Degustando Argentina II

Bem, afora me ter esbaldado e tomado alguns dos melhores vinhos Argentinos fora do alcance da maioria de nós pobres mortais, tive a oportunidade de também descobrir alguns verdadeiros achados com preços realmente inacreditáveis pela qualidade que entregam e prazer que geram.

 

Trivento, importação da Wine Premium produz alguns vinhos realmente muito interessantes por preço bem camarada. Desde a linha Tribu com um Pinot Noir muito gostoso para o dia-dia por preço ao redor de R$25 e o muito bom Amado Sur por cerca de R$ 45,00, vinhos que já conhecia e já recomendei, provei agora o espumante Brut Nature elaborado com um corte de 60% Pinot e 40% Chardonnay, muito agradável, balanceado e fresco com uma bonita cor decorrente da alta participação da Pinot. Está por somente R$37,00 o que concorre diretamente com nossos espumantes nacionais, e é um produto que me agradou bastante.

 

Bodega Augusto Pulenta da região de San Juan, é mais uma importação da Wine Premium que vale a pena conhecer pela incrível relação Qualidade x Preço x Prazer. Provei um rose de Syrah, mais um, que gostei demais e está por chegar ao Brasil, é o Valbonna Rosé 07 que, apesar de seus 14º de álcool, mostrou um equilíbrio muito bom. Não tem um nariz de grande intensidade, mas na boca é uma delícia, suave, fresco e muito agradável por cerca de R$35,00. A Maria Andréa Pulenta, simpática e bonita representante da Bodega, me explicava que eles estão desenvolvendo um trabalho com a Syrah em San Juan, que começa a apresentar ótimos resultados podendo-se transformar na cepa ícone da região. Tenho que concordar que me parece um projeto muito interessante já que o Valbonna Syrah 2007, um vinho de entrada sem madeira apresentando boa tipicidade no nariz em que afloram frutas vermelhas, é muito saboroso e tem um final de boca muito agradável e especiado. Uma ótima opção para quem quer iniciar seus conhecimentos na uva syrah, ainda por cima porque essa gostosura está por somente R$28,00, imperdível. Possui ainda um vinho top com produção limitada a 8 ou 10.000 garrafas anuais dependendo da safra, 100% Cabernet Sauvignon, por sinal uma marca registrada deles já que todos os varietais são 100%, muito agradável. O Augusto P. 2002, está absolutamente pronto a beber, mas já perdeu muito de seu fulgor e vida, não sendo um vinho de grande guarda apesar de seus doze meses de carvalho e outros tantos de garrafa em cave. É um vinho que deve atingir seu apogeu aí com seus quatro a cinco anos de vida.

 

Cuvelier Los Andes, uma das bodegas do projeto Los Siete na Argentina, uma associação de sete bodegas de investimento francês tendo o Michel Rolland como principal orientador técnico. Tem um Malbec puro que é bom, mas não me encantou. Agora o Grand Vin, corte que tem como protagonista a prória Malbec com 70% a qual se misturam a Merlot, Cabernet Sauvignon, Petit Verdot e Syrah é um grande vinho, especialmente o 2006 que provei. O 2004 é um vinho potente, quente na boca (15.5º) de grande impacto na boca e taninos finos mostrando boa persistência, mas não me apaixonei. Já o 2006 está estupendo apesar de ainda muito fechado no nariz. Na boca explode em sabores complexos, ótimo corpo de grande estrutura, boa concentração, denso, rico, taninos firmes de muita qualidade e grande elegância. Vinho para decantar por uma hora e se deliciar com toda a sua exuberância. Gamei e está por cerca de R$198,00 na Expand que importa e distribui este rótulo nacionalmente. Parece que o 2006 ainda não está pronto, estando por chegar o 2005, que, de acordo com o enólogo da bodega, está superior. Que venha!

