Nem Tudo é Vinho

        Vinho é parte integrante de um todo e, em alguns momentos, também protagonista. Apesar do foco principal da 1º Granja Viana Wine Fest onde brilharam entre outros os produtos da Herdade da Malhadinha Nova do Alentejo/Portugal sobre os quais tecerei meus comentários mais abaixo, brilharam também outros expositores que entraram como coadjuvantes e saíram como protagonistas deste verdadeiro festival enogastronomico que marcou a história da Granja Viana, na região metroplitana de Sampa.

       Até poucos dias antes do evento, estava desolado com a falta de participação de meu produtor artesanal de antepastos italianos por problemas de saúde na família. Eis que do céu cai o anjo Gabriel, um dos sócios da Carciofi Alimentos, com a proposta de participar do evento. Na hora provamos e aprovamos os deliciosos produtos e agora também estão disponíveis na Vino & Sapore. Destaque de vendas (itens vendidos) possui um portfolio enxuto porém de muita qualidade sendo que, para mim, seu Tapenade de Azeitona preta e a inusitada Compota de Cebola são excepcionais. Parceria firmada, esta foi uma das descobertas proporcionadas por este gostoso evento.

       Do lado deles e estrategicamente colocado encostado no balcão dos Vinhos Verdes, a Marithimus, parceiro de longa data deu show com seus frutos do mar, salmão e truta defumados produzidos em Santa Catarina. Seus produtos são de extrema qualidade e neste evento lançaram seus novos produtos, os patés de salmão e de truta. Como todos os outros produtos por eles produzidos, a qualidade impera e são deliciosos.

       O azeite chileno Olivares elaborado com a variedade de azeitona Arbequina importado pela Dominio Cassis é campeão de vendas na Vino & Sapore e muito bom com um toque apimentado muito saboroso. Neste evento, no entanto, foi dado a degustar o azeite não filtrado da Herdade da Malhadinha e gente, que es-pe-tá-culo!

         A Herdade da Malhadinha Nova não me é estranha pois já em Janeiro de 2009 tecia comentários sobre seu vinho TOP o Malhadinha que, hoje, é seu segundo vinho já que o primeiro agora é o Marias da Malhadinha. Até hoje o Malhadinha 2003 segue sendo um de meus vinhos preferidos entre os milhares já provados e na Expovinis foi um dos poucos produtores que tive a oportunidade de provar. Por sinal, seu Aragonês, ainda por chegar ao Brasil, é divino também. Afora termos tido a oportunidade de provar o excelente Malhadinha 2008 que, a meu ver ainda se encontra algo fechado e muito ainda por evoluir, encantou a grande maioria dos que que tiveram a oportunidade de o provar tendo sido apontado como o melhor vinho da mostra, também provamos seu vinho de entrada o Monte da Peceguina que é um senhor vinho elaborado com um blend de uvas autóctones da região e uvas chamadas internacionais; Aragonês, Alicante Bouschet, Touriga Nacional, Syrah e Cabernet Sauvignon. Para eles um gama de entrada, para outros provavelmente já intermediário, senão top! Um belo vinho que poderia certamente estar uns 15% mais barato para realmente “estourar de vez” no mercado, mas sem duvida alguma uma bela surpresa que me encantou. Como diz o Miguel em seu blog Pingamor (link aqui do lado), Sai da garrafa com uma cor escura, jovem. Aroma com boa intensidade. Boca com bom volume e boa acidez. Muito frutada, tem a companhia de tosta, chocolate preto. Ligeiro toque vegetal. Bom final, guloso. À semelhança dos anos anteriores, este vinho apresenta-se já prontíssimo a beber, com um perfil guloso, frutado, com alguma complexidade. Temos aqui a receita para o sucesso, com um vinho fácil de gostar mas não modesto, um vinho moderno, jovem e urbano.” Concordo; vinho com caráter, corpo médio que tem tudo para agradar e como dizem na terrinha, muito apetecível.

        Ah, mas falava de azeite. Gente, um baita azeite como há muito não provava. Nem sei a que preço chegará por aqui (lá custa uns 10 a 15 euros) mas certamente os amantes dos bons azeites não poderão deixar de o provar pois é absolutamente marcante. Elaborado sem filtragem com 100% da variedade Galega, acidez máxima de 0,2% é riquíssimo e sedutor. Não sei nem sobre o quê servir, não tenho esse conhecimento de causa, mas molhar um paõzinho português ou italiano e sorver todos seus sabores já é divino e para mim já basta! Este eu recomendo e ainda preciso fazer um curso sobre azeites porque cada vez me apaixono mais por eles.

       O legal desse produtor, afora a qualidade de seus produtos, é a estória por trás dos rótulos que são todos desenhados pelas crianças da família e cada desenho leva o nome da criança que o desenhou. Algo lúdico numa vinosfera cada vez mais impessoal e industrial! Acho demais e uma visita virtual, se não física, ao produtor é certamente algo a fazer parte da “wish list” da maioria dos amantes da boa enogastronomia, na minha já está!

Salute e kanimambo