Vinhos do Brasil, Ó eu Aqui de Novo!

Fazia tempo que não falava dos vinhos brasileiros como um todo, apesar de nunca me ter afastado dos pequenos produtores quando tenho a oportunidade. Falei de Geisse, de Lona, de Valmarino & Churchill, porém este ano ainda não tinha postado nada. Como a maioria sabe, meu problema com o vinho brasileiro está limitado ás estratégias negociais adotadas pela grande maioria dos produtores com destaque para os grandes barões, à política comercial e á precificação, nada contra a qualidade, muito pelo contrário conforme pode ser lido em meus diversos posts sobre o tema. Pois bem, voltei a ter a oportunidade de provar ao ser convidado para participar do evento de vinhos brasileiros promovido pela WineIn e fazer parte do júri de especialistas num challenge muito interessante.

Por uma questão de coerência e porque até hoje determinadas pessoas e empresas (mentores e apoiadores ferozes) não desceram de seu pedestal para se desculparem perante o consumidor, eu e você, pela tentativa malfadada de nos empurrar goela abaixo as tais das maledettas salvaguardas sem contar o tal do selo fiscal, seguirei não falando deles mesmo que os prove, porém aqui sempre haverá espaço para os pequenos em especial aos associados da UVIFAM e ACAVITIS.

Bem, mas chega de papo e deixa eu compartilhar com os amigos algumas descobertas deste evento realizado na Fecomercio semana passada em que pela primeira vez me debrucei sobre vinhos de uma região pouco conhecida da maioria, a de Campos de Cima da Serra –  “Os Campos de Cima da Serra ficam no nordeste gaúcho, na parte mais alta do Rio Grande, onde as nuvens fazem sombra nas montanhas. A leste estão os cânions dos Aparados da Serra e ao norte a Serra Catarinense. Região de história, tradição, hortências, uvas e vinhos” – e gostei!

Desta região que fica situada num platô de altitudes entre 900 a 1100 metros, frio e ventoso propiciando maior sanidade das uvas e uma maturação mais longa, provei os vinhos da Aracuri (em Sampa falem com o Miguel da Garrafeira do Carmo) e da Campos de Cima, falemos desses vinhos: “Ressalva, me equivoquei, a Vinícola Campos de Cima está localizada em Itaqui na Campanha Oriental, não na região de Campos de Cima da Serra”

Campos de Cima Extra-brut > chardonnay e pinot vinificados na casa da Família Geisse não podia dar noutra, um belo espumante com ótima perlage e muito equilibrado. Vale muito a pena.

Campos de Cima Viognier 2011 – não sabia, mas esta uva aparentemente está se dando muito bem por estas bandas, e este vinho comprova isso. Seco, corpo médio, boa tipicidade melhor na boca do que no nariz, uma bela pedida para quem gosta de se aventurar por cepas diferentes.

Campos de Cima Tannat 2006 – este exemplar passa seis meses em barrica e está no ponto para ser consumido. Equilibrado, taninos equacionados, rico e muito saboroso de tomar. Não sei se seguirão fazendo este vinho, mas eu não perderei essa chance e colocarei algumas garrafas em minha adega junto com o Viognier!

Clipboard WineIn I

Aracuri Vinhos Finos – me seduziram. Tanto pelos vinhos, meus parabéns á simpática enóloga Paula Guerra Schenato, como por seu projeto comercial em São Paulo. Em se mantendo nessa rota, terá todo meu apoio pois os vinhos apresentaram muita qualidade e preços condizentes e honestos face a realidade brasileira.

Aracuri Merlot 2009 – um merlot de bom corpo, taninos bem equacionados, harmonioso digno dos bons vinhos brasileiros elaborados com esta uva.

Aracuri Pinot Noir 2012 – há poucos pinots nacionais que me satisfazem e este mostrou ser um deles. Frutado, mas sem exageros de extração, elegante e fino na boca como manda o figurino.

Aracuri Cabernet 2008 – Parelho com o Merlot, completando uma linha de tintos bastante interessante com preços que, me parece, andam na casa dos R$45 a 50 aqui em Sampa e acho que valem.

Aracuri Collector Cabernet Sauvignon 2009 – o que já era bom ficou melhor ainda. Com passagem de 12 meses por barricas este vinho ganha maior estrutura e complexidade, uma riqueza de sabores sedutores e perfeito equilíbrio. Vinho que gostaria de ver em algumas provas às cegas, certamente fará bonito e quebrará um monte de paradigmas! Importante, educados 12.5% de álcool.

Não provei os brancos, era muita coisa (!), porém as criticas são boas então é um produtor que me parece possuir toda uma linha de bons vinhos que valem sua, e minha, atenção. Por falar em brancos, provei um vinho que certamente saciará a curiosidade dos que gostas de sair da mesmice, o Dunamis Merlot vinificado em branco, um vinho bastante interessante e gostoso de tomar, nem que seja pelo fator inusitado, porém vale ter na adega e este vem da Campanha Gaúcha próximo a Santa de Livramento tendo seus vinhos vinificados nas instalações da Cordilheira de Sant’Ana.

Para finalizar, a Vínicola Kranz de Treze Tílias em Santa Catarina, me surpreendeu com dois rótulos em especial; um rosé de cabernet com apenas 11,5% de teor alcoólico e nada docinho! Um vinho gastronômico, estilo italiano, de bom frescor complexo e já me vi acompanhando-o com um belo prato de atum selado! Seu espumante Rosé Brut elaborado pelo método charmat com 3 meses sur lie e também de Cabernet é surpreendente. Já seu Cabernet Sauvignon 2009, é bem típico dos vinhos catarinenses desta cepa que tendem muito mais à elegância do que à potência e grande estrutura. Um estilo que não seduz a todos mas que eu aprecio bastante.

Depois teve a prova (Challenge) de vinhos acima de R$50 Brasileiros versus vinhos argentinos e chilenos em que o Lote 43 de 2011 foi o ganhador (para mim o segundo por um ponto) sendo que na minha avaliação o Achaval Ferrer Malbec 2011 levou o troféu. Mas disso falo outro dia! Salute e kanimambo.