Vinho em lata

Vinho em Latinha, Modismo ou Veio Para Ficar?

Um monte de colegas e amigos cronistas do mundo do vinho levantaram essa bola recentemente e aí me lembrei de que já comentei isso em 2008 (clique no link para ler). Sempre achei que poderia ser algo interessante, um projeto que pudesse atrair um público mais jovem para momentos mais descompromissados. Mais para vinhos brancos e rosés frescos, espumantes e, eventualmente, algum tinto leve. Pesquisando vi que já tem um monte de produtos no mercado e até alguns grandes players do mercado estão entrando nessa e aí me lembrei que em 2009 dei uma notícia sobre o tema que achei interessante e tratava de qualidade, algo que sempre me preocupou, “Vinho em lata, eis que me chega a notícia de que no Berlin Wine trophy 2009, com mais de 3400 vinhos de mais de 40 países, o Baroke Cabernet/Shiraz/Merlot fez história ao ganhar a primeira medalha de ouro num concurso internacional de respeito. É gente, podemos olhar de esguelha para essas latinhas, mas acho que temos que olhar com mais cuidado o seu conteúdo”. Sempre quis conferir e sem preconceitos porque acho que em cada faixa de preços se pode encontrar qualidade e vinhos palatáveis, vinhos descompromissados de preço idem, porém, como sabemos, quanto menor for a faixa mais complicado será o garimpo, mas há!

Como nos Bag-In-Box que acabaram ficando, na sua grande maioria, restrita a vinhos de baixíssima qualidade, esta talvez seja a maior dificuldade de todas, colocar nessas latinhas um vinho minimamente de qualidade com um preço que seja tão descompromissado como o projeto pretende ser. Vender uma latinha desse vinho por 16,50 a 35 Reais a latinha (3 latas = 1 gfa 750ml) como tenho visto por aí, não me parece que seja algo que vá pegar, pode virar moda numa elite em balada chique, mas será que atrairá mais seguidores à causa? Duvido, o preço não é condizente e não vai atrair um público cativo, talvez uma ou outra para prova. Sou aberto a todas as vertentes, exploro, gosto disso e está no meu DNA luso, sempre busquei falar mais de vinhos “terrenos”, buscar os vinhos que entregam uma percepção de valor superior ao preço pago e tem momento para tudo, afinal, como já dizia o poeta, tudo vale a pena quando a alma não é pequena, mas … Por uma questão de quantidade, meia garrafa ou até um quarto são boas opções e se encontram produtos de qualidade no mercado a preço convidativo.

Foto da coluna da Suzana Barelli no caderno Paladar do Estadão em 21/02/20

Há uns dois anos provei os vinhos da Baroke, finalmente, e sinceramente não me entusiasmei a falar deles não. Verifiquei inclusive que havia problemas de envelhecimento precoce e espero que as latinhas venham com data de validade, pois diferentemente das garrafas seu tempo de maturação é outro e parece que possuem um shelf time bem menor. Para quem importa volumes maiores e o produto não escoe como previsto, certamente um possível problema a encarar a não ser que se jogue no colo do consumidor!

Certamente não seria algo que eu compraria, mas cada um é cada um, preferiria uma prática garrafa de rosca, um vinho (tranquilo ou espumante) de 60 pratas e um copo de plástico, coisa que já fiz e voltaria a fazer numa boa dependendo da circunstância, talvez até uma boa cerveja artesanal nessa faixa de preço a um vinho fraquinho. Sem preconceito algum a questão é outra, critério de qualidade independentemente do invólucro. Se tomaria? Lógico que sim e dependendo da situação, porém não gastaria meu suado dinheiro nisso, como disse, teria outras alternativas.

