Dicas da Semana

       Afora a óbvia recomendação de ignorar os vinhos dos grandes conglomerados que compõem o poderoso oligopólio dos produtores de vinho nacional e seus testas de ferro; Ibravin, Uvibra e Cia., tenho duas dicas imperdíveis. Uma para a próxima semana e outra para semana seguinte que vai ser quentíssima, a semana do ano para nossa vinosfera tupiniquim !

1 – Degustação de Tops da Toscana na Vino & Sapore no próximo dia 19 de abril às 20 horas. Metade do Brasil anda pela Toscana então decidimos também dar uma passada por lá, só que virtualmente,  e fazer um evento especial com comida, já que o de harmonização de Vinho & Bacalhau foi um retumbante sucesso esgotado em poucos dias e nem deu chance de o promover aqui no blog. Esperamos repetir esse mesmo sucesso com Grandes Vinhos da Toscana  até R$200 e ao final, serviremos para o desafio de harmonização, um prato de Polenta com Ragu de Ossobuco elaborado pelo Ney, leia-se Restaurante Pátio Viana, uma das sete maravilhas da Granja Viana e um lugar que faz parte integrante da boa gastronomia local. Uma visita ao local, vale a pena e sou cliente/amigo há mais de 20 anos!

    Eis os vinhos que escolhi para servir neste evento. Uns rótulos mais conhecidos que outros, porém todos bem marcantes com personalidade própria mostrando toda a tipicidade de suas sub-regiões:

  • Da Vinci Chianti Riserva 2006 (W&W Wines), um vinho rico de aromas e boca, de ótima tipicidade e de um grande ano.
  • Badia & Passignano Chianti Classico Riserva 2006 (Winebrands), um vinho que é pura elegância, taninos finos e uma paleta olfativa impressionante. 
  • Villa de Capezana da região de Carmignano 2006 (Mistral). Uma das mais antigas DOC da Toscana porém ainda desconhecida da maioria.  Vinho fino, complexo e sedoso no palato.
  • A Sirio 2004 (Zahil) um supertoscano de grande prestigio com oito anos de vida, deve estar no ponto! 
  • Le Difese 2009 (Ravin), mais um supertoscano da abençoada região de Bolgheri, o terceiro vinho do famoso Sassicaia e ainda uma criança que necessitará de alguma aeração antes de ser servido.
  • Caprili Rosso di Montalcino 2008 (Decanter), na falta de um bom Brunello (preços fora da faixa estipulada), um rosso que mostra toda a estrutura inerente aos vinhos desta região.

   Para animar um pouco mais o encontro, desta feita vamos tomar os vinhos ás cegas escolhendo o melhor vinho (degustação) e o que melhor harmoniza com o prato.  Os ganhadores de Melhor Vinho da Noite e Melhor Harmonização, serão apurados enquanto preparamos a sobremesa;  uma taça de Leonardo Vin Santo (W&W Wines) com Torradas Elisé (amêndoas) de Roberto Strongoli.

    As vagas são limitadas a 14 participantes e destes já só sobraram quatro, então se tiver interesse não hesite, ligue djá! O evento se dará na Vino & Sapore (Granja Viana) a partir das 20:00 com com inicio dos “trabalhos” impreterivelmente ás 20:30, como de praxe. O investimento será de R$150,00 com 10% de desconto no caso de duas pessoas ou mais, pagos no ato da reserva.

2 – Encontro de Vinhos Off no dia 23/04 – Você conhece? Não!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Bem, então está na hora e eu recomendo. Não só recomendo como estarei por lá. Com mais de 30 expositores dentre importadores e produtores, o Encontro de Vinhos OFF chega em sua terceira edição anual com toda a força e sempre com aquele jeito descompromissado, simpático e gostoso que caracteriza os eventos promovidos pelos amigos Daniel e Beto.

        O conceito utilizado é o mesmo que ocorre nos eventos como a VinExpo Bordeaux, Vinitaly e outros, que têm também a sua feira OFF acontecendo em paralelo. Como de costume, o Encontro de Vinhos OFF acontece um dia antes do início da ExpoVinis e traz produtores e importadores com novidades em seus portfólios e até vinhos inéditos no mercado.

        Repetindo o sucesso do ano passado, o evento acontecerá novamente no charmoso espaço “Pomar” da Pizzaria Bendita Hora de Perdizes. Decorado com madeira de demolição, o lugar possui mais de 1.000m2 com áreas abertas e cobertas, sempre rodeadas de muito verde. Um ambiente perfeito para a apresentação dos vinhos, que esse ano passará por uma reforma para melhorar a iluminação e a ambientação. E para acompanhar, os participantes poderão degustar algumas pizzas da Bendita Hora, já bastante conhecidas e premiadas.

     Na vino & Sapore teremos ingressos á venda, então passe lá, tome uma taça conosco e garanta sua taça neste gostoso Encontro de Vinhos  e Gente boa! Só uma ressalva, existem estandes lá que podem e devem ser ignorados, ok?

Salvaguardas – Reações e Comentários

         O amigo Antonio me enviou comentário com uma ótima sugestão. Já fiz um post sobre a as Salvaguardas e as reações a ele, porém o Brasil é enorme e existe muita coisa regional sendo escrita que não chega, necessariamente, ao grande publico e à nossa vinosfera. Então, se você tiver lido algo que ache interessante, compartilhe conosco o link que prometo publicá-lo aqui.  Para começar veja alguns que já recebi e talvez você ainda não tenha visto:

1 – Mário Geisse

http://www.youtube.com/watch?v=_rDHnu2FQ1I

2 – Entrevista do Ciro Lilla ao Salomão Schvartzman na BandNews TV.

http://bandnewstv.band.com.br/colunistas/coluna.asp?idc=111&idn=584561&tt=salomao-schvartzman&tc=entrevista-com-ciro-lilla            

3 – Sergio Inglez, profundo conhecedor da vitivinicultura brasileira, entrevistado pelo Didu.

http://www.youtube.com/watch?v=0sMBGQGgFS4&feature=player_embedded#

4 – Antonio Frizzo no Jornal Semanario de Bento Gonçalves que expôs dados muito preocupantes tanto para as próprias vinícolas quanto para os agricultores da Serra Gaúcha está no site do jornal na pág 04 da Edição de 07/04 sob o titulo – Há Muito a Esclarecer > http://www.jornalsemanario.com.br/pagina-212-Edicao_Impressa.fire  .

