Salvaguardas – Durmam com Essa!

      Tenho o maior respeito pelos vinhos brasileiros e não é de hoje que os comento aqui. Muita coisa boa que preconceitos enraizados em muitos enófilos não permitem que sejam devidamente reconhecidos. Há tempos que digo que já aprendemos a fazer bons vinhos, só não aprendemos a comercializá-lo e a turbulência que estamos vivendo é um claro exemplo disso! Some-se a isso o grave problema estrutural dos custos de produção e o circo está armado.

Agora, os peticionários das Salvaguardas alegarem, de acordo com a Circular da SECEX, que:

“2.2 Do Produto Similar ou Diretamente Concorrente

Segundo os peticionários, o vinho nacional é similar ao vinho importado. Trata -se de vinho fino ou de mesa de viníferas, destinado ao consumo humano.”

Para fabricação do vinho branco ocorre a prensagem da uva para a extraç ão do suco, em seguida, a limpeza do suco e a fermentação, qual seja, da transformação do suco em vinho. Este material é conservado até oengarrafamento (enchimento, colocação da rolha, da cápsula, dos rótulos e encaixotamento). Ainda antes do engarrafamento, ocorre nova filtração para acabamento. O vinho engarrafado fica, então, armazenado até odespacho da mercadoria.

Por sua vez, para fabricação do vinho tinto, antes da fermentação alcóolica ocorre o desengace (separação do cabinho da uva) e a maceração (extração da cor), após, os vinhos ficam em estado de conservação. Os vinhos de guarda passam à maturação em barricas ou ao envelhecimento em garrafas, já os vinhos jovens, após a conservação são filtrados e engarrafados. O vinho engarrafado fica armazenado até o despacho da mercadoria.

2.3 Da Similaridade

Com base nas informações apresentadas, constatou-se que o produto importado e o similar nacional são produzidos a partir de uvas vitis vinífera, possuem características semelhantes e destinam-se ao mesmo mercado, sendo inclusive comercializados em embalagens semelhantes. Assim, os vinhos produzidos no Brasil foram considerados similares ou diretamente concorrentes aos importados.

É demais né?! Na minha terra chama-se comparar alhos com bugalhos, vai dormir como essa, vai! Poderia falar horas sobre essa condição de “similaridade”, mas deixo essa para você. No entanto, não poderia deixar de publicar parte de um texto incrível e imperdível escrito pelo enólogo Álvaro Escher em seu artigo Cooptar, Desorganizar e Faturar publicado no blog Vinhos Brasucas, “Absurdamente falso, pois despreza o vinho enquanto substância e entidade para classifica-lo apenas como mercadoria. Como já dito exaustivamente, o vinho não é commodity, nem tampouco pode ser substituído um pelo outro como se fossem ‘iguais’ e o ‘mesmo’, ainda mais diante de consumidores que almejam transpor o patamar de influências e manipulações e atingir níveis de exigência crescentes em respeito aos seus próprios desejos e vontades, onde uma redução ‘artificial’ na ofertada ‘qualidade’ possa vir a ser entendida como um ultraje, quando não uma heresia.”

Salute, kanimambo e a luta continua!

Vitória do Bom Senso

Acabei de receber esta mensagem:

“Caro JFC ,

Grande noticia . Caiu hoje a exigencia introduzida em 19 / 03 de anuencia previa DECEX das licencas de importação para os itens da posição 22042100 / Vinhos.

Abraço e continua gritando para conseguirmos um Brasil mais moderno.
Aparentemente é o que funciona.

François Sportiello”

Que bom, agora vamos ver se o restante das excrecências propostas também cai. Tenho 57 anos bem vividos, então me permito não estourar rojões pos isto, apesar de reconhecer que foi uma importante vitória do bom senso sobre a tentativa de aplicação de barreiras alfandegárias disfarçadas, pois ainda há muito em jogo e não podemos perder o foco.  A luta continua!

Salute, com Cave Amadeu, e kanimambo. Se as Salvaguardas cairem o brinde será com Cave Geisse Terroir magnum!!!

Salvaguardas – O que Você não Pode Deixar de Ler

          Hoje é Sexta e antes que me esqueça, que tal programar sua viagem de Maio e sair numa missão de descobrimentos junto comigo e a Inês? Como sabem, em Fevereiro fizemos um Grand Tour Enogastrocultural por Portugal e que você pôde acompanhar através do blog da Inês e de um dos participantes o Ricardo Gaffrée. Agora montamos uma viagem enogastronomica mais curta, somente 12 dias, com passagem pela Ribera del Duero e Toro na Espanha, Douro, Porto, Bairrada, Alentejo, Setubal e Lisboa. Mais uma oportunidade que vale a pena você conhecer e já garantir sua participação (chame os amigos e monte sua turma) clicando no link aqui do lado.

          Voltando à nossa cruz, e pensando que você tem todo o fim de semana para se divertir fuçando na rede, que tal dar uma passada pelos links abaixo? Garanto que o conteúdo de informações ali disponíveis o deixará surpreso com a dimensão que esta polêmica tomou. O assunto é sério e vai doer no seu bolso se passar!

1)      Como as coisas mudam! Vejam o que o Lalas publicou no facebook, uma matéria do Portal Terra de 2010!!!! Vejam se existe alguma coerência entre as ações  que a Ibravin promove  agora e os dados e as opiniões deles de há dois anos atrás http://vidaeestilo.terra.com.br/homem/interna/0,,OI4327594-EI14236,00.html

2)      A Salvaguarda da Discórdia – um resumo de tudo! Excelente matéria que tem que ser lida por todos aqueles que se preocupam com essa excrecência que querem nos empurrar goela abaixo. http://www.winereport.com.br/winereports/a-salvaguarda-da-discordia/1866

3)      Um dos que, aparentemente porque não me deram resposta oficial,  subscreveram a petição por salvaguardas junto á SECEX, é a Perini que divulgou a seguinte em matéria publicada no site da RBS no Rio Grande do Sul; “Com crescimento de 23% em 2011, acima da média do mercado, a empresa ambiciona fazer ainda melhor em 2012”. Veja a matéria na íntegra clicando aqui > http://wp.clicrbs.com.br/campoelavouranagaucha/2012/03/26/crescimento-acima-da-media-baliza-definicao-de-estrategias-da-perini/?topo=52,1,1.

