dezembro 2012

Natal; Tempo de Meditação, de Revisão, de Reflexão, de …..

      Mais do que um dia de paz e de celebração, para mim  esta é uma época de reflexão sendo um momento especial para compartilhar essa coisa cada vez mais escassa entre nós, TEMPO com quem amamos, nossa família e amigos. Mais do que falar de vinhos é tempo de falarmos com as pessoas, mais importante do que saber que vinho tomarei é saber com quem, mais do que valorizar presentes é tempo de valorizarmos pessoas!

      Lamentavelmente esse tempo e essa proximidade com as pessoas que amamos nem sempre estão sob nosso controle sendo que na maioria das vezes nos deparamos no final do ano com uma sensação de que não fizemos ou, pior, não demos a atenção necessária aqueles que amamos e nos amam e para quem, muitas vezes, bastaria uma chamada telefônica ou e-mail na hora certa.

        Nestes tempos corridos, de enorme conectividade onde a luta pela sobrevivência é tão intensa, por vezes nos deixamos levar pelo fluxo das coisas sem devotar a atenção necessária a muitos e a muitas coisas então, neste momento de reflexão e tomada de decisões fica aqui meu compromisso pessoal para 2013:

  • Falar mais com quem faltei este ano entre essas algumas pessoas muito importantes, mesmo que meus atos nem sempre  o demonstrem, como minha tia Rosa, meu sobrinho  Thiago, meus primos, a Leila, enfim, uma lista que está mais longa do que eu desejaria!
  • Buscar maior disciplina para que meu tempo, hoje inexistente, sobre e eu encontre espaço para fazer os exames que preciso fazer, de visitar os médicos que preciso consultar, de voltar a fazer exercício, de encontrar uns dias mais para viajar de férias com minha querida esposa que me aguenta faz um tempão!
  • Trabalhar na busca de maior serenidade e paciência para lidar com as intempéries que se atravessam no caminho.
  • Doar um pouco desse tão escasso tempo para ensinar alguém a pescar, porque dar coisas ou dinheiro é fácil demais para ambas as partes.
  • Escrever mais assiduamente neste blog retribuindo a fidelidade de meus leitores e amigos.

        Se conseguir fazer boa parte disso certamente 2013 já será melhor que 2012 e espero que suas reflexões e ações também tenham o mesmo resultado porque renovar votos e criar novos desafios e metas a alcançar é o que move o ser humano. Que o Natal seja Feliz ao modo de cada um e que 2013 seja um ano brilhante em todos os sentidos. Não sei se conseguirei escrever aqui novamente até ao final do ano trazendo um pouco mais de minhas experiências na recente viagem á Argentina, mas tentarei mesmo sabendo que abrindo a loja direto aquele tal tempo está difícil de encontrar.

Wine Xmas Tree 2

      Que as luzes iluminem seus caminhos e que cada garrafa vazia na árvore simbolize um obstáculo ultrapassado e uma nova conquista. Salute, kanimambo, um baita final de anos para todos e que 2013 seja de vitórias!

Espumantes – Descobrindo o Mundo das Boas Borbulhas

É, chegamos! Daqui a poucos dias é Natal e depois réveillon e um novo ano com esperanças redobradas, porque sem ela fica difícil tocar o barco. Para celebrar mais um ano que deixamos para trás e as novas metas traçadas para o novo que rapidamente se aproxima, nada melhor que um bom espumante pois, como já dizia Napoleão; nas derrotas é necessário e nas vitórias merecido!

A diversidade no mercado é muito grande e a origem não é sinônimo de qualidade pois, atrás dos bons produtos que nos chegam de diversos países, inclusive da França e Itália, vem também uma enxurrada de zurrapa fantasiada de vinho ou espumante se aproveitando da fama de alguns. Há também os vinhos famosos, de grandes marcas e packaging bonitinho não tão exuberantes assim, mas que satisfazem os que se preocupam mais com rótulo do que conteúdo, e há os de menos renome popular que são de tirar o chapéu, então o segredo é encontrar seu caminho nesse mar de rótulos hoje disponível no mercado sem grandes riscos.