         Para não ficar só com textos e imagens de terceiros, que valem muito a pena ser vistos em função do peso que carregam no setor, aproveitei e pincei uma frase contida na circular do Secex sobre o tema de Salvaguardas em estudo e que acho que mostra bem o que o oligopólio de grandes produtores está pretendendo. “os peticionários propuseram o compromisso de ajuste que segue a titulo de : Reestruturação competitiva do segmento produtor de vinhos finos brasileiros.” Entre um monte de projetos propostos de custos milionários que ninguém diz quem  e como será paga essa conta, existe um trecho que acho que elucidam bem o projeto hora em andamento. – “Em outro contexto, mas com o mesmo espírito e determinação em promover ajustes e correções que dêem maior competitividade ao setor vitivinícola, registra-se que este setor vem lutando para melhorar sua competitividade frente ao produto importado, através de aquisições, fusões e incorporações.” Das duas uma; ou transformam nossa vitivinicultura numa enorme cooperativa ou adivinha quem tem o capital (face anúncios que eles mesmo publicaram em seus sites e imprensa) para fazer as aquisições sugeridas? E a cultura, a história, o terroir, a tradição e inovação dos pequenos produtores que fazem a diversidade de nossa vinosfera, o que acontece com eles?

     Vai ficar parado achando que nada pode fazer para alterar o status-quo e depois chorar o leite derramado? Pelo menos tente, assine a petição e peça aos seus amigos para o fazer. Vamos de preto (pode ser também braçadeira ou fita preta no peito) visitar a Expovinis e o Encontro de Vinhos Off? Vamos ignorar os estandes dos tubarões, eventos e degustações que eles e essas entidades (Ibravin/Uvibra, etc) promovam? Vamos em peso prestigiar aqueles produtores que se manifestaram contrários ás salvaguardas? Você como consumidor tem sim força, exerça seus direitos!

Salute e kanimambo

VinoPiada da Semana

Para quem ainda não participou, ainda receberei VinoPiadas (acesse o link abaixo com instruções) até ao final de Abril e aí em Maio votaremos nos ganhadores. Como premio ao ganhador do concurso, um KIT enogastronomico que enviarei pelo correio para qualquer lugar do Brasil, premio este que já descrevi no post de 29/02 , mas aqui publico a foto na qual o Cava Palau será trocado pelo Grand Cuvée Mont Marçal, um belo upgrade!

Hoje seguem duas:

1 – De Alexandre M.

Numa pequena cidade do interior o padre recebe a visita de um vigário de uma outra paróquia. Após um farto almoço, começam a conversar.
– As coisas por aqui não parecem ser muito agitadas – comenta o padre visitante.
– Você tem toda a razão, meu caro! A vida aqui é muito monótona, rosário, vinho, rosário, vinho… assim a gente vai levando!
Faz uma pequena pausa e logo dá um berro em direção à cozinha:
– Rosário! Traz mais vinho

 

2 – De José Filipe N. (Piada ou fato?)

        Teria uma Terceira só que seria covardia colocá-la aqui. É sobre um país em que diversas grandes empresas publicam ótimos resultados financeiros em seus sites, mas que mesmo assim pedem através de laranjas que entrem com um processo de salvaguardas para proteger seus pobres negócios da concorrência de produtos importados já sobre taxadas das mais diversas formas. Nesse mesmo país, seu dignatário maior se diz contrária a protecionismo porém pede agilização na análise dessa e de outras salvaguardas em processo de avaliação!! Parece que os pelegos e os coronéis não se largam mesmo, seria cômico se não fosse trágico!

Salute e kanimambo. Amanhã tem mais!

Salvaguardas – Boicote, um mal Necessário e um Direito do Consumidor

         Enquanto preparo uma matéria sobre mais algumas do arsenal de besteirol que a Ibravin vem destilando ao longo da última semana, num verdadeiro processo de tentativa de desvirtuar a verdade e, literalmente, enrolar o consumidor mais desligado ou menos antenado com o a excrecência que eles defendem em pról de um pequeno e rico oligopólio, quero falar um pouco desse tal de BOICOTE. Ação extrema provocada pela Ibravin e Cia que vieram não para dialogar, mas para semear a discórdia no setor e seu tour por Rio de Janeiro e São Paulo mostrou exatamente isso, um monólogo furado de cartilha pronta que não convenceu ninguém. Não vieram dialogar, vieram sentir a temperatura e, surpresa, está quente uma barbaridade tchê!

        Boicote para mim é fazer com eles aquilo que eles querem fazer conosco, nos ignorar. Como acredito no dente por dente, olho por olho, vamos dar o troco na mesma moeda e ignorá-los? Sim, passemos por eles na Expovinis e Encontro de Vinhos Off e ignoremo-los. Já pensaram que bonito, eles gastarem aquele monte de grana para montar seus estandes e eles ficarem às moscas? Bem, ás moscas não ficarão, já que tem sempre alguém disposto a tomar vinho de graça e podem encher o espaço com funcionários para não fazer feio, porém se receberem somente 10% dos visitantes que esperam, seria um troco legal, não?

