dezembro 2014

Fechado Para Balanço!

Amigos, sigo trabalhando na loja e projetando minhas atividades para 2015, porém como meu sócio está literalmente no bem bom da praia, não tá sobrando tempo para escrever, sorry! Me incomoda não conseguir publicar com a mesma assiduidade, mas certamente os leitores fiéis entenderão que há momentos e momentos. Aproveito o pouco tempo que sobra para curtir minha loira e pensar no que virá no ano de 2015 e quais os caminhos que irei percorrer. Pensar nos acertos, nos erros, nas rotas a traçar, tempo para meditar e refletir. Tempo para repassar tudo o que passou por minha taça e minha vida, tempo para elaborar minhas listas de vinhos e momentos TOP de 2014, enfim ………tempo de balanço geral!

Se der, ainda deixo algo por aqui, mas o mais provável será tão somente um post de final de ano, para todos os efeitos o blog está em recesso! Kanimambo por compreenderem, salute e seguimos nos encontrando pelas estradas de Baco. No blog, na Vino & Sapore ou quem sabe na próxima  viagem a Mendoza ainda em Janeiro!

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Feliz Natal / Happy Christmas /Feliz Navidad / Buon Natale

Neste mesmo dia há dois anos escrevi um texto com parte do qual gostaria de abrir este post hoje, véspera de Natal > “Mais do que um dia de paz e de celebração, para mim  esta é uma época de reflexão sendo um momento especial para compartilhar essa coisa cada vez mais escassa entre nós, TEMPO com quem amamos, nossa família e amigos. Mais do que falar de vinhos é tempo de falarmos com as pessoas, mais importante do que saber que vinho tomarei é saber com quem, mais do que valorizar presentes é tempo de valorizarmos pessoas!”, pode parecer fácil, mas não é! Nossa obrigação é seguir tentando e nesse sentido, nada como viver momentos de reflexão com a música certa, uma que nos permita “viajar” e liberar nossos pensamentos numa ode à vida independentemente de inclinação religiosa.

Minha mensagem a todos este ano, portanto, é musical. Através deles e das músicas interpretadas, revivo minha memória. Me emociono porque o final de ano com o Natal e o nascimento de um Ano Novo são sempre momentos de nostalgia e reflexão para mim e essas canções afora trazerem um pouco desses momentos de volta, são também verdadeiros hinos e clássicos natalinos, espero que gostem. Que seja uma época de paz, alegria, amor e harmonia entre todos. Feliz Natal amigos!

Aprendi na escola, um clássico numa versão atual.

Cada vez que escuto, esta me me traz uma lágrima ao rosto, pura emoção e essa versão algo mais nova e moderna de Lady Antebellum (não conhecia) me seduziu.

Nana Mouskouri, essa grega canta muito. A descobri há muitos anos atrás caminhando na Calle Florida em Buenos Aires passando por uma loja de CDs onde entoava o coro dos escravos da ópera de Nabucco, uma maravilha! Esta versão de Amazing Grace é especial.

Ave Maria de Gounod, sempre uma emoção ainda mais na voz de Kimy Scota, Sul Africana da cidade do Cabo.

Em tempo de Franciscanos, não deixe de ver ou rever > “Brother Sun, Sister Moon”, escutei recentemente este frei que tem uma voz abençoada, Adestes Fideles!

Kanimambo, salute e após o Natal tem mais!

Unchain My Heart – R.I.P. Joe

Nem sempre falo de vinho aqui e hoje, triste, quero mesmo é fazer uma pequena e singela homenagem a um cara que marcou minha adolescência (e não só) e me encantou com sua voz, ritmo e estilo inconfundíveis. Mais um grande nome do mundo musical se vai e nós ficamos com os MC’s da vida e o funkeiros de plantão! É, a vida segue e muitas vezes me pergunto se estamos num processo de evolução ou involução?! Enfim, coisas de um sexagenário (ou quase!) nostálgico poderão falar alguns porém quem se der ao “trabalho” de abrir esses próximos vídeos com algumas de suas marcas registradas entenderá o tamanho da perda, porém restam-nos as lembranças e a possibilidade de revivermos momentos ao escutarmos suas incríveis interpretações! Em tempos de efemiridade, sobretudo nas artes e na informação, dói perder gente deste calibre, porém resta-nos o consolo de saber que eles serão eternos. Senhores e senhoras, Mr. Joe Cocker !!

