Cozinhar é Um Modo de Amar os Outros

Mia Couto é Moçambicano, nascido na Beira a segunda maior cidade Moçambicana com cerca de meio milhão de habitantes, enquanto eu nasci algo mais ao norte, em Nampula, porém ambos no longínquo ano de 1955. Biólogo, escritor renomado, poeta, militante político fortemente envolvido com a história deste novo Moçambique,  em determinado momento em um dos contos de seu livro “O Fio das Missangas” diz;

“Cozinhar é o mais privado e arriscado ato. 
No alimento se coloca ternura ou ódio. 
Na panela se verte tempero ou veneno. 
Cozinhar não é serviço. 
Cozinhar é um modo de amar os outros.”

Demais né? Adorei e achei que valia compartilhar com os amigos. Cada chef de cozinha deveria ter esse texto escancarado em letras garrafais na parede de seu espaço de trabalho. Por isso me aventuro na cozinha aos Domingos ou em um ou outro dia, cozinhar é um ato de amor para com quem depois sorverá os frutos de seu “trabalho”.  Assim,  quando não estou bem nem passo perto! rs Salute e kanimambo pela visita amigos, um ótimo fim de semana para todos e, “God willing”, neste Domingo vou para a cozinha (acho que churrasqueira) preparar o almoço com muito carinho. Até semana que vem!

moçambique

ps. Saudades de Maputo, do Xai-Xai, da Namaacha, saudades das noitadas no Zambi, saudades dos almoços no Marialva, no Atenéia, do café no Scala ou no Nicola, saudades do Polana, saudades do “policia sinaleiro”, da Costa do Sol, do camarão à piri-piri, da Catembe e das férias na Ponta do Ouro, dos aromas das especiarias indianas no mercado, saudades da família, dos amigos e de minha infância! Eta, esse texto me deixou nostálgico!!

Mais Experiências Lusas na Confraria Saca Rolhas

Portugal Fixe Hospedando cinco confrarias ao mês, sem contar os eventos promovidos, volta e meia esqueço o tema escolhido para o encontro seguinte. Pior, como a escolha é normalmente feita ao final dos encontros, rs, a maioria também esquece! Em cima da hora não podia dar outra, optei por dar uma volta pelas ricas regiões produtoras em Portugal que a confreira, amiga e porta voz do grupo assim descreveu:

 

Mais um encontro da Confraria Saca Rolhas e como é de praxe, procuramos decidir o tema do próximo encontro, no final da noite….E não sei porque, depois sempre aparecem dúvidas à respeito do que foi decidido! Depois da degustação dos Brunellos então, esquecemos de combinar o tema. Decidimos então degustar os vinhos que foram selecionados para harmonizar um jantar português, promovido pela Vino&Sapore. Acho que foi uma boa pedida, já que os portugueses estão em evidência atualmente, além do que, o fato de serem vinhos que deveriam acompanhar uma refeição, indicam uma característica muito mais próxima de vinhos que nós normalmente procuramos comprar no dia a dia, do que aqueles simplesmente degustados para conhecer uma região, um produtor, ou mesmo uma qualidade de uva, etc e tal. Seria uma visão diferente com um viés mais gastronômico.
Salvo algumas exceções, a sequencia dos vinhos servidos foi mais ou menos esta:

Espumante Valmarino & Churchill – Brut Nature – Prestige
Boa surpresa da região de Pinto Bandeira, Rio Grande do Sul (BR). Elaborado pelo método tradicional ( champenoise), com as uvas Chardonnay e Pinot Noir em que o vinho base passa por um estágio de 180 dias em barrica de primeiro uso americana. Bela pérlage que enche a boca, revelando ao mesmo tempo, cremosidade e frescor. Aromas e sabores equilibrados que se alternam entre as frutas cítricas e pâtisserie. Tem uma longa persistência e deixam uma agradável e sedosa sensação amendoada na boca.

Pedra Cancela – Eco Friendly 2009
Da região do Dão, este vinho foi elaborado à partir de princípios ecológicos e preocupações com o meio ambiente, desde o plantio, colheita, vinificação, e engarrafamento (garrafa, rolha e rótulo).
Início bem perfumado ( flores e frutas), e fresco. Na boca, é bem encorpado e a presença das frutas se confirma, principalmente amoras e cerejas maduras. Os taninos são suaves e o álcool aparece um pouco demais, deixando um final quase doce. Não ganha muito com tempo na taça. Apenas aparecem alguns traços amadeirados. Um vinho de alma jovem!

