Vinhos Italianos que Tomei e Recomendo – II

Andei me esbaldando com muito bons vinhos na faixa de preços de de R$50 a 80,00, de tudo o que é região na Itália. Tomei diversos vinhos de qualidade, que incito você a provar e desvendar os mistérios do vinho deste imenso caleidoscópio de sabores. Deixar de lado eventuais preconceitos, muito gerados por boas razões, e dar uma chance a estes belos vinhos cheios de caráter e personalidade própria, saindo da mesmice com que, por muitas vezes, convivemos nesta vinosfera. Busque rótulos novos, cepas diferentes, experimente, inove, sinta algo novo. Nesta lista alguns vinhos muito interessantes e, a todos colocaria na minha adega amanhã, sem pestanejar. Pela primeira vez, não tenho preferidos, talvez uns dois ou três em função do preço, porém todos são muito saborosos e, alguns, surpreendentes. Desta forma. Considere todos com asterisco de preferidos. Um terço deles são da Toscana, porém há vinhos da Puglia, da Sicília, do Piemonte, de Abruzzo, de Friulli, de Veneto e do Alto Adige. Falemos dos Vinhos

 

           Comecemos pelos brancos, em que tenho uma preferência muito especial pelos vinhos elaborados com a Pinot Grigio dentro os quais se destaca o Santa Margherita (Bruck) é um clássico mundial que agrada sempre. Branco seco, corpo médio, límpido, franco, ótima acidez, de aromas intensos lembrando frutas citricas, é um vinho difícil de não se deixar encantar e o mais austero Riff 06 (Mistral) de aromas que lembram maçã verde, alguma mineralidade e bom frescor demonstrando bomequilibrio. Um vinho branco diferenciado e muito interessante, é o Tiziano DOC 05 (Marimpex) elaborado com , majoritariamente, a uva autóctone Incrocio Manzoni mais; Pinot Bianco, Chardonnay e Riesling, resultando num vinho muito sedutor, de aromas intensos e inebriantes com nuances florais. Na boca é fresco, rico, cheio com uma boa cremosidade e uma certa complexidade e um retrogosto em que a baunilha, resultado de 9 meses de barrica, aprece de forma sutil. Um vinho branco muito agradável e diferente para os padrões a que estamos acostumados.

Dos tintos, um vinho que me surpreendeu muitíssimo e me encantou por sua complexidade, o estupendo Crearo Cabernet Sauvignon DOC 05, de Friulli (Wine Company) é aromaticamente cativante, boa estrutura, delicado e harmônico com um delicioso final de boca de taninos aveludados e ótima persistência, um achado, um belo vinho por ótimo preço. Também achados em função da relação Qualidade x Preço x Satisfação; o Tosca Chianti Colli Senese DOCG 04 (Zahil) de muito boa intensidade aromática com frutos silvestres, cheio, redondo, fácil de agradar, sem arestas com um saboroso e longo final de boca, absolutamente pronto para beber; um 50/50 Sangiovese e Cabernet Sauvignon, é o Erta & China 05 (Decanter) que é denso, escuro, bom nariz, encorpado, boa textura e ótima acidez. Precisa de um tempo na taça, ou um pouco de decantação, para abrir totalmente, tendo escoltado maravilhosamente bem uma costelinha de porco na brasa e o Rosso Salento Sandi Médici 05 (Vinea Store) da Puglia elaborado com 100% da uva Neroamaro. Na cor é quase um clarete, translúcido e brilhante, mas não por isso com menos aromas, sedutores e de boa intensidade. Na boca é sutil, leve, descompromissado, um vinho festivo com 12.5º de teor alcoólico que tem como principal virtude o de encantar facilmente. Redondo, equilibrado, média persistência, um vinho de sabores diferentes que me surpreendeu em vários sentidos, todos muito positivos, e me agradou muito.

Da região de Abruzzo, com vinhos tradicionalmente mais rústicos e não muito confiáveis, (como nos chiantis, fazem muita coisa barata de qualidade duvidosa) provei três ótimos exemplares; o encantador e muito saboroso Nicodemi Montepulciano d’Abruzzo DOC 05 (Decanter) para o qual o final da garrafa chega cedo demais e nos deixa com aquele gostinho de quero mais na boca; o Montepulciano de Abruzzo dal Tracetto 04 (Expand) um dos primeiros bons vinhos desta denominação, que tomei há algum tempo e me deixou boas recordações de um frutado bem fresco com algumas especiarias, taninos redondos e sedosos, com um final de boca muito gostoso e o, Casale Vechio Montepulciano d’Abruzzo DOC 06 (World Wine) macio, frutado, boa estrutura, rico, perfeitamente balanceado um belo vinho. Da Sicília tomei dois encantadores vinhos nesta faixa de preços e uma surpresa bem interessante; O Chiaramonte 05 (Wine Premium), estupendo vinho elaborado com 100% de Nero d’Avola, com um nariz incrível de grande intensidade, confirmado na boca onde demonstra uma certa complexidade. Elegante, sedutor, macio, de taninos doces, final de boca delicioso e de boa persistência, ainda demonstrando algum potencial de evolução por pelo menos mais uns dois a três anos; o Firriato Etna Rosso 05 (também Wine Premium) um inusitado corte de cerca de 85% de Nerello Mascalese com Nerello Capuccio, um vinho complexo e de muita qualidade que me impressionou muitíssimo, mostrando um bom potencial de guarda. Já pronto a beber, sendo que uma decantação de pelo menos uns 40 minutos lhe fará muito bem. De ótima concentração, intenso, muito fresco apresentando uma certa mineralidade que cativa o palato. Na taça vai abrindo com vagar mostrando todas as suas virtudes, tendo harmonizado muito bem com uns medalhões de filé e ravióli de queijo brie, um vinho de primeira grandeza que mostra um longo final pleno de sabor e o surpreendente Poggio Bidini IGT 05 (Vinea Store) um 100% Syrah diferenciado que traz muita fruta madura compotada, redondo, taninos aveludados, fácil de tomar com um final de boca em que aparecem os toques de especiarias que fazem a fama desta dos vinhos desta cepa.