        Outra, ao passar pelas prateleiras de lojas e supermercados, que tal mudar de lado? Nas cartas dos restaurantes que tenham esses vinhos, vamos virar a página? Dar-lhes o troco onde eles mais sintam me parece a esta altura dos acontecimentos, um ato de legitima defesa contra quem insiste no embate de cima de sua soberba e profunda arrogância achando que somos indefesos e um bando de idiotas.

        A grosso modo sou absolutamente contrário ao ato de boicotar a todos de forma genérica. Por principio não comungo com a generalização e há que se separar o joio do trigo. Colocar todo mundo no mesmo saco é contrário à minha visão do mundo e é uma forma simplista de reação que pode gerar mais injustiças do que gerar benefícios á causa o que, aliás, é comum em terras brasilis. É como colocar no mesmo saco o cara que toma duas taças de vinho ao jantar, com o pinguço do boteco que coleciona garrafas vazias sobre a mesa e depois sai dirigindo no trânsito de forma irresponsável! Óbvio, que cada um é livre para se manifestar e agir como sua consciência ditar e devemos respeitar, porém eu sou a favor de ações claras. Sendo assim estarei ignorando vinhos da Miolo, da Aurora, da Don Giovanni, da Dal Pizzol e da Perini especificamente. Nesse bolo também colocarei empresas que optaram por não se manifestar, o que em meu entender, significa que estão coniventes com o processo. Casos de; Valduga, Domno, Pizatto, Lidio Carraro, Don Laurindo, Marco Luigi, Boscato e Cave Marson entre outros. Faça você sua própria lista, mas destes eu; não provo, não comento, não recomendo, não compro e não vendo.

        Só para que fique claro o conceito legal de boicote por razões comerciais, é uma arma constitucional que o consumidor possui para se defender daquilo que acredita ser ação condenatória por parte de alguém ou empresa, especialmente quando esta é imposta de forma truculenta sem um debate prévio, no popular; contra aqueles que queiram nos forçar algo goela abaixo! Nesta caso específico, reitero, sou contra o boicote indiscriminado ao vinho nacional, porém sou um fervoroso adepto do boicote a empresas produtoras especificas que apoiam o pedido de Salvaguardas ou se escondem por trás da Ibravin que leva a fama e serve de escudo.

       Tem gente que condena o ato de boicote, mas eu deixo aqui uma pergunta no ar, o que eles sugerem como opção, já que o diálogo inexiste e o embate foi claramente a estratégia escolhida? Não basta criticar, sugira algo com a mesma capacidade de efeito!  Tem gente demais em cima do muro, de um lado e de outro, tem gente que até parece que está em outro planeta e que nada está acontecendo em nossa vinosfera tupiniquim, então está na hora de cada um mostrar sua cara! Boicote já, do jeito que cada um puder, essa é minha resposta à truculência do oligopólio e seus testas de ferro.

      Por hoje é só, mas afora o boicote nas feiras, que tal circular com uma tarja preta no braço em sinal de luto pelo que estão querendo fazer com o setor?  Como diziam; Cazuza, “Brasil mostra a sua cara” e Vandré “Quem sabe faz a hora não espera acontecer” e a hora é esta!

      Salute, kanimambo e amanhã tem VinoPiadas porém na Quinta seguirei em minha cruzada pela retirada do pedido de Salvaguardas e um verdadeiro diálogo construtivo no setor.

Páscoa Com Martúe e Espino Chardonnay Sem Salvaguardas, ufa!

       Para não me irritar, nesta Páscoa tentei nem pensar, nem ler, nem escrever nada sobre essa excrecência chamada Salvaguardas. Tentei me dedicar ao trabalho, aos amigos (obrigado pela visita Albert e espero que o Bacalhau tenha ficado bom) e especialmente à família. Tem algo mais maravilhoso que ver o neto se esbaldar com seu primeiro ovo de páscoa!!

         Esta sim é a melhor harmonização da Páscoa, felicidade entre a família e as gargalhadas desse moleque. Agora, não é por isso que devemos negligenciar os sentidos e necessidades mais básicas! Na Sexta-feira Santa, até as 13:30 não sabia o que fazer para o almoço já que eu e minha esposa estávamos sós. Ao fecharmos a loja, após breve abertura quando alguns amigos deram o ar de sua graça, passamos no supermercado e lá me encantei com uns camarões que insistiam em piscar para mim. Cerca de 15 horas e já estávamos nos deliciando com Camarão à Charlston (que na verdade deveria ser com bavette ou fetuccine) acompanhado deste coringa que é o gostoso Espino Grand Cuvée Chardonnay que a William Févre produz no Chile (Imp. Dominio Cassis) e que tem poucos concorrentes à altura nessa faixa de preço. Combinação da hora!

      Depois passo a receita, mas é super simples e a base é de limão siciliano, mas eu coloquei um algo mais que deu um toque especial e só fez os sabores extrapolarem. Bom demais e Domingo com a família toda, esta paleta de cordeiro na brasa com um delicioso e surpreendente Martuè, (Imp. Almeria) vinho que conheci ontem pela primeira vez, um espanhol de Pago na região de Toledo próximo a Madrid. Precisava saber se passava no crivo para entrar no portfolio da loja e o fez com louvor, baita vinho que fez uma “maridage” perfeita e maravilhosa com o Cordeiro. Caiu o queixo, mas da garrafa não sobrou gota para contar a história!!

          Depois de uma Páscoa tão bem harmonizada – Prato, Vinho, Familia – falar mais o quê? Só assistir a tempestade de granizo e secar o estrago!!!!!!!!!!