Solar dos Lobos – Reserva 2007
Da região do Alentejo, mostrou-se discreto no início. Com tempo, demonstrou sua vocação gastronômica com aromas de especiarias, pimentas, vinha d’alhos, defumados, notas de tostado da madeira, tabaco, equilibrando-se muito bem com o frutado, criando um corpo harmonioso e persistente na boca. Boa acidez e taninos suaves. Mas pede comida.

Vinhos Lusos Junho 2014

Meia Pipa – Private Selection 2010
Do mesmo produtor da “Quinta da Bacalhoa”, na Península de Setúbal, esse vinho é elaborado com uma mistura de uvas portuguesas e francesas. Ataque potente na boca. Bem encorpado, com taninos marcantes e acidez equilibrada. Sobressai sua estadia em madeira bem incorporada com o frutado das cerejas e ameixas maduras. Um vinho redondo, agradável e fácil de beber.

Grandes Quintas – Reserva 2010
Proveniente de vinhas velhas da região do Douro. Nariz elegante e sutil. Bem equilibrado e estrutura alinhada. Sem arestas. Bom extrato, taninos finos e presentes, e acidez muito boa. Refresca o paladar e o torna um bom companheiro para refeições. Final longo com frescor persistente. Um vinho versátil, que acompanharia muito bem do primeiro ao último prato.

Francos Reserva 2009 – DOC Alenquer
Esse vinho tem história!
Produzido pelo Enólogo José Neiva Correia ( DFJ ), para comemorar seus 30 anos de enologia. As uvas utilizadas para produzi-lo vieram da Quinta do Porto Franco ( DOC Alenquer , na região de Lisboa ), que também foi o local de nascimento de José Neiva. Foi eleito o um dos 100 melhores vinhos de Portugal em 2013 pela Revista de Vinhos de Portugal.
Pareceu um pouco tímido no início. A primeira sensação na boca foi um gosto de comida! Super equilibrado, e complexo. Fiquei com a impressão que esse vinho perdeu um pouco por ser deixado para o fim da degustação……Não tivemos tempo suficiente para apreciá-lo por completo. Havia algo nele que não consegui entender até agora. Sim, existem vinhos intrigantes que temos que repetir e esse certamente é um deles. Algo no frescor, uma mineralidade incomum e uma acidez que parecia vinho branco! Esse vinho, se encontrá-lo novamente, não me escapa!

VanZellersPorto-550x471VZ – Van Zeller – Tawny 10 anos
Esse Porto, de cor belíssima, âmbar, veio para encerrar a noite e acompanhar o delicioso toucinho do céu. Com seus sabores amendoados e puxados para frutos secos, me fez por alguns momentos esquecer que também tratava-se de mais um vinho. A fusão entre ele e a sobremesa foi tão grande que na minha cabeça tudo transformou-se em uma coisa só. Harmonização perfeita!

 
Resumindo as escolhas da noite:
Tirando o Espumante de boas vindas e o Porto de sobremesa que podem variar, os 5 tintos tinham em comum, qualidades tipicamente encontradas em vinhos portugueses desse padrão. Todos eles tinham espírito jovem, eram frescos , com boa acidez, aromáticos e pediam comida para acompanhá-los. Além disso, caracterizavam-se por serem frutados, com bom corpo, e madeira bem integrada aos aromas e sabores.

Os vinhos gastronômicos são aqueles que melhoram com a comida e a comida melhora com eles. Igual um casamento que dá certo ou uma amizade longeva. Não existe regra, e acontece na base da intuição, do conhecimento e do experimento. Quando da certo é ótimo. Quando não, continua-se tentando. E cabe a nós, apreciadores da boa comida e da boa bebida, essa árdua tarefa da escolha. Engana-se quem acha que é fácil!

Mais Vinhos de Bom Preço a Curtir na Copa

Agora o próximo jogo do Brasil é Sábado ás 13 horas! Não é por nada não, mas estou louquinho para a copa acabar e podermos retomar nossas vidas. A indústria vai ter queda, o comércio vai ter queda, porém as contas insistem em chegar “no matter what”! Enfim, não tem jeito então vamos tocando e eu cá estou de volta para dar mais algumas dicas de vinhos para curtir na copa só que destes países os preços são algo menos atrativos. Tenho pesquisado, mas achar bons vinhos da Alemanha, EUA, Uruguai e Austrália abaixo, ou próximo das 50 pratas não tá fácil não. Para quem está a fins de curtir vinhos de um desses países, não vou colocar nada da Grécia nem Croácia pois o que conheço é bem mais caro e nem sempre facilmente encontrados, eis algumas poucas dicas.

