Salvaguardas – Frases Pinçadas

        Nesta enorme tempestade em que se tornou a discussão sobre o pedido de Salvaguardas por meia dúzia de “iluminados”, algumas frases em sites e comentários nos mais diversos blogs e mídias sociais me chamaram a atenção. Aliás, toda essa zorra teve uma coisa boa, mostrou à nossa vinosfera quem é quem neste mundinho e jogou luz sobre a falta de um plano “construtivo” e democrático para a nossa vitivinicultura. As entidades que pseudo representam os produtores deveriam ter seu papel revisto com a busca de um novo padrão de representatividade que equilibre os interesses e necessidades tão díspares entre pequenos e grandes. Para começar, pesos iguais nas decisões estratégias de Ibravins e Uvibras da vida e uma maior abrangência das regiões produtoras. Nesta batalha, só ouvimos Rio Grande do Sul, cadê o resto?!!

Vamos ás frases pinçadas aqui e acolá:

Alejandro Maglione jornalista argentino – .Nuestros vinos son lo que son porque en los ’90 la libertad de importación absoluta nos permitió saber lo que eran los grandes vinos… que no eran los nuestros. Hoy, Argentina que exportaba 5 millones de dólares por año, exporta un billón. Hace falta hablar más de las ventajas de permitir la libre importación?”

Didu Russo – “Eu acho que está na hora de TODAS as vinícolas que são contrárias às Salvaguardas se pronunciarem. Seria importante ter uma relação delas e divulgar isso. Afinal as entidades IBRAVIN, UVIBRA, FECOVINHO e SINDIVINHO estão representando quem?”

Henrique B. Larroudé  – “Essas “salvaguardas” me lembram a reserva de mercado para a informática da década de 80. O Brasil ficou atrasado 20 anos, o mundo ria da nossa burrice.”

Guilherme Lopes Mair em seu blog” por mais que não se queira assumir a paternidade desse “filho feio”, a verdade é que o pedido de salvaguarda pode, sim, resultar num incremento de impostos. Tal fato decorre da própria natureza do procedimento que foi instaurado a pedido dessas entidades. Dizer, agora, que não pediram aumento de impostos soa tão verdadeiro quanto dizer que aquele que acende um pavio de uma bomba não é responsável caso ela exploda, pois o que vai detonar a pólvora (e causar a explosão) é o pavio e não quem o acendeu”

Flavio Pizzato -” Cambio sobre-valorizado (ou Real Irreal inflado por juros altos que atraem coletores de juros – ou a pseudo-riqueza de uma nação movida a consumo sem lastro).”

Marco Daniele – “O consumidor deve ser conquistado com qualidade, e não com decretos.”

François Sportiello – “As medidas preconizadas para o setor, pela Ibravin, Uvibra e agregados, na petição de salvaguardas : aumento dos rendimentos, plantações novas de clones mais produtivos, mecanização etc … podem ser adequadas para produzir soja ou batatas, mais quando se trato de vinho, é a receita ideal para encalhar com mais alguns milhões de litros de bebidas intragáveis.”

Ulf Karlholm “Tudo que está escrito na apresentação de salvaguarda (Carta Circular da Secex) é em torno de vinho de volume e ganhos com escala para ser mais competitivo. Os vinhos que competem nesse segmento são especialmente provenientes da Argentina, Chile, Uruguai  e Itália (com Lambrusco). Esses são vinhos vendidos em um segmento que em outros paises é chamado ‘off trade’ supermercados, vinhos em volumes na luta de preços baixos. O que vai acontecer é que Argentina e Uruguai vão continuar sendo os grandes fornecedores (dentro do Mercosul e sem cotas) de vinhos baratos junto com as novas mega empresas nacionais. A salvaguarda não vai proteger o pequeno produtor contra isso.