Isso, no entanto, não deve limitar seu leque de escolhas bastando que se assessore com algum fornecedor, colunista ou critico no qual acredite e tenha fé. Aceite seu conselho e tente provar algum desses rótulos menos óbvios e midiáticos, você poderá se surpreender muito positivamente e esse é o grande barato de nossa vinosfera para os apreciadores dos caldos de Baco, pelo menos é nisso que creio. Pessoalmente confesso que tenho me dado bem garimpando algumas coisas muito legais e economizado umas pratas exatamente por não me ater às obviedades frutos de forte marketing. Parte destas descobertas compartilho com vocês aqui hoje.

Champagnes –. Todo o espumante produzido na região francesa do mesmo nome! Alguns bons produtores a serem explorados; Barnaut Grand Cru, Louise Brison Millésime, Pol Roger, Bollinger, Drappier,Taittinger e Mailly Grand Cru entre outros.

Cavas – a versão espanhola de belos espumantes produzidos pelo método champenoise como os da; Juve y Camps, Raventos, Jané Ventura, Gramona, Palau, Mont Marçal, Canal & Munné.

Espumantes Italianos não Proseccos –  Franciacorta Ca del Bosco e Lo Sparviere assim como Ferrari Perlé delicioso exemplar de Trento, fortes adversários dos champagnes na elaboração de grandes espumantes.

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Cremants Franceses s – Cremant é todo o espumante produzido pelo método champenoise ou clássico (segunda fermentação na garrafa) na França, porém fora da região de Champagne. Estes Cremants (Loire, Limoux, Alsace, Bourgogne, etc) são grandes opções aos champagnes com preços bem mais convidativos. Uma boa dica aqui é o Collin Cremant de Limoux (Languedoc), Kritter Rosé (Bourgogne), Marc Brédif Vouvray Brut e Domaine Vivreau-Chevreau também Vouvray Brut ambos da região do Loire.

Espumantes Brasileiros –  Coloco o Brasil entre os TOP 5 produtores (Qualidade x Quantidade) mundiais e ressalto os; Valmarino & Churchill (espumante diferente e marcante com passagem do vinho básico por barrica), toda a linha da Cave Geisse (adoro o Nature mas excelentes os novos lançamentos em especial o Blanc de Noir), Vallontanno (o Extra Brut Luis H. Zanini é delicioso),  Adolfo Lona (o raro Orus Rosé é Divino!) e o Chandon Excellence são muito boas opções. Numa gama de entrada, com espumantes bem feitos, frescos e gostosos para tomar sem compromisso, os Bossa (Vinicola Hermann) são uma ótima opção a um preço bem camarada! Por uma questão de coerência com minha postura antisalvaguardista, me abstenho de sugerir outros que apoiaram ou se abstiveram, para mim dá na mesma, o momento mais triste dos últimos tempos em nossa vinosfera tupiniquim.

Portugal – os espumantes da Raposeira, Murganheira , 3b Rosé de Filipa Pato e o Luis Pato Maria Gomes são boas pedidas assim como os espumantes da Vértice sendo que o Guveio Bruto é de tirar o chapéu, mas não o tenho mais visto por aqui no Brasil.

Proseccos Italianos – prosecco só os de lá, de acordo com as normas vigentes, elaborados com a uva Glera. Cecilia Beretta Millésime Valdobiadenne Brut é excepcional relação custo x beneficio e diferenciado do restante, mas ainda tem o Incontri Extra-dry, Bedin Extra-dry e Villa Sandi Valdobiadenne Extra-dry DOC , Cecilia Beretta Extra-dry DOC, todos muito bons.

Sul-americanos – Não são muitas as opções já que a praia deles está bem mais para vinhos tranquilos do que espumantes, porém há boas exceções: Da Argentina gosto dos espumantes da Zuccardi e Norton, especialmente os Cosecha, do El Portillo da Salentein e  do Chile o da Vinamar que tem um interessante blend com Sauvignon Blanc bem equilibrado e fresco.

Bem, se você já estava em dúvida do que comprar acho que acabei de colocar mais algumas minhocas na sua cabeça, né? Para, todavia, poder colher melhores frutos há que se ousar um pouco e sair da zona de conforto, então aproveite a época e se esbalde numa viagem de descobrimentos pelo caminho borbulhante dos espumantes de qualidade. Salute, kanimambo e felizes festas!