Flag button UruguaiUruguai – assim como a Argentina reinventou a malbec o Uruguai fez o mesmo com a Tannat e tem muita coisa boa por lá, nem sempre a preços muito convidativos. Nas faixas mais baixas de preços os vinhos variam muito, porém na casa dos R$35 a 40 o Don Pascual Tannat/Merlot (tradicional corte local) é bem agradável. Não tenho provado muita coisa nessa faixa que tenha me agradado, porém a R$45,00 o Pisano Cisplatino tannat/merlot é um porto seguro e na casa dos R$55 gostei bastante do Rio de los Pájaros Tannat Reserva. Outra opção certeira, porém já na casa dos R$65 é o Carrau Tannat de Reserva todos vinhos mais densos, típicos da cepa, porém sem taninos agressivos, teores alcoólicos educados e bastante ricos.

 

Flag Button alemanhaAlemanha – paraíso dos vinhos brancos e eventualmente Pinot Noir nos tintos, porém difícil encontrar vinhos com preços mais convidativos. Rieslings já com qualidade garantida, tem muita coisa por aí bem meia boca, sugiro a garrafa de litro de Heinz Pfaffmann Riesling por cerca de R$72,00 um vinho de baixo teor alcoólico e fácil de tomar, o Loosen Dr. L por volta dos R$69 assim como o Anselmann Trocken, um pouco mais de corpo e estrutura, na mesma faixa. Da Anselmann, també interessante o Pinot Noir deles que mostra uma outra faceta da região, a dos tintos e este é bastante interessante, porém já na casa do R$79,00.

 

Flag Button AustráliaAustrália – outro país de onde é difícil encontrar vinhos a preços convidativos. Afora seus famosos Shiraz, há também bons vinhos brancos, Cabernets e blends a serem explorados, porém devemos abrir a carteira um pouco mais. Na faixa entre entre R$55 a 65,00 gosto do Down Under Chardonnay com pouca madeira e bastante frescor sem perder as características da cepa, o Lindemanns Bin 50 Shiraz um bom “entry level” aos bons Shiraz australianos assim como o Three Steps Shiraz que já mostra um pouco mais de complexidade e corpo.

 

Flag button EUAEUA – nos próprios Estados Unidos os vinhos nacionais são dos mais caros e os de baixo preço tendem à carregação, produtos demasiado industrializados de qualidade muitas vezes duvidosa, porém não sou expert nos vinhos de lá. Conheço alguns bons e lamentavelmente caros rótulos, porém por aqui há pouca disponibilidade de vinhos de qualidade com preço mais acessível. Conheci alguns poucos rótulos que me pareceram bastante honestos e que hoje rondam os R$60 mais ou menos R$5 que creio podem ser interessantes para o momento, pois em turma vendo jogo não me parece que haja muito foco para grandes vinhos. Busque o Crane Lake Zinfandel, Forest Ville Cabernet Sauvignon e Fox Brook Shiraz, não são nenhuma quintessência de vinhos, mas são agradáveis, bem feitos, fáceis de tomar e honestos em seu segmento de preço.

Com isso finalizei minhas dicas de vinhos para curtir na copa. Foram uma série de rótulos de onze diferentes países então até dia 13 de julho há muito o que experimentar! Salute, kanimambo e seguimos nos vendo por aqui.

Mais Vinhos Bons e Baratos para Curtir nos Jogos da Copa

Uma boa parte dos colegas blogueiros e colunistas, sommeliers e profissionais do ramo costumam chegar nos eventos e buscar os grandes produtores e grandes vinhos para prova, o que respeito, porém meus caminhos normalmente me levam na contramão dessa tendência. Gosto de pegar outras estradas; as das descobertas e busca por aquelas pérolas escondidas no meio de uma enormidade de rótulos, aqueles bons vinhos de preços camaradas independentemente da faixa em que se encontrem. Não que esnobe os grandes vinhos, não sou idiota (!) rs,  e ao final sempre encontro um espaço para provar alguns deles, mas o que me dá satisfação mesmo é achar essas pérolas perdidas, o que me dá tesão nessa vinosfera é mesmo o garimpo, sair da mesmice procurar o desconhecido! Boa parte destas descobertas costumo compartilhar com os amigos aqui e os rótulos que sugiro nestes posts de vinhos Bons e Baratos para curtir durante os jogos da copa são fruto desse garimpo, espero que gostem.