4)      De Bruno Agostini – O Globo Blogs – repicando uma matéria do respeitado jornalista Artur Xexeo http://oglobo.globo.com/blogs/enoteca/posts/2012/03/27/a-guerra-do-vinho-por-artur-xexeo-437845.asp

5)      A visão externa, por parte do CEO da José Maria da Fonseca um importante produtor português, à revista Isto É Dinheiro http://www.istoedinheiro.com.br/entrevistas/79979_O+BRASIL+ENTROU+NUMA+GUERRA+COMERCIAL+E+VAI+PERDER

6)      A posição da ABS (SP) que colocou inclusive uma chamada em sua página de abertura no site, ação que muita gente podia copiar, é bastante didática e clara. http://www.abs-sp.com.br/conteudo/nao_instituicao_salvaguardas_vinho_brasileiro.html

7)      Arthur de Azevedo tem uma boa parte de sua vida dedicada ao vinho e sua reflexão sobre a tentativa de implementar Salvaguardas é bastante ponderada e mostra independência http://www.artwine.com.br/noticias/175/reflexoes-sobre-o-mercado-de-vinhos-no-brasil

8)      “PÁTRIA AMADA –  Acusam os estrangeiros, mas a culpa é nossa”, ótima dissertação do jornalista Carlos Alberto Sardenberg. Aliás, usando um bordão de seu programa na CBN às Sextas, o título também poderia ser, “ Meteram o Pé na Jaca”! Leia aqui http://www.sardenberg.com.br/site/index.php

9)      “Nossa Pobre Industria vinícola está ameaçada?” Pergunta Jorge Lucki um dos mais influentes jornalistas do setor  em sua coluna no Jornal Valor Econômico. Artigo em que a circular e seu estudo são bem dissecados por quem entende http://www2.valoronline.com.br/cultura/2581292/nossa-pobre-industria-vinicola-esta-ameacada

10)   Vinho também entra na mira do protecionismo – A revista Veja também repercutiu a tentativa de Salvaguardas solicitadas pelo oligópolio de plantão. http://veja.abril.com.br/noticia/economia/vinho-tambem-entra-na-mira-do-protecionismo

11) O Gerosa sempre foi um de meus colunistas preferidos porque, entre outras coisas, tem o dom da pena, escreve como poucos. Seu resumo sobre este tema vale o clique. http://vinho.blogtok.com/menu/6/43370/ip/0/id_rss/5075

12) Alexandra Corvo é uma profissional experiente no setor, somméliere, dona de uma escola de vinhos e colunista do jornal Folha de São Paulo que publicou ótima matéria sobre o assunto ontem (28/03). http://acervo.folha.com.br/fsp/2012/03/28/578

13) No blog do Didu, um resumo de tudo http://blogdodidu.zip.net/

14. Procurava este texto que já tinha lido, mas não tinha achado. O amigo Marco Aurélio me mandou um lembrete e o Sudré assinou embaixo. O texto é realmente uma aula que muito enólogo em fase de desenvolvimento deveria ler. O texto é de Álvaro Escher > http://vinhosbrasucas.blogspot.com.br/2012/03/cooptar-desorganizar-e-faturar-alvaro.html

     Bem meus amigos aí tem um monte de fontes para você tomar pleno conhecimento do golpe que pretendem armar contra o consumidor, você e eu. Afora o oligopólio e seus testas de ferro, ninguém defende  essas ações vistas como protecionistas e um verdadeiro retrocesso a tudo o que se fez até agora pelo vinho brasileiro nos últimos anos. Será que todo mundo está errado e mal informado?

     A Presidente diz que não vai fechar o país e que não é adepta do protecionismo assim como ser necessária a redução tributária, então está na hora de provar com ações mais do que palavras e pode começar já por este setor tão carente de atenção e planejamento. O lobby entre o oligopólio, Governo Estadual (Tarso Genro) e o Governo Federal (Companheiros) está forte uma barbaridade então cabe á opinião publica gerar o barulho necessário para que haja o constrangimento necessário para evitar a confirmação de eventuais salvaguardas, pois mesmo que a avaliação técnica seja negativa eles sempre dão um jeitinho. Luto e boicote aos vinhos dos barões, não generalizado pois o problema não é o vinho brasileiro e sim essas poucas empresas, armas que precisamos usar para nos defender desse verdadeiro abuso de poder econômico e politico! É nosso direito, vamos exercê-lo? Assine a petição e divulgue para os amigos, quanto mais barulho melhor, quem sabe eles não revêem posição e vêm para a mesa de negociação em vez de fugir dela!

Salute, kanimambo e um ótimo fim de semana para todos. A Luta Continua, assine a petição já!

Salvaguardas – Cada Ação Gera Uma Reação!

      Ainda tenho mais uma série de manifestações de produtores, alguns já disponíveis na mídia, para publicar porém como pretendo que esse seja meu último post com a visão deles, estou dando um time pra ver se os dez ou doze que ainda faltam responder minha consulta, efetivamente o farão ou vão ficar na moita esperando para ver. Segunda publico o que tiver e listarei quem não me respondeu. Por enquanto queria tocar num outro tema que é o das reações, começando por um tópico interessante que são as exportações de vinho brasileiro. Quando há alguns anos se iniciaram as exportações de vinhos, foi um alvoroço de porcentuais de crescimento. Para alguém com um mínimo de bom senso e experiência empresarial, duas coisas saltavam aos olhos:

1 – de que um monte de produtores pagavam a conta e somente uma meia dúzia, entre eles boa parte dos tubarões que hoje preparam seu ataque voraz, tiravam partido do projeto por possuírem estruturas e condições financeiras para tal. Bem que tentei, por mais de uma vez, obter esses porcentuais da Ibravin (quais os principais exportadores e seus porcentuais sobre o todo exportado)  porém isso sempre me foi negado por ser “segredo de Estado”! 

2 – que se a base é zero, ou próximo disso, qualquer venda efetuada apresentará um valor porcentual altíssimo de crescimento.

        Só por curiosidade, vejamos o que os tubarões e seus testas de ferro apresentaram de dados na petição ao Secex conforme a Circular Nº9 de 14 de março, 2012., com relação ao mercado externo ou seja, exportações:

“No que diz respeito às vendas da indústria doméstica ao mercado externo, constatou -se declínio contínuo ao longo da série, à exceção do crescimento registrado de 200 6 para 2007, 68,5%. De 2007 para 2008, houve queda de 12,5%; de 2008 para 2009, de 33,4%; e de 2009 para 2010, de 31,9%. Com isso, as exportações da indústria doméstica declinaram 33,1%, de 2006 para 2010. “

        Certamente dados que merecem uma análise mais detalhada dos porquês desta acentuada queda. Falta de qualidade, perda do fator novidade, falta de competitividade, projeto e estratégia equivocados, mercado internacional retraído, enfim quais os fatores que geraram estes resultados? Certamente deverá ser uma conjugação de fatores, mas mais importante que isso, no entanto, é ver que boa parte dos mercados trabalhados, são também mercados produtores e exportadores ao Brasil. Será que esses mercados vão ficar parados e não reagirão criando barreiras similares? A grande probabilidade é de que esse será mais um tiro no pé do oligopólio pois boa parte do bom trabalho que vinha sendo feito por alguns, certamente deverá se perder pelo caminho pois já existem movimentos no exterior falando em retaliação.