Verão – Bebendo Bem Sem Gastar Muito

662519-9834-it      È gente, chegamos, ou quase! Mais alguns dias e entramos no verão, apesar de que o calor teima em não nos deixar desde o verão anterior, mas enfim dia 21 está aí marcando uma nova estação! Como sempre, a mudança de estação marca também a mudança de hábitos e neste final de ano férias, praia, pratos mais leves e a volta dos brancos e rosés.  È também época de festas e muito espumantes, mas desses falarei mais adiante na semana com as dicas de Sexta. Hoje quero compartilhar com os amigos alguns gostosos e frescos vinhos “low budget” de verão.

Amalaya branco – Vinho á base da cepa Torrontés que produz alguns bons vinhos na Argentina. Com um toque de Riesling para equilibrar a acidez, mostra aquele floral típico da cepa, porém de forma menos intensa com algo cítrico no nariz e na boca um frescor muito bom advindo da presença da Riesling que aporta um equilíbrio importante porque muitos torrontés por aí tendem a ficar algo enjoativos. Este é suave, balanceado e fácil de se gostar com um único inconveniente, a garrafa tem a tendência a acabar rápido demais!

Mann Vintners Chenin Blanc – originária da região do Loire na França, esta cepa se deu muito bem na África do Sul onde encontramos alguns vinhos muito bons. Este vinho é de gama de entrada para ser tomado bem geladinho, ao redor dos 6 para 7ºC, é super refrescante para acompanhar petiscos variados inclusive frutos do mar e queijos de cabra. Para quem gosta dos Sauvignons Blanc, vale enveredar por vinhos desta cepa pois apresentam características de frescor muito similares. Um degrau acima, o Tormentoso Chenin da mesma casa produtora é da hora!Vinhos de verão 2012

Terras do Pó Branco – de volta ao mercado depois de um tempinho ausente e……..mais barato! Não é sempre, mas volta e meia ocorre e o consumidor agradece. Um blend de Fernão Pires e Arinto da região de Setúbal em Portugal, um vinho muito saboroso, fresco de boa paleta olfativa onde aparecem notas de frutos tropicais que nos convidam a levar a taça à boca onde os aromas se confirmam, final seco, bom para bebericar e já dá conta de um prato não muito pesado como lulas á doré ou até um tradicional peixe com molho de camarão.

Canforrales Rosado – um rosé espanhol da região de La Mancha á base de Garnacha, de ótimo custo x beneficio que vale muito a pena como um vinho de entrada, pois possui muito das característica dos brancos mais vibrantes. Notas de framboesa, acidez bem equilibrada que elimina eventuais sensações doces, uma mineralidade presente que me surpreendeu, boa textura com interessante volume de boca, certamente acompanhará bem um arroz de mariscos e um papo informal.

VillaVid Blanco – mais um espanhol de ótima relação qualidade x preço x prazer, coisa que tem se tornado costumeiro encontrar em boa parte dos vinhos espanhóis encontrados nas prateleiras dos pontos de venda de vinho espalhados no mercado. A uva Verdejo prima pelo frescor e aqui se junta à Macabeo para produzir um vinho muito saboroso de frutas tropicais,  fresco, algo cítrico na boca mas com um tempero a mais!

Falernia Pedro Ximenez – mais um que sai da mesmice, tanto no quesito região, uma nova zona quase desértica no norte do Chile – Vale do Elqui, quanto na uva em si que, na Espanha, é tradicionalmente usado na elaboração de vinhos doces na região de Jerez. Este é vinificado de forma diferente gerando um vinho fresco de aromas intensos lembrando frutas cítricas e tropicais e um leve toque mineral. Na boca, é fácil de gostar, tem uma acidez gostosa, bom volume de boca, é delicado e com um final, equilibrado e seco. Por sinal, o Viognier deles também é bem legal e vale a pena.

       Existem muitos mais rótulos interessantes que valem a pena ser provados, mas o bom destes é que a média de preços anda ao redor dos 40 Reais o que é uma prova de que para se beber bem não há necessidade de grandes gastos. Explore, aventure-se por novos sabores e curta estes vinhos mais refrescantes pois a estação pede por isso.

Salute, kanimambo e nos vemos por aqui.