Flag button ArgentinaARGENTINA – o Baladero Cabernet Sauvignon, Merlot e o Raza Malbec, entre R$35 a 40,00 são duas ótimas opções para quem quer gastar pouco e não fazer feio com os amigos. O Baladero Cabernet recebeu 89 pontos da Revista Adega e é um vinho surpreendente pelo preço enquanto o Merlot encanta por sua textura. Já o Raza  Malbec é de uma elegância e uma riqueza de meio de boca que agradam fácil a gregos e troianos primando pelo equilíbrio. Entre R$40 a 50,00 as opções são inúmeras porém gosto bastante dos vinhos do Gougenheim Valle Escondido Cabernet, do Syrah e do Bonarda/Syrah que está muito interessante e sedutor

 

Flag Button BrasilBRASIL – Recentemente falei do Salton Paradoxo Merlot e certamente esse teria que ser um dos sugeridos, pois por R$25,00 é uma bela relação qualidade x preço e sob o qual você pode ler mais clicando no link para post que escrevi há dias. Nessa faixa não tenho provado muita coisa, porém o Aracuri Merlot/Cabernet Sauvignon por cerca de R$48 é uma boa opção para quem quer algo mais, um vinho de Campos de Cima (R.S) que surpreende com boa estrutura, taninos finos e uma certa complexidade de final de boca. Óbvio que quando se fala de Brasil um espumante é sempre uma boa opção e se a galera for grande o negócio é apelar para um saboroso fresco Don Bonifácio Brut na casa dos 35 a 40 Reais, fácil de agradar e como já dizia Napoleão, “nas vitórias é merecido e nas derrotas necessário”!

 

Flag Button EspanhaESPANHA – há uns três anos descobri este rótulo que me encantou tanto na boca quanto no bolso, Legado Munoz Garnacha. Segue sendo uma ótima opção e uma surpresa para a maioria dos que o provam pela primeira vez já que é difícil crer que um vinho desses possa custar somente cerca de 42 Reais. Corpo médio, muita fruta, baunilha, acidez correta, final de boca especiado, um destaque na taça que impressiona nessa faixa de preço e que os críticos internacionais já pontuaram por diversas vezes entre 86 e 87 pontos. Já se preferir um 100% Tempranillo, recomendo o Canforrales Classico que surpreende entregando muito mais do que se espera de um vinho desta faixa com bom volume de boca, boa fruta e especiarias presentes. Considerado um dos melhores vinhos jovens de Espanha, foi escolhido para ser servido nos voos da Iberia. Sua versão rosé pode acompanhar bem uma paella ou camaróes empanados como aperitivo, uma família de respeito. A Espanha já nos disse adeus, mas…….. porquê parar?!

 

Flag Button ItáliaITÁLIA – O Paiara, blend de Negro Amaro com  Cabernet Sauvignon, vem da Puglia uma região menos conhecida e esta dupla está muito bem entrosada neste vinho que apresenta frutos negros bem presentes e algumas notas mais terrosas, equilibrado, médio corpo, taninos maduros e custa algo ao redor dos 45 Reais sendo uma ótima pedida para acompanhar a pizza ao final do jogo. Algo mais leves, os Sangiovese como; Confini, Villa Cardeto e o Alido entre R$40 a 48,00 são boas opções. Na mesma faixa de preço um gostoso e festivo Ballabio, rosé do Friulli á base de pinot nero e levemente frisante, um bom espumante Prosecco como o Cecilia Beretta Extra-Dry ou ainda, se quiser acompanhar um sashimi no jogo do Japão, o saboroso espumante rosé Contessa  Borghel,  são ótimas pedidas para acompanhar a Scuadra Azzura! Se quiser pular um degrau (por volta de R$10 a mais) vá de Surani Primitivo di Manduria ou Rubiolo Montepulciano de Abruzzo, satisfação garantida!

Durante a semana que vem volto com meu post final com dicas de vinhos da Austrália, Uruguai, EUA e Alemanha. Até lá, kanimambo e um ótimo fim de semana.