Do Piemonte, na inexistência de Barbaresco e Barolos nestas faixas de preços, gosto muito dos barbera. Nesta prova, tive a possibilidade de tomar e apreciar dois vinhos muito saborosos e encantadores, por preços perfeitamente aceitáveis e “cabíveis” na maior parte dos bolsos. Um deles, o já bem conhecido Le Orme DOC Barbera d’Asti Superiore 05 (Zahil) um verdadeiro porto seguro. Possui uma boa paleta olfativa, na boca é macio, taninos maduros, boa acidez e muito bem equilibrado, um vinho de médio corpo, fácil de agradar e harmonizar, muito saboroso crescendo muito quando levemente refrescado a cerca de 16º. O outro é o Valfieri Barbera d’Asti DOC 04 (Vinea), muito aromático com leves nuances florais, cheio e rico na boca, corpo médio, bem equilibrado apresentando um frescor cativante, taninos finos e sedosos e um muito saboroso final de boca. Daqueles que deixa saudade e nos deixa com água na boca. Queria ter degustado uns Dolcetto d’Alba (que de doce não tem nada, dolcetto é o nome da cepa) e alguns Barbera d’Alba (vinho que me abriu as portas aos vinhos de qualidade há quase 15 anos), porém não consegui. Ainda sigo buscando e assim que conseguir alguns exemplares, compartilharei a experiência com os amigos.

Da Toscana, alguns vinhos muito bons, a começar pelo Tosca já mencionado acima. Um outro Chianti muito interessante, mas de outra sub-região é o Chianti Ruffina Basciano 05 (Decanter) de boa fruta vermelha com algo de ervas, porte médio para encorpado, boa tipicidade, denso, ainda fechado e firme pedindo um tempo de decantação para poder usufruir de todas as suas virtudes; da Rocca delle Macie, o Família Zingarelli Chianti Clássico 05 (Wine Premium) elaborado com 90% de Sangiovese e partes iguais de Merlot e Canaiolo, é um vinho sedutor, muito redondo, macio, pronto para beber com taninos finos e sedosos, saborosas nuances de frutas negras compõem uma paleta olfativa muito agradável e de boa intensidade. Equilibrado, cheio, média persistência e saboroso final de boca. Um outro rótulo muito bom que me agradou sobremaneira foi o Valdipiata Rosso di Montepulciano 04 (Zahil) que não tem nada a ver com a uva montepulciano e sim com a região de mesmo nome, duas coisas diferentes. Este vinho é elaborado com cerca de 80% de Prugnolo Gentile (sangiovese), 15% de Canaiolo e Mammolo que resulta num vinho frutado, macio, redondo, rico e especialmente saboroso com taninos finos e bastante frescor em uma perfeita harmonia que agrada fácil e nos deixa um gostinho de quero mais na boca. Para finalizar os vinhos da Toscana, fiquei feliz ao ver que a os vinhos da Marchesi de Frescobaldi mudaram de importadora e este vinho que me agrada muito agora está num patamar de preços mais realista, pois só o comprava em “promoções”. Remole IGT 06 (Grand Cru Granja Viana) é um corte de Cabernet Sauvignon e Sangiovese extremamente agradável, sempre muito harmônico, na boca é cheio, redondo, com um final de boca em que aparece algo de especiarias. O nariz é de boa intensidade, bem frutado e com algo de ervas aromáticas. Um vinho que me agrada muito.

Finalizando esta lista de vinhos provados e aprovados, dois vinhos do Veneto, especificamente dois Valpolicellas. Bonacosta Valpolicella DOC Clássico 06 (Mistral), elaborado com o tradicional corte de Corvina, Rondinella e Molinara, de corpo médio, vibrante com ótima acidez, suculento, taninos macios e aveludados que acompanharam muito bem uma berinjela recheada e o delicioso Valpolicella Clássico Ripasso Costamaran 04 (Decanter) um vinho que me encantou por sua complexidade e sabores diferentes, talvez em função do processo Ripasso, sobre o qual falarei mais adiante em outros posts sobre os vinhos e regiões da Itália. Boa intensidade de fruta madura, quase seca, de boa concentração, com algumas nuances de algo que me pareceu chocolate amargo. Na boca é algo terroso, boa estrutura, com boa acidez e um rasgo de mineralidade num saboroso final de boca de boa persistência e taninos aveludados. Lamentavelmente somente o degustei no Decanter Wine Show, mas certamente uma garrafa já está na minha programação de compra para melhor usufruir todos os seus sabores.

São cerca de vinte vinhos degustados, uns de forma mais completa, outros somente provados, mas que compõem um grupo de rótulos de muito boa qualidade que recomendo. Duvido que você prove uns três ou quatro deles e não se encante com a variedade de estilos dos vinhos Italianos. Na semana que vem os vinhos top, de R$80 a 120 assim como alguns néctares acima desses patamares.

Salute e kanimambo.

 

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