Introdução aos Vinhos Brasileiros

Meus caros, nossa volta ao mundo faz 12 meses e ainda não consegui terminar. Mês de Outubro é o mês de aniversário desta coluna no jornal Planeta Morumbi e, finalmente, chegamos ao Brasil, que será nosso tema junto com as festividades de comemoração deste aniversário. O Brasil, como a maior parte dos produtores mundiais, cresceu e se desenvolveu muito nos últimos 10 anos. Talvez tenha começado esta revolução um pouco tarde em comparação com os nossos vizinhos Argentina, Chile e Uruguai, mas já começa a mostrar que há vida por aqui também!  Afora os incríveis espumantes, nos quais somos, talvez, a quarta força mundial somente atrás da França, da Itália e da Espanha, já possuímos alguns vinhos Premium de muita qualidade. As fronteiras se expandiram e afora o já conhecido Vale dos Vinhedos em Bento Gonçalves, agora temos o incrível Vale do São Francisco com suas 25 colheitas, os ótimos vinhos de altitude da serra de Santa Catarina, região da Campanha Gaúcha no fronteira com o Uruguai, novas regiões como a de Encruzilhada na Serra do Sudeste e Campos de Cima assim como os vinhos Paranaenses da região de Toledo. O Site de Vinhos Brasileiros, com link aqui do lado, é o mais completo que existe sobre o assunto e, certamente, pouco poderei acrescentar. No entanto, acredito que alguma coisa coisa sempre dá para agregar e tentarei produzir algo nesse sentido. Este mapa é de lá.

Muitas regiões para conhecer, muitos vinhos a provar e muitas descobertas a fazer. Os vinhos Brasileiros são uma realidade que nós, enófilos e apreciadores deste doce néctar, devemos aproveitar e conhecer. Está certo que os vinhos de qualidade superior não são baratos, mas os importados também não e, muitos dos nossos já são superiores ao que vêm de fora. Porquê podemos pagar R$25 ou 30 por um vinho médio da Argentina ou do Chile, mas não pagamos por um Nacional? Será que não é preconceito, más experiências antigas e enraizadas ou por absoluta falta de conhecimento? Eu acho que é um pouco de tudo, unido ao fato de que os produtores nacionais carecem de trabalhar o mercado com um approach diferenciado e consistente que efetivamente mostre essa nova cara ao consumidor, você e eu. Viver de quem eventualmente apareça pela vinícola parece-me colocar em risco a própria sobrevivência em um mercado tão competitivo como o que vivemos. Uma prova disso é que é mais fácil encontrar rótulos importados nas lojas, do que vinhos finos Brasileiros. Ainda existe muita gente, erroneamente, tripudiando sobre os rótulos nacionais como se aqui só se produzissem vinhos de má qualidade. Ainda no outro dia vi um comentário no Blog do Luiz Horta, em que um leitor dele caia de pau nos vinhos nacionais, nada a ver! Agora fica uma questão no ar, de quem é a responsabilidade e o que efetivamente está sendo feito para mudar essa percepção?

Apesar de estar longe de conhecer a produção nacional como gostaria, até porque o apoio dos produtores a este blog foi muito limitado, tentarei ao longo deste mês compartilhar minhas experiências com vocês. Desde vinhos de R$15,00 ou 17,00 a R$100,00, existem diversos bons vinhos que podemos tomar com tranqüilidade e boas opções a diversos vinhos trazidos dos países vizinhos. Para reduzir a margem de erro, recomendo aos amigos nossos vinhos elaborados com a uva Merlot, que na minha opinião produzem alguns dos melhores vinhos nacionais, a Cabernet Sauvignon e algumas cepas menos tradicionais, mas que têm produzido bons vinhos, como Marselan, Ancelotta e Eggiodola e, mais recentemente, Tannat, Touriga Nacional e Alicante Bouschet. Uma característica de nossos vinhos é que, por questões de terroir, estamos mais para um estilo velho mundo do que novo mundo, com vinhos mais marcados pela elegância do que pela potência e exageros de teor alcoólico.

Ao longo do restante do mês, trarei mais informações e dados sobre regiões e produtores, listarei os vinhos que Tomei e Recomendo pelas diversas faixas de preço e outras dicas mais.  Por enquanto, uma dica para você começar sua viagem pelos diversos sabores de nossa vinicultura, começando por nossos bons Merlots. Os Merlots nacionais são muitos e de diversos preços, mas desde já vos sugiro provar alguns de bom preço, abaixo de R$20,00, como os; Cordellier Garrafa Velha, Aurora Varietal e Salton Classic todos da excelente safra de 2005. Cada a um com seu estilo, mas todos bastante saborosos e fáceis de beber. Desses, o que mais aparece sobre a minha mesa é o Cordellier, bem diferente e mostrando uma personalidade muito própria e difícil de encontrar em vinhos desta faixa. Num patamar um pouco mais alto, entre R$20 a 30,00 e já mostrando uma maior sofisticação apesar de ainda serem vinhos mais ligeiros e fáceis de agradar, estão os: Pizzato Reserva, Miolo Reserva, Don Abel Premium e o Salton Volpi todos agradáveis e bem elaborados, preferencialmente os da safra de 2005, mas os de 2004 também são bons e estão prontos a beber. Acima desses valores já começamos a tomar vinhos diferenciados, entre eles o Marco Luigi Reserva da Família 2003, que é uma das pepitas que garimpei, um vinho de grande qualidade, uma certa complexidade e ótima relação Qualidade x Preço x Satisfação por apenas algo ao redor de R$32,00. Aí partimos para os vinhos top ou premium como o delicioso e harmônico Villagio Grando Merlot de Santa Catarina, o Storia da Valduga, Desejo da Salton ou Terroir da Miolo todos entre R$60 a R$90,00 e todos grandes vinhos. Afora isso, há bons Cabernets como o da Pizzato, da Valduga e Villagio Grando, assim como bons vinhos de diversos outros varietais e cortes de muita qualidade como veremos ao longo do mês.

          Termino comvidando-o a participar da promoção de nosso aniversário, cadastrando-se e, se quiser, preencha o quiz e concorra a mais de 60 vinhos, curso e acessórios. Para você que esteja disponível em São Paulo no dia 3 de Novembro, não interessa de onde venha, espero sua participação. Abraço, salute e kanimambo!