Vinhos Bons e Baratos Para Tomar na Copa

Aproveitando a maré, são 13 os países produtores de vinho presentes a esta Copa do Mundo que paralisa o país. Aliá, tem momentos que me assusto, gente isto é só um jogo! Legal, mas um jogo!! Enfim, voltemos ao vinho que este é assunto mais perene e podemos aproveitar esses momentos de êxtase para tomar alguns vinhos interessantes nos dias em que esses países jogam, ou não? Tá bom, tá bom, pode até iniciar com uma cervejinha, mas depois retorne à trilha! Eis algumas dicas interessantes, de 3 desses países, para os próximos dias com vinhos de custo mais acessível já que ainda tem muito jogo pela frente!

Flag Button FrançaFRANÇA, Roncier Tinto ou Branco – como ainda temos alguns jogos da França, podemos alternar entre um e outro. Vinho barato e bom francês não existe, certo? ERRADO! Este vinho sem safra, sem uva e sem região (sim é isso mesmo) que eu apelidei como Vin de Bistro, é alegre, vibrante e foi uma descoberta que fiz no Encontro de Vinhos OFF deste ano aqui em Sampa. O tinto deve ser tomado refrescado entre 12 a 14º e o branco a 6/8º e garanto que uma garrafa vai ser pouco nesses jogos, porque desce fácil. O Branco mais vibrante que o Tinto, mas ambos vinhos muito equilibrados elaborados para dar prazer sem compromisso. Anda na casa dos 35 Reais. Uma outra opção interessante é o Ondines, um Rhône barato e pero cumplidor!

Flag Button PortugalPORTUGAL, Vilaflor Tinto e Branco – Como nos jogos da França, agora chegou a vez de Portugal com o mesmo produtor nos trazendo vinhos muito agradáveis numa faixa de preço bem camarada. Sim, pode se preparar porque Portugal (inshala!) ainda vai sair em segundo na chave mesmo depois daquele chocolate amargo que a Alemanha providenciou afinal, acidentes acontecem! Do branco já cansei de falar aqui e foi ganhador na Expovinis na categoria brancos abaixo de R$50,00. Um branco do douro com conteúdo, saboroso e bem fresco. Já o tinto vem para confirmar a atual boa fase por que passam os vinhos lusitanos que conseguem nos surpreender com bons vinhos a ótimos preços. Também na casa dos 35 reais. Outras opções nessa faixa; Terras do Pó branco e tinto, Forja do Ferreiro (mais amadeirado) e Casa do Brasão, este último abaixo das 30 pratas!!

Flag button ChileCHILE, Millaman Condor Chardonnay e Carmenére – mais dois achados recentes. O Chardonnay foi muito bem avaliado pela Confraria de Sommeliers do Didu e Cia, e quando provei também me surpreendeu com seus frutos tropicais e vibrante frescor, tanto que me animei a provar o Carmenére que não chega a ser uma uva que normalmente me atrai muito. Mais uma surpresa, sem aquele verde herbácio forte o vinho traz uma fruta gulosa e bom equilíbrio calcado numa textura gostosa de meio de boca e taninos maduros e macios. Para não destoar, vinhos na casa dos 35 reais! Se quiser algo mais barato, o Promesa Sauvignon Blanc na casa dos R$28,00 é uma bela pedida!!

Na Sexta dou mais algumas dicas interessantes de outros países como Brasil, Itália, Alemanha, EUA, Espanha, Uruguai, Argentina, Austrália,…… Salute e kanimambo

Paradoxo Merlot

Hoje tem Wine Bar com a Salton e, como convidado a participar do evento, recebi algumas garrafas para prova. Tínhamos para almoço de Domingo um singelo lombo no forno com batatas e arroz então decidi me antecipar (normalmente atraso, rs) ao encontro do Wine Bar e acabei abrindo esta garrafa do Paradoxo Merlot 2012 para acompanhá-lo. Nada de complexidades nem grandes rasgos culinários e o vinho acompanhou bem a essa premissa.

          O nome, bem bolado por sinal e com uma certa dose de poesia, vem do fato que há alguns anos atrás se achava impossível ter qualidade de vinhedos nessas regiões e; quando o impossível se torna realidade, se converte em paradoxo. Este vinho é elaborado com uvas de parceiros da vinícola na Campanha Gaúcha que tem mostrado, junto com Encruzilhada do Sul, ser uma região produtora de grande futuro. Já mencionei num post anterior sobre vinhos desta vinícola, que gosto de sua politica de precificação e qualidade, produzido muitos bons vinhos de entrada de gama e médios, com consistência. Este é mais um exemplo disso que falei, pois é um vinho na casa dos 25 Reais que entrega o que promete e disso eu gosto.

