Fui Rever um Barolo e Descobri um Barbaresco

A convite dos novos importadores da Batasiolo no Brasil, a Ferace Distribuidora (ex-franquia da Expand) do Rio de Janeiro e seu distribuidor em São Paulo a Ravin, estive presente num agradável jantar no La Vechia Cucina de Sergio Arno. A primeira surpresa da noite estava á porta do salão, quando me deparei com o amigo e mentor de meus primeiros passos no mundo do vinho, o Ângelo Fornara que já algum tempo trabalha para os irmãos Dogliani, proprietários deste importante grupo produtor, que possuem um dos poucos sites de produtores internacionais com a opção do idioma português. Sempre bom rever os amigos e brindamos com um espumante delicioso que me encantou e seduziu por seu refinamento;  Batasiolo Método Classico Dosage Zero – Chardonnay (75%) com Pinot Noir vinificados em separado quando após cerca de 8 meses em tanques de aço, os enólogos decidem o cuvée mediante a assemblage dos dois vinhos com a segunda fermentação sendo efetuada em garrafa  como manda o figurino. A perlage é abundante, fina e persistente, ótima mousse, complexo, longo, muito frescor e seco na medida certa, um belo exemplar de espumante que, se o preço estiver bom já que ainda não chegou para comercialização, deverá estar nas prateleiras da Vino & Sapore.

Essas, no entanto, foram só as primeiras surpresas da noite, pois tinha mais por vir:

Chardonnay 2007, uma ótima companhia para um Tartar de Vitelo muito saboroso que demonstrou claramente o que ocorre quando a harmonização é perfeita, o ganho de sabor e êxtase é geométrico! Uma maravilha esta combinação, não só pela maestria do Chef, mas também pelas ótimas qualidades de um vinho muito bem feito onde os 6 meses de carvalho serve de aporte a uma paleta olfativa muito frutada e um palato muito balanceado, de bom volume de boca e boa acidez. Após os seis meses de barrica, passa ainda mais seis em garrafa. Muito agradável, um vinho elaborado com uvas da região do Langhe crescendo entre os vinhedos de Nebbiolo.

Babaresco 2006, me seduziu pelo nariz e me encantou no palato onde se mesclou maravilhosamente ao Risoto de Funghi com Fonduta de queijo Brie. Doze meses de carvalho em barricas de 750 ltrs, mais doze meses de guarda e afinamento na garrafa dão luz e brilho  a este vinho que encanta pelo nariz complexo onde aparecem nuances animais, tabaco, com notas terrosas e florais, até algo tostado. Na boca é vibrante, taninos suaves e sedosos, rico, estrutura e secura no ponto, sem exageros nem excessos, tudo no ponto tendo como resultado uma perfeita harmonia. Na minha modesta opinião, o vinho da noite e mais um que terá que fazer o caminho até a Granja Viana para se aninhar nas prateleiras da Vino & Sapore.

Barolo Corda della Briccolina 2003, derivado de um “vigneto” de apenas 1,63 hectares situado no território de Serralunga d’Alba no coração da região de Barolo. É um de meus Barolos preferidos da Batasiolo, o outro sendo o Cerequio, uma outra belezura. Já tinha feito uma degustação com os Barolos deste produtor há dois anos, tendo escrito uma matéria sobre o assunto. O mesmo 2003 que tomei na degustação anterior evoluiu de forma diferente e, não sei se para melhor. Está mais pronto, mas me pareceu que perdeu um pouco daquele vigor, mineralidade e frescor que me seduziu na primeira degustação, ou será que fiquei mais exigente e chato? Segue sendo um grande vinho, mas eu o tomaria agora até no máximo 2012, depois não sei.  De vinhedos com mais de 45 anos, passa por no mínimo 24 meses de carvalho francês resultando num vinho de muito bom corpo, mas fino e elegante que cresce muito com o tempo em taça mostrando um final aveludado e mineral, mesmo que sem o “vibe” de dois anos atrás.

Moscatel Tardio e Moscato d’Asti , dois vinhos brancos de sobremesa para acompanhar uma Panacota com Calda de Frutas Vermelhas e Gengibre. O Moscatel, mesmo que muito bom, ficou um pouco abaixo da panacota devido á ausência de uma maior acidez. Já o Moscato d’Asti Bosc Dla Rei, meu velho conhecido de cara nova, com uma acidez estupenda, algo frisante na entrada de boca, casou maravilhosamente com a sobremesa mostrando-se muito harmônico e vibrante. òtima companhia como sobremesa assim como aperitivo num encontro informal, chá da tarde (rs). Vai faltar prateleira!!!

Ótima companhia, ótimos pratos, belíssimos vinhos, como diz o amigo Didu, deve ser uma pé ser vendedor de parafusos! Como os ingleses dizem, “cant get much better than this”, mas ainda bem que em nossa vinosfera sempre existirá uma nova surpresa ao virar a esquina, mesmo que a mesma de sempre.

Salute e kanimambo.