Diversidade Argentina

           Nesta minha recente viagem exploratória pela vinosfera argentina, ficou mais claro que nunca, que esta não é só terra de Malbec e que, mesmo desta cepa, a diversidade impera só que está muito mal trabalhada tanto pelos produtores quanto pelos importadores. Queria compartilhar com os amigos leitores um pouco dessa experiência de diversidade e fui comprando ao longo da viagem alguns vinhos que ainda não estão disponíveis no Brasil e que agora disponibilizo numa degustação especial na noite de dia 20 de Dezembro, um dia antes do fim do mundo pois se acontecer vamos felizes (rs), para tão somente 12 pessoas lá na Vino & Sapore!

         Na última degustação do ano, pretendemos mostrar um pouco da diversidade da vinosfera argentina com oito diferentes vinhos entre cepas, vinificação e processos distintos entre si. São vinhos que me surpreenderam na viagem a Salta e Mendoza a convite da Wines of Argentina.

Diversidade Argentina

Trumpeter Rosé de Malbec Brut – os espumantes da Rutini, casa produtora da linha Trumpeter, não são trazidos ao Brasil, mas este rosé me impressionou muito positivamente e os incentivei a rever essa estratégia pois, se bem precificado, certamente seria um sucesso!

Colomé Lote Especial Misterioso – é uma família de rótulos de reduzida produção, em torno das 1500 garrafas cada, sendo que este vinho vem de um vinhedo antigo cultivado num estilo mais conhecido na região do Douro em Portugal, um Field Blend. Os antigos plantavam as uvas todas juntas por segurança e estes vinhedos velhos por vezes têm uvas não identificadas, porém geram vinhos de grande qualidade. Este branco advém de um Field Blend antigo em que pelo menos cinco das cepas foram já identificadas – Chardonnay, Torrontés, Sauvignon Blanc, Semillon e Riesling.

Colomé Lote Especial Tannat – a Tannat de Salta me surpreendeu por sua complexidade e elegância, perfil aromático sedutor, taninos domados e bem integrados com um final de boca longo e saboroso. Este exemplar me deixou especialmente satisfeito e espero que achem o mesmo. Somente 1400 garrafas produzidas de vinhedo a 2300 metros de altitude, um dos mais altos do mundo.

Tacuil RD Corte – Raul Davalos é um nome meio místico na região de Colomé, ele que foi um dos desbravadores e pioneiros na região. Sua bodega  de nome Tacuil, está situada a cerca de 2600 metros de altitude e seus vinhos, que são de guarda porém não têm passagem por barrica, Raul é inimigo dessa prática, envelhecendo seus vinhos em tanques de cimento. Este vinho, corte de Malbec e Cabernet, é um vinho encorpado, viril, que necessita de aeração para que mostre todo seu potencial, um vinho diferenciado a que Parker deu 92 pontos na safra de 2010.

La Celia Heritage Cabernet Franc  – a La Celia, agora pertencente ao grupo San Pedro chileno, é pioneira no Vale do Uco em Mendoza no cultivo da Cabernet Franc com vinhos muito interessantes. Tive oportunidade de provar o ótimo Pioneer seu mais novo lançamento ainda não presente no Brasil, porém não o encontrei então trouxe um rótulo num patamar acima, a linha Heritage. Esta uva está produzindo vinhos muito interessantes na região que me seduziram e mostram claramente que há muito mais além da Malbec por aquelas bandas.

Quieto Reserva 2010 – vinho ainda por engarrafar e com rótulo provisório de uma das mais excitantes bodegas provadas nesta rápida viagem, a Montequieto. Me entusiasmei com o que vi, escutei e provei (por sinal a safra de 2011 ainda em tanques está divino!). Um blend de Cabernet Franc (olha ela de novo), Malbec e Syrah muito bem elaborado por um jovem enólogo muito criativo, o Fernando Sota. Uma mostra de que os blends deste país produtor estão alcançando parâmetros de qualidade muito bons e devem ser encarados com mais seriedade.

De Angeles 2008 Gran Malbec – uma mostra de uma linha mais tradicional argentina com bastante potência, denso, escuro e firme com madeira bem integrada mostrando a tipicidade dos vinhos com a mão de Michel Rolland. Um vinho num estilo mais tradicionalmente conhecido dos brasileiros, bem feito e marcante.