Álvaro Escher“Falso igualmente, porque fere a própria essência do sistema capitalista –do qual eles são os pétreos defensores- ao inibir a entrada dos pequenos produtores europeus, símbolos da manutenção da tradição e da qualidade e mestres em sublimar as idiossincrasias. Submetendo o setor a uma perigosa comodidade e impondo-o a flertar com o mau gosto, situação que pode gerar um contexto ainda mais negativo com essa inibição forçada da concorrência salutar. Ou será que o regime econômico capitalista não é mais o que está em vigor, substituído pelo MMA (Melhor MesmoAniquilar)?”

Guilherme Rodrigues na Revista Gosto “Notem que as duas indústrias vinícolas mais prósperas e bem sucedidas dentre os países do Novo Mundo, que floresceram a partir dos anos 1970, são a dos Estados Unidos e da Austrália – onde sempre se comprou vinho importado mais barato do que na própria origem!”

Arthur Azevedo em comunicado da ABS-SP: “Toda a boa vontade com o produto brasileiro pode ser transformada em rejeição sumária do produto, como represália aos produtores brasileiros. E aí, os inocentes podem pagar pelo que não fizeram, pois como transparece nos comunicados recém divulgados, nem todos estão de acordo com o que, pelo menos aparentemente, seria uma reivindicação de todo o setor. O mercado ainda aguarda um posicionamento claro das principais vinícolas brasileiras sobre o assunto. Está faltando transparência ao processo.”

Jonathan Nossiter na revista GQ Sabor“A realidade é que os impostos são ultrajantes sobre vinhos importados e também sobre a produção nacional em que o produtor, inédito mundialmente, paga 53% de impostos sobre seus vinhos. Então, obviamente, a solução para estimular a produção e consumo nacional é cortar drasticamente os impostos sobre TODOS os vinhos”.

Ciro Lila “Incrível: cotas de importação para proteger ainda mais um setor, o de vinhos finos nacionais, que cresceu cerca de 7% em 2011 — ou seja, nada menos do que quase o triplo do crescimento do PIB brasileiro!

Miolo Wine Group – extraído do site da empresa: “líder no mercado nacional de vinhos finos entre as vinícolas brasileiras com cerca de 40% de market share, R$95 milhões de  faturamento em 2009 (32% acima de 2008) e R$120 milhões de investimento nos últimos dez anos” – “Todas as linhas têm mantido um crescimento constante. Nosso objetivo é fortalecer cada marca e aumentar a participação de mercado”, explica o diretor comercial Alexandre Miolo. A empresa projeta, para 2011, crescimento 30% nas vendas do produto no mercado interno.”

Raul Sudré Filho – “A Perini cresceu 23% (vinte e tres!) % em 2011 e planeja crescer 30% em 2012, com investimentos de R$ 10 milhões… Não é de dar pena ?!”

Cristiano Orlandi em seu blog  – “Só fico aqui pensando, com a seriedade que espero que o governo e a SECEX tenham, se não for pedir muito… Por que devemos ter uma Salvaguarda numa indústria que tem números tão modestos em termos de economia nacional? Correndo ainda o risco de retaliação sobre produtos que tem importância muito maior para a economia brasileira? “

Albert Caballe Marinon – Reação muito bem bolada e que pode ajudar se for massivamente usada pelo consumidor; ” Enviei e-mails a várias vinícolas através de seus sites colocando-me contrariamente iniciativa e pedindo que revejam suas posições, sob pena de boicote de minha parte aos produtos da referida vinícola”.

           Subscreva a petição contra as salvaguardas, envie seu e-mail de desagravo às vinícolas, basta entrar no site deles, que compactuam com essa excrecência chamada Salvaguarda e faça sua voz ser ouvida por quem de direito. O cenário me parece bastante claro; a Ibravin e Cia apostam no poderoso lobby que possuem e no seu/nosso esquecimento. NÃO ESQUEÇA, mantenha acesa a chama, a luta continua. Ainda esta semana, mais deste inesgotável tema que insiste em pairar sobre nossas cabeças como uma nuvem negra prometendo chuvas e trovoadas. Salute e kanimambo!