Salvaguardas – Cada Ação Gera Uma Reação!

      Ainda tenho mais uma série de manifestações de produtores, alguns já disponíveis na mídia, para publicar porém como pretendo que esse seja meu último post com a visão deles, estou dando um time pra ver se os dez ou doze que ainda faltam responder minha consulta, efetivamente o farão ou vão ficar na moita esperando para ver. Segunda publico o que tiver e listarei quem não me respondeu. Por enquanto queria tocar num outro tema que é o das reações, começando por um tópico interessante que são as exportações de vinho brasileiro. Quando há alguns anos se iniciaram as exportações de vinhos, foi um alvoroço de porcentuais de crescimento. Para alguém com um mínimo de bom senso e experiência empresarial, duas coisas saltavam aos olhos:

1 – de que um monte de produtores pagavam a conta e somente uma meia dúzia, entre eles boa parte dos tubarões que hoje preparam seu ataque voraz, tiravam partido do projeto por possuírem estruturas e condições financeiras para tal. Bem que tentei, por mais de uma vez, obter esses porcentuais da Ibravin (quais os principais exportadores e seus porcentuais sobre o todo exportado)  porém isso sempre me foi negado por ser “segredo de Estado”! 

2 – que se a base é zero, ou próximo disso, qualquer venda efetuada apresentará um valor porcentual altíssimo de crescimento.

        Só por curiosidade, vejamos o que os tubarões e seus testas de ferro apresentaram de dados na petição ao Secex conforme a Circular Nº9 de 14 de março, 2012., com relação ao mercado externo ou seja, exportações:

“No que diz respeito às vendas da indústria doméstica ao mercado externo, constatou -se declínio contínuo ao longo da série, à exceção do crescimento registrado de 200 6 para 2007, 68,5%. De 2007 para 2008, houve queda de 12,5%; de 2008 para 2009, de 33,4%; e de 2009 para 2010, de 31,9%. Com isso, as exportações da indústria doméstica declinaram 33,1%, de 2006 para 2010. “

        Certamente dados que merecem uma análise mais detalhada dos porquês desta acentuada queda. Falta de qualidade, perda do fator novidade, falta de competitividade, projeto e estratégia equivocados, mercado internacional retraído, enfim quais os fatores que geraram estes resultados? Certamente deverá ser uma conjugação de fatores, mas mais importante que isso, no entanto, é ver que boa parte dos mercados trabalhados, são também mercados produtores e exportadores ao Brasil. Será que esses mercados vão ficar parados e não reagirão criando barreiras similares? A grande probabilidade é de que esse será mais um tiro no pé do oligopólio pois boa parte do bom trabalho que vinha sendo feito por alguns, certamente deverá se perder pelo caminho pois já existem movimentos no exterior falando em retaliação.

        Uma outra reação que começa a tomar conta do mercado através do envolvimento ativo dos consumidores (enófilos e apreciadores de vinho em geral, lojas, restaurantes, varejistas, profissionais do setor, etc.), é o famoso boicote ao vinho brasileiro. No sentido genérico da coisa sou contrário, pois este tipo de ação tende a ferir, tal qual bala perdida em tiroteio, quem não está envolvido no processo. Tem gente até fomentando boicote a produtos do RS, pessoal, menos, menos, nada a ver! Esses exageros têm que obrigatoriamente ser contidos pois não levam a lugar nenhum e não são nada proveitosos. Já, ao se definir autores, uma ação direcionada e objetiva ferindo esses personagens no mesmo lugar em que eles nos querem ferir, no bolso, isso me parece legítima defesa, ou não?!! 

       Bem, de qualquer forma, essas reações, tanto eventuais boicotes como a petição, são armas e direitos constitucionais do consumidor não devendo os peticionários se alarmarem com isso, pois são tão legítimos quanto as greves para os trabalhadores. Aliás, espantados deveriam ficar caso não houvesse qualquer reação á ação truculenta, mesmo que legal, que cometem contra o consumidor! A meu ver, me parece um claro caso de abuso do poder econômico e imoralidade cívil que merece ser repudiada.

      Agora, temos também a contra reação ou seja, fazemos tanto barulho e expomos de tal forma os Barões, que eles tendem e rever posição, como a Salton, e até a repensar modus operandum. Vejam o que a Talise comentou no face do Alexandre Lalas em resposta a um outro comentário sobre a Ibravin; “Angela, o problema é que as contribuições ao Ibravin são compulsórias e como instituto eles fazem o que bem entendem. Não discutem com ninguém ( de nós meros mortais) as medidas. Essas decisões são tomadas arbitrariamente a salas fechadas, como num coronelismo. O pior ainda são os Sindicatos. Esses sim deveriam colocar em votação a posição diante dessas questões, mas funcionam da mesma forma. A piada é que fomos CONVOCADOS a comparecer em Bento Gonçalves a uma reunião de esclarecimento sobre a salvaguarda. Aí pergunto novamente: POR QUE NÃO FOMOS CONVOCADOS ANTES DE A SALVAGUARDA SER SOLICITADA AO GOVERNO? Só rindo!!!” Afora o absurdo da situação que mostra que o mundo do vinho brasileiro está definitivamente com problemas gravissímos, que nada têm a ver com os importados, e que precisam ser solucionados a começar por essas entidades que não possuem qualquer representatividade! Talvez com isso a paz volte e possamos sim discutir uma forma construtiva para alavancar a produção nacional.

Por hoje é só, mas amanhã tem mais! Salute e kanimambo.