         Salute , kanimambo e para dizer que não falei das Salvaguardas, que tal Coca-cola Fermentada do Rio Grande do Sul? Leia aqui > http://clubedaenogastronomia.blogspot.com.br/2012/04/vem-ai-coca-cola-de-uva-fermentada.html?spref=fb . Amanhã tem mais, uma ótima semana para todos.

Última Hora – Dicas de Bacalhau & Vinho Para sua Páscoa

        Todos os anos costumo montar degustações harmonizadas de Vinho & Bacalhau para testar algumas “maridages”. Já escrevi bastante sobre o tema que você pode pesquisar aqui mesmo no blog. Desta feita me uni ao restaurante A Quinta do Bacalhau e montei uma degustação que foi, para ser modesto (rs), divina! Tanto pela comida, como pelos vinhos e, especialmente, pelas pessoas presentes! Mas vamos aos finalmente.

Punheta de bacalhauMuros Antigos Loureiro com sua ótima acidez fez uma parceria estupenda com o prato. Outros vinhos verdes certamente também se darão bem, mas este Loureiro é realmente muito bom.

Bacalhau à Brás – selecionei dois vinhos brancos para que os presentes pudessem provar e eleger o que melhor harmonizaria com o bacalhau. O português Casa Ferreirinha Vinha Grande Branco, um vinho delicioso e muito bem feito, que não aguentou o Bacalhau. Certamente um vinho que se dará melhor com frutos do mar e um peixe grelhado, tipo uma truta com amêndoas. O segundo Vinho de maior peso e com uma madeira muito bem colocada, foi o surpreendente Espino Grand Cuvée Chardonnay produzido no Chile pelo produtor William Févre um produtor de Chablis. Muita elegância, bom corpo, rico e de bom frescor casou certinho com o prato e o preço também é um plus, pois gira em torno dos R$60,00.

Bacalhau à Lagareiro com brócoli e batatas ao murro com muito azeite – Para este prato selecionei dois tintos, um português e um espanhol. O Finca Nueva Crianza é um Rioja com a tipicidade da região em que a madeira está bem presente. Foi bem, houve gente que o preferiu, porém faltou-lhe harmonia com o prato. O vinho em si é muito saboroso, porém o Dois Vales da região do Douro, casou á perfeição. Mostrou um corpo mais em linha com o prato e seus sabores se mesclaram melhor ressaltando o conjunto de forma harmoniosa e muito saborosa. Mais uma vez o preço também é um plus, pois não chega a R$70,00 e é daqueles vinhos que entrega bem mais do que se paga.

Sobremesa, Pastéis de BelémJockey Club Porto Tawny Reserva, uma companhia e tanto para doces conventuais portugueses á base de ovos, natas, amêndoas, colombas pascale,  do que melhor tem no mercado.

 

       A escolha é sua, acima só mais algumas experiências que quis compartilhar com você que está sempre em busca de algo novo. A harmonização é uma coisa de difícil acerto pois cada um tem seu palato e suas preferências, porém o peso do prato e do vinho é sempre um importante fator a ser considerado, mas o importante mesmo é que se seja feliz. Bons pratos, bons vinhos e boa companhia são uma receita de felicidade difícil de bater a não ser por alguns momentos memoráveis de cunho familiar como nascimento de um filho, seu casamento, os netos, etc. Aproveite cada momento, pois sobre esses você tem escolha!

Salute, kanimambo e aproveitem o feriado. Eu ainda vou tentar ganhar uns trocados a mais com os atrasadinhos de plantão, abrindo a loja na Sexta das 10:30 às 13:00, Inshala!

Salvaguardas – Respeitem Nossa Inteligência por Favor!!!

          Hoje ia publicar um outro post sobre este tema de Salvaguardas que nos anda angustiando, porém fui pego de surpresa por mais uma nota divulgada pela Ibravin em seu site. Não tiveram a gentileza de a circular entre os blogueiros e membros da imprensa, talvez a uma meia dúzia sei lá, porém amigos recebem de amigos e por aí vai, essa é a onda incontrolável das redes sociais. De qualquer forma não a recebi oficialmente, mas chegou a mim e me surpreendi com tanta cara de pau, para ser educado e não falar o que realmente penso pois a educação recebida não me permite. Ainda vou postar esta verdadeira “cartilha” que eles publicaram, porque mesmo com opinião claramente contrária a todo este desatino este blog é democrático e visa informar, porém exercerei meu direito de comentar cada um dos pontos por eles expostos.  Como quero evitar erros e certo de que irritado poderei cometer injustiças ou exageros, deixo para esta Segunda, vamos descansar na Páscoa, essa publicação com uma análise ponto a ponto, mas se você quiser ler a cartilha, passe no blog do Daniel que a publicou na íntegra e o Didu já a comentou.

        Ao ler o texto, fui me lembrando de um amigo que, brincando, um dia me disse;  “estatísticas são a arte de torturar números até que o resultado seja o que você projetou”!  Por outro lado, já diz o ditado que “papel (rede) aceita qualquer coisa”  me trazendo á mente um mantra de Goebbels; “uma mentira dita mil vezes ganha status de verdade” e, por último porém mais importante, me lembrei do amigo Guilherme Mair que acertou em cheio em seu texto sobre as salvaguardas escrito há dias em seu blog:.” por mais que não se queira assumir a paternidade desse “filho feio”, a verdade é que o pedido de salvaguarda pode, sim, resultar num incremento de impostos. Tal fato decorre da própria natureza do procedimento que foi instaurado a pedido dessas entidades. Dizer, agora, que não pediram aumento de impostos soa tão verdadeiro quanto dizer que aquele que acende um pavio de uma bomba não é responsável caso ela exploda, pois o que vai detonar a pólvora (e causar a explosão) é o pavio e não quem o acendeu

       Eu tenho para mim que a Ibravin e Cia. subestimam nossa inteligência e nos têm por idiotas. Surprise,  não somos! Respeitem nossa inteligência por favor!!! 