Namorei muito ao som desta

Elevando a fantástica música dos Beatles a um outro patamar, coisa que parecia impossível!

Feeling Alright? Not Feeling too good myself, especialmente hoje!

Unchain My Heart, um clássico!

Thanks for the trip Joe!

Grandes Vinhos de Sobremesa Lusos

Nas últimas semanas encerramos as atividades do ano com quatro confrarias que administro e dou consultoria, só com grandes vinhos (falarei deles no ano que vem) pois os saldos de caixa estavam excelentes. O incrível foi que terminamos as festividades de cada um com um vinho de sobremesa e em todas o final se deu com um vinho português mostrando, também aqui, uma enorme diversidade e singularidade, uma marca lusa! Vinhos doces, de sobremesa, fortificados, podemos chamá-los de diversos nomes porém em todos reina a excelência e o fator de que eles, por si só, já são a sobremesa. Na duvida, no entanto, qualquer um deles vai muito bem com tortas de frutos secos, amêndoas, nozes, doces conventuais portugueses e, certamente, queijos azuis!

Quatro vinhos, três regiões, porém a mesma excelência e sedução a cada fungada, a cada gole uma nova sensação e emoção. São elixires como estes que nos levam ao nirvana e surpreendem a maioria dos que desconhece essas preciosidades. As garrafas vazias foram para meu altar de Bacco, onde ficam as lembranças dos grandes vinhos tomados!

Henrique e Henrique’ Madeira Bual 15 anos – Os Madeira também são vinhos fortificados que em sua elaboração passam por um processo único, o “cozimento” ou como eles denominam por lá, “estufagem” que consiste em uma passagem por no mínimo três meses em tanques especiais de inox com serpentinas de água quente circulando dentro do tanque. Posteriormente são colocados em cascos de madeira para envelhecimento. Magnifico exemplar de madeira elaborada com essa uva que poucos conhecem; a Bual ou Boal. Desta uva saem vinhos meio doces com notas de frutos secos e este mostrava claramente figos secos que harmonizou magistralmente com uma torta de nozes com figos e maçã que o amigo Ney Laux, cozinheiro de mão cheia, fez na Confraria Vino Paradiso. Maravilha engarrafada, notas de caramelo, complexo com notas oxidativas, deixou muita gente suspirando!

Casa de Sta. Eufêmia Special Reserve Porto branco 1973 – uma obra do acaso e da qual sobram alguns poucos mil litros por engarrafar. Um Porto Branco Envelhecido de tirar o fôlego. Nos aromas, algo de pêssego, frutos secos, damasco tudo muito sedutor e delicado. Na boca demonstra mais uma vez todo o seu equilíbrio de uma forma untuosa, gorda e macia num ótimo volume de boca lembrando um tawny envelhecido, final muito longo em que as amêndoas, mel e frutos secos se apresentam muito presentes e com enorme persistência. Surpreendente e arrebatador! Se deu muito bem com o Panetone Loison Tradicional com frutos secos, que aliás também serviu de harmonização para outros vinhos. Um grande vinho que embalou as Enoladies em mais um final de ano, o quarto!

Quinta da Bacalhôa Moscatel Roxo 98 – de Setúbal, um vinho que passa 9 anos em cascos de whisky usados trazidos da Escócia, mais uma obra prima lusa advinda de uma uva com cultivo limitado á região. Gosto dos vinhos moscatel lusos, sejam eles de Setúbal, tradicionalmente melhores, ou do Douro de onde já provei alguns grandes exemplares, mas a Moscatel Roxo é diferente. Extremamente sedutor, com notas florais que me fazem recordar laranjeira e rosas, com algo de frutos secos e mel, talvez até influenciado pela incrível cor amarelo dourado, quase topázio, uma verdadeira preciosidade. Tudo isso, no entanto, não convence se quando chega à boca esses aromas morrem e são substituídos por um liquido xaropento, enjoativo e sem vida. Este Moscatel Roxo da Quinta da Bacalhôa é o oposto de tudo isso, pois possuí uma acidez maravilhosa que lhe aporta uma personalidade muito vibrante, elegante, de grande leveza e maciez que convidam ao próximo gole. Também acompanhamos com Panetone Loison, mas nem precisava e os amigos confrades da Quinta Divina não me deixam mentir!