        Uma outra reação que começa a tomar conta do mercado através do envolvimento ativo dos consumidores (enófilos e apreciadores de vinho em geral, lojas, restaurantes, varejistas, profissionais do setor, etc.), é o famoso boicote ao vinho brasileiro. No sentido genérico da coisa sou contrário, pois este tipo de ação tende a ferir, tal qual bala perdida em tiroteio, quem não está envolvido no processo. Tem gente até fomentando boicote a produtos do RS, pessoal, menos, menos, nada a ver! Esses exageros têm que obrigatoriamente ser contidos pois não levam a lugar nenhum e não são nada proveitosos. Já, ao se definir autores, uma ação direcionada e objetiva ferindo esses personagens no mesmo lugar em que eles nos querem ferir, no bolso, isso me parece legítima defesa, ou não?!! 

       Bem, de qualquer forma, essas reações, tanto eventuais boicotes como a petição, são armas e direitos constitucionais do consumidor não devendo os peticionários se alarmarem com isso, pois são tão legítimos quanto as greves para os trabalhadores. Aliás, espantados deveriam ficar caso não houvesse qualquer reação á ação truculenta, mesmo que legal, que cometem contra o consumidor! A meu ver, me parece um claro caso de abuso do poder econômico e imoralidade cívil que merece ser repudiada.

      Agora, temos também a contra reação ou seja, fazemos tanto barulho e expomos de tal forma os Barões, que eles tendem e rever posição, como a Salton, e até a repensar modus operandum. Vejam o que a Talise comentou no face do Alexandre Lalas em resposta a um outro comentário sobre a Ibravin; “Angela, o problema é que as contribuições ao Ibravin são compulsórias e como instituto eles fazem o que bem entendem. Não discutem com ninguém ( de nós meros mortais) as medidas. Essas decisões são tomadas arbitrariamente a salas fechadas, como num coronelismo. O pior ainda são os Sindicatos. Esses sim deveriam colocar em votação a posição diante dessas questões, mas funcionam da mesma forma. A piada é que fomos CONVOCADOS a comparecer em Bento Gonçalves a uma reunião de esclarecimento sobre a salvaguarda. Aí pergunto novamente: POR QUE NÃO FOMOS CONVOCADOS ANTES DE A SALVAGUARDA SER SOLICITADA AO GOVERNO? Só rindo!!!” Afora o absurdo da situação que mostra que o mundo do vinho brasileiro está definitivamente com problemas gravissímos, que nada têm a ver com os importados, e que precisam ser solucionados a começar por essas entidades que não possuem qualquer representatividade! Talvez com isso a paz volte e possamos sim discutir uma forma construtiva para alavancar a produção nacional.

Por hoje é só, mas amanhã tem mais! Salute e kanimambo.

Salvaguardas – Esclarecimentos sobre Minha Posição

       Hoje seria dia de Vinopiadas, porém não estou com clima para isso e semana que vem retomo, agora não posso perder o embalo! Ainda tenho mais uma série de declarações de produtores a publicar, porém quero antes deixar claro que tenho o direito de me manifestar. Sou um consumidor, cidadão, pago impostos e como tal tenho direitos que me foram instituídos pela constituição em vigor. Por mais que queiram me calar, seguirei nesta minha cruzada junto com muitos outros, para que o bom senso prevaleça e a Secex (porque os autores da solicitação de Salvaguardas já deixaram claro em nota oficial que não arredarão pé) arquive esse estudo depois de ouvir todos os interessados, inclusive o grande número de produtores brasileiros que estão contra o estabelecimento das salvaguardas em estudo. Parte deles já se manifestou aqui e, como vi em algum lugar (me perdoe o autor da frase, porém não me lembro de quem foi) a cave é mais em baixo!

       Quem tiver a pachorra de ler tudo o que já escrevi sobre este assunto, vai verificar que nunca escondi minha posição contrária ao que considero um golpe contra o consumidor para beneficio de poucos. Não me atenho a somente repassar informações ou relatar o que outros dizem. Também o faço, para que fique claro que não estou sozinho nessa luta, mas importante que as pessoas assumam posição, pois nesta discussão não há como ficar em cima do muro e o leitor/consumidor certamente saberá quem é quem ao final deste processo lamentável.

      Primeiro metem o pé no meu peito, e no de todos que apreciam os caldos de Baco, depois me pedem calma e ponderação! Para quê já que deixaram claro que não vão arredar pé! Devemos ficar calados e ver mais um “arrastão lobista” dos mesmos conseguir nos meter goela abaixo mais um “Selo Fiscal”. Sim, porque eu não esqueci o Maledetto nem muitos dos produtores nacionais que tomaram ferro!  Avivando a memória, a Receita tinha dado parecer técnico contrário à instituição do Maledetto Selo Fiscal e aos 49 do segundo tempo via FIERGS (Federação de Indústrias do Rio Grande do Sul) – canal de lobby interessante esse – o ministério aprovou.

  1. Os problemas da vitivinicultura não se resolverão dessa forma. Há inúmeros e graves problemas que precisam de solução e está claro que este não é o adequado como não foi para o setor de informática no passado. Quem garante que o que dizem que será feito nos próximos três anos ocorrerá? Em três anos se resolvem todas as mazelas desse setor produtivo, duvido e tem produtor que também não crê nisso. Se não ocorrer quem se responsabiliza e quais as punições?
  2. Da mesma forma que a vitivinicultura é fonte de empregos em larga escala, nossa vinosfera como um todo, importados inclusive, também empregam e muito. A quantidade de empregos diretos e indiretos que certamente serão perdidos e o fechamento de pequenas empresas será uma realidade. Isso, no entanto, não parece tocar os peticionários que, como com o Selo Fiscal e consequente fechamento de dezenas de pequenos produtores, jamais deram pelota para isso! Interessa o deles!!
  3. Pessoalmente sempre tive divergências comerciais com essas entidades e muitos de seus acionistas, que agora só se agravam, pois mais uma vez demonstram serem predadores vorazes. Isso não tem nada a ver com pessoas ou os vinhos, a divergência é filosófica. Uma série de produtos são bons, outros muito bons, um ou outro beirando o ótimo, e sempre fiz questão de tratar destes assuntos de forma diferenciada. Uma é a filosofia das empresas e suas estratégias, outra é a qualidade do que provei.
  4. Discordo de gente, jornalistas inclusos, que dizem que quem tenha aceite convites dessas entidades não tenha o direto de se manifestar.  Tudo bem que nunca aceitei, também nunca ninguém me convidou (rs), mas isso de nada impede que as ações hora em curso não permitam que essas pessoas sejam contrárias a esse golpe. A isto se chama independência e, ficar calado mesmo que com posição contraria, aí sim ficaria qualificado o famoso rabo preso. Posso elogiar o vinho e/ou a pessoa, porém cair de pau em atitudes inconvenientes que tenham tomado, uma coisa não invalida a outra. Aliás, desde sempre que digo que dizer amém para tudo não demonstra amizade, demonstra fé cega e subserviência o que não faz meu estilo.
  5. Boicote é algo justo e uma arma que o consumidor tem para se defender de ações abusivas como essa, só acho que se isso acontecer, que seja direcionado ás empresas certas e que cada um faça seu próprio juízo baseado nos dados já expostos tanto aqui como pela mídia em geral. Pessoalmente, eu que já não trabalhava com alguns desses tubarões, também pararei de trabalhar com outros signatários da petição e uma boa parte dos que se escondem por trás das entidades e se recusam a tomar posição publica assumindo, em minha opinião, uma posição covarde. Um direito que me assiste e que, pelo que venho sentindo, incomoda os leões!
  6. Estou de luto. No header de meu blog e com uma braçadeira preta com que visitarei a Expovinis, convido os amigos a fazerem o mesmo, deixarei claro minha revolta e decepção com gente que tanto poderia fazer por nossa vinosfera , mas que preferem a desunião em pró de seus próprios interesses. Óbvio que não os visitarei na Expovinis, não seria coerente com o que penso e venho expondo aqui. Mais uma vez, um direito que me assiste! Não tenho nada contra os produtores brasileiros, muito pelo contrário e os posts aqui publicados ao longo de mais de quatro anos, são prova clara disso, porém também não sou defensor das importadoras, por sinal muitas também caladas demais para o meu gosto. Meu compromisso é com o vinho e com o consumidor assim como, não nego, com meu investimento na divulgação e no comércio de vinhos que correrão sérios riscos a perdurar essa excrecência.