Salute e kanimambo. Ótima Páscoa para todos e vos vejo por aqui na Segunda, ou antes na Vino & Sapore.

Salvaguardas – Frases Pinçadas

        Nesta enorme tempestade em que se tornou a discussão sobre o pedido de Salvaguardas por meia dúzia de “iluminados”, algumas frases em sites e comentários nos mais diversos blogs e mídias sociais me chamaram a atenção. Aliás, toda essa zorra teve uma coisa boa, mostrou à nossa vinosfera quem é quem neste mundinho e jogou luz sobre a falta de um plano “construtivo” e democrático para a nossa vitivinicultura. As entidades que pseudo representam os produtores deveriam ter seu papel revisto com a busca de um novo padrão de representatividade que equilibre os interesses e necessidades tão díspares entre pequenos e grandes. Para começar, pesos iguais nas decisões estratégias de Ibravins e Uvibras da vida e uma maior abrangência das regiões produtoras. Nesta batalha, só ouvimos Rio Grande do Sul, cadê o resto?!!

Vamos ás frases pinçadas aqui e acolá:

Alejandro Maglione jornalista argentino – .Nuestros vinos son lo que son porque en los ’90 la libertad de importación absoluta nos permitió saber lo que eran los grandes vinos… que no eran los nuestros. Hoy, Argentina que exportaba 5 millones de dólares por año, exporta un billón. Hace falta hablar más de las ventajas de permitir la libre importación?”

Didu Russo – “Eu acho que está na hora de TODAS as vinícolas que são contrárias às Salvaguardas se pronunciarem. Seria importante ter uma relação delas e divulgar isso. Afinal as entidades IBRAVIN, UVIBRA, FECOVINHO e SINDIVINHO estão representando quem?”

Henrique B. Larroudé  – “Essas “salvaguardas” me lembram a reserva de mercado para a informática da década de 80. O Brasil ficou atrasado 20 anos, o mundo ria da nossa burrice.”

Guilherme Lopes Mair em seu blog” por mais que não se queira assumir a paternidade desse “filho feio”, a verdade é que o pedido de salvaguarda pode, sim, resultar num incremento de impostos. Tal fato decorre da própria natureza do procedimento que foi instaurado a pedido dessas entidades. Dizer, agora, que não pediram aumento de impostos soa tão verdadeiro quanto dizer que aquele que acende um pavio de uma bomba não é responsável caso ela exploda, pois o que vai detonar a pólvora (e causar a explosão) é o pavio e não quem o acendeu”

Flavio Pizzato -” Cambio sobre-valorizado (ou Real Irreal inflado por juros altos que atraem coletores de juros – ou a pseudo-riqueza de uma nação movida a consumo sem lastro).”

Marco Daniele – “O consumidor deve ser conquistado com qualidade, e não com decretos.”

François Sportiello – “As medidas preconizadas para o setor, pela Ibravin, Uvibra e agregados, na petição de salvaguardas : aumento dos rendimentos, plantações novas de clones mais produtivos, mecanização etc … podem ser adequadas para produzir soja ou batatas, mais quando se trato de vinho, é a receita ideal para encalhar com mais alguns milhões de litros de bebidas intragáveis.”

Ulf Karlholm “Tudo que está escrito na apresentação de salvaguarda (Carta Circular da Secex) é em torno de vinho de volume e ganhos com escala para ser mais competitivo. Os vinhos que competem nesse segmento são especialmente provenientes da Argentina, Chile, Uruguai  e Itália (com Lambrusco). Esses são vinhos vendidos em um segmento que em outros paises é chamado ‘off trade’ supermercados, vinhos em volumes na luta de preços baixos. O que vai acontecer é que Argentina e Uruguai vão continuar sendo os grandes fornecedores (dentro do Mercosul e sem cotas) de vinhos baratos junto com as novas mega empresas nacionais. A salvaguarda não vai proteger o pequeno produtor contra isso.

Álvaro Escher“Falso igualmente, porque fere a própria essência do sistema capitalista –do qual eles são os pétreos defensores- ao inibir a entrada dos pequenos produtores europeus, símbolos da manutenção da tradição e da qualidade e mestres em sublimar as idiossincrasias. Submetendo o setor a uma perigosa comodidade e impondo-o a flertar com o mau gosto, situação que pode gerar um contexto ainda mais negativo com essa inibição forçada da concorrência salutar. Ou será que o regime econômico capitalista não é mais o que está em vigor, substituído pelo MMA (Melhor MesmoAniquilar)?”

Guilherme Rodrigues na Revista Gosto “Notem que as duas indústrias vinícolas mais prósperas e bem sucedidas dentre os países do Novo Mundo, que floresceram a partir dos anos 1970, são a dos Estados Unidos e da Austrália – onde sempre se comprou vinho importado mais barato do que na própria origem!”

Arthur Azevedo em comunicado da ABS-SP: “Toda a boa vontade com o produto brasileiro pode ser transformada em rejeição sumária do produto, como represália aos produtores brasileiros. E aí, os inocentes podem pagar pelo que não fizeram, pois como transparece nos comunicados recém divulgados, nem todos estão de acordo com o que, pelo menos aparentemente, seria uma reivindicação de todo o setor. O mercado ainda aguarda um posicionamento claro das principais vinícolas brasileiras sobre o assunto. Está faltando transparência ao processo.”

