Encontro de Juarez e Nero no Chá da Tarde.

Depois de 10 dias fora do ar por motivos técnicos venho compartilhar este Chá da Tarde (rs), que é um encontro de amigos sem data marcada que volta e meia acontece para compartilhar alguns bons caldos de Baco e botar o papo em dia. Desta feita três vinhos bem diversos, dois brasucas e um italiano, cada um com seu estilo e personalidade. Eis o que achei deles:

Iniciamos com um alvarinho da Miolo, Quinta do Seival Alvarinho 2013, na minha opinião um vinho a rever numa versão mais nova, safra mais recente, este 2013 não estava ruim, porém ficou claro que já teve melhores dias, que já tinha passado o cabo da boa esperança. Faltou acidez, vivacidade e fruta cítrica características da casta, cremoso na boca, fruta madura que depois que esquentou um pouco na taça mostrou um certo dulçor que não estava lá antes. Preciso abrir uma outra garrafa mais jovem, esta não valeu!

Nero di Troia é uma uva pouco comum por aqui e dos poucos vinhos que provei deste vinho com a marca da Puglia, na bota da Itália, gostei de todos. Desta feita abri este Pignataro Nero di Troia 2016, de rótulo classudo e vinho cheio de vibe! rs Notas de chocolate, bombom de cereja com licor, frutos negros, médio corpo, leve apimentado de final de boca, taninos finos e macios, acidez balanceada e um meio de boca delicioso onde aparece um toque algo tostado bem sutil. Daqueles vinhos que pedem bis e que provocam burburinho entre a turma, uma uva e vinho a serem descobertos.

Juarez Machado 2007 é elaborado pela Vila Francioni e é o mesmo vinho que o VF, na minha opinião o melhor dos rótulos tintos que esta vinícola produz em suas belas instalações de São Joaquim na serra Catarinense. Um belo corte bordalês de Cabernet Sauvignon, Merlot, Cabernet Franc e Malbec com 15 meses de barricas novas francesas. Este da safra 2007, pouco mais de 10 anos nas costas, vendia saúde! Na cor ninguém saberia dizer que teria esta idade e tanto nos aromas quanto na boca mostrou uma evolução incrível , não soubesse e dificilmente diria que é um vinho brasileiro. Me lembrei quando o coloquei há uns sete anos atrás como intruso numa degustação às cegas de Bordeaux, Desafio de Bordeauxs até 100 Reais, e ele terminou em segundo como o intruso numa seleção de 12 rótulos franceses. Hoje mostrou que evolui muito bem também e eu vi aqui pelo menos mais uns dois ou três anos de muita vida pela frente. Denso sem ser alcoólico ou pesado, taninos muito finos, rico meio de boca, complexo, notas terrosas, um belo vinho que encontrei na rede por algo em torno de R$180,00. Vale buscar por aí, uma grata surpresa na evolução. Ainda recentemente fiz uma degustação numa confraria com vinhos nacionais com mais de 10 anos, foi muito bom!

Adoro estes encontros, sempre bons momentos independentes dos caldos, mas que harmonizam muito bem quando nos deparamos com vinhos da estirpe destes dois tintos que mexem com a gente. Uma ótima semana para todos e ótimo estar de volta. Kanimambo pela visita e nos vemos por aí nas estradas de Baco ou por aqui. Saúde!

Terceiro dia nos Vinhos de Altitude de Santa Catarina, um dia cheio!

Neste terceiro dia de nosso tour pelos vinhos de altitude brasileiros, mais precisamente de Santa Catarina, iniciamos nossas atividades pela visita à Villa Francioni seguido da Monte Agudo e Villaggio Bassetti, terminando com um gostoso jantar, para quem agüentou, num restaurante português bem no centro de São Joaquim. Hoje falo e mostro um pouco de nossa experiência na  Villa Francioni e depois posto a visita às outras vinícolas.

