Encontro Mistral Review Parte II

Estou de volta para falar um pouco mais e de forma suscinta sobre alguns dos destaques deste Encontro Mistral 2019. Começo sempre pelos brancos e por falta de tempo os tintos acabam passando para um segundo plano, mas algo consegui provar e a maioria, rs, Lusos!

A Quinta da Pellada de Álvaro de Castro dispensa apresentações para a maioria dos aficionados pelos vinhos portugueses especialmente os do Dão, região ainda pouco conhecida e de reputação duvidosa em função do monte de zurrapa que andou chegando por aqui mas que faz alguns anos começa a mudar e o consumidor precisa baixar a guarda e explorar a região. Eu tenho uma queda especial pelos vinhos da região onde tem muita gente produzindo vinhos de altíssimo nível entre eles este que é de tirar o chapéu para todo o seu portfolio. Aqui foram 4 os vinhos de destaque num portfolio todo muiiito bom. Um branco excepcional elaborado de vinhas velhas, dizem que devem existir algo como umas 40 diferentes castas num verdadeiro field blend, que é de cair o queixo dos amantes de bons vinhos em especial dos brancos, soberbo é o menor dos adjetivos a ser usado aqui! Primus (USD149,50) é o nome da fera, um tremendo de um vinho com grande potencial de guarda, mas que já se mostra estupendo. Aromas frutados com toques cítricos nuance de pera, algum floral, dá para fungar um tempão aqui, mas a prova numa situação destas não propicia isso. Na boca é cremoso, rico meio de boca para deixar deslizar com calma e curtir cada segundo, mineral, acidez marcante sem agressividade, macio e muito longo, vinho para dar muito prazer de tomar e foi uma novidade para mim.

Três tintos divinos que foram uma revisita e estão certamente sempre entre os melhores do Dão sendo que um é um projeto que envolve o Douro também. Pape (USD127,90), Carrocel (USD225,00) e o DODA (USD135 o 2012) que é um projeto conjunto com o Dirk Niepoort e junta vinhas velhas do Douro e do Dão, vinho que consegue harmonizar a potência do Douro com a elegância e frescor dos vinhos do Dão, demais! Neste dia o que mais me agradou entre os três, mas certamente três grandes vinhos que todo o aficionado por vinhos portugueses deve conhecer e colocar em seu wish list. Se não der para pagar por aqui, compre na sua próxima viagem a Portugal, as não deixe de mergulhar nestes vinhos clássicos do Dão. Buscando um DODA 2011 para meu niver de 65 anos em Janeiro, presente antecipado será mais que bem vindo! rs

Quinta da Lagoalva – meu porto seguro no Tejo e o Diogo sempre nos trás uma surpresa, desta vez um vinho com Tannat e um surpreendente Sauvignon Blanc fermentado em Barrica. Não fotografei tudo, bobeei (!), mas quero ressaltar dois outros vinhos.Lagoalva Branco (USD18,90) – o vinho do Tejo mais parecido com um vinho verde que conheço. Muito fresco e frutado é um tremendo de um achado nessa faixa de preço, para tomar muitas. O Lagoalva de Cima Alfrocheiro Grande Escolha (USD55,50) é para mim um dos melhores se não o melhor Alfrocheiro vinificado como varietal que eu já tomei e este 2011 está soberbo. Complexo, denso, aromático com muita estrutura e corpo, mas de taninos aveludados e de muito boa persistência, literalmente bato ponto no estande sempre que lá vou só para revê-lo e aí me surpreendo com as outras coisas que ele traz. Outro vinho que é uma baita relação PQP (preço x Qualidade x Prazer) é Quinta da Lagoalva Castelão/Touriga Nacional (USD27,50) sempre um porto seguro. Agora vamos às surpresas:

Dona Isabel Juliana 2012 (USD135,00) – Uau, vinhaço! Ainda fechado, precisando de tempo para mostrar todo seu potencial, mas já marcante um vinho de grande personalidade proveniente de um blend de Alfrocheiro, Alicante Bouchet, Tannat e Syrah, nascido para durar! rs Fermentado em barricas francesas novas e de segundo uso onde estagia por 14 meses, estas castas potentes se uniram para compor um conjunto de muita qualidade e equilíbrio, carnudo, ótimo volume de boca, notas tostadas, frutos negros, taninos aveludados, final interminável, vinho com grande potencial de guarda para voltar a provar daqui a uns três ou quatro anos.

Lagoalva Barrel Selection Branco 2014 (USD69,90) a grande surpresa para mim, um Sauvignon Blanc fermentado em barricas francesas de primeiro uso onde estagia por quatro imperceptíveis meses. Cinco anos de idade e vendendo frescor para quem quiser comprar, grama, frutos tropicais, notas vegetais sutis, prazeroso para enganar muitos “especialistas” se colocado às cegas em degustações da casta. Portugal e seus incríveis terroirs e enólogos talentosos sempre nos trazendo uma surpresa a mais quando achamos que nada mais vai sair daquela cartola. Adorei o vinho, porém não sei quanto a guarda, mais um ou dois anos certamente, mas eu tomava é já!!

Bem, parece que afinal não fui tão sucinto assim (rs), mas vai faltar mais uma parte, sim mais lusos, mas não só! rs Kanimambo pela visita, saúde