Que Vinho Era Aquele? Não Parecia mas é!

Para saciar a curiosidade dos amigos, especialmente da Brenda (rs), eis aqui o vinho que me inspirou a provocá-los com o quizz da semana passada. Concordo que talvez se estivesse no vosso lugar, teria chutado, como muitos fizeram, um Rioja antigo, quem sabe até um Tondonia  ou, quiçá,  um Pinot.  Charme, um belo vinho que me impressionou na degustação dos Douro Boys também seria candidato, mas gente, esse vinho é um Brunello di Montalcino e dos bons! Quem chegou mais perto, diria até que acertou, apesar de também ter sugerido um Rioja, foi o amigo Emilio da Portal dos Vinhos, mas ele é suspeito pois tem uma certa paternidade sobre o caldo. Poggio di Sotto Brunello di Montalcino 2006, sério candidato a melhor vinho tomado em 2011! O tal do Parker lhe deu 97 pontos e, desta feita, tendo a concordar com o dito “guru” das notas, o midas dos produtores!

Minha visita ao evento promovido pelo Consorzio di Montalcino reunindo 32 produtores ainda será alvo de um post especifico, mas este vinho, o melhor que provei na mostra, merece um destaque especial, e um post especifico pois é inebriante e me mostrou uma faceta dos Brunellos que eu desconhecia. Serviu, inclusive, para eu finalmente entender do porquê que todo mundo exaltava os Brunellos e eu nunca ter me seduzido por ele. Não que não gostasse, na maioria são ótimos vinhos, mas sempre os achei muito novo mundistas, muito densos, super extraídos e potentes, um pouco over eu diria. Estes vinhos mais comumente encontrados por aqui, descobri agora, porque os Brunellos não são lá muito a minha praia, até em função de preço, são vinhos intitulados modernistas, de maior sintonia com o mercado especialmente o americano. Talvez por isso, os poucos que havia provado não tenham feito a minha cabeça, que me perdoem os apreciadores do gênero, e esta cor na taça seja estranha para a maioria dos amigos.

O Poggio di Sotto é um produtor tradicionalista num estilo em que predomina uma elegância estruturada sem excessos, porém com enorme complexidade, tudo na medida certa sem arestas nem exageros de qualquer espécie.  Muito aromático e sedutor no nariz, na boca explode com uma riqueza de sabores difícil de descrever e, mais do que tentar entendê-lo, deixei-me levar pelas emoções que me provocou, uma verdadeira massagem na alma e no espirito. Profundamente equilibrado, médio corpo, taninos sedosos, uma acidez gulosa que chamava comida que era absolutamente desnecessária, pois o vinho em si já era uma tremenda viagem de reflexão e enorme satisfação com um final interminável. Eu, essa garrafa, uma boa musica de fundo, eventualmente uma boa companhia como minha esposa que bebe pouco, eh/eh, e mais nada! Uma verdadeira experiência hedonística á qual retornei três vezes e não sei quando poderei repetir, já que por volta dos R$750,00 (em 2014 por volta de R$1.000) não tem muitas chances de visitar minha adega pessoal. Para quem tem, eis uma despesa que vale a pena, um grande Brunello, um grande Vinho, assim mesmo, com V maiúsculo!  Divino, sublime, escolha seu adjetivo, o vinho é uma tremenda viagem pelo complexo mundo das sensações gustativas, um verdadeiro vinho de reflexão.

Seu Rosso di Montalcino também é um belo vinho, mas desse e outros comentarei em meu post da semana que vem sobre esse encontro com Brunellos e Rossos promovido pelo Consorzio no mês passado, por sinal uma das melhores degustações que tive a oportunidade de participar este ano. Uma experiência inesquecível que fiz questão de compartilhar com você, pois essa é a verdadeira essência deste blog.

Salute gente, um baccio per tutti deste mais  novo discípulo de Brunello!