Salton Paradoxo merlot e lombo         O lombo levemente temperado com ervas e vinho branco se apresentou á mesa bem suave e o vinho; com taninos macios e maduros, boa fruta e acidez no ponto,  prima pelo equilíbrio o que o fez um parceiro à altura do prato não passando por cima nem ficando devendo, que é o que se procura numa harmonização. Apesar de seis meses de barrica (50/50 francesa e americana) que acredito deva ser de segundo ou terceiro uso, a madeira se mostra bem integrada deixando umas notas de especiarias mais presentes no final de boca de média persistência, talvez fruto dos seis meses em garrafa antes de ser colocado no mercado. Acho os Merlots nacionais os melhores (relação qualidade x quantidade) da região e este vem comprovar isso numa faixa de preço difícil de encontrar concorrentes argentinos e chilenos (da mesma uva) com a mesma estirpe.

          Hoje á noite, tendo um tempinho, não deixe de acompanhar o Wine Bar com a Salton pois tem novidade na área e eu também estou curioso em provar o Septimum! Salute, kanimambo e nos vemos mais tarde

Oito Anos Falando de Vinhos e Alguns Destaques – Brasil III

Neste primeiro lote de Destaques destes últimos oito anos dedicados aos vinhos do Brasil, os espumantes teriam que obrigatoriamente estar presentes e com eles termino esta série. Temos bons vinhos tintos, porém é nos espumantes que o vinho brasileiro se projeta internacionalmente como, em minha modesta opinião, a quarta força mundial no quesito Quantidade com Qualidade. São inúmeros os bons rótulos, porém dois vinhos são especiais, o Orus Rosé do Adolfo Lona e o Geisse Terroir Nature do Mário Geisse ambos conceituados enólogos com anos de serviço prestados ao desenvolvimento do espumante nacional.

DSC03152Orus Pas Dose Rosé– O provei pela primeira vez em 2011 num evento promovido pelos amigos de longa data e blogueiros, Evandro e Francisco (2 Panas). Postei o que segue; “um espumante rosé nature apaixonante, de pequena produção e uma incrível delicadeza! Daqueles caldos que deveriam vir, como costumo definir, de fraque e cartola para a mesa. Uma surpreendente criação de alguém que tem história na vinicultura tupiniquim, o Sr. Adolfo Lona, é o ORUS Pas Dose Rosé! A cor já impressiona saindo fora daqueles tradicionais tons rosados e cereja, para algo mais sutil. Visualmente a perlage se mostra muito fina, abundante e consistente nos convidando a levar a taça á boca onde ele se mostra em todo o seu esplendor deixando-nos sentir estrelas no céu da boca. Elegante e fino, rico, equilibrado, complexo e sedutor, um rosé que conseguiu desbancar vinhos de maior renome e preço. Corte de Chardonnay, Pinot Noir, Merlot vinificado em branco e Merlot vinificado em rosé. Doze meses em contato com as leveduras e mais doze descansando em garrafa e somente 608 garrafas produzidas, ou seja, mais uma daquelas raridades para poucos e entusiastas amantes do doce néctar.” De lá para cá já andou por diversas vezes em minha taça e nos meus posts, só confirmando a minha primeira impressão sobre este que se tornou um clássico dos espumantes nacionais e a cada ano estou lá na fila esperando algumas das poucas (não chega a 700) garrafas produzidas.

DSC03123Cave Geisse Terroir Nature 2009 – mais um nature, desta feita branco, e mais uma maravilha engarrafada. Já o conhecia de velhos carnavais, mas sempre achei que o Nature “básico” deles já era muito bom e que este não merecia as glórias que lhe atribuíam. Este da safra 2009 no entanto, me virou a cabeça e mostrou que é realmente um grande espumante que, entre os brancos, é a meu ver o que mais se destaca nacionalmente mesmo havendo alguns fortes concorrentes no mercado. Em Novembro de 2013 o coloquei numa degustação às cegas com mais outros sete concorrentes entre eles alguns grandes espumantes das regiões de; Champagne, Franciacorta, Cava e Trento tendo o Terroir Nature ganho a degustação na opinião de 23 consumidores que estiveram presentes ao evento. A produção não passa das sete mil garrafas e é um corte de meio a meio (varia em função das safras) do melhor Chardonnay e Pinot Noir do vinhedo localizado em Pinto Bandeira. Tremendamente sofisticado, com uma perlagem fina, intensa e de longa duração que explode na boca com notas de macã verde, citrinos e alguma levedura, o famoso brioche, sutil, delicado, fino e sedutor, um grande espumante que deixa muito champagne famoso no chinelo.