Taylor’s Tawny 20 anos – sempre preferi os 20 anos á maioria dos 30 anos e quase sempre dos de 40 anos, não sei porquê então não me peçam para explicar! Este tinha provado recentemente num evento do Douro, porém tomá-lo e ainda por cima na companhia dos amigos da Confraria Saca Rolha teve um gosto para lá de especial. Grande Tawny de Idade que certamente a porta voz da confraria saberá descrever quando escrever o relato de sua experiência que publicarei aqui, como sempre. Por agora, só digo que este tinha um toque de especiarias que não apareceu em nenhum dos outros três. Um vinho de incrível harmonia, obrigado Raquel, um encerramento à altura dos outros grandes vinhos da noite!

Vinhos de Sobremesa Portugueses FV

Mais um ano se foi e mais um montão de bons vinhos provados enriquecendo a vida enófila dos participantes das confrarias. Vinhos baratos, vinhos caros, vinhos complexos, vinhos francos, vinhos tintos, brancos e rosés, de todas as origens, de diversos estilos e uvas, o foco é sempre a diversidade! Cada confraria conheceu no mínimo dez diferentes espumantes (todos os encontros são abertos com eles) e provou 80 diferentes vinhos então, pelo menos enófilamente falando, foi um ano bastante proveitoso. Por sinal, tenho amigos perguntando quando abrirei confrarias em São Paulo, pois bem eis uma noticia em primeira mão para quem estiver interessado, 2015 está chegando e há planos para duas novas confrarias mensais na zona oeste de Sampa. Quem tiver interesse em receber um grupo de até 14 pessoas mensalmente ou queira participar de uma destas confrarias, deixe seu interesse registrado nos comentários que entrarei em contato.

Salute e kanimambo pela visita. Espero seguir sendo merecedor de sua visita em 2015 e caso precise, estarei de plantão na Vino & Sapore até dia 24 ás 18 horas e se quiser começar o Ano Novo em grande estilo, venha comigo a Mendoza!

Mendoza Para Loucos Por Vinho!

Uma viagem diferente com foco na diversidade, nos produtores clássicos, mas também nos produtores boutique usufruindo de momentos únicos com vinhos e produtores revolucionários!  Ainda tenho vagas para este incrível roteiro a Mendoza em Janeiro. Quem quer vir junto?! Que tal um presente de Natal para lá de especial e inêsquecível, um Vale Viagem a Mendoza! Traga seus amigos, sua confraria e venha conversar com alguns dos principais enólogos da atualidade e provar seus vinhos. Acompanharei o grupo desde o embarque em Sampa até a volta, vem comigo! Clique na imagem para ver detalhes do roteiro. Come join us in an amazing trip to Mendoza wine lands, it’s people, it´s food and it´s great wines!

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Roberto de la Mota e a Diversidade Argentina

Dando sequência a nossa maratona de mais de 3.800 kms e 4 regiões produtoras argentinas a convite da Wines of Argentina (WofA), chegamos a Mendoza por volta das 7:30 de la matina depois de 10 intermináveis horas de bus e o corpo todo quebrado. Direto para o hotel e um belo e merecido café da amanhã seguido de uma ducha e uma horinha de descanso enquanto colocava meus mails em dia para às 11 horas já voltarmos CAM00869aos trabalhos num dos melhores momentos desta viajem, um encontro com Roberto de la Mota com quem poderíamos charlar por uma eternidade sorvendo de sua experência e vasto conhecimento. Papo fácil e sedutor, falou da diversidade vitivinícola enquanto provávamos alguns exemplares provando na prática a teoria apresentada, divino!

Vou compartilhar algumas notas do que escutei e também dos vinhos provados, porém, para quem não conhece, deixem-me antes apresentar o Roberto de la Mota. Enólogo dos mais conceituados, começou sua carreira aos 19 anos ajudando o pai (o lendário Raul de la Mota) na Weinert. Depois foi estudar e trabalhar em Bordeaux sob a batuta de Émile Peynaud retornando ao país quando, entre outras, andou pelo projeto Terrazas da Chandon. Hoje dá consultoria para diversas bodegas em várias regiões produtoras assim como tem seu projeto pessoal, a Mendel Wines. Um craque, simpático, sabe tudo do vinho e da vitivinicultura, sua charla (sem pompa nem soberba) é uma aula para quem quiser ouvir!