       Quem segura esse lobby? Desta feita há que se manter a luta e não esmorecer, logicamente dentro das regras democráticas, até ao fim lançando mão de todas as nossas prerrogativas legais pois o conjunto de consumidores tem mais força do que pensa. Aí cabe; Petição – Boicote – Manifestação pacifica e ordenada – Boca no trombone – Pressão popular sobre nossos representantes no congresso – Mídias Sociais – blogs e imprensa livre, enfim as estratégias e opções são imensas, use-as sem moderação, mas com educação, pois sem ela perdemos a razão! A luta continua assim como os posts sobre o tema aqui no blog, mas siga também os outros como o do amigo Didu que postou entrevista com o corajoso, mesmo que discorde dele tenho que reconhecer que ele está sempre disposto a dar a cara para bater, Paviani que é diretor executivo da Ibravin. Não muda em nada minha opinião, muito pelo contrário, mas importante para você também fazer seu juízo de valor. Vale ver esse e outros posts dele assim como acompanhar o do Alexandre Lalas, por sinal autor da Petição Publica Contra as Salvaguardas com link aqui do lado, que é de tirar o chapéu e possui hoje a melhor cobertura da mídia sobre este tema.

       A luta continua, não esmoreça e tome uma atitude. Amanhã, tem mais e lembre-se, se os grandes lordes do vinho não quiserem, não haverão Salvaguardas. Salute, kanimambo e vamos em frente porque atrás vem gente querendo nos morder. Diga NÃO, assine a petição e chame os amigos para o fazerem! Lojista, mexa-se, reaja, envie mensagem para seu mailing mostrando o golpe que se está armando e sugerindo a assinatua da petição. Lembre-se você não passará incólume por esta tempestade!!

Salvaguardas – Com a Palavra os Produtores Brasileiros II

          Sei, estão ficando cansados de chegar aqui no blog e só ler sobre isto, certo? Pois bem, me perdoem mas pelo menos por mais toda esta semana o que vocês terão será mais informação e comentários sobre o tema e pedidos de assinatura da petição com link aqui do lado. A informação é essencial para balizar suas conclusões sobre o tema e concluir os efeitos que isto terá sobre seu bolso. Aliás, “eles” não param e na semana passada emplacaram mais uma que só ajuda a complicar nossas vidas criando problemas de atendimento e custos para os importadores conforme o ótimo artigo do Jorge Lucki publicado no Jornal Valor dia 22 do corrente. “O mais recente e irritante imprevisto, tornado conhecido nesta terça-feira enquanto estou escrevendo a presente coluna, e vigorando de imediato, estende a necessidade de L.I.  (já era para Argentina e Chile) para todos os países europeus, atingindo, assim, até contêineres prestes a seguir viagem. Isso implicará, às importadoras, quebra de estoques e impossibilidade de atender compromissos assumidos, assim como acarretará prejuízos diretos, diante da obrigatoriedade de arcar com os custos de armazenagem nos portos de saída” Já pagamos dos maiores preços do mundo, se não o maior em mercados “abertos”, pelos vinhos que tomamos (nacionais e importados) e eles querem mais!

    Enfim, voltemos ao tema deste post que é a palavra de mais um produtor, desta feita do Eduardo Angheben. A Angheben é um típico produtor de pequeno porte do Rio Grande do Sul, com vinhos finos de boa qualidade e diversidade. Eduardo Angheben, também enólogo da vinícola , tem dado provas de sua capacidade e de seu pai, o mentor por trás de tudo isso, com vinhos realmente muito interessantes de qualidade constante  entre eles o Barbera, Teroldego e Gewurztraminer que surpreendem os mais céticos e colocam a região de Encruzilhada do Sul no mapa. Eis as palavras de alguém que já sofreu com o Maledetto Selo Fiscal e sabe bem o que é ser sufocado pelo oligopólio de plantão. È longo, mas muito lúcido e esclarecedor mostrando as reais e efetivas ações necessárias para que haja uma solução construtiva e de longo prazo para o setor.

“Caro João, tudo bem?

 A Angheben não foi e não é a favor desta proposta. A Angheben não acredita que esse seja o caminho para dar melhores condições de competitividade ao vinho BRASILEIRO. Questionamos, sobretudo, se 03 anos seriam o suficiente para “recuperar” a indústria nacional. Em nosso ponto de vista o que precisamos de fato é:

 – ter o Simples Nacional para pequenas vinícolas. As entidades do setor vitivinícola do Brasil fizeram um enorme esforço pela aprovação do Selo Fiscal e agora não estamos vendo nenhum esforço pela aprovação do Simples Nacional para vinícolas, mesmo este tendo sido aprovado e votado a favor da sua implementação pelas entidades representativas do setor.

ter linhas de crédito realmente acessíveis e compatíveis com as necessidades. Juros aceitáveis para renovação, reconversão e implantação de novos vinhedos e melhoria das instalações enológicas. Veja que estamos sendo exigidos a pela IN 05 do MAPA a modernizar as instalações e não temos linhas de créditos para isso. Não temos linhas de crédito para custeio da produção. O que existe não é viável para pequenas vinícolas de vinhos finos, pois não representa nem 30% do custo real de mercado das uvas viníferas. Para os demais insumos (garrafas, rolhas, etc.) não existe nenhuma linha de crédito disponível. Estamos com um apoio do SEBRAE e IBRAVIN para capacitação para Boas Práticas e APPCC o que é muito pouco, pois a capacitação é o que menos custa.

