unção de alguns velhotes, na Terça conhecendo os vinhos da Isabel Estates na nova Zelândia e com as Enoladies numa degustação só de brancos diferentes e muitas agradáveis surpresas. Não vou me estender muito não, só umas fotos e alguns curtos comentários que espero possam lhes ser úteis.

“Vinhos Velhos” com os amigos e por generosidade deles em os compartilhar. Vieram menos amigos do que esperado, então reduzimos o número de rótulos e sacrificamos tão somente, cinco!

Vellhotes do Ale

Marques de Casa Concha Chardonnay 98, miraculosamente vivo! Acidez, pouca, mas ainda se fazendo presente, madeira e cremosidade em abundância, muito interessante e surpreendente. Esperávamos encontrar um corpo estendido no chão, porém………..

Udaca Garrafeira 94, corte tradicional (Alfrocheiro/Jaen/Tinta Roriz e Touriga Nacional) do Dão, um velhinho já respirando por aparelhos mas incrivelmente apegado à vida!

Má Partilha 99, merlot da região Setúbal, ao abrir achamos que tinha ido para a glória com aromas fortes de uma certa oxidação que rapidamente começou a se dissipar. Na boca delicioso e depois de um tempo os aromas começaram a se desprender  da taça de uma forma tão sedutora que o fiquei “fungando” o resto da noite. Maravilha.

Chateau Kefraya 99, delicia! Cabernet Sauvignon, Grenache, Mouvédre e Cinsault (se não me engano) do Libano. Aromáticamente fraquinho, não sei como ele é mais novo, mas na boca estava absolutamente divino, aveludado, rico, muito bom. Agora fiquei curioso por tomar uma garrafa mais novinha e comparar.

Rocca de la Macie Chianti Classico 2000, tipicidade pura, mas a meu ver sofreu por vir depois do Má Partilha e do Kefraya , mas ainda apresentava algum fulgor mesmo que sem a intensidade que lhe é típica quando mais jovem, esse conheço bem.

Enfim, sacrificamos cinco das oito garrafas programadas e agora vamos atrás de mais umas três para formar outro lote ao qual dar a extrema-unção. Gostamos de nosso ato de misericórdia, agora é esperar o momento certo para seguir nossa missão.

Isabel Estate, Nova Zelândia. um Sauvignon Blanc, um Riesling, um Pinot Gris e um Pinot Noir. Ótima forma de começar um dia, mas desses falo amanhã, ok? Das Enoladies, a confraria de 12 amigas que tenho o enorme prazer de receber em gostosa confraternização na Vino & Sapore faz três anos, as delicias da descoberta de vinhos brancos elaborados com uvas diferente e um final surpreendente, mas falo disso depois também, é muita coisa junta, muita emoção, muita alegria e pouco tempo para compartilhar a totalidade desses momentos com os amigos mas visitando o grupo no face da Vino & Sapore você vai poder curtir um pouco. Kanimambo pela visita e nos vemos por aqui amanhã? Salute.

Surpresas com Espumantes Chilenos

Sempre tive um pé atrás com relação aos espumantes do Chile que a meu ver sempre estiveram bem atrás nos nossos, até porque acredito que tanto em quantidade como em qualidade e também preço, estamos na frente dos Hermanos tanto chilenos como argentinos! Há bons espumantes em ambos os países, reconheço, porém sem o volume de rótulos de qualidade e muito menos de preço, mas os rótulos que tenho provado têm me surpreendido, inclusive no preço onde os  brasileiros nadam de braçada. Aliás, eis aí um mistério que nunca consegui desvendar, porquê os produtores nacionais conseguem produzir tão bons espumantes de forma competitiva e empacam tanto nos vinhos tranquilos?! Pelo menos até agora ninguém me deu uma resposta minimamente plausível, quem sabe alguém se aventura?

Enfim, voltemos ao tema do post! Dos espumantes chilenos, tive a oportunidade de provar dois recentemente, um trazido pelos amigos Marcia e Marc e outro agora, advindo da degustação do WineBar promovida pela Wines of Chile, ambos curiosamente rosés. O primeiro foi tomado na companhia dos amigos, foi o Undurraga Rosé, elaborado com 100% Pinot Noir, um espumante que nos surpreendeu por sua cor intensa, estrutura e ótimo DSC02966equilíbrio, boca seca e frutada com uma perlage muito boa. Um bom espumante que tomado na companhia dos amigos ficou melhor ainda.