Até os anos 80 o foco de Mendoza era quantidade! Eram 350 mil hectares de muita uva mas tão somente 15% era de uvas e vinhos finos. Esta situação hoje se inverteu e novas fronteiras se abrem para novas uvas na busca de diversidade pois a região se mostra propicia para muitas mais castas do que a Malbec. Por sinal, foi Roberto que trouxe as primeiras mudas de Cabernet Franc e Petit Verdot para a região, acreditando que se dariam bem e hoje os resultados mostram o quão acertado ele estava.

Mendel Semillón 2013– mais uma aposta do Roberto, desta feita com uma uva branca e quantidades de produção limitadas a cerca de 4 mil garrafas que ele comercializa em quantidades iguais nos Estados Unidos e no Reino Unido com algumas poucas reservadas para seu estoque na bodega. Vinte porcento passam em barrica por uns seis meses, que é o que lhe dá a untuosidade porém sem cobrir o frescor e a fruta muito presentes. Floral (frutos secos) nos aromas, boga rica e fresca de boa persistência, gostei bastante! Para comprar lá na bodega em uma próxima visita.

Dona Paula Estate Sauvignon Blanc 2014 – Só inox, nariz muito intenso, na boca é mineral, ótimo final, fino e fresco. Um SB muito bem feito e agradável. Bela surpresa.

Bodega Colomé Torrontés 2013 – para mim segue sendo um dos melhores torrontés hoje no mercado mostrando todo o potencial desta uva quando bem trabalhada nos vinhedos. De Salta, 2600 metros de altitude, é um vinho clássico, floral com cítrico no nariz, encantador, faz a minha cabeça!

Durigutti Reserva Bonarda 2010 – não conhecia o produtor até uma recente viagem e agora comprovo sua aptidão para vinhos de muita qualidade. Com 18 meses de barrica, apresenta na entrada uma framboesa marcante, meio de boca com grande volume, denso e carnoso apresentando um final fresco com nuances minerais. Sai um pouco fora do padrão de vinhos mais leves e mostrou ter estrutura para guarda. Na linha do Nieto Partida Limitada que é um marco nos vinhos elaborados com esta uva e que necessita de bastante tempo de garrafa para mostrar todo seu valor.

Rutini Cabernet Sauvignon 2011 – com 12 meses de barrica, mostrou-se extremamente equilibrado, madeira muito bem integrada, terroso, rico, boa estrutura, taninos aveludados, um belo vinho bem no estilo da casa de vinhos bem feitos que agradam fácil. Belo vinho!

Andeluna Pasionado Cabernet Franc 2010 – este produtor tem uma característica que a nível geral não me agrada, revi isso posteriormente numa outra cata, pois seus vinhos costumam ser algo excessivos, seja no álcool, na extração ou corpo. Denso, taninos marcantes, para mim faltou deixar a uva se expressar melhor, porém há quem goste.

Finca Decero Mini Ediciones Petit Verdot 2011 – delicia na taça, trouxe para minha Degustação de Vinhos da Mala e todos se apaixonaram. Este produtor já andou por aqui, porém com o encerramento das atividades de seu importador, anda negociando sua volta. São 16 meses de barrica francesa, das quais 50% novas, e o resultado é um vinho muito expressivo tanto no nariz quanto na boca, classudo, gordo, taninos finos e sedosos, ótima textura e longo. Queria beber caixas!

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Grandes vinhos, grande charla, um momento inesquecível, um tremendo privilégio! Depois, visita a uma bodega com almoço e mini-feira com mais 8 produtores, mas isso é papo para outro post! Salute, kanimambo e nos vemos por aqui, na Vino & sapore ou juntos na viagem a Mendoza com a Wine & Food Travel Experience em Janeiro.