fiscalização por parte do MAPA referente à rotulagem do vinho importado…as vinícolas brasileiras tem muito mais exigências como expressões “VINHO  TINTO DE MESA SECO FINO”  no rótulo em tamanhos mínimos de alturas das letras, enquanto vemos constantemente nos importados rótulos que sequer constam o grau alcoólico e o volume e na realidade são vinhos “MEIO SECO”. Tendo uma boa fiscalização referente a rotulagem questiono a necessidade do Selo Fiscal…

estimulo a entrada de fabricantes de insumos como garrafas…hoje o que existe é praticamente um monopólio de uma empresa fabricante que exige das pequenas vinícolas, pagamento antecipado, frete FOB, e ainda que o caminhão tenha carga completa, ou seja exige, uma enorme logística. Temos que nos associar a outras vinícolas para lotar as cargas nos caminhões, caso contrário mesmo tendo pago não podemos retirar as mercadorias.

esforço de bancos como o BNDES para que o cartão BNDES seja utilizado pelos fornecedores de insumos. Não temos nenhum fornecedor de insumos (garrafas, rolhas, caixas, rótulos, etc.) para indústria vinícolas que utilize esse recurso.

aprovar o vinho como alimento…temos exigências de fiscalização para o processo de elaboração como alimentos e na hora do pagamento dos impostos somos “bebida alcoólica”, isso é justo?

acabar com a guerra fiscal entre os Estados…vejam o que existe principalmente no Espírito Santo e em Santa Catarina com relação a tributação e me digam se é justo o que está acontecendo…se o clima do Espírito Santo fosse favorável a plantio de uvas viníferas a Angheben já estaria instalada lá.

criar uma política tributária coerente…vejam o dano que está causando as Substituições Tributárias entre os Estados…estamos deixando de vender para restaurantes e pequenos varejos, pois estes estão no Simples e não aceitam pagar a ST.

ter uma associação ou entidade representativa para as pequenas vinícolas e que seja legitimada pelo IBRAVIN e Câmara Setorial, pois hoje não existe nenhuma entidade para nos representar. Tenho proposto a várias vinícolas a associação na UVIBRA mas as pequenas vinícolas não querem por entender que os interesses da UVIBRA são contrários aos das pequenas…e assim ficamos sem poder de votar e participar das decisões.

ter acesso à mudas de videiras ou incentivo para produção de mudas de boa qualidade no Brasil…quem quer implantar um vinhedo novo tem que se virar com o material já existente no país, pois em caso de importação de mudas a inspeção e a “quarentena” do MAPA demora muito, praticamente inutilizado as mudas que diminuem muito o índice de pega.

desburocratizar o setor…para que tanto controle sobre o vinho nacional…temos vários procedimentos de controle que demandam tempo em vez de estarmos focados em produzir com qualidade em vender o nosso produto… Sisdeclara , Receita Federal, MAPA, FEPAM, IBAMA, tudo é controlado, enquanto o vinho de fora nem se sabe se é o que está escrito no rótulo. Quem garante que os vinhos “santas…da vida” com valores abaixo de R$ 15,00/gf são realmente das uvas mencionas nos rótulos e ainda mais com passagem por barricas realmente??? Sabemos de uvas extremamente produtivas produzidas nos países vizinhos e pergunto quanto vinhos de Crioja,  “fabricados”  entram no Brasil com o rótulo de Cabernet? Será que são isso realmente? Que papel esses produtos estão fazendo…é melhor ter um vinho de americanas no mínimo razoável e que gera empregos no país ou ter esse tipo de produto que chamam de vinho?

coibir realmente o descaminho…toda a exportação de vinho argentino que vai para o Paraguai é consumida lá???

criar uma política de melhoria efetiva do vinho de mesa no Brasil – enquanto continuar a existir sangrias, coquetéis e coolers no Brasil vai continuar a sobrar vinho de mesa e quem fiscaliza as quantidades mínimas de vinho de mesa que tais tipos de produto devem ter em sua composição.

proibir a utilização das mesmas embalagens de vinho de mesa e sangria, coquetéis e coolers, pois confundem o consumidor desse tipo de produto e o mesmo poderia valer para espumantes e filtrados doces…ou criar novos tipos de embalagens para o vinho de mesa e os espumantes e registrar como marca tridimensional exclusiva para estes produtos no INPI.

e a situação atual do Selo Fiscal? ou todo o vinho vendido no país utiliza ou nenhum…na atual situação as pequenas vinícolas nacionais são as mais prejudicadas.

implementar mudanças nas leis do vinho no Brasil…vocês sabiam que para pequenas vinícolas que terceirizam o engarrafamento, o vinho tem que já vir rotulado e selado? Ou seja, como podemos elaborar vinhos de guarda se no momento do engarrafamento esses produtos já tem que estar embalados e selados…é proibido no Brasil o transporte de vinho sem rótulo…mas é permitido o transporte de  vários tipos de produtos semi-acabados ou para processamento, como carne, leite, frutas (inclusive a uva). Isso não incoerente? E mais…quem engarrafa em terceiros é obrigado a recolher todo o IPI adiantado do lote engarrafado…isso prejudica o capital de giro das pequenas vinícolas que já pagam mais pelos insumos que as grandes. E estas vinícolas ainda se consideram prejudicadas se for aprovado o Simples…pergunto…quem escolheu ser grande? Nós pequenos produtores não temos escolha…pois não temos capital para sermos grandes…

Portanto, como é fácil perceber  as regras de produção de vinho no Brasil estão pondo em risco a existência das pequenas vinícolas no Brasil juntamente com a política econômica do Brasil. Então, some a isso uma campanha generalizada de boicote aos vinhos “nacionais”…mais uma vez os pequenos serão os mais prejudicados sem que tenhamos participação nesse tipo de ação.

Um grande abraço e espero ter ajudado e estamos a disposição para mais informações.

 Atenciosamente,

 Eduardo Angheben

Angheben Adega de Vinhos Finos

     Termino o post de hoje perguntando, a quem interessa o prejuizo desses pequenos produtores? Sabemos que os tubarões se alimentam de peixes menores, seria esse o caminho de nossa vitivinicultura tupiniquim? Ficar cada vez mais nas mãos dos grandes tubarões que se agigantam absorvendo os produtore menores e “comoditizando” a produção, perdendo o caráter, diversidade e cultura tão importantes a nossa vinosfera? Espero que não e a adoção de salvaguardas só vai é complicar a vida destes verdadeiros baluartes de nossa cultura e diversidade viníca que lutam para manter acesa a chama! Sejamos justos; pau em quem merece mas há gente boa que precisa ser preservada e enaltecida, pois anda existe vida inteligente por lá!

       Na luta por uma solução mais racional e menos “animal”, elaboração de uma agenda positva e construtiva nos moldes expostos pelo Eduardo, maior consenso e união em prol da cultura do vinho, salute, kanimambo e amanhã tem mais! Não aderiu à petição ainda, tá esperando o quê? Ja passamos de 6.000 e o número segue crescendo, divulgue o link, agite a galera vamos virar esse jogo! Pressionemos os grandes produtores pois se eles não quiserem essa aberração não sai do papel!!

