Tintos Marcantes

           Nesta segunda parte de comentários sobre os vinhos da Mercovino que provei recentemente, falarei sobre os tintos já que dos brancos já postei recentemente. Provamos alguns vinhos muito bons, especialmente os do Velho Mundo que apresentaram, inclusive, uma relação custo x beneficio melhor do que os do Novo Mundo, pelo menos em minha opinião. Não é de hoje que comento de que acho os vinhos top argentinos e chilenos, que entram no país cheios das benesses tributárias que os europeus não possuem, caros demais para o que apresentam salvo algumas poucas exceções. Para mim, estão valorizados além da conta, mas se seguem esse caminho certamente é porque há mercado, então…….

           Dos vinhos do Novo Mundo, um vinho que fazia muito tempo não provava, foi o destaque pelas características do caldo e por se situar numa faixa de preço que, bem garimpado, trás muito boas relações Qualidade x Preço x Prazer. Neste caso, meu destaque vai para o Lauca Reserva Cabernet Sauvignon Reserva 2008 da região do Vale do Maule, que passa 8 meses por barricas francesas. A primeira grande surpresa é a ausência total dos tradicionais aromas de goiaba e pimentão, com a paleta olfativa mostrando muito mais seu agradável e sedutor caráter frutado. Na boca, taninos muito bons, equilibrado, bom corpo, rico, álcool bem integrado formando um conjunto muito prazeroso e, como dizem meus conterrâneos, apetecível com um final saboroso de boa persistência que nos chama à próxima taça. Como o preço se encontra numa faixa de R$48 a 50,00, temos aqui um best buy!

          Dos vinhos do Velho Mundo, algumas preciosidades sendo que um deles, o Solar dos Lobos Colheita Selecionada,  já comentei aqui e teve a proeza de me emudecer! Houveram outros, no entanto, que também se destacaram como o Pujanza Norte 2006, um baita vinho da Rioja Alavesa altamente pontuado e de grande sucesso na mídia especializada, vinho para horas de curtição, o muito bom Solar dos Lobos Reserva 2007  escuro, denso e fechado, o ótimo Saint-Joseph Clos de Cuminaile 2008 um 100% Syrah da região do Rhône  que encanta e só peca por um rótulo, na minha opinião, algo feioso mas, como já diz o ditado, quem vê cara não vê coração, então esqueça o rótulo e mergulhe de cabeça. Meu grande destaque, no entanto, vai para um vinho da Ribera del Duero por apresentar alguns atrativos a mais, entre eles o preço que deve rondar os R$135,00, é o Una Cepa 2007, boa relação face o que ele entrega. Belissimo vinho em que uma bela e intensa paleta olfativa te convida a levar a taça à boca onde ele explode em complexidade. Ainda está muito jovem, algo fechado pedindo tempo mas nada que um decanter e um pouco de paciência não curem rapidamente. Denso, muito saboroso, untuoso, ótima textura, especiarias, frutos negros, musculoso porém com um toque de elegância no final de boca, fazendo jus aos vinhos da região que tradicionalmente se mostram bem mais encorpados do que os de Rioja. Apenas 1500kgs de produção por hectare, 14 meses de barricas de diversas origens este vinho é especial também pelo fato de que cada videira produz somente uma garrafa e daí o nome.

           Nos próximos posts falarei de mais algumas pepitas recém garimpadas como um incrível e rico Merlot sul africano que leva 9% de Petit Verdot na sua composição e custa apenas R$35,00 e o delicioso cava Palau Brut, achados!

Salute, kanimambo e seguimos nos encontrando por aqui. Vai viajar comigo?