            Ambos os vinhos estão na casa dos 125 Reais, metade de alguns importados renomados, porém ainda tem gente insistindo em beber marca, que pena porque estão perdendo preciosos caldos, trocando qualidade e prazer por pretenso glamour! Enfim, hoje é Sexta, “the day after” a abertura da copa e por um mês só se vai falar disso, mas não aqui, porque navegar é preciso. Um ótimo fim de semana para todos e nesta Segunda (16/06) todo mundo de olho em Salvador quando Portugal e Alemanha protagonizam a final antecipada da copa! rs Salute e kanimambo.

Campeão de Nossa Copa de Vinhos é o Chile!

É, na Copa Mundial de Vinhos que realizei ontem nas instalações da Vino & Sapore com a presença de 13 participantes e degustação ás cegas, deu Chile na Cabeça seguido de perto pelo Brasil! Eis o campeão: Terranoble CA1 Carmenére Andes, o primeiro vinho chileno a ganhar uma degustação às cegas promovida por mim, e olha que foram muitas!

CA1 Carmenére Andes

Em segundo deu Brasil com o Cave Geisse Terroir Nature, o que é de ser ressaltado como uma façanha já que nessa seleção que foi a campo existiam mais cinco tintos (veja a lista completa clicando aqui).

Cave Geisse Terroir Nature

 

Semana que vem dou mais detalhes. Salute e kanimambo

Oito Anos Falando de Vinhos e Alguns Destaques – Brasil II

Nesta semana me dediquei a dar os destaques brasileiros destes últimos oito anos de labuta e estudo de nossa vinosfera. Como disse anteriormente, os destaques não tratam necessariamente dos melhores vinhos (esses listo todos os anos), mas sim daqueles que conseguiram me surpreender e deixaram marcas em minha memória. Hoje quero compartilhar com vocês alguns rótulos a mais dos vinhos brasileiros que tive o privilégio de provar; Quinta do Seival Castas Portuguesas – Dal Pizzol Touriga Nacional – Churchill Cabernet Franc e Storia 2005. Esses quatro marcaram bem minha trajetória destes anos de escriba do vinho, porém o Dal Pizzol há muito não provo (2008!) e preciso revê-lo.

Dal Pizzol Touriga      Dal Pizzol Touriga Nacional 200 Anos, Safra 2007 – Em 2008 tive a oportunidade de estar presente no lançamento deste vinho no conceituado restaurante português, Antiquarius aqui em São Paulo. ” Esta foi a primeira colheita desta uva plantada em 2002 pela Dal Pizzol na região de Bento Gonçalves, gerando um vinho muito agradável que chega num momento oportuno já que se estava celebrando 200 anos da vinda da corte Portuguesa para o Brasil, na bagagem de quem, vieram as primeiras garrafas de Touriga Nacional. Com uma produção de 12.000 garrafas, o Dal Pizzol Touriga Nacional não passa por madeira sendo um vinho pronto para beber. No nariz, possui um primeiro ataque frutado e fresco de boa intensidade. Na taça evolui deixando aparecer alguns toques florais bem típicos da casta. Na boca é suave, elegante, com taninos maduros e um teor de álcool bem comportado, 13º. Bastante equilíbrio e harmonia num vinho leve que, certamente, agradará fácil. Mudou o terroir, mas a essência da uva está lá. Gostei; um vinho correto, fácil de beber que recomendo. O rótulo comemorativo aos 200 anos, é um caso á parte, de muito bom gosto, nos convidando a levar a taça á boca.” Na época foi lançado a R$35,00 a hoje, pelo que pude pesquisar, anda na casa dos R$55,00. Provei numa degustação ás cegas em 2011 e foi bem em minha opinião, tendo se colocado entre os top 5 entre 18 concorrentes presentes à prova.