Salvaguardas – Com a Palavra os Produtores Brasileiros I

         A Circular Nº9 do SECEX datada de 14 de Março do corrente, diz o que segue:

 Segundo os peticionários, o setor de vinhos é composto por um grande número de produtores, com forte concentração em pequenas e médias vinícolas, o que impossibilitou a apresentação de dados individualizados de todas as empresas do setor.

Isto não obstante, foram tomados os dados da Cooperativa Vinícola Aurora Ltda., Vinhos Salton S/A, Vinícola Miolo Ltda., Cooperativa Viti Vinícola Aliança Ltda., ABEGE – Participações Ind. e Com. de Bebidas Ltda. e Lovara Vinhos Finos Ltda., que, segundo consta da petição, representam, em conjunto, mais de 50% da produção do Estado do Rio Grande do Sul, (pensei que falávamos de Brasil?) proporção considerada substancial (de produção não de produtores) para fins de análise da existência de prejuízo grave ou de ameaça de prejuízo grave.”

       Ou seja, baseado em dados apresentados por um claro oligopólio dominate e sem qualquer tipo de discussão prévia com a Camara Setorial, a Secex inicia processo de salvaguardas sem consultar a maioria dos produtores nacionais que certamente têm parecer diferente à petição apresentada  por pseudo representantes deles. Isso já ocorreu com o Maledetto Selo Fiscal que prejudicou gravemente os pequenos produtores e, pelos vistos, seguem insistindo no erro por pura conveniência politica ou razões outras que desconhecemos. Cadê a verdadeira democracia?!

      De qualquer forma, se eles não ouvem pelo menos você terá a oportunidade de ouvir e fazer seu próprio juizo de valor pois consegui obter o posicionamento de alguns deles – contra e a favor já que este é um veículo democrático e sem amarras com ninguém a não ser o consumidor, já outros não se dignaram em responder e os listarei mais à frente nessa série de posts.

1 – Aqui segue o que Guilherme Grando da vinícola catarinense Villagio Grando tem a nos dizer:

Boa tarde João

Que bom! Realmente precisamos falar disso, creio que seja uma medida imediatista que futuramente causará transtornos no mundo enogastronomico. Não é deixando o produto estrangeiro caro que aumentaremos a venda e sim deixando o consumidor crescer culturalmente e isso só se faz com acesso à produtos de qualidade com preço acessível. A cultura cresce proporcionalmente a experimentação de produtos de qualidade, se queremos estar nesta lista temos que ter duas coisas: 1. qualidade – coisa que já temos! 2. Impostos baixos, querem que sejamos competitivos? Então baixemos nossos impostos e não aumentemos os deles!

Forte abraço,

Guilherme Sulsbach Grando

2 – Também obtive resposta de um dos maiores grupos produtores nacionais, a Miolo Wine Group. Vejam a mensagem recebida.

Bom dia Sr. João Filipe

 Obrigada por nos contatar. Nós não iremos entrar nessa discussão por tratar-se  de um assunto do setor com o Governo Federal, onde quem está envolvido são todas as entidades representativas do setor, Como Ibravin, Uvibra, Sindicatos de Produtores, etc. O Ibravin fará um comunicado oficial nesta semana, e na próxima semana estarão representantes do Ibravin em SP e RJ para esclarecerem isso com a imprensa.

 Atenciosamente;

 Gabriela Zenatto Jornada

Marketing Institucional|Miolo Wine Group”

3 – ADOLFO LONA VINHOS E ESPUMANTES, ANGHEBEN VINHOS FINOS, CAVE GEISSE e VALLONTANO VINHOS NOBRESDelaração conjunta e os negritos são de minha autoria:  “vêm a público se manifestar a respeito da polêmica da salvaguarda solicitada por algumas entidades do setor vinícola. Causou-nos estranheza a solicitação dessa medida já que no nosso entendimento os benefícios serão mais uma vez destinados às grandes indústrias, penalizando a diversidade da oferta e o consumidor. Por outro lado o pequeno produtor, que enfrenta hoje diversas dificuldades, não pára de se questionar:

  • Por que estas entidades não buscam o SIMPLES para o pequeno produtor?
  • Por que não pedem o fim das normativas (IN05 etc..) que limitam e dificultam as atividades de pequenas vinícolas?
  •  Por que essas mesmas entidades impediram que entrasse em vigor a dispensa da aplicação do SELO FISCAL para quem produzisse até 20.000 litros de vinho (IN RFB N – 1.188/2011 DOU 1 DE 31/08/2011)?
  •  Por que não concentram seus esforços para baixar os tributos do vinho brasileiro ao invés de aumentar a taxa do importado?
  • Por que para produzir vinho temos que seguir normas de produção de alimentos, mas na hora de pagarmos impostos somos produtores de bebida alcoólica?

Porém, o que parece responder a estas perguntas é a intenção de simplesmente burocratizar o setor e defender os interesses das grandes corporações. Estamos caminhando para a era da industrialização em massa, estamos dando aval ao vinho commodity em detrimento da diversidade brasileira. Isso é degradante. Não podemos compactuar com quaisquer iniciativas que não sejam discutidas de forma ampla e democrática, com todo o setor. Precisamos sim de uma salvaguarda para a sobrevivência da diversidade do vinho brasileiro. As empresas que representam a minoria poderosa já começam a sofrer retaliações por parte de jornalistas, formadores de opinião, proprietários de restaurantes, supermercadistas, sommeliers e consumidores. Algumas inclusive já estão mudando de opinião!! Esperamos que ao contrário do acontecido com o selo fiscal, desta vez nossa voz seja ouvida. Uma frase de Ettore Scola pode sintetizar este momento: “Ho sempre preferito la finestra allo specchio”- “Sempre preferi a janela ao espelho.”. Não está na hora de começarmos a mirar pela janela ao invés de nos centrarmos nos nossos umbigos? O mundo é vasto, vivemos um momento de encurtamento de distâncias, quedas de fronteiras e ao mesmo tempo de valorização das identidades locais e não será uma salvaguarda limitada e preconceituosa que resolverá as mazelas do vinho brasileiro”

4 – Vinhos Antonio Dias (Alto Uruguai – RS)

“Tudo bem João? Tenho acompanhado esta confusão pelas redes sociais e blogs.  O que tenho observado é uma confusão baseado em conclusões apressadas e radicalismos absurdos de ambas as partes. Eu não concordo com a idéia de que devem ser aumentados os impostos dos importados, eu concordo sim em que se reduza os impostos dos produtos brasileiros.