Tiro o chapéu para os empreendedores e inovadores de tudo o que é setor da economia, torço para que dê certo, mas não sou tão otimista assim, o tempo dirá como o consumidor brasileiro aceitará essa inovação a esses preços. Isso sou eu, pois, como já disse anteriormente, cada um é cada um e que seja feliz como melhor lhe prouver, sem frescuras! Saúde e Kanimambo pela visita.

Vinho Fino na Latinha?!

É fácil ser preconceituoso e rechaçar novidades, mas a pergunta persiste, vinho fino na latinha? Você compraria? Creio que sei a resposta da maioria, já que somente agora o vinho na caixinha começa a quebrar barreiras e paradigmas, porém de forma ainda muito lenta, apesar da tendência de crescimento. Obvio que se trata de vinhos para o dia-a-dia, ligeiros, para serem tomados jovens até uns três ou quatro anos imagino, mas o fato é de que sim, já existe vinho fino em latinhas, um projeto que somente poderia ter sido desenvolvido num país inovador e especialista em marketing do vinho, a Austrália.

Já chegou à Europa, sei que em Portugal foi lançado no meio do ano, e após o primeiro impacto, vem crescendo a uma taxa de cerca de 20% ao mês. No total, já estão presentes em mais de 30 países e logo, logo devem desembarcar por aqui para mexer com as estruturas e sacudir o “establishment” do vinho! Poderia se pensar em mais uma aventura, mas os números e investimento indicam que este é realmente um projeto muito sério, bem elaborado e pensado pela Baroke, a detentora da tecnologia e a primeira a “enlatar” seus vinhos. Primeiramente se desenvolveu uma latinha especial com tecnologia patenteada (Vinsafe) que aplica um revestimento invisível na parte interna da lata, evitando quaisquer contato do vinho com o alumínio. Evita a oxidação, facilita a estocagem e transporte, a dose é “mais” individual, refresca mais rapidamente e mantém a temperatura por mais tempo, é inquebravel e facilmente reciclável. Para garantir a qualidade do vinho contrataram um dos somente 250 “masters of wine” existentes no mercado mundial, o Sr. Peter Scudamore-Smith, que especifica e orienta a produção de vinhos Premium Baroke na região de South Austrália.

É vero e já está emplacando legal em diversos países do mundo como Canadá, Austrália, Japão, Holanda, Espanha, Hong Kong, Singapura, Dinamarca, Bégica, e Portugal entre outros. Grandes redes de hotéis já estão comprando, linha aéreas, gente a coisa é para valer. Nunca provei, mas quem sabe alguém que esteja por Portugal, ou já tenha provado, pode nos trazer umas latinhas ou publicar suas experiências aqui no blog comentando sua avaliação? Por outro lado, vi que esse produto já está disponível em alguns países vizinhos como Uruguai e Argentina, alguém se habilita a nos trazer umas latas? Eis alguns pontos de venda do produto; na Argentina no Buquebus, Marriott Plaza Hotel em Buenos Aires, Faena Experience em Buenos Aires, Pizza Cero na Argentina e Uruguai assim como em alguns lugares na Patagônia. Vou encomendar!

Sem querer fazer propaganda de algo que não conheço, apesar de já estar, na verdade tudo isto aguçou demais a minha curiosidade. Vi que em diversos concursos internacionais competindo com vinhos tradicionais em garrafas, se saiu muito bem recebendo diversas premiações, ou seja, ruim certamente não é, o que se perde mesmo é o encanto. Agora, é para um publico mais jovem, para momentos mais amenos e tudo ajuda na divulgação e popularização do consumo do vinho quebrando os ranços elitistas do produto, o que acho muito interessante, atuando como uma porta de entrada em nossa vinosfera. De vinhos varietais e blends, brancos, roses, tintos, enfim uma série de rótulos bastante interessantes  num estilo diferente e denominado pela Baroke como RTDW (ready to drink wine) ou seja, um vinho pronto a beber. Até espumante tem! Gente, quero provar!

É isso por hoje, quem conhecer, por favor comente. Salute e kanimambo.