De Volta ao Passado

É interessante volta e meia retornar ao passado para uma reavaliação de rótulos provados ou tomados quando iniciamos nosso trajeto como enófilos e isso vale para todos nós que escrevemos ou simplesmente tomamos e guardamos notas desses momentos. Afinal, dependendo do tempo envolvido, muito vinho rolou por nossas taças e fica a dúvida, será que aquele vinho que eu provei há seis ou sete anos atrás segue sendo merecedor de meus elogios? Eu certamente mudei e o vinho, provavelmente também, ou não, mas pode ser também que eu simplesmente tenha ficado algo mais crica!

Minha atenção para o mundo do vinho foi atraída por uma garrafa de Fontana Freda Barbera há cerca de 25/30 anos na casa do tio de minha esposa. Naqueles tempos os bons vinhos por aqui eram escassos e caríssimos, não eram para o bolso de jovens casais iniciando a vida e dependente de salários algo curtos, e aquele vinho foi soberbo, uma descoberta, um néctar sedutor! Daquele vinho guardo distância para não ocorrer, eventualmente, uma quebra do encanto, mas do que andei escrevendo por aqui e nas colunas ao longo dos últimos anos, desses posso falar. rs

Salton Reserva Ouro Brut – Durante muitos anos cansei de elogiar e recomendar este vinho para eventos e CAM00113casamentos, achando-o alguns degraus acima da versão básica, e barata, deste espumante. Afinal, como anda este vinho hoje? O tomei recentemente e segue sendo uma boa relação custo x beneficio porém o achei algo mais pesado do que lembrava. Faltou-lhe uma certa vivacidade, porém ganhou complexidade o que pode ser um senão quando falamos de eventos onde “as bocas” são menos treinadas e buscam vinhos algo mais ligeiros. Para esse propósito, acho que o recém lançado Salton Intenso Brut pode se dar melhor. De qualquer forma, segue sendo um bom espumante, só que deles eu ainda prefiro, dos que provei até agora, o Salton Evidence.  Este reencontro de deu na abertura dos trabalhos para o tradicional almoço de Domingo em casa com a família.
macarrão com bacalhau e Brocoli com Monseraz

Monsaraz Tinto – Este alentejano me encantou há época porque, entre outros atributos, tinha um preço bem camarada. Na sua faixa deitava e rolava, tendo sido (uns seis a sete anos atrás) premiado pelo publico consumidor em Portugal como um dos melhores entrada de gama disponível por lá. Não sei como anda seu conceito por lá, mas por aqui o primeiro senão é uma alta considerável de faixa de preços o que o trouxe para um patamar bem mais concorrido nos dias atuais, entre R$35 a 45,00 (depende da loja). Como os vinhos portugueses de gama de entrada estão bons e abundam, perde um pouco desse chamariz. Já na taça, achei que ficou um pouco mais ligeiro e sem presença de boca. Toma-se de forma descompromissada, mas deixou de me encantar (sim também me encanto com vinhos baratos!). Eu mudei e fiquei mais exigente, porém creio que o vinho também e não foi só no design do rótulo. Nessa faixa de preços hoje existem exemplares mais interessantes, mas quem o comprar não vai se dar mal. Tomei acompanhando um leve macarrão com bacalhau e brócolis e, mesmo não dando para soltar rojões, não fez feio!
Salute, kanimambo e seguimos nos encontrando por aqui.