 

Um grande abraço

 

 Vilnei Mendes”

 

        Vale também as colocações muito lúcidas e bem ancoradas em dados e experiência que nos foram dadas pelo conceituado produtor Adolfo Lona em seu blog. Lá, ele deixa claro que o grande “inimigo” da indústria nacional não será atingido e toda essa tempestade de nada adiantará pois o essencial, a verdadeira solução – NÃO É AUMENTAR A CARGA TRIBUTÁRIA DOS VINHOS IMPORTADOS E SIM DIMINUIR A DOS VINHOS NACIONAIS.”  Veja a matéria completa clicando aqui.

      Por hoje é só e amanhã veremos o que o amigo Eduardo Angheben tem a dizer sobre tudo isto. Sua resposta esmiuçou este tema de forma muito didática e vale a pena ler o que ele tem a dizer indepentemente do que ele e o Lona já colocam nessa nota conjunta. Mais alguns dos que a Secex não teve tempo para consultar, mas ainda tem tempo para o fazer. Que tal chamá-los para um bate-papo?

     De qualquer forma, leia atentamente a resposta de cada um e ao final tire suas próprias conclusões e faça seu juizo de valor. Creio que elas deixam bem claro a posição de cada um com respeito a esta petição absurda por salvaguardas assim como o que pensam do consumidor! Salute, kanimambo e sigo botando a boca no trombone por aqui. E você, já assinou a petição? Vai ficar quieto sem fazer nada a respeito?

Salvaguardas – Com a Palavra as Entidades Peticionárias

        Não recebi a nota oficial, porém a vi no blog do Beto (Papo de Vinhos) então segue aqui a nota para a avaliação dos amigos. Tomo a liberdade de selecionar na cor vinho os pontos expostos por eles que necessitam, em minha opinião, um maior cuidado em sua leitura. Em seu devido tempo  comentarei os pontos que considero mais importantes nesta nota, porém cabe a você fazer seu próprio juizo de valor .

EM DEFESA DO VINHO BRASILEIRO

O Instituto Brasileiro do Vinho (IBRAVIN), a União Brasileira de Vitivinicultura (UVIBRA), a Federação das Cooperativas do Vinho (FECOVINHO) e o Sindicato da Indústria do Vinho do Estado do Rio Grande do Sul (SINDIVINHO) reafirmam que foram estas – e só estas – as entidades representativas do setor vitivinícola brasileiro que entraram com o pedido de Salvaguarda no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Entretanto, contamos com o apoio de dezenas de instituições.

Nenhuma vinícola brasileira, de forma isolada, deve ser responsabilizada pelo pedido, feito em 1º de julho de 2011. Várias empresas tiveram informações colhidas, de acordo com a legislação, para embasar tecnicamente o pedido de Salvaguarda. A petição foi apresentada pelo setor, por meio das suas entidades representativas.

A Salvaguarda é um instrumento previsto pela legislação brasileira e internacional, reconhecido pela OMC (Organização Mundial do Comércio), para regular e equilibrar as relações comerciais entre os países. É, portanto, uma medida legal e temporária que objetiva dar condições para que os setores afetados possam, a partir da implantação de um Programa de Ajustes, melhorar sua competitividade e concorrer em igualdade de condições com demais partícipes do mercado.

A melhora da competitividade do vinho fino brasileiro possibilitará produtos com mais qualidade, custos menores e preços acessíveis ao consumidor.

É importante ressaltar que não pedimos e não queremos o aumento de impostos para os vinhos importados! (As Salvaguardas preveem isso e quotas, consequentemente ………)

O resultado esperado com a implantação da medida e do Programa de Ajustes é garantir a participação da produção brasileira de vinhos finos no mercado, que nos últimos anos cresceu apenas para os produtos importados. Dos 91,9 milhões de litros de vinhos finos comercializados em 2011, apenas 21,3% eram nacionais. Nosso objetivo é resgatar a nossa capacidade competitiva para permanecer neste mercado e, se possível, elevar nossa participação em alguns pontos percentuais. Caso contrário, o setor produtivo nacional corre o risco de desaparecer em poucos anos.  Vale ressaltar que, há poucos anos, o vinho fino brasileiro possuía uma participação muito maior no mercado nacional, e o quadro abaixo demonstra como isso se inverteu em muito pouco tempo.

 SEM IMAGEM

Fonte: Ibravin e Sistema Alice (MDIC)

O que se espera são medidas temporárias e transitórias que permitam o reequilíbrio do mercado, tais como as cotas – que a União Europeia e muitos outros países aplicam a inúmeros produtos brasileiros. Por que eles podem aplicar estas medidas e a indústria vitivinícola brasileira não? As regras da OMC são válidas para todos os países participantes.

Com o pedido de Salvaguarda e implantação do Programa de Ajustes, acreditamos estar garantindo o futuro dos vinhos brasileiros, produto gerado em uma cadeia produtiva que emprega mais de 20 mil famílias só no campo, e que hoje já alcança nove estados brasileiros (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás, Bahia e Pernambuco).

Além disso, buscamos equalizar os impostos estaduais (ICMS), que vão de 12% a 30% sobre o vinho. Alguns Estados beneficiam com a redução de ICMS as importações de vinhos e tributam os nacionais, inclusive os produzidos no próprio Estado, como é o caso de Santa Catarina e Espírito Santo. Já foram realizadas reuniões com secretarias da fazenda de quatro Estados para tratar desse assunto.

Nosso objetivo é promover o consumo, criando igualdade de condições de mercado, sem a necessidade de aumentar o preço (como se tem sugerido, maquiavelicamente, por quem defende os produtos estrangeiros sem se preocupar com a produção, os empregos e as agroindústrias nacionais).

Deve ficar claro que a Salvaguarda é uma medida temporária e pode ser facilmente compreendida, assim como quando o Brasil limita a importação de automóveis do México, regula a entrada de calçados da China, aceita cotas de comércio com a Argentina, sofre taxação na venda de suco de laranja para os EUA, é impedido de vender carne suína para a África do Sul e a Rússia, sofre barreiras sanitárias da União Europeia para produtos alimentícios, tem cotas para exportar para diversos países, precisa atender a todas as especificações da legislação para onde exporta, e outros tantos exemplos. Não somos os primeiros nem os únicos a estabelecer isso. Faz parte das regras do comércio internacional leal o estabelecimento de princípios que garantam igualdade de condições.

Estamos trabalhando pela redução de impostos há pelo menos uma década. Já conseguimos a desoneração dos vinhos espumantes, que antes tinham IPI de 30%. Agora o IPI dos espumantes – nacionais e importados – é de 20%, mas, por definição de atos específicos, o percentual cobrado sobre os espumantes é de 10%.

O Brasil possui hoje uma infinidade de vinhos importados. Quando falamos em estabelecer cotas para os vinhos estrangeiros, isso não quer dizer que queremos restringir a variedade atual. Se a Salvaguarda for implantada, as cotas de entrada de vinhos por países serão estabelecidas por uma média dos últimos três anos. O que queremos é regulação, não restrição.

Por fim, para o setor vitivinícola brasileiro, a Salvaguarda não é uma “dádiva”, pois o setor terá, neste período, que implantar medidas de ajuste, principalmente estruturantes, que o auxilie a tornar-se mais competitivo.