Agora me chega este Santa Digma Estelado Rosé da Miguel Torres Chilena que tomei em dois estágios. O primeiro enquanto preparava o almoço de domingo (um sloppy sunday), adoro cozinhar com vinho (rs), um gostoso risoto de lula e o segundo acompanhando o prato. Este já surpreende na cor, um rosado claro, brilhante e sedutor, mas a maior surpresa vem quando você olha o rótulo e vê que ele foi elaborado com a uva País. Já vi alguns produtores trabalhando com esta uva secular  que chegou ao Chile pela mão dos colonizadores espanhóis no século XVI, porém ainda são raros os vinhos de qualidade no mercado. Até pouco, era somente usada para a produção de vinhos mais rústicos e sem expressividade, baixo teor alcoólico e alta acidez. Aos poucos, os grandes produtores começam a trabalhar e a descobrir as riquezas desta uva, sendo que este espumante já por dois anos seguidos foi considerado o melhor do Chile.

DSC02968Posso dizer que sobrou nada para contar a história! Tomei quase que solo e desceu muito bem. Tanto como aperitivo refrescante enquanto preparava o rango, como acompanhando o risoto que leva um pouco de pimenta e biquinho e um leve toque de tempero de paella o que contrastou muito bem com o frescor do Estelato.  Bem seco, nariz sutil e delicado, acidez acentuada, perlage muito fina e abundante, creio que se dará bem também com crustáceos, camarões grelhados, manjubinha (lembram!) e queijos de cabra como aperitivo ou solo! Um belo e surpreendente espumante que está no mercado por volta dos R$75 mais ou menos dez. preço justo, porém já vi por R$65 e aí eu acho uma barbada.

A foto com o prato não ficou aquelas coisas, a garrafa já estava pela metade (rs), mas dá para ter uma ideia! Ainda preciso ter umas aulas com a amiga Nádia Jung, quem sabe aprendo algo sobre fotografia. De qualquer forma, creio que minhas aptidões são outras! Salute, kanimambo e um brinde rosado a uma deliciosa semana para todos.

Enquanto Uns fazem Vinhos, Outros Fazem História!

Top 50 vinhos de Portugal        Esse é o lema da Viniportugal que se confirmou no grande evento de vinhos de Portugal no Brasil este ano. Soberbos vinhos que fazem história e mostram que o atual padrão dos vinhos portugueses está parelho com o que de melhor se faz nesta nossa vinosfera e com um plus, os sabores diferentes originados numa imensidade de uvas autóctones (cerca de 250!)  e numa diversidade de terroirs ímpar considerando-se o tamanho do país, pouco maior do que Santa Catarina. Afora os grandes vinhos que tivemos a oportunidade de provar neste grandioso evento, o país está presente no Brasil com um grande número de rótulos que, a grosso modo, apresentam uma ótima relação custo x beneficio na maioria das vezes bem mais competitivos que os vinhos dos hermanos, é o famoso “mais por menos”.

        Todos os anos a Viniportugal elege um famoso e conceituado critico para fazer uma seleção de vinhos portugueses tendo esse projeto se iniciado no Reino Unido em 2004 com o jornalista especializado Richard Mayson que é hoje produtor no Alentejo. De lá para cá:

Charles Metcalfe 2005/ Tim Atkin 2006 / Simon Woods 2007 / Jamie Goode 2008 / Sarah Ahmed 2009 / Tom Cannavan 2010 / Marcelo Copello e Charles Metcalfe 2011 / Julia Harding 2012 e agora em 2013 dois projetos; um visando os Estados Unidos com Doug Frost e o outro Brasil com Dirceu Vianna Junior, Master of Wine brasileiro e único de lingua portuguesa.

       Já publiquei suas escolhas feitas em cima de algumas visitas a Portugal e uma pré-seleção de cerca de 500 vinhos, porém senti falta de algo que o Doug Frost fez e que achei bem legal, seus TOP 10 best buys! Quanto aos vinhos, difícil comentar porque na sua totalidade estamos diante de grandes vinhos porém ficou claro a grande qualidade dos vinhos brancos que a cada ano têm estado presentes em números superiores ao ano anterior. Desta feita foram 14 rótulos ou seja, quase 30%! Falemos um pouco destes que provei.

Morgado de Sta. Catherina – este conheço á tempos e é realmente um vinho marcante advindo das caves da Companhia das Quintas na região Lisboa. Cem por cento Arinto com passagem por barricas borgonhesas que se integra com perfeição á fruta e acidez típicas da casta. Cremoso e sedutor, é um vinho que me encanta !