Jonathan Nossiter na revista GQ Sabor“A realidade é que os impostos são ultrajantes sobre vinhos importados e também sobre a produção nacional em que o produtor, inédito mundialmente, paga 53% de impostos sobre seus vinhos. Então, obviamente, a solução para estimular a produção e consumo nacional é cortar drasticamente os impostos sobre TODOS os vinhos”.

Ciro Lila “Incrível: cotas de importação para proteger ainda mais um setor, o de vinhos finos nacionais, que cresceu cerca de 7% em 2011 — ou seja, nada menos do que quase o triplo do crescimento do PIB brasileiro!

Miolo Wine Group – extraído do site da empresa: “líder no mercado nacional de vinhos finos entre as vinícolas brasileiras com cerca de 40% de market share, R$95 milhões de  faturamento em 2009 (32% acima de 2008) e R$120 milhões de investimento nos últimos dez anos” – “Todas as linhas têm mantido um crescimento constante. Nosso objetivo é fortalecer cada marca e aumentar a participação de mercado”, explica o diretor comercial Alexandre Miolo. A empresa projeta, para 2011, crescimento 30% nas vendas do produto no mercado interno.”

Raul Sudré Filho – “A Perini cresceu 23% (vinte e tres!) % em 2011 e planeja crescer 30% em 2012, com investimentos de R$ 10 milhões… Não é de dar pena ?!”

Cristiano Orlandi em seu blog  – “Só fico aqui pensando, com a seriedade que espero que o governo e a SECEX tenham, se não for pedir muito… Por que devemos ter uma Salvaguarda numa indústria que tem números tão modestos em termos de economia nacional? Correndo ainda o risco de retaliação sobre produtos que tem importância muito maior para a economia brasileira? “

Albert Caballe Marinon – Reação muito bem bolada e que pode ajudar se for massivamente usada pelo consumidor; ” Enviei e-mails a várias vinícolas através de seus sites colocando-me contrariamente iniciativa e pedindo que revejam suas posições, sob pena de boicote de minha parte aos produtos da referida vinícola”.

           Subscreva a petição contra as salvaguardas, envie seu e-mail de desagravo às vinícolas, basta entrar no site deles, que compactuam com essa excrecência chamada Salvaguarda e faça sua voz ser ouvida por quem de direito. O cenário me parece bastante claro; a Ibravin e Cia apostam no poderoso lobby que possuem e no seu/nosso esquecimento. NÃO ESQUEÇA, mantenha acesa a chama, a luta continua. Ainda esta semana, mais deste inesgotável tema que insiste em pairar sobre nossas cabeças como uma nuvem negra prometendo chuvas e trovoadas. Salute e kanimambo!

Salvaguardas – Com a Palavra os Produtores III e Resumo

         Nesta semana voltarei a falar um pouco de vinho e na Quarta o concurso de VinoPiadas (mande a sua!) retorna, porém não vou descansar não porque ainda tem muito a ser dito e avaliado naquela circular da Secex e, certamente, os autores da solicitação dessa excrecência chamada Salvaguardas ainda nos darão um monte de razões para seguir fazendo barulho! Aliás tem muita gente boa tentando colocar panos quentes, buscando o diálogo na busca do entendimento para este imbroglio, atitude louvável mas que me faz pensar muito num bordão eternizado por Kate Lyra, que os mais antigos lembrarão, ” brasileiro é tão bonzinho!” .

          Quem sempre procurou o embate, inclusive confessando que não procurou a Câmara Setorial para uma conversa prévia por questão de estratégia, foram os autores do pedido de salvaguardas! Após isso, tiveram inúmeras oportunidades de reformular posição, porém tudo o que fazem até agora é reiterar posição e querer explicar o inexplicável. Com esta estratégia adotada, como dialogar? Com a faca no gogó?! Não, não temos opção, temos que seguir botando a boca no trombone, tentar desestruturar tecnica e judicialmente o caso junto ao Secex e mostrar que o consumidor está alerta e não leva mais desaforo para casa, usando as armas que nos são de direito!

         Este é meu terceiro post abrindo espaço para os produtores darem sua opinião, a favor ou contra, mas lamentavelmente não obtive tanto apoio como esperava. Contatei mais de 20 vinícolas, porém poucas voltaram com seu posicionamento, boa parte por preocupação com eventuais represália, penso eu. De qualquer forma, algumas mais acabaram chegando então, vejam o que pensam alguns de nossos produtores sobre essa excrecência das salvaguardas que, ainda por cima, atingem o alvo errado! Sim, porque Argentina e muito provavelmente Chile, que dominam 60% das importações de vinho, quiçá 80% dos vinhos baratos (abaixo de R$20), e são o verdadeiro calcanhar de Aquiles do setor produtivo nacional, esses não serão atingidos. Por outro lado, isso também não interessa, na verdade o que queremos é que ninguém seja afetado e que se monte uma agenda positiva do Setor como um todo, um projeto a ser construído por todas as entidades na Câmara Setorial do Ministério, a mesma que a Ibravim, Uvibra e Cia. quiseram evitar.  Muitas destas opiniões você já deve ter visto na rede, mas não custa repetir.

1 – Dom Abel

Boa tarde caro João Filipe,

Como sócio-diretor da Vinícola Don Abel, minha posição é clara. A mim me interessa muito mais a redução de impostos ao consumidor do que qualquer outra medida, seja  ela selo ou salvaguarda.  Como por exemplo, o ICMS cobrado em muitos estados da federação onde a alíquota é de 25%, a ST (substituição tributária), o MVA (margem de valor agregado fora da realidade), apenas para citar alguns. A inclusão da indústria do vinho  no SUPERSIMPLES  ajudaria muito, em especial as pequenas e médias vinícolas brasileiras, o que aliás formam a maioria. Existe uma lei para reduzir impostos para as pequenas e médias empresas, onde somos excluídos juntos com outros segmentos como arma de fogo, cigarro, uísque. Classificar o vinho como bebida alcoólica é um erro e isso precisa ser corrigido urgentemente. Estamos lutando para ver acontecer.

