Destaques 2011 – França

           França e Itália são países de difíceis escolhas quando nos referimos a vinhos mais em conta pois existe muita zurrapa por aí só vivendo em função do prestigio do nome do país e/ou região. Mais comum é a qualidade e complexidade dos rótulos aparecerem mais nas faixas médias e altas de preços. Isso, no entanto, começa a mudar e já se pode encontrar produtos muito interessantes no mercado pelo que chamo de preços “acessíveis” vis-à-vis nossa realidade preços, apesar de ainda ser mais comun encontrar italianos do que franceses nessa faixa.

           De R$58 a 190,00 alguns vinhos que me agradaram bastante e merecem status de Destaques 2011 lembrando: os vinhos são destaque por “n” número de razões de cunho pessoal, inclusive a relação custo x beneficio, mas não só, pois isso sozinho não categoriza o rótulo a estar aqui, acima de tudo ele tem que surpreender nossas emoções e sensibilidade deixando marcas. Eis alguns vinhos, não deixando de antes fazer aqui uma menção honrosa a dois rótulos que também poderiam estar aqui sendo belas entradas ao mundo de Bordeaux; o Chateau la Croix du Duc e o Chateau Bellevue Lugnanac Bordeaux Superieure, ambos na casa dos R$57,00.

  • Les Gavières Chinon – produto recém chegado ao Brasil e ainda pouco conhecido do grande publico que, até por falta de boas opções, que ainda não descobriu as delicias da Cabernet Franc em varietal. Precioso e importante nos cortes de Bordeaux, na AOC de Chinon no Loire ela se supera em varietal. Já comentei aqui algumas belezuras da região, porém em outros patamares de preço. Este rótulo é uma ótima opção de porta de entrada a este saboroso mundo da Cabernet Franc (ainda listarei um brasileiro bem interessante nestes Destaques de 2011) de vinhos bem frutados, taninos macios (mais lá que por cá) e uma pimentinha de final de boca mito interessante. Neste vinho isso está tudo de lá de forma muito prazerosa até no preço justo, por volta dos R$75,00.
  • Paul Mas Estate Carignan – de um país onde a característica é de assemblages (blends) mais um varietal este sendo de produtor inovativo (sua linha Arrogant Frog é muito interessante assim como seu Viognier), midiático e modernista no estilo de seus vinhos. Produzido com vinhas velhas, este surpreende tanto na boca quanto no preço, em torno de R$58,00. Bom corpo, rico, taninos aveludados, boa fruta, especiarias, notas tostadas no olfato, um bom vinho que pede pratos de bom peso como guisados, carnes ensopadas e coisas do genêro. Gostei bastante.
  • Chateau Les Hautes Tuileries – é um Bordeaux da sub-região de Lalande de Pomerol, um muito bom vinho que mostra bem a classe dos caldos desta região. Com maior participação de Merlot e Cabernet Franc, possui taninos bem sedosos, notas terrosas e frutos negros, toques químicos no nariz, boa acidez, madeira bem aplicada ressalta o conjunto. Termina com boa persistência e uma gulosa sensação de fruta levemente apimentada. Custa ao redor dos R$110, valor que me pareceu bastante justo para um Bordeaux deste porte. Foi muito bem com um filé ao poivre.
  • Renaud de Valon St. Chinian – os vinhos desta sub região são dos que mais me agradam no Languedoc  e este não foge á regra. Por sinal, o Languedoc produz hoje alguns dos vinhos mais interessante e de boa relação Qualidade x Preço x Prazer na França e é por si só uma região a ser explorada inclusive por sua diversidade de terroirs e uvas. Este vinho me agradou muito em função de sua textura, estrutura de boca, fruta muito presente, taninos finos e uma boca densa e redonda, um conjunto muito harmônico que seduz e pede bis. Boeuf Bourguignone me parece um belo parceiro gastronômico. Custa por volta dos R$85,00.
  • Brunel de la Gardine St. Joseph – do mesmo produtor do Chateau de la Gardine Chateauneuf-du-Pape, é um Syrah 100% que costuma levantar suspiros em minhas degustações ás cegas. Um vinho que atrai sobremaneira por sua complexidade, riqueza de sabores e forma como se abre na taça tanto no sentido olfativo como no palato. Especiarias, fruta tudo lá de forma muito equilibrada e elegante, num conjunto sem arestas. O primeiro Syrah a se contrapor ao Schild Shiraz (campeão nas minhas degustações de Syrah), um belo vinho! Custa ao redor dos R$110,00.
  • Baron de Brane 2007 – numa faixa de preço que considero ainda aceitável, mesmo que não facilmente acessível à maioria entre os quais me incluo, um dos vinhos que mais me agradou neste ano que passou. É o segundo vinho do Chateau Brane-Cantenac da região de Margaux, consequentemente com uma maior participação de Cabernet Sauvignon no seu assemblage. Corpo médio, muita fruta (ameixa bem presente), especiarias, notas terrosas, taninos muito finos, boa acidez, equilíbrio, um final de boca saboroso e de boa persistência. Deu-se bem com cabrito assado no forno com batatas, mas sozinho já é um deleite! Um vinho que mostra bem porquê a AOC de Margaux é tão valorizada primando pela elegância de seus vinhos. Preço na casa dos R$190,00.

        Amanhã, espero, estarei de volta aqui para apresentar os Destaques 2011 italianos com mais algumas novidades. Por hoje é só e espero você na Vino & Sapre para brindarmos ao Dia do Vinho do Porto nesta Sexta e Sábado. Salute e kanimambo