 

 

 

Fabre- Montmayou Patagônia e Mendoza, duas bodegas em um só projeto, produzir bons vinhos extraindo o melhor do terroir de cada região, a preços justos que remunerem adequadamente o produtor mas que permitam que o mesmo seja consumido por pobres mortais como você e eu. Adorei o conceito e adorei os vinhos! Comecei por um estupendo Chardonnay 07, que tanto eu como o Jorge Carrara apostávamos que tinha passado em madeira e teríamos perdido, elaborado com cepas extraídos de vinhedos de cerca de 60 anos, de grande estrutura, nariz intenso de ananás e algo de baunilha (mas sem madeira). Na boca, todavia, aquela sugestão de madeira desaparece, é balanceado, saboroso, um delicioso final de boca e um vinho essencialmente gastronômico. Um dos melhores Chardonnays de Mendoza que já tomei, por apenas R$35,00! Mas tinha mais!! Na mesma faixa de preço um Malbec 05, ainda demonstrando uma certa jovialidade e uma estrutura dificilmente vista em vinhos nesta faixa de preços. O Gran Reserva Malbec 06, um vinho já de outra grandeza que apresenta boca um pouco tostada, bem balanceado e de boa persistência e gostei muito do Gran Reserva Cabernet Sauvignon 04, ambos por cerca de R$59,00, que possui um nariz de boa intensidade, redondo, elegante com leve toque de pimenta num fim de boca muito agradável. O Grand Vin Mendoza 05, é um grande vinho, corte de 85% Malbec, 10% Cabernet Sauvignon e 5% de Merlot, especialmente longo na boca que e precisa de tempo de decantação sendo apenas uma criança tentando dar seus primeiros passos. Um belo vinho que deve estar divino em mais um ou dois anos, fazendo jus aos grandes vinhos de Mendoza.

         Da Patagônia, dois vinhos especiais para o meu gosto; o Barrel Selection Cabernet Sauvignon 2006 mostrando muita personalidade, ótima estrutura, taninos firmes ainda, mas de grande elegância por cerca de R$59,00 e o maravilhoso Merlot Gran Reserva 05, para mim o melhor Merlot argentino que já tomei e, se estiverem pensando num presente para mim, já acharam! Muito complexo, paleta de aromas intensa e gostosa, boca redonda, boa concentração, ótima textura muito harmônico uma delicia para ser saboreado com calma e tranqüilidade usufruindo tudo o que ele tem a oferecer. Por R$98,00, uma bom custo x beneficio num vinho que nos dá muito prazer. Mais uma exclusividade da Wine Premium.

 

Para finalizar, um passeio no meu parque de diversões preferido e, desta vez, com direito ao tratamento completo, Achaval Ferrer. Quem lê este blog com uma certa regularidade, sabe que sou um apaixonado pelos vinhos deles, que possuem uma personalidade muito própria, tendo alguns em minha adega. O Malbec “básico” 07, estava especialmente macio e muito saboroso sempre uma grande opção e desta vez mais pronto que o normal, não há o que falar do Quimera 05 que começa agora a mostrar toda a sua exuberância e os absolutamente exuberantes Finca Mirador 05 e 06. O 2006 está especialmente divino, um grandíssimo vinho com preço idem e se uma boa alma me presentear com uma garrafa, certamente terá minha eterna gratidão. Um vinho realmente extraordinário e inesquecível de enorme elegância e complexidade! Provei também o excelente Altamira, mas o estilo dos Mirador têm mais a minha cara. Não vou nem ficar com muito lero sobre estes vinhos, compre ao menos uma vez uma garrafa do básico, vá do 2007 que está ótimo, e depois conversamos.

         Os grandes achados, Augusto Pulenta Valbonna Syrah, Trivento Tribu Pinot Noir e Fabre-Montmayou Chardonnay. Preferidos que, eventualmente, cabem no bolso, Fabre-Montmayou Patagonia Merlot Gran Reserva e Achaval Ferrer Malbec “básico” 2007. O grande vinho, sem dúvida alguma o Achaval Ferrer Mirador 2006. Os preços podem variar já que esta zorra financeira com explosão da taxa cambial, pode comprometer os preços de importados caso a situação persista e me parece que muitos já aumentaram entre 15 a 20%. Se tiver uns trocados, que não tenham ido na bolsa, aproveite e faça um pequeno estoque preventivo, se ainda encontrar.

Salute e Kanimambo!