Fatores de Compra
O vinho, por mais que eventuais enosnobs queiram negar, também se compra pela cara! Vos conto aqui algumas estórias de minha curta experiência como comerciante de vinho, preservando o nome dos três rótulos que, por sinal, são todos Ibéricos.
Vinho 1 – Nome ruim, rótulo horrível, preço mediano (na casa dos R$80), vinho bom. Tive que fazer o diabo para vender esse vinho, nem com reza brava! No final, matei o dito cujo e nunca mais comprei.
Vinho 2 – Nome sem apelo, vinho básico e bem agradável, rótulo feio, preço camarada, por volta dos R$35. Vendi a duras penas porque o vinho era barato, porém demorei tanto para fazê-lo que também o tirei do portfolio
Vinho 3 – Nome padrão (não é especial mas não atrapalha), rótulo muito bom e clássico, preço bacana, qualidade muito boa para a faixa de preço (mesmo sendo uma uva pouco conhecida) e vende que é uma beleza!
O colega e amigo Pingus Vinicius já uma vez confessou que comprou vinho pelo rótulo, eu também (vai dizer que você não?!), então porquê tão poucos produtores investem no design e em branding? Eis aí uma área boa para o meu amigo Claudio Werneck, autor do logo da Vino & Sapore e blogueiro dos bons, investir só que o pessoal é meio pão duro nesse quesito. Especialmente quando se pretende atingir uma grande região ou até países, é importante se ater a esse desenvovimento de conceito de marca. Minha experiência até agora me leva a ressaltar alguns fatores essenciais para conseguir sucesso na venda de vinhos;
- Rótulo (design) que pode inclusive se estender à própria garrafa. Exemplo do Tellus Syrah (itália), Maset Syrah (Espanha) e Storia (Brasil).
- Nome (branding) é essencial
- Preço – a precificação dentro do mercado e sua concorrência é essencial
- Qualidade – sem ela não tem equação que funcione e por isso eu provar tudo o que vendo! Reprovou, fora, independente dos outros fatores.
É a conjunção de pelo menos dois desses três fatores que definem o sucesso da venda. Parece óbvio, e é, por isso mesmo fica aqui a indagação; porquê então se presta tão pouca atenção a isso? Não só produtores, os importadores também deveriam dar uma maior atenção a estes fatores pois o que brilha nem sempre é ouro, mas brilha! Num mar repleto de vinhos á venda no Brasil, dizem que por volta dos 30.000 rótulos entre importados e nacionais, brilhar pode fazer a diferença.
Salute, kanimambo e até mais.
Verdade meu amigo, o rótulo do vinho faz parte do conteudo, é assim que grandes empresas melhoraram suas vendas, o apelo do vinho, principalmente para as mulheres passam pela aparência. Para o homem caso esteja só, nem tanto, porém quando acompanhado, já mais exibirá uma dessas sob risco da mesma imaginar ser um vinho adquirido no “bar da esquina”.
Para uma venda em grande escala desses vinhos, os mesmos teriam que estar disponíveis à degustação na loja por um longo período. Claro que existem custos envolvidos, restaria saber ao final se valeu a pena.
Faz tempo que não passo por aqui, a facul não deixa, e quando volto vejo um post totalmente voltado para minha área. Será perseguição?
O Design no vinho é uma coisa essencial, o desenho na caixa da nova safra do Chandon (aquela da caixa preta), é tão bonita que quando fui comprar ví muitas garrafas fora da caixa, peguei a única caixa que estava com ela.
Acho que a tipografia (desenho de letras), deveria ser mais bem elaborada pelos produtores. Elas poderiam identificar a marca, como também diferenciar os tipos de vinhos como varietal, blend e champagne, de uma mesma vinícola além de explorar a publicidade na sua própria garrafa, (uma publicidade a custo baixo), e que dá resultado, porque cria identificação das pessoas com a marca.
Num sentido técnico, o que eu vejo são muitas vinícolas apostarem em fórmulas prontas de Design, um “All-in-one” que as vezes dá certo, mas padroniza demais e não se diferencia em termos de mercado e branding.
Eu sou daqueles que acha e que gosta que o vinho tenha uma expressão de seu país, que represente o cantinho onde ele nasceu. Se ainda não experimentamos determinado vinho, o correto seria que o rótulo nos passase essas sensações, e que nos conte através da degustação um pouco da sua história.
João Felipe,. bom dia: como vc consegue concorrer com os grandes tipo Carrefour (que mantém preços competitivos), Makro (idem) e Extra (nem tanto) ? Estes, Carrefour principalmente, sempre tem promoções.
Caro Renato, o que eu vendo eles não têm e o que, eventualmente, possamos ter em comum eu exigo condições de preço similares. Na verdade, cada macaco no seu galho! Helio, o preço do vinho neste país já é caro, se for abrir um monte de garrafas complica mais ainda o que já não está fácil, mas concordo com a teoria. Alessandro, concordo contigo, tem produtor que tem três varietais com os mesmos rótulos só mudando o nome, isto torna a identificação dos produtos bem mais complicada e, por outro lado, poderiam usar os contra rótulos para melhor atender os consumidores com informações mais práticas e objetivas menos genéricas, mas será que um dia ainda vão aprender? Insahala!!
JFC, Obrigado pela citação.
Muito interessante sua observação sobre os rótulos.
Dou aulas na PUC para a Graduação em Design e o tema deste período é exatamente vinho. Você poderia citar alguns exemplos de quais vinhos o consumidor entende ter um bom rótulo ou um rótulo bonito? Queria levar para a reflexão dos alunos. Obrigado e precisamos nos encontrar para provarmos algo juntos!!