Achaval Ferrer Dolce – um vinho doce, colheita tardia de Malbec, que acompanhou muito bem pedaços de chocolate com amêndoas, o que faremos aqui também, nos surpreendendo a todos. Vinho que sequer consta do site da importadora, pequenas quantidades e muito sedutor vendido em algumas poucas lojas como a Lo de Joaquin Alberdi em Palermo Soho com link aqui do lado em “lojas”

        Para acompanhar os vinhos serviremos em parceria com a Cachaçaria Água Doce Sabores do Brasil, nossos amigos e vizinhos; Iscas de Tilápia, Bolinhos de Carne de Sol, Empanadas de Carne (estas são da Caminito) e finalizaremos com um escondidinho de Carne de Sol e chocolate Florentine da Heidi ou um panetonde Loison Grand Cacau, na hora vemos! Tudo isso por apenas R$100 por pessoa e na compra de qualquer vinho da loja nessa noite tão somente, um desconto especial de 7%!

       Começa ás 20 horas e reservas deverão ser feitas via o e-mail comercial@vinoesapore.com.br ou então ligue para o telefone (11) 4612-6343 entre as 11 e 20 horas para maiores informações. Salute, kanimambo e espero vê-los por lá!

Geisse – sinônimo de bons espumantes brasileiros

        Há tempos que conheço, gosto e recomendo os espumantes da Familia Geisse não sendo esta a primeira vez que falo deles por aqui no blog e minhas colunas. Recentemente, no entanto, tive a oportunidade de conhecer seus novos lançamentos; os Blanc de Blanc e Blanc de Noir nacionais e seu Champagne 1er Cru elaborado, em quantidade limitada,Geisse Champagne a quatro mãos com o produtor francês, Philippe Dumond. Das meras mil e quinhentas garrafas produzidas, metade vieram para o Brasil e farão neste final de ano a alegria de alguns poucos e privilegiados enófilos curiosos e amantes de bons espumantes.

        Falemos rapidamente dos Geisse e me refiro á família não aos vinhos. Mário Geisse é a alma por trás de tudo, enólogo experiente há muitos anos radicado no Brasil, também exercita suas atividades profissionais na Casa Silva, bodega chilena, em seu país de origem.  Seu cantinho de céu encontrou por aqui, mais precisamente em Pinto Bandeira, onde hoje com uvas de seus 22 hectares plantados e na companhia de seus três filhos (Rodrigo, Ignácio e Daniel) produz alguns dos melhores, se não os melhores, espumantes nacionais com reconhecimento internacional tendo Jancis Robinson pontuado seu Brut Magnum 98  com 18,5 pontos sobre 20, coisa que muito champagne de primeira linha ainda está na fila para conseguir! Sua plantação possui cerca de 65% de vinhedos de Chardonnay e o restante de Pinot Noir sendo as melhores parcelas usadas para estes dois novos lançamentos.

DSC01261Geisse Blanc de Blanc 2009 – incrível perlage, ótima mousse com colar de espuma completo, bonito e de boa duração. Aromas sutis com nuances cítricas. Na boca é pura elegância, borbulhas finas que expldem no céu da boca com muita persistência, fresco e muito agradável de tomar. Bom companheiro para frutos do mar e celebrações em geral. Safrado, 2009, é elaborado com as melhores parcelas de Chardonnay de vinhedos próprios.

Geisse Blanc de Noir 2009 – mais uma vez a presença de um colar e perlage exemplares que são características dos espumantes deste produtor, só que desta vez com uma cor diferenciada pois o breve contato com a película da Pinot Noir lhe dá uma cor com notas mais salmonadas do que verdeais que mais comumente verificamos nos espumantes tradicionais. Nariz algo mais frutado com maior volume de boca. Um espumante de mais corpo, cremosos e gastronômico tendo acompanhado maravilhosamente uns pedaços de pancetta que peguei no buffet.

Champagne Geisse / Philippe Dumond  2008 1er Cru – Tomamos história engarrafada! O primeiro sul americano a produzir vinho em Champagne, pelo menos é isso que me consta, num dos poucos produtores 1er Cru, só 43 de cerca de duzentos produtores na região. Um espumante de alma francesa com atitude brasileira! Chardonnay e Pinot Noir meio a meio gerando um vinho cremoso de espuma bem espessa e olfato com maior presença de brioche, leveduras e alguma fruta. É na boca que ele mostra a atitude brasileira onde o cítrico e ótimo frescor estão mais presentes, sustentado por uma magnifica perlage que resulta num final mineral longo e muito saboroso.

