Incrível, Foi Abrir a Boca e Tomar Pancada!
É gente, mal cheguei em casa da entrevista que dei para o Bom di Vinho do amigo Marcelo e já recebia dois e-mails bem azedos. Tudo bem, até entendo que a percepção tenha sido outra, a vida virtual é bem mais fácil que a ao vivo, pois te permite pensar e revisar antes de publicar, então achei por bem responder publicamente. Antes, no entanto, não sem antes exaltar a audiência que o programa tem, show de bola Marcelo!
Dois temas ou melhor, comentários que fiz parece que feriram a suscetibilidade de alguns então me permitam esclarecer já que pode ter havido uma percepção diferente daquilo que pretendi ao expor minha opinião;
1 – a falta de profissionalização do setor – tanto sommeliers mal formados como aqueles sem qualquer formação são um problema num meio em que trabalhar numa loja de lojas já dá status de tal ou então um curso básico na ABS. O Brasil está na lide do vinho, para valer, há cerca de dez anos então o nível de profissionalização ainda é muito baixo. Isso, no entanto, extrapola esse segmento dos sommeliers e passa também por outros profissionais do setor que acabam sendo explorados pelas próprias mídias com que colaboram. Ora, quem não se valoriza não pode esperar que seja valorizado por terceiros e é essa critica que faço. Não dá para contribuir com uma mídia paga que vende um conteúdo montado e elaborado por profissionais que nada recebem por isso sendo que são estes que efetivamente “fazem” o conteúdo que permite que essa mídia seja vendida. Não concordo com isso e acho que é falta de respeito para com o profissional.
2 – ainda nessa linha, falei da falta de responsabilidade de pessoas que escrevem blogs de baixíssima qualidade sem se ater á responsabilidade de seus atos já que a percepção de quem lê, especialmente os mais novos nestas coisas do vinho, tende a acreditar no que está escrito. Isto não foi uma critica aos blogueiros já que temos inúmeros casos de ótimos blogs e conteúdos extremamente contributivos á causa . Há no entanto, aqueles que deixam muito a desejar e, nesse sentido, quis alertar para separar o joio do trigo. Este mundo virtual permite que se divulgue qualquer coisa então há que se tomar cuidado porque os efeitos são multiplicados de forma exponencial. Erros todos cometemos, ninguém detém o monopólio do saber apesar de alguns se recusarem a descer de seu salto XV, porém existem coisas na net que são verdadeiros descalabros e temos que redobrar esforços para evitar falar sobre o que não conhecemos! Ter opiniões, devidir experiências, comentar um vinho tomado, tudo bem, cada um escreve o que lhe der na telha e lê quem quer. Agora, escrever algo mais técnico, aí o papo é outro e é importante o estudo e o conhecimento de causa, mesmo que só teórico, não dando para simplesmente chutar qualquer coisa pois temos muita responsabilidade sobre o que escrevemos.
É isso gente, espero que tenha conseguido elucidar os amigos que me enviaram os mails e outros que porventura tenham tido a mesma impressão. Quem quiser assistir a entrevista, dê uma olhada no link abaixo lembrando que a primeira metade é da Bisol.
Salute e kanimambo
Caro João Filipe,
Concordo 100% com os dois pontos que você levantou, e digo mais: quem esperneou por causa do que você disse ou está na turma dos amadores de salto alto ou já incorporou o “corporativismo da categoria”. O que é pior ainda, pois é gente que protege os picaretas e mantém os bons misturados com a mediocridade.
Almoço e janto fora e compro em lojas semanalmente e é fato: de cada 10 pessoas que se dizem sommeliers, 1 ou 2 de fato têm conhecimento técnico e treinamento para isso. Conheço muitos “sommeliers” que fizeram um cursinho básico de 2 ou 3 dias e saem por aí distribuindo cartão de visita oferecendo serviços como organização de eventos, palestras, cursos etc.
