Itália – Regiões, Cepas e Vinhos – Parte II

   O Brasil está infestado de vinhos mais baratos e de qualidade duvidosa, especialmente de chiantis, proseccos, valpolicellas, lambruscos, soaves e frascatis entre outros, porém existem exceções em tudo na vida. Mesmo nesses vinhos mais baratos existem produtos até que razoáveis dentro de suas características, mas há tanta coisa boa e tantas regiões a explorar, que devemos nos permitir explorar um pouco mais. Para ajudar nessa peneira e verdadeiro garimpo, creio importante conhecer um pouco melhor as principais regiões produtoras, suas cepas e zonas de classificação que não são lá muito fáceis de identificar. Na França, por exemplo, mesmo com algumas dificuldades há sempre a garrafa que dá uma indicação de que região o vinho vem. A garrafa da Borgonha é diferente da garrafa de Bordeaux que por sua vez é diferente da Alsácia e do Rhone. Tá, eu sei, quando chega no Loire ou no Languedoc não dá para saber, tudo bem, mas como disse há indicações não regras. De qualquer forma, creio que o grande problema tanto de um como do outro é que os reguladores ainda não se abriram para fora dos seus países, partindo do pressuposto que todos sabem onde fica determinada aldeia, demonstrando uma postura muito paroquial. Podiam sim, deixar claro nos rótulos a região onde foram elaborados; Borgonha, Marche, Loire, Bordeaux, Piemonte, etc.. Ajudariam sobremaneira o consumidor!

 

           Elaborei uma tabela que nos remete às mais importantes regiões produtoras, para que tenhamos uma idéia das uvas que dominam cada uma delas. São dados que, creio, nos ajudam no garimpo, assim como algumas outras informações que ainda estou por publicar. Importante, a meu ver, é não se limitar a Piemonte e Toscana e levar em consideração que em uma classificação DOC ou IGT, todo o vinho produzido ali leva a classificação no rótulo, porém há produtores de tudo quanto é tipo, com vinhos de tudo o que é qualidade. Nos vinhos DOCG, que são provados pelo órgão regulador a cada safra, os riscos são menores e geralmente os vinhos são de grande qualidade e preço.

            O Piemonte e a Toscana, são grandes rivais formando os dois mais importantes pólos produtores, onde são elaborados alguns dos mais incríveis néctares do país e do planeta. Os números são quase que idênticos em tudo, mas os vinhos são bem diferentes inclusive com cepas autóctones bem distintas gerando vinhos, também diferentes. Na próxima parte desta volta pelas regiões, cepas e vinhos da Itália, falaremos sobre os principais vinhos de cada região. Por enquanto lembre-se, se o vinho for Vino di Tavola, evite ou certifique-se do histórico do produtor ou reconhecimento publico do rótulo. Prefira os IGT, DOC e DOCG, bolso permitindo. Entre os Tomei e Recomendo, algumas boas opções e, opcionalmente, compre em um de nossos parceiros do vinho. Vinho italiano barato em supermercado, é prova de seu gosto pelo perigo!

