Salvaguardas – Boicote, um mal Necessário e um Direito do Consumidor

         Enquanto preparo uma matéria sobre mais algumas do arsenal de besteirol que a Ibravin vem destilando ao longo da última semana, num verdadeiro processo de tentativa de desvirtuar a verdade e, literalmente, enrolar o consumidor mais desligado ou menos antenado com o a excrecência que eles defendem em pról de um pequeno e rico oligopólio, quero falar um pouco desse tal de BOICOTE. Ação extrema provocada pela Ibravin e Cia que vieram não para dialogar, mas para semear a discórdia no setor e seu tour por Rio de Janeiro e São Paulo mostrou exatamente isso, um monólogo furado de cartilha pronta que não convenceu ninguém. Não vieram dialogar, vieram sentir a temperatura e, surpresa, está quente uma barbaridade tchê!

        Boicote para mim é fazer com eles aquilo que eles querem fazer conosco, nos ignorar. Como acredito no dente por dente, olho por olho, vamos dar o troco na mesma moeda e ignorá-los? Sim, passemos por eles na Expovinis e Encontro de Vinhos Off e ignoremo-los. Já pensaram que bonito, eles gastarem aquele monte de grana para montar seus estandes e eles ficarem às moscas? Bem, ás moscas não ficarão, já que tem sempre alguém disposto a tomar vinho de graça e podem encher o espaço com funcionários para não fazer feio, porém se receberem somente 10% dos visitantes que esperam, seria um troco legal, não?

        Outra, ao passar pelas prateleiras de lojas e supermercados, que tal mudar de lado? Nas cartas dos restaurantes que tenham esses vinhos, vamos virar a página? Dar-lhes o troco onde eles mais sintam me parece a esta altura dos acontecimentos, um ato de legitima defesa contra quem insiste no embate de cima de sua soberba e profunda arrogância achando que somos indefesos e um bando de idiotas.

        A grosso modo sou absolutamente contrário ao ato de boicotar a todos de forma genérica. Por principio não comungo com a generalização e há que se separar o joio do trigo. Colocar todo mundo no mesmo saco é contrário à minha visão do mundo e é uma forma simplista de reação que pode gerar mais injustiças do que gerar benefícios á causa o que, aliás, é comum em terras brasilis. É como colocar no mesmo saco o cara que toma duas taças de vinho ao jantar, com o pinguço do boteco que coleciona garrafas vazias sobre a mesa e depois sai dirigindo no trânsito de forma irresponsável! Óbvio, que cada um é livre para se manifestar e agir como sua consciência ditar e devemos respeitar, porém eu sou a favor de ações claras. Sendo assim estarei ignorando vinhos da Miolo, da Aurora, da Don Giovanni, da Dal Pizzol e da Perini especificamente. Nesse bolo também colocarei empresas que optaram por não se manifestar, o que em meu entender, significa que estão coniventes com o processo. Casos de; Valduga, Domno, Pizatto, Lidio Carraro, Don Laurindo, Marco Luigi, Boscato e Cave Marson entre outros. Faça você sua própria lista, mas destes eu; não provo, não comento, não recomendo, não compro e não vendo.

        Só para que fique claro o conceito legal de boicote por razões comerciais, é uma arma constitucional que o consumidor possui para se defender daquilo que acredita ser ação condenatória por parte de alguém ou empresa, especialmente quando esta é imposta de forma truculenta sem um debate prévio, no popular; contra aqueles que queiram nos forçar algo goela abaixo! Nesta caso específico, reitero, sou contra o boicote indiscriminado ao vinho nacional, porém sou um fervoroso adepto do boicote a empresas produtoras especificas que apoiam o pedido de Salvaguardas ou se escondem por trás da Ibravin que leva a fama e serve de escudo.

       Tem gente que condena o ato de boicote, mas eu deixo aqui uma pergunta no ar, o que eles sugerem como opção, já que o diálogo inexiste e o embate foi claramente a estratégia escolhida? Não basta criticar, sugira algo com a mesma capacidade de efeito!  Tem gente demais em cima do muro, de um lado e de outro, tem gente que até parece que está em outro planeta e que nada está acontecendo em nossa vinosfera tupiniquim, então está na hora de cada um mostrar sua cara! Boicote já, do jeito que cada um puder, essa é minha resposta à truculência do oligopólio e seus testas de ferro.

      Por hoje é só, mas afora o boicote nas feiras, que tal circular com uma tarja preta no braço em sinal de luto pelo que estão querendo fazer com o setor?  Como diziam; Cazuza, “Brasil mostra a sua cara” e Vandré “Quem sabe faz a hora não espera acontecer” e a hora é esta!

      Salute, kanimambo e amanhã tem VinoPiadas porém na Quinta seguirei em minha cruzada pela retirada do pedido de Salvaguardas e um verdadeiro diálogo construtivo no setor.