       Fui para conhecer esses três, porém também nos foi servido o Nature que é meu xodó e me esbaldei! Como já disse Cave Geisse natureantes, sempre gostei e recomendei estes vinhos porém foi com o tema das Salvaguardas que eles finalmente encontraram seu caminho para A Vino & Sapore. Como sabem, fui um ferrenho adversário da tentativa de golpe que boa parte dos produtores nacionais tentaram dar em nós consumidores então risquei de meu portfolio todos os que apoiaram aquela excrecência promovida pelos barões do vinho. Foi aí que me decidi por ter em meu portfolio a linha da Familia Geisse quase que completa (a linha de entrada Amadeu toda champenoise, é também muito boa e otimamente precificada),  fazendo companhia ao Valmarino & Churchill, Espumantes Bossa e, quem sabe um dia, ainda terei o Orus Rosé do Adolfo Lona. Bons vinhos de quem também se declarou contrário ás Salvaguardas, atitude que temos que valorizar.

      Por hoje é só, mas estes são mais alguns dos bons espumantes nacionais que você pode tomar neste final de ano e sempre, porque como já dizia Napoleão; nas derrotas é necessário e nas vitórias merecido!

Salute, kanimambo e nos vemos por aqui.

Descobrindo a Argentina e Seus Vinhos – Valles de Calchaquies, Você Conhece?

DSC01459         Numa região pouco conhecida entre nós, a de Salta, fica o coração dos Valles de Calchaquies uma sequência de vales que vão de Salta, passando por Tucuman até a região de Catamarca em longos 520kms, dos quais percorremos cerca de 200 nesta viagem. Uma região inóspita, de rios secos a maior parte do ano, de uma beleza agreste inacreditável e marcante, um lugar para não ir se você for do tipo que não vive sem uma balada e um shopping. Aqui, estamos num mundo diferente, com uma altitude média por volta dos 2000 metros e muita areia e cactos, um lugar seco, desértico com uma precipitação anual ao redor de 200ml ano! Como algo cresce por aqui é quase que um enigma que só o homem explica, uma região mística que tem em Colomé, primeira bodega Argentina datada de 1831 com vinhas de 1854 ainda produzindo, seu ápice. Lá, encontramos o vinhedo mais alto do mundo a 3100 metros, seguido de um vinhedo no Nepal e depois mais vinhedos da região de Colomé entre 2100 a 2600 metros, voltei de lá verdadeiramente enamorado pelo local, seu povo e seus vinhos que pouco conhecemos aqui no Brazil pois a grande mídia e importadores concentram suas ações em Mendoza e mais recentemente, a Patagonia.

      Nesta região, mais do que a Malbec que por si só já e diferenciada, sem aquela fruta compotada mais comum aos de Mendoza,  estamos em terra da Torrontés e estes vinhos evoluíram muito nos últimos anos desde meu Desafio de Torrontés realizado em Março de 2009, que agora me deu vontade de repetir com os mesmos corajosos degustadores da época! Estão menos enjoativos, mais equilibrados e finos, ótimos parceiros para as empanadas salteñas e frutos do mar grelhados ou fritos. Provei pelo menos uns sete que me deixaram muito entusiasmado então quero deixar aqui uma sugestão aos amigos, deixem de lado seu preconceito para com essa uva que a cada ano gera vinhos mais interessantes e quem a conheceu há três ou quatro anos, revisite estes vinhos. Tenho a certeza que, como eu, você também se surpreenderá.

DSC01456Amalaya Branco – Torrontés cortado com riesling que lhe aporta uma acidez muito gostosa. Está no Brasil e custa ao redor dos R$43,00 o que é uma ótima pedida para este verão e praia!

Colomé Torrontés 2011 – colhido em duas etapas, a primeira algo mais cedo para garantir uma melhor acidez e consequente frescor, possui uma paleta olfativa sedutora com toques sutis de flores brancas (jasmim), equilibrado, amplo certamente um belo companheiro para comida Thai ou Mexicana.  Muito bom, anos luz á frente do que tinha provado de 2007, e também está por terra brasilis custando algo ao redor de R$50,00.

Michel Torino Collecíon Torrontés – um degrau abaixo, mas muito saboroso na boca onde a fruta aparece de forma mais escancarada com final muito agradável e álcool bem integrado. Um bom vinho de gama de entrada para a cepa já que deve andar por aí ao redor dos R$30,00. Do mesmo produtor, bom também o Don David num patamar mais alto de preço e sofisticação que merece ser conhecido.