Briego Crianza, mais um Belo Ribera na Minha Taça

Recentemente abri este vinho na loja com alguns amigos para ver se entrava ou não no portfolio junto com seu irmão mais novo o Briego Roble sobre o qual já teci meus comentários aqui. Mais um vinho que agradou em cheio (a Rejane não me deixará mentir) e nos faz refletir sobre a quantidade de produtores pouco conhecidos por aí que fazem alguns caldos muito especiais. Por isso bato tanto na tecla da diversidade e da infidelidade no mundo do vinho. Seja fiel à sua família, à empresa, aos seus negócios e fornecedores, à sua loja ou lojas preferidas, porém não seja fiel ao vinho, deixe-se levar por novos produtores e descubra novas sensações, é muiiiito bom! Tudo bem, tenha seus portos seguros, mas não deixe de viajar pois o sabor da descoberta faz valer a pena.

Briego crianzaBem, mas voltemos ao vinho e ao produtor. Briego significa luta, pelo vinho e pelas terras de uma região na Ribera del Duero que prima por vizinhos de primeiríssimo nível como Veja Sicilia, Pingus, Mauro, Protos, Carraovejas, Pesquera, Alión entre outros famosos, uma região algo mais distante do rio Duero conhecida como “Milla de Oro”,a parte mais nobre da D.O.. Escondido entre tantas estrelas, se esconde este produtor que agora conhecemos, Bodegas Briego, um produtor a ficar de olho!

Um Crianza na região de Ribera del Duero (como em Rioja) necessita passar um mínimo de 12 meses em barricas de carvalho e 12 repousando em garrafas onde afina, antes que possa ser lançado no mercado, porém este Briego Crianza tem um pouco mais. O vinho passa 14 meses (8 em barricas americanas e 6 em francesas) e mais 14 em bodega para só depois chegar em nossas taças. Elaborado com 100% de Tempranillo.

Como no Roble, sua paleta olfativa surpreende por sua riqueza e intensidade chamando-nos a atenção já na abertura da garrafa e se superando na taça quando mostra todo o seu potencial de aromas que nos convida a levar a taça á boca! Surpreende porque os Ribera costumam ser mais exuberantes em boca do que no nariz, mas este exemplar consegue nos despertar sensações em ambos. Fruta madura explode no nariz com suaves nuances mentoladas e algum caramelo. Entrada de boca sedutora ganhando volume no meio de boca onde a parece a tradicional estrutura dos vinhos região. A fruta aqui está mais fresca, acidez média, harmônico com taninos aveludados mais presentes no final de boca deixando um retrogosto de boa persistência onde aparecem nuances de tabaco, tostado e algo de especiarias.

Complexo, é um vinho que agrada sobremaneira e custa na praça algo ao redor das 140 pratas, em linha com vinhos similares disponíveis no Brasil. Importado pela Almeria do amigo Juan, um cara que conhece bem os vinhos de Espanha! Salute amigos e kanimambo pela visita. Uma ótima semana a todos.

Entendendo o Português

http://www.falandodevinhos.com/wp-content/uploads/2009/09/22124254/dicionario1.jpgFérias chegando e cada vez mais tem gente descobrindo Portugal, seus vinhos, sua cultura, sua gente, sua gastronomia e se surpreendendo! Sim, a maioria de quem por lá andou recentemente e com quem falo se pergunta, porquê não fui antes?! Agora, você entende o português?!

Falo do idioma, porque o português, como o brasileiro, é difícil de entender! rs Vejam este estes exemplos:

1 – Este vinho tinto vinificado em extreme com tinta amarela, é muito porreiro e fácil de encontrar no mercado retalhista lisboeta, mais barato do que os preços nas garrafeiras. Melhor seria dizer que é uma tara, especialmente quando acompanhado de uma tarte de pimentos assados, algo que me sabe muito bem. Podem-me chamar de saloio, mas me fio no feitio do banheiro, que é gajo sério e fiche, quando me diz que é um dos melhores vinhos de Portugal. Ou será que me está a enfiar o barrete?