As ameaças e pressões comerciais, como a proposta de boicote aos vinhos verde-amarelos, que têm circulado nas redes sociais e que pretendem restringir a presença dos rótulos brasileiros no mercado, só aumentam, comprovam e justificam ainda mais a necessidade de implantação das medidas de Salvaguarda.  

Independentemente das interpretações equivocadas divulgadas nos últimos dias, baseadas no desconhecimento e na falta de informações, reafirmamos nossa firme disposição em seguir com o pedido de Salvaguarda em defesa do vinho brasileiro.

Atenciosamente,

Instituto Brasileiro do Vinho (IBRAVIN) / União Brasileira de Vitivinicultura  (UVIBRA) / Federação das Cooperativas do Vinho (FECOVINHO) / Sindicato da Indústria do Vinho do Estado do Rio Grande do Sul (SINDIVINHO)

Salute, kanimambo e Segunda tem mais!

Salvaguardas – Repercursão

       Meus amigos, todo o barulho que os profissionais, criticos e consumidores estão fazendo na mídia começa a ter sua repercussão tanto aqui como no exterior.

       1 – O Tyales, leitor morador na Espanha nos manda noticias de lá publicada pelo jornal El Mundo sob o titulo “Brasil, proteccionismo exacerbado”.el Gobierno brasileño ha anunciado que si no te gusta el caldo, taza y media. Se están preparando unas llamadas ‘medidas de salvaguarda’ que, de entrar en vigor, acabarán con el vino que no sea de Mercosur.  En un gesto típicamente populista de un Gobierno ‘progresista’ iberoamericano, el Ejecutivo de Rousseff anunciaba el 15 de marzo que había que proteger el sector del vino autóctono y propone estas posibles medidas”. O texto na integra pode ser lido acessando o link.

        2 –  Outra informação recebida hoje e publicada inicialmente pelo site da Revista Menu, diz que a Salton voltou atrás na decisão de apoiar a Salvaguarda conforme nota enviada à imprensa; A Vinícola Salton esclarece que são as entidades representativas do setor, Ibravin, Uvibra, Fecovinho e Sindivinho que estão à frente do movimento para salvaguardas dos vinhos nacionais. A Salton, compreendendo que estas medidas podem restringir o livre arbítrio de seus consumidores, encaminhou ao Ibravin um documento informando que não apoiará a causa. Reforçamos ainda que a Salton, uma empresa centenária e brasileira, se preocupa muito com seus clientes e consumidores e que busca constantemente o melhoramento de seus processos e produtos, por meio de investimentos em novas tecnologias e programas de qualidade, para concorrer, de forma justa, com produtos nacionais e importados.” Neste caso gostaria de tecer dois comentários sobre as duas frases que marquei acima:

  • No primeiro caso, em negrito, eles tiram o corpo fora deixando o pepino no colo do das entidades peticionárias – os testas de ferro, como se estas tivessem tomado a ação de livre e espontânea vontade. Me engana que eu gosto!!
  • No segundo caso, sublinhado, melhor seria que eles enviassem junto com sua nota à imprensa uma cópia do documento que enviaram á Ibravin, não acham? Só para que o jogo seja bem claro e aberto.

     Não deixa de ser uma boa noticia e mostra que a empresa, pelo menos aparentemente, está revendo posição sendo uma indicação de que as ações da sociedade e mídia engajadas nesta luta contra essa excrecência que é a petição de salvaguardas está tendo seus efeitos positivos, porém conhecendo os tramites nada ortodoxos que seguem essas coisas em nosso Brasil baronil, não é para tirar o pé do acelerador não! Muito pelo contrário, não podemos parar até que o oligopólio instrua seus testas de ferro a retirar a petição e cancelem seu contrato com o escritório lobista contratado! Por sinal estou curioso para saber quem são as peças?!! Alguém sabe?

     3 –  A famosa e conceituada chef chef Roberta Sudbrack toma decisão corajosa em seu restaurante no Rio de Janeiro e constante do Facebook dela: ” Sobre as vinícolas que apoiam a salvaguarda por enquanto sabemos dessas: Miolo, Salton, Aurora, Aliança, Don Giovanni, Valduga, Dal Pizzol. Da carta de vinhos do RS foram retirados os da Casa Valduga e Dal Pizzol… Mantidos os vinhos da Vallontano, Angheben e Cave Geisse. Minha torcida para que o bom senso impere e possamos um dia voltar a trabalhar com todas as vinícolas brasileiras que fazem um bom trabalho e tratam o consumidor com respeito”.  Tenho informação de que outros pretendem seguir seu exemplo!

     4 – Toda a nossa Vinosfera sabe da importância e seriedade de Jancis Robinson, (critica, colunista, autora) sua forma ponderada e séria de análisar o mundo vitivinícola tendo inclusive desviado seu olhar para os vinhos brasileiros de forma mais constante divulgando bastante os vinhos nacionais que obtiveram boas avaliações, como os espumantes da Cave Geisse, para o mundo. Pois bem, o Albert comentou aqui e eu fui atrás de sua matéria sobre este malfadado tema que sugiro aos amigos que lêm inglês que o acessem. Quem sabe os outros possam usar o Google translator ou coisa parecida, vale a pena e eis o link > http://www.jancisrobinson.com/articles/a201203232.html . Ela mostra, como aliás a grande maioria de nós na mídia, que as análises da circular são meramente tecnicistas, comparando alhos com bugalhos, sem qualquer respaldo mercadológico e conhecimento das peculiaridades do produto assim como o retrocesso e falta de vontade politica de reduzir a já incrivelmente alta carga tributária local. Aliás, sugiro aqui que os amigos também acessem o blog do amigo Guilherme Lopes Mair que com toda sua cultura e sabedoria juridica e experiência jornalistica, consegue ser bem mais ponderado que eu nesta análise algo calorosa que faço aqui. Eis o link > http://www.umpaposobrevinhos.com.br/2012/03/polemica-das-salvaguardas-ao-vinho.html

     5 No site do Enoeventos do Oscar Daudt (RJ) surge um comentário muito interessante um jornalista argentino, Alejandro Maglione .Nuestros vinos son lo que son porque en los ’90 la libertad de importación absoluta nos permitió saber lo que eran los grandes vinos… que no eran los nuestros. Hoy, Argentina que exportaba 5 millones de dólares por año, exporta un billón. Hace falta hablar más de las ventajas de permitir la libre importación?”

       Salute, kanimambo e segue o link da petição publica contra as salvaguardas que peço acessem e adiram, é seu bolso e liberdade de escolha que estão em jogo > http://www.peticaopublica.com.br/PeticaoListaSignatarios.aspx?pi=P2012N22143 . Já foram recolhidas mais de 4300 assinaturas até as 9 horas de hoje, então manda bala, não estamos sozinhos nessa! Neste Sábado passaremos das 5.000!!!!!