Quinta Fonte do Ouro Encruzado – A Encruzado é a uva emblemática do Dão produzindo vinhos complexos e de boa guarda, possui menos de 300 hectares plantados em toda a região, é um vinho a se conhecer. Frescor  com boa textura e concentração, cremoso e longo final de boca. É uma uva de que gosto muito, porém não conhecia o produtor que agora está na minha alça de mira! Há que se trabalhar melhor o Dão e suas uvas por aqui em terras brasilis!

Soalheiro Alvarinho – Já falei deles tantas vezes aqui que é chover no molhado! Muito bom e vibrante vinho que encanta quem o conhece. Faz pouco tempo abri uma Magnum, delicia!

Muros de Melgaço Alvarinho – entre este e o Soalheiro, os dois melhores Alvarinhos portugueses em minha modesta opinião. Com este já faturei uma harmonização com barreado e muito recentemente o abri em uma confraria, divino! Diferentemente do Soalheiro, este tem passagem por barricas francesas sendo que somente 10% de primeiro uso e o restante de segundo que é para não se sobrepor à fruta. Ganha corpo e complexidade sem perder o frescor marcante dos vinhos verdes e, em especial, da saborosa e vibrante Alvarinho. Vinhaço.

Loureiro – aqui abro espaço para a uva, mais do que para os rótulos, mas já os comento. É uma uva típica da região do Minho porém em vez de ao norte na fronteira com a Espanha acompanhando o rio, onde reina a Alvarinho, o reinado da Loureiro fica um pouco mais abaixo acompanhando o Rio Lima de Viana de castelo a Ponte da Barca com seu epicentro em Ponte de Lima. A uva é muito usada em cortes, porém são inúmeros os bons rótulos vinificados em estreme (varietal 100%) e o Dirceu garimpou alguns desses. Royal Palmeira (este mais ao norte próximo a Monção só para mostrar que para toda a regra existem exceções! rs) da Ideal Drinks é pura sedução tanto no visual da garrafa quanto de seu conteúdo, o Muros Antigos Loureiro, de Anselmo Mendes, que há anos me acompanha e o Casa de Senra de Antonio Souza ainda sem importador no Brasil mas que, com essa qualidade, não deve tardar muito a cá chegar. Em todos; flores silvestres, forte presença cítrica, textura fina e elegante, secos, e vibrantes plenos daquela “crocância” típica da cepa. Adorável uva com vinhos a partir dos R$60 e chegando próximo aos R$150,00.

Quinta de Gomariz Grande Escolha – um corte de três uvas clássicas da região dos vinhos verdes (Minho); Alvarinho, Loureiro e Trajadura. Já está por aqui há um tempo, mas não tinha tido a prazer, que bom que isso mudou! Verão chegando e esse vinho tem que chegar junto a suas mesas, porque á minha certamente estará presente por seu imenso frescor e elegância, gostoso e rico meio de boca, boa concentração de fruta e um final que pede bis! O preço dói um pouco (entre R$100 a 110), caso contrário certamente estaria mais amiúde sobre a minha mesa.

    Há anos que falo aqui e nas colunas que escrevo, dos brancos portugueses e pouco eco tenho ouvido, porém parece que finalmente o mundo e o Brasil despertam para estes saborosos vinhos. Há diversos outros rótulos marcantes, sempre há em qualquer lista, a partir dos R$30 a perder de vista, mas vinhos como o Quinta da Mieira Rabigato, Cova da Ursa Chardonnay e outros rótulos com a uva Arinto, Antão Vaz, Maria Gomes, Gouveio (o espumante Vértice Gouveio é excelente exemplo) e Viosinho são apenas mais uma pequena mostra do que há a explorar. Aliás, estou ná busca de um patrocínio (revistas e jornais são bem vindos) para uma matéria e desafio com vinhos brancos da terrinha, se alguém estiver a fins ou souber de, sou todo ouvidos! rs

    Bem, não vou falar dos tintos hoje, afinal este post já está bem longo ( algo fora do padrão, rs) e nem comecei com eles!  Semana que vem falo deles, por enquanto kanimambo pela visita e desculpem pela falta de fotos, mas deu pau no meu celular no dia, na verdade o tuga aqui bobeou e esqueceu de carregar!! rs Bom fim de semana a todos lembrando que, “Saber Beber é Saber Viver” ! Como homenagem aos vinhos da terrinha, um vídeo com uma canção que ficou famosa na voz da Amália mas que ganha vida hoje com Mariza, fadista das boas, uma “conversa” com o Senhor Vinho.

