Esbórnia Enófila

              Juntar sete blogueiros do vinho em volta de uma mesa só podia dar nisso, uma esbórnia enófila! Das boas, diga-se por sinal, regada a um clima de amizade digna da comemoração em pauta, o final de mais um ano. Vitórias, derrotas, alegrias, tristezas, mas a certeza de lutas bem travadas e vislumbre de novos desafios tanto pessoais como profissionais, tudo motivo para regojizo e desculpa para trazer à mesa alguns néctares muito especiais. Antes de falar sobre os caldos no entanto, dizem que uma imagem fala mais do que mil palavras, ei-las!  

               No total foram treze as vitimas, começando pelo delicioso Cremant do Loire Brédif Vouvray Brut (Vinci) que a Vinci gentilmente nos cedeu para comemorarmos esta data. Este espumante, campeão do Grande Desafio de Espumantes em que competiram 42 borbulhantes caldos entre eles cinco champagnes bem mais caros, foi a overture do grande concerto que viria pela frente em que dez outros solistas de primeiro nível se apresentaram. Reunidos estavam; Paulo Queiroz (Nosso Vinho), Beto Duarte (Papo de Vinho), Daniel Perches (Vinhos de Corte), Alexandre Frias (Diario de Baco e genitor do Enoblogs), Cristiano Orlandi (Vivendo Vinhos), Claudio Werneck (Le Vin au Blog – RJ), este vosso humilde servo  e deram forfait por motivos profissionais, o Guilherme Lopes Mair (Um Papo Sobre Vinhos – Brasilia), André (Enodeco) e Álvaro Galvão (Divino Guia). O Álvaro, no entanto, deixou sua marca neste almoço de quase cinco horas no incrível restaurante Varanda Grill com a dica de darmos uma cortada nos tintos servindo uma das garrafas do Vouvray Brut (eram duas) entre eles.

            Dito e feito, iniciamos com o espumante, seguimos com dois tintos muito bons que nos foram oferecidos de última hora pela Cultvinho (nova importadora de vinhos espanhóis) o Prios Maximum Roble (já comentado aqui no blog) e o Abadia de San Quirce Crianza 2006  enquanto nos divertíamos com carne e lingüiça aperitivos, voltando para mais uma garrafa de Vouvray Brut acompanhando pedaços suculentos de uma imperdível picanha suína. Divina harmonização e uma grande entrada para uma tarde de atividades enogastronômicas absolutamente inesquecível! Depois desses dois tintos e duas garrafas de espumantes, hora para o prato principal e mais sete néctares dignos de vênia trazidos por cada um dos confrades. Erasmo 2005 (chileno), Juan Rojo 2005 (espanhol), Terrazas Afincado 2005 (argentino), Quinta da Leda 2003 (português), Farnese Primitivo di Manduria (italiano), Alain Brumont Montuz 2004 ( francês) e o John Duval Entity 2006 (australiano). Grande dia e, de lambuja, ainda tivemos a oportunidade de ver o Tiago Locatelli, um dos principais sommeliers brasileiros, em ação. Verdadeiro show que os milhares de auto intitulados sommeliers espalhados por aí deveriam ver pelo menos uma vez na vida para entender o verdadeiro significado da palavra.

         Tinha pensado em levar, afora o Quinta da Leda, um Porto LBV para encerramento, mas no final achei que era demais. É, pensei, não levei, mas o Paulão num ato destemido corrigiu o equivoco determinando que um concerto daqueles não podia ser encerrado sem um Grand Finale e nos presenteou com um magnífico Tignanello 2005, elixir que dispensa qualquer tipo de comentário (quem não conhece pode clicar aqui) e, nas palavras do Cláudio, fomos atropelados por uma Ferrari!

         Não vou aqui ficar falando dos vinhos, até porque o momento não era para isso,  prefiro exaltar o momento e as pessoas, porém elegemos os top 3 do dia com quase unanimidade para, sem ordem de preferência ou classificação e excluindo o Tignanello que é hors concour, Erasmo (uma grata surpresa, um chileno com cara de velho mundo), Quinta da Leda (especial, idade certa, elegante, um grande vinho) e John Duval Syrah Entity (um baita vinho, potente, encorpado, complexo e fino, classudo um belo exemplo do porquê a shiraz virou simbolo deste país). Interessante que todos pedimos o excelente bife ancho da casa, exceção feita ao Cristiano, sempre ele, que foi de bife de chorizo e a diferença de harmonização foi incrível. O Afincado que matou o bife ancho se deu maravilhosamente com o bife de chorizo enquanto os elegantes Quinta da Leda e Erasmo se encolheram timidamente perto dele! Já com o bife ancho, Erasmo e Quinta da Leda deram seu show particular numa perfeita harmonização seguidos de perto pelo estupendo Shiraz australiano de John Duval. No geral, uma coleção de grandes vinhos em diversos estilos, uma grande experiência de pessoas em perfeita harmonização. 

          Neste Sábado não perca, em Uvas & Vinhos a estréia do amigo e enólogo Miguel de Almeida falando da Touriga Nacional e, excepcionalmente, o primeiro Dicas da Semana de 2010 será nesta próxima Segunda-feira. Salute, kanimambo e aguardo o próximo encontro que, dizem, será no Rio de Janeiro!

Eta grupo de gente porreta e ainda saí com minha marmita!