Atenciosamente

Sergio de Bastiani – Vinicola Don Abel

2 – Courmayeur (esta respondido ao amigo Gustavo do Enoleigos)

Boa tarde Gustavo! Tudo bem com você?

Parabéns pela sua iniciativa! Nos sentimos muito felizes em saber que gostaria de ver nossa visão quanto à Salvaguarda. A Courmayeur sempre foi a favor do vinho brasileiro e de metas e incentivos ao mercado nacional, no entanto, não achamos que aumentar a carga tributária sobre os vinhos importados auxilie o mercado de vinhos Brasileiros.

Nosso Diretor, o Sr. Mário, ressalta que considera esta, uma ação que será “um tiro na cabeça” para a indústria vitivinícola. Não faz sentido aplicar esta salvaguarda, que terá efeito principalmente em vinhos Europeus, enquanto nosso maior problema é a importação de vinhos do Mercosul, e esta atitude pode (e irá) ocasionar o aumento do consumo de vinhos destes países.

O mais racional é diminuir a tributação sobre os vinhos nacionais, começando pelo Rio Grande do Sul. É uma discussão que valeria vários e-mails!

Agradecemos seu contato e ficamos à disposição!

Um grande abraço! Atenciosamente,

Natália Zandonai – Marketing

3 – Cave Geisse

“Prezados Amigos,

Somos absolutamente contrários a qualquer ferramenta que possa prejudicar o consumidor bem como a evolução do consumo de vinhos de qualidade no Brasil, que sem sombra de dúvida teve uma grande evolução nos últimos anos graças aos esforços realizados tanto pelos produtores brasileiros quanto pelos importadores que trabalham diariamente auxiliando na evolução dos consumidores de vinhos. Temos que agradecer que hoje no Brasil podemos encontrar uma diversidade enorme de estilos e regiões para apreciar e desenvolver nosso paladar, aprendendo a diferenciar o que cada região pode entregar de melhor com suas características e principalmente sua tipicidade.

Sempre nos posicionamos contrários a qualquer barreira protecionista, afinal, o vinho é um dos produtos mais globalizados que existe e o apreciador quer poder tomar a maior diversidade de rótulos possível e aos melhores preços possíveis, e essa deve ser a verdadeira luta de nós produtores brasileiros! Melhorar nossa posição, não procurando meios para dificultar a entrada ou de tornar os vinhos importados mais caros ao consumidor, e sim, através de uma justa redução na pesada carga tributária imposta aos produtores brasileiros, pois afinal estamos falando de alimento e cultura!

Somente conseguiremos aumentar o bolo do consumo de vinhos e espumantes de qualidade no Brasil através de um trabalho conjunto somando as forças dos importadores e dos produtores brasileiros de qualidade em prol do aumento do consumo de vinhos no Brasil. Esta evolução tanto do consumidor como dos produtores nos auxiliarão para um melhor direcionamento e amadurecimento do setor, através do investimento em produtos que tenham melhor aceitação, com características singulares que conquistem o consumidor pela sua inquestionável qualidade e estilo tanto no mercado brasileiro como mundial.

O vinho sempre foi sinônimo de união, acredito que é somente questão de tempo até todos se darem conta de que estamos absolutamente no mesmo lado, e unindo forças teremos um excelente caminho para o bom desenvolvimento da cultura do vinho no Brasil.”

Rodrigo Geisse

4 – Produtor Anônimo – Não gosto nem aprovo essa posição, porém tenho que entender que existem aqueles que preferem evitar a polêmica e eventuais represálias politicas e econômicas, respeitando sua posição.  Normalmente não reproduziria a mensagem recebida, mas conversei com o autor que me liberou a reprodução desde que mantido o anonimato, porém existem informações que acho valiosas e que merecem nossa meditação, até para poder compor um quadro mais claro de todo este imbróglio e das dificuldades porque passam os produtores menos afortunados.

“Olá João Filipe!

 Tudo bem? Espero que sim!!

Com relação a salvaguardas, este assunto é extremamente delicado e, infelizmente, acabou dividindo as opiniões dos produtores nacionais. Por isso, mesmo enquanto nos dispomos a compartilhar a nossa opinião com você, porém não gostaríamos de vê-la divulgada no blog. Apesar de não concordarmos com a salvaguardas, sabemos que tudo foi feito com ótima intenção e que, se houver um resultado positivo para a vitivinicultura nacional, também iremos nos beneficiar.

Acreditamos que este pedido da salvaguardas foi motivado pelo problema gerado com o selo fiscal. Nós, como a maioria das pequenas vinícolas brasileiras, sempre nos mantivemos contra a utilização do selo fiscal. Este selo gera uma burocracia tremenda, perda de tempo enorme, sem falar nos gastos desnecessários. Veja que, em xxxxxxxxxxxxxx, não há quem nos forneça selos. Tivemos que nomear um procurador específico para ir até xxxxxxxxxxxx retirar selos, gastar em tempo e transporte, etc. No entanto, na época fomos voto vencido. Na verdade, acreditamos que o tiro tenha saído pela culatra, porque os vinhos brasileiros ficaram com a obrigatoriedade de colocar selos, enquanto que os importados não precisam fazê-lo. Aí inventaram as salvaguardas. Também achamos que não resolve o problema porque não podemos restringir o livre arbítrio dos consumidores, bem como sabemos que esta não é uma solução definitiva. Pelo contrário, deve perdurar por algum tempo e depois cair. E, ao contrário do que alguns estão afirmando, este tempo não viabilizará os custos do vinho nacional (tenho ouvido dizer que seria o tempo necessário para a indústria vinícola nacional se estruturar…), exatamente porque estes custos dependem muito mais da atuação do governo do que do proprietário de vinícola.

