Quebrando Preconceitos na Argentina

Mesmo os mais experiente enófilos certamente têm lá suas cismas com alguns vinhos, produtores, regiões, uvas, etc.. Eu sempre falo que jamais se deve dizer que não se gosta de uma uva ou estilo de vinho, país ou região, porém não sou diferente de ninguém e neste último ano “quebrei” a cara algumas vezes porque tinha me deixado levar por atitudes que critico!

1 – Não era chegado em Malbecs! Não gostava de vinhos em que existe uma sobre extração e madurês das uvas que gera vinhos com taninos doces e enjoativos depois de duas taças, sigo não gostando, só que generalizei quando não devia. Para minha grata surpresa, nestes últimos dois anos viajando por aquelas terras descobri vinhos que me fizeram mudar meus conceitos; alguns mais potentes que outros, mais robustos, outros mais polidos porém em todos prevaleceu o equilíbrio e finesse de taninos. Há Malbecs e Malbecs, só tem que achar os seus e eu andava tomando os errados! Isso não me faz gostar menos dos blends que tanto venho elogiando e que seguem sendo minha preferência, porém certamente me fez rever opiniões formadas que tinha.

2 – Os vinhos da Andeluna não faziam minha cabeça! Aí provei o Passionado 4 Cepas, um blend de Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Malbec e Merlot dos quais a bodega produz apenas 5000 garrafas por safra, quando dá! Um vinho de lamber os beiços e pedir mais, apesar do preço algo salgado. Não importa, mais um preconceito no ralo e não foi o único, porque tinha a mesma impressão dos vinhos da Cobos e aí provei os vinhos Bramare Regiões (single vineyards) também me surpreenderam, especialmente o Marchiori!

3 – Grandes conglomerados do mundo do vinho só produzem vinhos padronizados e sem personalidade, as famosas “coca-colas” do mercado. Eh, eh, mais uma vez me danei! Visitei a Norton que até produz alguns vinhos básicos bem legais e descobri um novo mundo. Já tinha provado e elogiado sua linha Finca Predriel, mas agora viajei por um mar mais amplo e vim de lá apaixonado por seus vinhos e sua bodega. Tanto que fiz questão de a incluir na minha próxima viagem a Mendoza, uma forma de compartilhar com os amigos que virão comigo o que eu vivenciei!

Aprendi há muito anos de que em nossa vinosfera não existem verdades absolutas, porém existem momentos em que me deixo levar pela onda esquecendo o meu racional que é tão importante quanto o emocional nessas horas! Mantenha sempre a porta aberta, navegue sempre, porque navegar é preciso, descobrindo novos sabores e novas emoções, nunca se deixe “enquadrar”, pois o nirvana poderá estar na próxima curva, no próximo porto ou na próxima taça! Bon Voyage, um ótimo fim de semana, cheers e kanimambo pela visita. Vem comigo a Mendoza?!