Felix Torrontés  – Um estilo diferenciado advindo de vinhedos com mais de 100 anos. Passa um tempo sur lie o que lhe dá mais complexidade e um nariz algo mais doce. Frutos sobre maduros, uma leve passagem por madeira que não atrapalha, um belo vinho que surpreende e custa por aqui algo ao redor de R$78,00, um outro patamar de produto e complexidade.

El Porvenir Laborum Torrontés 2012 – também faz colheitas em estágios, desta feita em três, para conseguir um vinho super elegante e equilibrado. Muito fino, encanta na boca com seu frescor e toques cítricos, um dos que me mais gostei desta leva de provas e só me arrependo de não ter trazido uma meia dúzia de garrafas. Preço em Sampa ao redor de R$60,00.

Yacochuya Torrontés 2012 – o vinho não agradou muito ao Marcos e Arnaldo Etchart, donos da respeitada vinícola, saindo algo fora do padrão deles, mas eu adorei! Que eles sigam errando sempre, modo de falar porque o vinho efetivamente reproduziu as características da safra! O desvio que não lhes agradou, no entanto, me seduziu o que mais uma vez comprova que nossa vinosfera não é, decididamente, binária. Por volta dos R$65,00.

Etchart Gran Linage 2012 – baita vinho. Sutil, fino, leve floral de flores brancas e algum toque de pessêgo, bom volume, balanceado, final de boca longo e muito agradável  com notas que nos fazem lembrar de grama molhada / lima e bom frescor. Uma seleção de uvas de diversos vinhedos que visam alcançar um estilo prédeterminado pelos enólogos da casa. Mais um que deixou saudades!

        Uma outra cepa que sequer sabia que se plantava por lá me surpreendeu muito positivamente com alguns rótulos realmente sedutores que me levam a querer provar mais, é a Tannat que aqui produz vinhos algo mais macios, taninos firmes e mais aveludados que o tornam algo mais apeteciveis  e fáceis de tomar. Dois rótulos (+ 1 em barrica) me chamaram muito a atenção mostrando que há aqui uma nova fronteira a ser explorada paraa tannat:

Colomè Lote Especial 2010 – que por aqui não chega, mas vi em Buenos Aires a 199 pesos, é um vinho de ótima paleta olfativa, frutos negros bem presentes e algum tabaco. Na boca é muito rico, sedoso e sedutor, adorei e está pronto a beber. Somente cerca de 1400 garrafas produzidas.

Quará Single Vineyard Vina El Recreo 2010 – marcante presença de boca, boa tipicidade, complexo, taninos aveludados presentes porém sem qualquer agressividade, um vinho que surpreende quem tem em mente os tannats dos vizinhos uruguaios e certamente disputaria com honras uma degustação comparativa às cegas.

Etchart – ainda em fase embrionária, porém provamos uma amostra de barrica de um vinho que faz parte de um novo projeto deles e foi de tirar o chapéu. Vem coisa boa por aí!

       Outra surpresa é que esperava vinhos bem mais estruturados, densos, alcoólicos e super extraídos, porém essa é mais a marca registrada de um produtor que escolheu esse caminho e tem sua leva de fiéis seguidores, do que da região como um todo, pelo menos considerando-se o que provamos e que não foi pouco, cerca de 70 vinhos! Durante este mês falarei um pouco mais dos vinhos que mais me surpreenderam e me seduziram, boa parte deles disponíveis por aqui no Brasil.

       Bem por hoje é só, mas seguirei postando mais de minha experiência pela diversidade dos vinhos argentinos. Sim, porque quem acha que na Argentina só há Malbec, Cabernet Sauvignon e Chardonnay, está na hora de rever seus conceitos!

       Salute, kanimambo e seguimos nos encontrando por aqui. Já reservou seu lugar na Grand Degustation 2012? Ainda existem seis lugares vagos, aproveite a oportunidade de curtir grandes vinhos, ótima comida e desfrutar do alto astral dos encontros enogastronomicos na Vino & Sapore num evento que, como os bons vinhos, promete ser de longa persistência, só que na memória!

Obs. Para boa ordem, esta viagem foi realizada a convite da Wines of Argentina. Fotos retiradas do livro Colomé 180 anos.