2 – “O gajo, um trinca-espinhas que usava verniz, peneirento e aldrabão, gostava de entrar em tascas e pedir sapateira, como se isso fosse casual. No fundo era um Zé dos anzóis que mal e mal trincava uns rebuçados velhos e vivia de restolhos que a vizinha mista lhe deixava na porta de seu apartamento de dois assoalhados, morada que a maioria desconhecia. Tomates lhe faltavam, mas lata não e era comum vê-lo na zona a soltar piropos ás miúdas que passavam o que, invariavelmente, o metiam em sarilhos quando algum namorado matolão por lá aparecia e aplicava-lhe uma valente tareia, deixando-o bastante magoado e com algumas nódoas negras pelo corpo. Uma vez, tentou engatar uma rapariga que andava pelo passeio com um cão que lhe acabou mordendo, fazendo com que tivesse que tomar uma pica, só por garantia, já que nem massas tinha para fazer um penso. Enfim, um sorna que mais estava para partir um choco do que para enveredar pelos caminhos da labuta diária na busca do pão de cada dia. Preferia tentar meter o barrete a um e a outro e, com isso , lá ia levando a vida aos trambulhões.”

3 – algumas mais curtas!

  • Ao passar a lomba, deixou o carro ir abaixo mesmo ali, no ponto de inversão de sentido.
  • Passa-me lá no supermercado e compra uma caixa de diósperos e uma chucha e biberon para o bebé.
  • Final de tarde na Sexta-feira, nada como juntar a malta, pedir uns joaquinzinhos e uma imperial, sentarmos na esplanada, ver os elétricos passarem cheios de turistas giras e deitar conversa fora. 
  • Com essa conversa de tretas não tens hipótese de engatar essa miúda que é explicadora e inteligentíssima. Ela é capaz é de ficar lixada contigo!
  • Ó pá, dá-se-me nas tintas se quiseres ir aos copos, mas vê lá não te metas em zaragatas. Na volta passa na farmácia e compra-me um creme para picaduras e duas caixas grandes de durex.

Entendeu tudo, tem a certeza? Então não precisas de ajuda, boa viagem! Agora, se não entendestes patavina, minha ajuda para ti está no pequeno dicionário Português > Brasileiro que publiquei em 4 partes há alguns anos e que alguns amigos me pediram para repicar. Clica aqui e agora sim, boa viagem por terras lusas, ai que saudades que tenho!!

Salute, kanimambo, seguimos nos encontrando por aqui e, porquê não, em Mendoza!

Vem Comigo a Mendoza, Vem!

Amigos, igual a esse roteiro não tem igual, me desculpem a modéstia, e só indo comigo para poder usufruir desses vinhos e pessoas que irão, excepcionalmente, nos receber em suas casas. Dizer que alguém conhece Mendoza é no mínimo presunção, pois ter estado lá uma vez e visitado as bodegas turísticas, por melhor que sejam, não é conhecer este fantástico Oásis. São mais de 900 vinícolas e mesmo com meia dúzia de viagens mal se toca a superfície e pouco se conhece da enorme diversidade de vinhos, uvas e estilos que hoje se produzem ali.

Há viagens para tudo que é canto e com tudo o que é preço para tudo o que é gosto. Esta é para quem é realmente apaixonado por nossa vinosfera, pela diversidade e pela novidade buscando novas sensações com a possibilidade de conversar, provar e trocar ideias com alguns dos produtores mais interessantes de mundo do vinho mendocino. Ainda temos vagas, mas não deixe para a última hora esperando o Dólar baixar, mesmo que estivesse a R$3,00 ainda seria uma ótima, basta comparar!

Fora dos pacotes turísticos convencionais, fui fundo na negociação de cada rótulo que será provado e de nossos almoços harmonizados para que novas experiências e sensações sejam vividas e, preferencialmente, se tornem persistentes na memória. Creio que, pelo menos no papel e salvo eventual contratempo especialmente de alguns de nossos principais anfitriões, conseguimos isso e cabe a você conferir. A viagem será curta porém intensa e limitada a 14 participantes mais eu que acompanharei o grupo em todo o roteiro, vejam a síntese de como ficou e caso haja interesse estou à disposição para lhes enviar o roteiro detalhado ou você pode acessar o link para a Wine & Food Travel Experience.

Dia 21 de Janeiro/15 ás 11:40 saída de São Paulo Guarulhos (liguem para o Rodrigo da Clube Turismo em Cotia – (11) 9.9913-5462 ou (11) 4614.7153 – se estiverem em outras cidades do Brasil ou de Portugal para providenciar conexão) via Buenos Aires com destino a Mendoza onde chegaremos às 16:30. Direto para o hotel Diplomatic, 5 estrelas e um dos melhores de Mendoza!