Resumo de Dados por Principais Regiões Produtoras

 Região Produção em Hectolitros Hectares  Principais Cepas Vinhos e Denominações 
Toscana 70% dos vinhos são tintos.56% são DOC ou DOCG.   2.800.000 64.000 Brancas; Trebbiano, Malvasia e Vernaccia di San Gimignano. Tintas; Sangiovese/Brunello, Canaiolo, Mammolo, Colorino, Merlot e Cabernet Sauvignon. 7 DOCGs – sendo os principais; Chianti (7 sub-regiões), Chianti Clássico, Brunello di Montalcino, Vernaccia, Nobile de Montepulciano, Morellino di Scansano e 44 DOCS – sendo os principais; Bolgheri, Vin Santo, Valdichiana, Rosso di Montepulciano, Rosso di Montalcino Val d’Arbia, Val di Corta e San Gimignano.
Piemonte70% dos vinhos são tintos.56% são DOC ou DOCG.  2.700.000 58.000 Tintas; Barbera, Nebbiolo, Dolcetto, Merlot, Pinot Nero, Cabernet Sauvignon, Grignolino, Freisa e Bonarda. Brancas;Moscato e Chardonnay. 7 DOCGs – sendo as principais, Barolo, Asti,  Barbaresco, Gavi, Langhe, Gattinara e 44 DOCS – entre eles os;  Barbera d’Alba, Barbera d’Asti, Dolcetto d’Alba, Barbera Del Monferrato, Nebbiolo d’Alba, Freisa di Chieri e Carema.
Abruzzo  2.184.000 33.000 Tintas; Barbera, Montepulciano, e Sangiovese.Brancas. Trebbiano 1 DOCG – Montepulciano d’Abruzzo Colline Teramane e 3 DOCs – Montepulciano d’Abruzzo, Trabbiano d’Abruzzo (Branco) e Controguerra
PugliaSó 4% da produção é DOC  5.400.000 108.000 Brancas; Trebbiano, Bombino, Bianco d’Alessano.Tintas: Negroamaro e Primitivo 25 DOCs – as mais conhecidas são Primitivo di Manduria e Salice Salentino.
Friulli 60% da produção é DOC. 52% é de vinhos brancos   1.000.000 19.000 Brancas; Malvasia, Tocai, Pinot Grigio, Chardonnay, Verduzzo, Muller Thergau, Pinot Bianco, Moscato Giallo.Tintas; Refosco, Merlot, Pinot Nero, Cabernet Sauvignon, Franc, Schioppettino 1 DOCG – Romandolo e 9 DOCs entre os quais as principais são Colli Orientali Del Friulli e Friulli Grave
Marche62% da produção é de brancos.  750.000 24.000 Brancas; Verdiccio, Trebbiano, MalvasiaTintas; Sangiovese, Montepulciano. 12 DOCs, entre as quais as principais são Dei Castelli di Jesi (Brancos) e Rosso Conero.
Veneto79% da produção é DOC ou DOCG. 56% é de brancos.  7.700.000 73.000 Brancas; Prosecco, Verduzzo, Tocai, Chardonnay, Sauvignon Blanc,  Trebbiano di Soave, Garganega, DurellaTintas; Corvina, Rondinella, Molinara, Negrara e Barbera 2 DOCGs – Reciotto di Soave,  Bardolino e 11 DOCs sendo as principais; Soave, Valpolicella, Prosecco di Conegliano Valdobbiadene
Alto Adige55% dos vinhos são brancos.   953.000 13.000 Brancas; Riesling Itálico, Chardonnay, Nosiola, Sylvaner, Gewurtzraminer, Gruner Velltiner, Pinot Grigio, Moscato Giallo, Muller-Thurgau , Sauvignon BlancTintas; Merlot, Cabernet Sauvignon, Schiava, Teroldego, Pinot Nero 8 DOCs, sendo as principais; Alto Adige, Teroldego, Trento Caldaro, Trentino..
SicíliaSó 2,1% é de vinhos DOC.30% é de vinhos IGTGrande maioria é de Vinos di Tavola.  3.900.000 134.000 Brancas; Grillo, Catarrato, Grecanico, Inzolia e Malvasia.Tintas; Frapatto,  Nero d’Avola, Nerelo Mascalese, Syrah. 1 DOCG – Cerasuolo di Vittoria e 19 DOCs sendo as principais; Marsala, Etna, Eloro, Passito di Pantelleria, Salaparuta, Mamertino e Vittoria.
Umbria 60% é de vinhos brancos   1.000.000 16.500 Brancas; Grechetto, Verdello, Malvasia, Procanico, Sauvignon Blanc.Tintas; Sangiovese, Canaiolo, Gamay, Montepulciano,  Merlot, Sagrantino. 2 DOCGs – Montefalco Sagrantino, Torgiano Rosso Riserva e 11 DOCS sendo as principais; Orvietano Rosso, Assisi, Orvieto e Colli di Trasimeno.
Lombardia   1.100.000 26.950 Brancas; Chardonnay, Garganega, Pinot Bianco, Pinot Grigio, Riesling Itálico e Trebbiano.Tintas; Pinot Nero, Merlot, Barvera, Lambrusco, Cabernet Sauvignon, Barbera e Bonarda. 3 DOCGs, Franciacorta, Sforzato di  Valtellina, Valtellina Superiore e 15 DOCs, entre eles; Garda Clássico, Cellatica, Botticino e Lambrusco Mantovano. 
Emilia-Romagna57% de tintos.61% de vinhos DOC.   5.750.000 58.230 Brancas: Trebbiano, Chardonnay, Sauvignon Blanc, Pignoletto, Malvasia, Ortrugo.Tintas: Lambrusco, Bonarda, Cabernet Sauvignon, Barbera, Bonarda e Sangiovese. 1 DOCG, Albana di Romagna e 18 DOCs sendo os principais; Lambrusco di Sorbara, Lambrusco Grasparossa de Castelvetro e Salamino di Santa Croce, Sangiovese di Romagna e Colli Bolognese Pignoletto.

Os dados sobre o numero de classificações por região produtora é aproximado em função de uma grande diversidade de fontes e da dificuldade em obter dados oficiais. O restante dos números é oficial de acordo com os dados estatísticos de 2007 obtido junto ao site oficial do Instituo, www.istat.it.

Falando de Vinhos por João Filipe Clemente 

 
Salute e kanimambo.