Quinta do Seival Castas Portuguesas – Sai ano entra ano, um vinho confiável, de preço médio que castas 2005surpreende os mais incautos e o meu amigo e enólogo Miguel de Almeida tem grande responsabilidade por isso. O primeiro que me surpreendeu foi o da Safra de 2005, provado em 2009, um corte de Touriga Nacional, Alfrocheiro e Tinta Roriz produzido pela região de Campanha, próximo da fronteira com o Uruguai. Surpreendente e prova inequívoca da melhora de qualidade dos vinhos brasileiros. Frutos negros maduros com algo resinoso no nariz, madeira bem colocada, fruta passa, bem estruturado com taninos finos, equilibrado, saboroso com um final de boca agradável e de boa persistência em que se manifestam nuances herbáceas. De lá para cá o Alfrocheiro ficou fora, mas segue sendo um vinho que agrada sobremaneira e às cegas surpreende muita gente, tendo participado de um Desafio de Vinhos portugueses como intruso e conseguido o 8º lugar entre 14 rótulos na disputa. Meus amigos blogueiros portugueses, Pingas no Copo e Copo de 3, não me deixam mentir, o vinho mais próximo de um Dão feito fora da região! Creio que na época andava na casa dos R$45 e hoje perambula na casa dos 60 Reais.

DSC06414          Churchill Cabernet Franc – este comecei a tomar faz uns três anos e não mais consegui parar. O 2006 (600 gfs) estava divino, o 2008 (1500 gfs) repetiu a dose e o 2011 (3000 gfs) não negou fogo, porém agora temos que aguardar chegar o 2012 pois as outras safras se esgotaram! Ano passado na revista Gowhere Gastronomia o indiquei como o melhor vinho nacional da atualidade, sempre levando em consideração o preço obviamente! Um projeto de Nathan Churchill com a Valmarino, é um “vinho complexo de boa textura e nariz muito interessante em que frutos negros e notas tostadas dão suas caras com grande intensidade formando uma paleta olfativa sedutora. Mais para encorpado, este 2008 está muito jovem e precisa de uma de aeração para mostrar todo seu potencial e uma temperatura mais para alta, em torno dos 19 a 20º C.” Foi isso que disse em Janeiro de 2012 e não mudaria uma palavra sequer ao falar do 2011 que chegou a harmonizar com galhardia um bom Queijo da Serra português! Um belo, complexo e elegante vinho que deve melhorar muito com o tempo, pena que não consigo lhe dar esse tempo(!), e custa por volta dos R$85,00. Aguardo ansioso pelo 2012!

Storia 2005 – O vinho que que me ajudou a quebrar alguns paradigmas com relação aos vinhos brasileiros e, Storiavejo assim, também um marco de mudança mercadológica nos vinhos da Valduga que mudou radicalmente seu marketing e design a partir desse vinho. Foi marcante porque ás cegas levou muitas degustações de porte contra vinhos de igual valor ou superior de várias partes do mundo. De lá para cá degustei mais duas safras, a de 2006 e a de 2008, porém não me pareceram à altura do 2005 que virou cult e objeto de colecionadores que hoje chegam a pagar, pelo menos quem tem é isso que pede, valores entre R$400 a 500 a garrafa. Um grande Merlot que provocou na concorrência uma corrida para produzir similares vinhos premium mostrando que esta uva pode gerar, sim, grandes e longevos vinhos. Em 2009 escrevi sobre ele; “Complexo nos aromas, fruta madura, capucino, algo floral entrada de boca marcante, denso, fruta compotada, taninos doces em total equilíbrio com a boa acidez deixando-o redondo, rico, aliando potência e elegância num final de muito boa persistência com notas achocolatadas e de café.”

Com estes quatro vinhos finalizo os destaques de vinhos tranquilos brasileiros, mas não sem antes ressaltar um rótulo para ficar de olho a despeito do preço, o Pizzato DNA 99 da safra 2005, vinhaço, que é um outro vinho candidato a se tornar um épico e um vinho a ser acompanhado através das safras. Existem outros bons rótulos nacionais e aqueles que se destacam por sua grande qualidade, porém sua política comercial eleva o preço às alturas e esses casos eu exclui, não acho que façam o mínimo sentido! No próximo post sobre estes destaques brasileiros dos últimos 8 anos, dois espumantes que para mim são, na atualidade, o que de melhor se faz por estas terras. Até lá, salute e kanimambo.