A Villa Francioni talvez seja a mais conhecida das vinícola da região, não só por seus vinhos como pela beleza de seu local e projeto arquitetônico que levou em consideração, no inicio dos anos 2000, toda um sistema de movimentação de vinho por gravidade evitando o uso de bombas. O projeto arquitetônico realmente impressiona logo á entrada com uma linda galeria de arte, detalhes de vitrais por onde passamos, obras de arte e linda vista, sem contar o incrível trabalho de madeira no telhado.

Certamente um lugar a ser visitado porém não espere nenhum atendimento além do protocolar padrão turístico o que, em nosso caso com 14 enófilos e com negociação prévia, foi bastante frustrante ao nos depararmos com um monte de gente sendo agregada ao grupo, inclusive crianças! Nada contra, importante para a vinícola também, mas cada macaco no seu galho já diz o ditado. Algo que a vinícola precisa reconsiderar, pois ao crescer muitas vezes essas empresas perdem a alma no processo e faz falta para quem realmente é apaixonado por esses caldos de Baco! Enfim, finalmente aos vinhos:

Espumante Joaquim Brut (Charmat) – Citrico, pomelo preponderante, fresco, leve amargor ao final. Bem feito, mas não empolga.

VF Sauvignon Blanc – boa tipicidade, grama molhada, maracujá, acidez boa e equilibrada sem excessos, na boca mais simples do que o nariz promete, algo curto.

VF Rosé – um vinho que sempre foi muito elogiado, mas sempre achei que a garrafa merecia mais atenção que o vinho. Desta feita (safra 2015), mudei  minha opinião, o vinho está muito bom. Já surpreende ao ver um  rose elaborado com OITO uvas ; Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Sangiovese, Syrah, Petit Verdot, Pinot Noir, Merlot e Malbec o que não é lá muito comum. Bonita cor salmão, aroma sedutor onde aparece algo de damasco, romã e um toque floral. Na boca é suave, fresco, muito gostoso e de boa persistência, me surpreendi! Ao final, quem quiser cortar a garrafa ainda dá para fazer uma bela jarra para flores ou copo de whisky!! RS

Joaquim 2012 – Existe uma linha de entrada chamada Aparados e esta é acima. Conheço o vinho há tempos e sempre achei um vinho bem feito, agradável, sempre confiável, não negou fogo. Corte típico da região, provamos diversos, de Cabernet Sauvignon com Merlot, 10 meses de barrica francesa provavelmente de segundo e terceiro uso.Bom vinho.

VF Villa Francioni – para mim melhor que o Francesco. Gosto muito deste vinho que é um corte bordalês elaborado com as castas; Cabernet Sauvignon, Merlot, Cabernet Franc e Malbec com passagem de 14 meses em barricas de carvalho francês de primeiro uso. Não é de hoje que o conheço e volta e meia gosto de o incluir em provas ás cegas de vinhos de Bordeaux e sempre se sai muito bem. Confirmou tudo o que esperava dele; boa e complexa paleta olfativa com frutos negros abundantes, tabaco, café, estrutura  com elegância e taninos finos, rico meio de boca, longo, um belo vinho em que os aromas seguem nos encantando mesmo depois de terminado a taça.

Queria abrir um Michelli e um VF Brut Chardonnay, porém mesmo me propondo a pagar não foi possível, então comprei uma garrafa do Michelli, top da casa, e levei para abrir no jantar. Depois falo dele.

Bem, mais uma etapa vencida, agora a caminho do Monte Agudo onde a recepção foi outra. A alma que faltou aqui, sobrou por lá, que bom, e o ânimo de todos se reacendeu mesmo chegando um pouco cedo, pois esperávamos passar mais tempo na Villa Francioni. Mas desse encontro na Monte Agudo eu falo outro dia. Por hoje é só, uma ótima semana para todos e kanimambo pela visita.  Video da visita abaixo, saúde!