Mas, com certeza há o que se fazer pelo vinho nacional. Li muitas reportagens de importadores, falando que o produto nacional deve procurar ser mais competitivo, melhorando os custos de produção, etc. O problema não reside aí. Acho que podemos afirmar que a indústria nacional do vinho já deixou de ser tupiniquim faz tempo. Hoje dispomos de tecnologia de ponta e programas de qualidade. Com certeza ainda há bastante por se fazer nesta área, mas não será isto que irá melhorar o nosso custo.

Nosso problema principal são os impostos, além do alto custo de frete, de alguns materiais de embalagem e do custo geral Brasil. Acredito que sobre os impostos, nem é preciso falar. Você já deve dispor da relação e alíquota de todos eles e também deve saber que nós pagamos os impostos muito antes de receber pelo pagamento relativo à venda do vinho. Com relação aos materiais de embalagem, veja, por exemplo, que a nossa garrafa é uma das mais caras do mundo. Uma vez que esta indústria está nas mãos de poucos, não há negociação. Se for vinícola pequena, então, muito pior, porque muitas vezes temos que pagar adiantado para poder retirar a garrafa. Com relação ao frete, as distâncias são longas e este custo fica altíssimo. Primeiro temos que levar todo o material de embalagem até a vinícola e depois voltar com ele para o centro consumidor. Não temos trens e o transporte rodoviário está cada dia mais caro. As transportadoras também estão nas mão de poucos e o pagamento do frete também é feito muito antes de recebermos o pagamento pelo vinho.

Continuando, os custos com funcionários, no que diz respeito às leis trabalhistas, é imenso. Além de ser uma mão-de-obra desqualificada porque o nosso governo não investe em educação, é cara devido aos altos encargos sociais. Para quem recebe é pouco, mas para quem paga, é muito, devido aos acréscimos. Além disso, ainda há as exigências relativas às áreas de saúde, segurança, social, etc, que, certamente, são necessárias, mas muitas vezes o fiscal não tem um mínimo de discernimento para exigir aquilo que realmente faz a diferença daquilo que é apenas maquiagem. E isto também custa caro! Só para ilustrar o que lhe coloquei, no jornal Valor Econômico de hoje (28/03) há um editorial de José Ricardo Rortz Coelho sob o título “Produzir no Brasil”. Ele coloca exatamente o que eu lhe falei sobre os nossos custos. Ele menciona, ainda, o alto custo de energia elétrica, que eu acabei esquecendo de citar. Portanto, não há salvaguarda que irá nos salvar se não tivermos uma reforma estrutural imediata, especialmente a tributária e trabalhista. E não é só o vinho brasileiro que necessita desta urgência!

Portanto, todas estas dificuldades elencadas acabam onerando o produto nacional. Como dependemos de toda uma cadeia, o que o governo teria que fazer é baixar os impostos do vinho nacional para contrabalançar todas as outras penalidades. Mas parece que ele não está disposto a isto! Então, acredito que, por causa disso, nosso setor e os nossos representantes (IBRAVIN, etc), que não têm representatividade para conseguir a redução dos impostos, acabaram pedindo a salvaguardas. A curto prazo talvez até dê algum resultado, mas não acreditamos que esta seja a solução para o nosso problema.

Bem, era isso. Espero tê-lo ajudado.

Abraço, xxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Resumo da Ópera: Contatei  diretamente vinte e duas empresas  e outros acompanhei pela rede e mídia impressa.

  • Aurora e Pizzato preferiram não se manifestar por enquanto
  • Salton, apoiou no inicio, mas voltou atrás em nota oficial à imprensa.
  • Miolo alega que o imbróglio é das entidades autoras da solicitação e do governo federal
  • Não obtive resposta, alguns podem não ter recebido meus mails, de – Valduga, Domno, Dom Guerino, Dom Giovanni, Perini, Lidio Carraro, Don Laurindo, Marco Luigi, Boscato, Acavitis, Garibaldi, Cave Marson e Dal Pizzol.
  • São manifestadamente contrários à adoção de Salvaguardas – Cave Geisse, Vallontano, Valmarino, Dom Abel, Antonio Dias, Angheben, Adolfo Lona*, Courmayeur*, Maximo Boschi, Villaggio Grando e Villa Francioni*. Os marcados com asteriscos vieram de outros blogs/sites (Lalas, Enoleigos) e se os amigos tiverem conhecimento de outros me avisem que adiciono à lista.

      Bem espero ter ajudado a esclarecer, um pouco, a posição de pelo menos alguns de nossos produtores nacionais. Com isso, penso que podemos concluir que o problema real de nossa vitivinicultura vai bem além do exposto pelas entidades em seu pleito por salvaguardas e passa sim pela necessidade de urgente reformulação tributária e um plano estratégico de inclusão dos pequenos produtores no cenário maior. Passa também pelo diálogo e por um ato de grandeza de quem se diz grande, a imediata solicitação da retirada do pleito de Salvaguardas por potencial agravamento do cenário que já não é nada positivo. Com o Maledetto Selo Fiscal fecharam mais de 100 pequenos produtores, com esta excrecência quantos mais?! Será esse o verdadeiro objetivo do oligopólio? Enfim, tire suas próprias conclusões e exerça seus direitos de consumidor não deixando de assinar a petição no link aqui do lado e quaisquer outras armas legais que a constituição lhe confere. Pessoalmente ignorarei a todos exceto os que se manifestaram terminantemente contrários, apoie você também estes produtores!

Salute, kanimambo e uma ótima semana para todos lembrando que a luta continua!