  • Ás 18:30 saída para a Wine O’Clock onde participaremos de uma degustação temática sobre a Malbec em Mendoza e a influência dos diversos terroirs. Evento personalizado desenvolvido para este grupo.

Dia 22 às 09:45 saída para nosso primeiro, de três, compromisso do dia.

  • Achával-Ferrer / Belasco de Baquedano com almoço harmonizado e sala de aromas / Passionate Wines com Juan e Matias Michelini jovens revolucionários da nova enologia argentina. Jantar vendo o pôr do sol sobre os Andes

Dia 23 ás 9:45 todos prontos para mais um dia de intensas experiências

  • Catena Zapata / El Enemigo com a apresentação e almoço com Alejandro Vigil um dos principais nomes da atualidade na enologia argentina / Vina Alicia degustação e bata papo com Rodrigo Arizu sobre suas experiências nesta bodega boutique.

Dia 24 será um dia algo mais leve e mais lúdico porém não menos marcantes onde abundaram grandes vinhos na taça.

  • Benegas-Lynch e Casarena com almoço harmonizado, elaboração de um blend e degustação de vinhos top. Retorno no meio da tarde com passagem pelo Mercado Municipal e um pouco de garimpo gastronômico ou quem quiser, uma passada no shopping.

Dia 25 – Dia de retornarmos para casa porém sem antes participarmos de uma das mais saborosas experiências sensoriais em Mendoza.

  • Visita e almoço harmonizado na Dominio del Plata e o restaurante Osadia de Crear, um Grand Finale que, quem já participou, pode confirmar.

Mais detalhes, valores e outras informações adicionais acesse o blog da Wine and Food Travel Experience clicando aqui.

Salute, kanimamo e espero você em Guarulhos?

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Os Grandes da Patagônia

CAM00797Depois de um dia intenso em que terminamos jantando no La Toscana, um belo restaurante em Neuquen, com Julio Viola e os vinhos da Fin del Mundo, tínhamos mais um dia de muitas descobertas pela frente. Antes porém, preciso falar desse jantar onde pela primeira vez comi rinones por indicação do amigo Didu. Muito bom!! Uma consistência diferente (me pareceu moelas), e o prato dava para três, sem chance de terminar.
Para acompanhar o jantar tivemos a companhia do Julio que nos apresentou alguns vinhos da Fin del Mundo e da NQN (Malma) bodega recentemente comprada por eles e que iríamos visitar no dia seguinte.

Muito bom espumante extra-brut á base de chardonnay com Pinot Noir para nos preparar o palato para o que estava por vir. Vinhos potentes e o famoso Fin del Mundo Blend segue não me encantando mesmo fazendo a cabeça de muitos, sei bem disso. Sigo preferindo vinhos menos excessivos e a este há que se lhe dar tempo para que encontre seu equilíbrio, coisa nem sempre fácil de executar. Dos vinhos que tomamos nessa noite; Fin del Mundo Reserva Chardonnay, Malma Finca La Papay Pinot, Fin del Mundo Single Vineyard, Fin del Mundo Single Vineyard Pinot 2010 e o Special Blend, tenho que confessar que meu coração bateu mais forte com o Sinlgle Vineyard Pinot e o Cabernet Franc que “maridou” perfeitamente com os rinones! Cansados, nos arrastamos para a van que nos esperava para nos levar ao hotel e um merecido repouso.

Temprano, saímos para visitar as bodegas Fin del Mundo e NQN, uma do lado da outra, e me deparei com algo que nunca tinha visto, escondidos atrás de uma cortina de alamos 800 hectares de vinhas e cerca de 9 milhões de litros de vinho de todas as gamas. O verdadeiro significado de “indústria do vinho”. Adorei a coleção de barricas antigas pintadas por diversos artistas plásticos, prática que posteriormente vimos em outras bodegas, porém sem a mesma quantidade e foco.