Sobre os blogueiros, recentemente escrevi a respeito no meu blog. Entendo que não se deve exigir profissionalismo de quem escreve em suas páginas pessoas – como eu -, mas estou de acordo que muitos se colocam como especialistas e acabam copiando e colando conteúdos de origem mais do que duvidosa. E outros – estes são bastante cansativos – limitam-se a replicar informações de produtores e importadores, sem agregar uma vírgula. Sem falar do jabá…
Enfim, acho que a auto-crítica deve ser bem recebida, tanto pelos jornalistas quanto blogueiros, sommeliers, produtores e importadores. Sou crítico do vinho nacional, por exemplo, e me incomoda profundamente a defesa pseudo-nacionalista de alguns, como se eu fosse um criminoso por criticar a mediana qualidade dos nossos vinhos versus os preços altíssimos.
Acho que falta maturidade para todos nesse setor. Sem essa maturidade, vamos ficar onde estamos, felizes e satisfeitos com a mediocridade.
Opiniao lida, pensada e agora comentada:
Discordo da palavra “irresponsabilidade” para denotar os nobres colegas seus que falam por ai sobre vinhos como se soubessem muito. Na verdade a internet traz esse maleficio. Cada um fala o que quer quando quer. As vezes da ate crime (caso dos nordestinos x paulistas), mas geralmente eh coisa para crianca mesmo.
Me preocupo mais com os blogueiros que nao servem para nada, mas so perturbam o mercado, a saber:
1. Filando vinho e comida de importadores (ou lojas) com o intuito de publicar artigos ou reportagens. Sera que o Eric Asimov pede vinho para tal coisa? Sera que a Jancis Robinson fica enchendo a lata em eventos semana in semana out??
2. Blogueiros que sao pagos por vinicolas e importadores para falar bem de vinhos. Ate merlot nacional virou melhor do mundo. Pagando tudo fica “imperdivel” ou “boutique”.
Entao a irresponsabilidade (prefiro o termo ignorancia) fica bem minuscula comparada com o descaramento de twitteros e blogueiros que sao menos eticos que aquelas mulheres que vendem o corpo por dinheiro. Elas todos sabem como ganham a vida e o que dizem eh so por dinheiro.
Muito experts se fingem de idoneos quando sao carregados de rolha.
Como em todos os mercados (TODOS) os bons pagarao pelos maus.
Os trouxas das vinicolas nacionais e importadores que ficam pagando para essa gente que tem que se mancar. Como ocorre em varios mercados duvido que essa gente pare de alimentar o bebado glutao rolhao blogueiro de plantao.
Bom feriado ai para voces.
Prezado João Felipe,
Estou inteiramente de acordo contigo.
Um contexto, ao qual todos tem direito, é o de emitir a sua opinião, não importando o quanto esta corresponda a opinião geral; outro contexto é emitir pareceres/aulas técnicas sem embasamneto algum, na maioria das vezes sem discernimento próprio, embasados nas opiniões colhidas da Net.
Gosto pessoal é uma percepção que se tem de respeitar sempre; atitudes soberbas de quem não conheçe (e mesmo de quem conheçe) devemos repudiar sempre.
A formação individual do gosto e seu próprio conhecimento pessoal é algo que tenho buscado ao longo deste tempo, mas infelizmente as pessoas preferem ser enganadas por falsos chavões e ao provar meia duzia de vinhos bem recomendados, dispostas a escrever sobre os vinhos do mundo.
A opinião pessoal de todos são sempre bem vindas, mas sempre devemos ter em vista, que quanto mais subimos, mais o horizonte se expande e a vista alem de ser belissima, temos de ter em conta, que a nossa realidade é a planicie e não o topo; só que talvez a sua planicie seja o meu topo.
Ainda não me sinto confortável a escrever sobre vinhos, pois a cada dia descubro que conheço menos sobre eles.
Não precisamos de conhecimento algum para desfrutar de um vinho ( como de todas as coisa boas da vida), mas obviamente, quanto mais os conhecemos, mais o entendemos, mais os desfrutamos e mais os valorizamos; e menos os conhecemos.
Salute e Kanimambo.
Abraços,
Luiz Otávio
Olá Filipe ! Tudo bem ?
Texto muito lúcido e realista. Infelizmente esse é a nossa situação, que ainda vai se perdurar por muito tempo.
Se possível repasse para o fórum de enogastronomia, ok ?
enoabraços,