Garimpando Vinhos Sul Americanos na Zahil

           Recentemente estive num evento em que a Zahil apresentou seu portfolio de vinhos Sul Americanos. Entre seus principais produtores, gente renomada como os chilenos Casa Marin, Clos Quebrada de Macul e Vina Aquitania assim como os argentinos Rutini e Salentein porém havia coisa nova e outros produtores menos conhecidos. Fui para buscar aqueles rótulos que conseguissem reunir as melhores relações entre Qualidade x Preço x Prazer assim como revisitar alguns já clássicos e degustar alguns rótulos altamente midiáticos mas que, no entanto, ainda não tinham passado por minha taça. Dentro o que consegui provar, alguns se destacaram acima dos outros e são estes que gostaria de compartilhar com vocês. Para aumentar o mapa clique nele ou acesse direto a Wine Folly que tem coisas geniais afora este mapa!

Wine Folly South America Wine Map

Callia (Argentina)- pertencentente ao grupo Salentein, este produtor chegou à Zahil faz pouco tempo depois de alguns anos nas mãos de outra importadora. Prima pela ótima relação custo x beneficio e gosto de destacar o Syrah/Bonarda que na faixa dos R$30/32 é quase que imbatível. Apresentou também um espumante Brut elaborado com Chardonnay/Pinot Grigio meio a meio que mesmo lhe faltando um pouco de acidez, será páreo para os espumantes nacionais na faixa das 45 pratas.

Don Abel – brasileiro também recém chegado ao portfolio da importadora tinha alguns de seus rótulos disponíveis, entre eles o ícone Rota 324 de 2005, mas o que brilhou, para mim, foi seu muito bom Gran Reserva 2005 sem passagem por madeira e engarrafado em 2007, um belo vinho corte de Merlot com Cabernet Sauvignon que recomendo conhecer e, com todas as minhas criticas à precificação dos vinhos nacionais, vale bem os pouco mais de R$50 cobrados.

Bodegas Salentein (Argentina) – um produtor que tem como marca vinhos de grande estrutura e alto teor alcoólico, traz uma nova linha de produtos, Kilka, que busca um pouco mais de fruta . Melhores, na minha opinião, a gama intermediária dos Salentein Reserva Pinot Noir e o Chardonnay, muito bons e com um preço bem condizente com a qualidade entregue, na casa dos R$78. Já na linha topo de gama; o Numina Gran Corte é um senhor vinho, complexo, denso e estruturado mas muito rico e elegante que vale, dentro de nossa realidade tupiniquin, os R$130 que pedem por ele.Uma pena que não trazem mais o espumante Portillo, era muito bom!

Flecha de Los Andes (Argentina) – Seu Gran Malbec e Gran Corte são dois potentes  e complexos vinhos que precisam de tempo para se mostrar, mas o Punta de Flechas Malbec é um gama de entrada na faixa dos cinquenta e oito Reais que tem poucos desafiantes que lhe façam frente no mercado.

Vina Aquitania (Chile)– Fazia tempo que queria conhecer os  vinhos deste produtor, especialmente o famoso e super conceituado Sol de Sol Chardonnay, um vinho cultuado como um dos melhores brancos do Chile,( preço acompanha já que custa por volta dos R$150) mas nunca tinha tido a oportunidade. Realmente é um senhor Chardonnay, muito fresco e equilibrado com a madeira muito bem colocada dando apoio sem nunca se sobrepor á fruta, realmente muito especial. O Sol de Sol Pinot também é muito bom, assim como o Lazuli Cabernet Sauvignon especialmente o 2005, mas o grande destaque para mim foi seu Aquitania Reserva Syrah com muita tipicidade e um preço bacana para o que entrega, em torno de R$60.

Bodegas  Carrau (Uruguai) – sempre consistente os Reservas Pinot e o Tannat na casa dos R$45,00 valem bem a pena para quem não conhece os vinhos desse país sedutor.

Volcanoes of Chile – o grupo busca vinhedos com solos vulcânicos, o que não é lá muito raro num país com mais de 2000 vulcões, em todo o país para produzir seus vinhos. Aprecio muito seu Tectonia Pinot Noir e o Parinacota, um corte de carignan e syrah, dois belos vinhos que variam entre os R$100 a 130,00. O Parinacota é bem marcante em função do criativo corte de uvas, tendo a oportunidade, não deixem passar.

        Enfim, esses foram os que consegui provar e mais me chamaram a atenção sem mencionar as estrelas como o Antologia XXVIII 2009 (Rutini),  Miramar Syrah 2010 e Lo Abarca Pinot afora o  Laurel Sauvignon Blanc ( todos Casa Marin) que pertencem a outra liga!

       Salute, kanimambo e no próximo post falarei dos incríveis vinhos apresentados no TOP 50 dos vinhos portugueses para o Brasil que, como já disse, foi show de bola!