Vinho – Preço e Qualidade

      Estive em mais um agradável encontro da Wines of Argentina e alguns rótulos me chamaram a atenção. Antes de falar deles, no entanto, deixa eu compartilhar com vocês um tema interessante, o dos preços. Fui criticado, numa boa, por um produtor pois eu reclamo demais dos preços. Talvez, mas esse tema sempre esteve presente neste blog desde os primeiros posts já que, acima de tudo, sou um consumidor de classe média que precisa suar muito a camisa para conseguir juntar uns trocados no final do mês, igual à grande maioria dos consumidores brasileiros e busco o máximo de retorno sobre o que pago.

     Aliás, num país que possui um dos menores consumos per capita do mundo, muito em função do disparate dos preços do vinho seja ele importado ou produzido localmente, esse tema não pode ser desassociado de qualquer comentário sobre um vinho. Ao fim e ao cabo, falamos de um mercado que possui hoje um leque enorme de rótulos, há gente que fala em cerca de 30.000, porém tem também um patamar de preços que está entre os mais altos do mundo o que transforma o consumo do vinho num ato “elitizado” ou quase! Pior, em função do novo patamar de câmbio vem mais aumento por aí.

     O que mais me tem espantado já faz um tempinho, é o alto valor dos bons rótulos argentinos e chilenos, de novo comprovado neste encontro do Wines of Argentina. Encontram-se rótulos com boa relação custo x beneficio? Certamente que sim e esse é um pouco o trabalho que faço de garimpo aqui no blog, porém os bons vinhos começam a extrapolar e difícil encontrá-los por menos de uns R$90 a 100 e hoje é comum encontrá-los na faixa entre R$140 a 190 quando não mais! Isso, de uma região que está isenta do imposto de importação!

     Por outro lado, os preços passados à imprensa especializada pelos importadores, muita vezes carecem de precisão e são repassados para o mercado de forma equivocada. Num caso especifico, um amigo blogueiro falou que determinado vinho possuía uma ótima relação custo x beneficio (R$90) quando na verdade esse foi o preço que lhe foi passado e era preço para loja sem ST. Só de ST são mais 14,23% em São Paulo! Neste caso já falamos de um preço ao redor 103 reais. Mesmo que uma loja coloque uma margem bem seca, digamos de 25 a 30% sobre o preço de venda, dificilmente encontraremos esse preço no mercado por menos de 145/150 reais ou seja, uma baita diferença do anunciado!

     Porque esse cálculo faz diferença numa eventual critica e avaliação? Um vinho de R$150 já tem a obrigação de ser muito bom e nossa expectativa sobre um de 90 é diferente. Nesse sentido, um vinho que pode ser considerado excepcional quando custa 90 perderá pontos, no meu conceito, se custa 150 já que estaria simplesmente “performando” o esperado e não superando expectativas como o de preço mais baixo. Confuso? Talvez, mas certamente mais pelo texto do que pelo fato, pois este certamente é bem claro!

      Enfim, ia apenas fazer um adendo  antes de comentar aqui os vinhos que me surpreenderam neste último encontro da Wines of Argentina,  para variar já me excedi e falei demais! rs Falo desses vinhos amanhã. Salute, kanimambo e uma ótima semana para todos.