CAM00810Na Fin del Mundo, cerca de 2.200 barricas e a maior produção, cerca de 7.5 milhões de litros (9 milhões o com a NQN) com diversas linhas de produtos das quais as linhas de entrada Ventus e Postales representam cerca de 50% da produção. Fomos recebidos com uma taça de espumante que me encantou ao ponto de o trazer na mala para a minha já tradicional Degustação da Mala quando tenho a oportunidade de compartilhar com quem não foi, alguns frutos de meu garimpo.
Espumante Nature de Pinot Noir – Não vem ao Brasil e somente são produzidas cerca de 15.000 garrafas ano. A primeira fermentação é feita em cubas de carvalho francês e 10557272_932568523421519_1302182506060255175_npassa 36 meses sur lie. Um vinho complexo, estruturado, ótima perlage e personalidade própria, daquelas que você não esquece.
Postales Rosé – simples, saboroso, sem compromisso.
Newen Sauvignon Blanc – fácil, pouca expressão da casta
Postales Malbec – na linha do Rosé, sem compromisso
Newen Malbec – 12 meses de barrica ainda por integrar, comercial, boa extração.
Fin del Mundo Reserva Malbec – de 12 a 14 meses de barrica francesa, ainda muito jovem (2013), madeira bem presente, fruta madura, feito para agradar uma fatia de mercado interessante que consome malbec deste estilo, mas a meu ver faltou a tipicidade regional.
Fin del Mundo Gran Reserva – para mim, junto com o Cabernet Franc provado na noite anterior, o melhor vinho da casa. De 12 a 14 meses de barrica francesa (70%) e americana, um delicioso e muito harmônico blend de Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Malbec e Merlot cheio de fruta vibrante, especiarias, meio de boca muito rico, taninos de muita qualidade, fino e elegante mostrando um estilo mais patagônico de ser!

CAM00838Na “camioneta”, rapidamente até ao outro lado da estrada e já estávamos na NQN (Malma) onde iríamos almoçar e também fomos recebidos com um espumante, um extra-brut meio estranho já que deixava um retrogosto doce mostrando um residual de açúcar bem acima do esperado num extra-brut. O prédio e esculturas em ferro velho são marcantes e fiquei impressionado com as esculturas que podem ser vistas no slide show que vou colocar aqui abaixo daqui a mais uns momentos já que não quis atrasar o texto. Fomos á sala de degustação onde nos foram dados à prova cinco vinhos com a mão, importante frisar, de Roberto de la Motta o enólogo consultor da bodega.
Finca Papay Malbec – 30% do vinho passa em barrica por seis meses. Um vinho agradável, não chega a encantar porém é bem feito, fresco, sem arestas nem excessos, gostoso de beber.
Reserva da Familia Pinot Noir – misto de roble francês e americano, mais deste último, CAM00845muito fresco, equilibrado, boa fruta e elegante, taninos suaves muito bem trabalhados, um pinot que me agradou bastante.
Reserva da Familia Malbec – mais um bom vinho repleto de fruta viva, fresco, taninos sedosos e madeira muito bem integrada. Aqui uma ressalva, o Merlot deles da Reserva da Familia, que conhecia de outros carnavais mas que não provamos no dia, é também de muito boa qualidade. Esta gama de produtos é toda de qualidade muito boa.
Universo Malbec , a gama top da casa – 100% de roble francês por 15 meses e um teor alcoólico alto, 14.6% perfeitamente integrado não deixando marcas. Pelo menos na prova, não sei depois da terceira taça! rs Fruta bem presente,, fresco, taninos finos,um vinho de classe e este 2010 ainda está jovem devendo evoluir bem na garrafa por mais uma meia dúzia de anos.
Universo Blend – um grande vinho com muito futuro pela frente e, na minha opnião, algo melhor que o Malbec. Blend e Malbec (60%) com Cabernet Sauvignon, apresenta-se muito bem equilibrado, untuoso, especiado e com notas mais tostadas mostrando a madeira que ainda precisa de tempo para uma maior integração pois o vinho era 2012, uma criança engatinhando!

Esse foi nosso passeio pela patagônia e ficou a vontade de voltar uma outra vez, quem sabe com a Wine and Food Travel Experience, para conhecer algumas outras bodegas como a Noemia, Chacras e Patritti entre outras. Hora de voltar ao hotel para um breve descanso e encarar dez horas de ônibus até Mendoza, confesso que estava preocupado!

Finalizei o slide show e para vê-lo basta clicar na imagem abaixo que ela te levará lá! Uma ótima semana para todos e não deixem de estudar a possibilidade de vir comigo a Mendoza dia 21 de Janeiro, um roteiro para enófilo nenhum botar defeito! Saúde, kanimambo e seguimos nos encontrando por aqui.

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