Absurdos que Lemos na Internet ou o Samba do Crioulo Doido!
Incrível as coisas que a gente lê em blogs e sites! Não sou de ficar pichando ninguém, mas realmente há que se separar o joio do trigo e não consegui me segurar. Vejam só as pérolas que encontrei num blog que falava sobre os vinhos de Brunello di Montalcino, tema de minha pesquisa no momento:
- “Isso significa ter uma grande variedade de estilos de Brunello di Montalcino, com os tradicionais vinhos envelhecidos em barris de diversos sabores, como cereja vermelha, groselha, canela e cedro, ou paladares mais modernos que combinam cereja preta, baunilha e especiarias.”
- “O enólogo Niccolò d’Afflitto, explica que a “Sangiovese [uva] é muito difícil de trabalhar. Basta pensar que, se chover durante seu período de amadurecimento, uma uva Cabernet pode crescer até um máximo de 4%, enquanto uma Sangiovese pode crescer mais de 40% em apenas algumas horas… E quando isso acontece, jogamos fora o trabalho de um ano inteiro!”.
Numa outra matéria que publicaram sobre o Vinho do Porto DOW’s as derrapagens foram anda mais memoráveis:
- Seja qual for o sistema, a fermentação deste tipo de vinho é relativamente lenta, levando de dois a três dias, o que torna os vinhos do Porto fortificados.
- Esta conquista se deve, principalmente, aos enólogos da Dow’s, que desenvolveram um estilo próprio de fermentação longa, que faz com que o vinho do Porto seja mais seco, podendo ser apreciados quando vibrante e jovem, ou após o envelhecimento in-bottle, evoluindo para um vinho suave e delicado, de uma elegância aveludada.
- A fortificação envolve a adição de uma espécie de aguardente natural ao mosto fermentado, que interrompe intencionalmente o processo de fermentação em um determinado ponto, onde cerca da metade do açúcar natural das uvas já tenha sido convertido em álcool
- Ao olfato, os intensos e poderosos aromas afloram notas concentradas de violetas quando ainda jovem, evoluindo para canela e rosa-chá à medida que envelhece. É possível distinguir acordes de ameixas e cassis, além de leves toques de carvalho tostado e, em alguns casos, menta.
- Ao paladar, o sabor dos abundantes frutos silvestres revela a elegância das amoras maduras e o porte gourmand do anis e de especiarias, que conferem profundidade e boa estrutura
E quando falaram do Romanée-Conti! Bem aí se esbaldaram e o besteirol, me perdoem, correu solto sem qualquer cerimônia ou constrangimento.
- Como todo bom vinho, ele se encaixa perfeitamente na equação tipo de uva, solo, clima, orientação e irrigação. Mas ainda assim, é difícil distinguir a diferença entre os tintos da Borgonha e de Bordeaux. Os vinhos da Borgonha são caracterizados por sua produção mais complexa – apenas alguns poucos produtores obtêm êxito com os plantios da região. Suas melhores uvas produzem um vinho floral, que preenche o paladar e inebria, apelando mais para as emoções que para a razão. Quando foge à regra, o vinho se torna suave, magro e sem profundidade – o que é muito apreciado pelos amantes dos Bordeaux, e por esta razão, os vinhos de uma mesma região podem variar tanto em preço e qualidade. Os vinhos Bordeaux são mais lineares e de fácil ingestão, enquanto os da Borgonha são mais elusivos e sensuais.
- Como algumas coisas boas da vida que ficam melhores com o passar dos anos, as colheitas do Domaine de la Romanée-Conti não devem ser tocadas por 20 a 30 anos. Para uma demanda menor de caixas, é preciso ter paciência para aguardar a fermentação e o descanso das uvas por pelo menos 15 anos. Isso significa dizer que a colheita de 2010, não vai gerar vinhos até antes de 2025! A maioria dos grand sommeliers irá direcioná-lo a escolher hoje, um vinho da safra de 1992, por exemplo
É mole ou quer mais?! Sim porque, pasmem, tem mais de onde saíram estas preciosidades, coisas como esta sobre os Portos Vintage – “Com enorme potencial de amadurecimento, ele deve ser consumido dentro de 3 a 4 anos, sendo servido normalmente após as refeições e em pequenas quantidades” ou esta sobre os Portos Reserva – “Por não seguir envelhecendo dentro da garrafa, é um vinho que deve ser consumido em um prazo de seis meses”. Será um Porto Noveau??!! Vai dormir com uma coisa dessas! Já li coisa ruim na net, mas igual a isso aí duvido que seja possível.
Salute e quem sabe o pessoal estuda melhor o tema antes de escrever ou, pelo menos, dá a matéria para alguém que seja do ramo revisar. Desculpem, normalmente não sou de baixar a lenha em nada nem ninguém, todos erramos volta e meia em menor ou maior escala, mas ler tudo isto num mesmo lugar foi demais para mim e transbordou minha taça! Matérias como estas, são um desserviço á causa do vinho.
Caro Clemente,
Na condição de iniciante da arte “Baccustre” pediria, dento das suas possibilidades, que retificasse os engamos cometidos para que possamos “pobres mortais” nos assenhorarmos do assunto com a correta precisão. Agradeço antecipadamente a atenção e a sempre disponível vontade de levar àqueles iniciantes como eu a mais pura verdade sobre o assunto. Atenciosamente,
Flávio Vinícius.
Caro João,
Realmente é de arrepiar… eles literalmente “azedaram” o tema!
Abs,
Luiz Cola
ESPETACULAR JOHN!!!! Um dos melhroes posts que li sobre vinho (ou seria sobre algo além do vinho, que ainda não identifiquei)…!
Queria colocar um link no blog para este seu post… posso?
Acho que deveríamos abrir uma garrafa de um Brunello envelhecido em barricas de Cereja para comemorar…
Abratz!
Manda bala Déco! Flavio, vai ser dificil “corrigir” esses textos, desculpe. No entanto, para já, não existem barricas com sabores, uma uva não pode crescer 40% em horas, não é a fermentação lenta que fortifica o Porto e não é aguardente natural, nem sei o que é isso, mas sim aguardente vinica que se adiciona ao Porto. Aliás, sobre Vinhos do Porto tenho algumas matérias bastante esclarecedoras arquivadas aqui do lado em Categorias. Dificil distinguir um bordeaux de um borgonha?! Só quem nunca colocou os dois na boca, pois qualquer ser que queira escrever sobre vinhos deve poder distinguir um Pinot Noir de um assemblagle de cabernet, merlot e cabernet franc! Falar de mais fácil ingestão de um vinho soa surreal e esperar 15 anos, sentado na colheita, para elaborar um vinho é espantoso. O que fazem com as uvas ou mosto durante todo esse tempo?!! Porto Reserva a ser consumido em seis meses, isso não existe! Pode não evoluir na garrafa, porém dura por anos a fio e o Vintage que a pessoa alega ser de longa maturação, incrível a incoerência do texto, para ser tomado em 3 ou 4 anos, é vinho para durar 15, 30, 80 anos dependendo da safra e produtor, sempre evoluindo! Enfim são tantas as bobagens e incoerências que fica dificil corrigir, melhor seria re-escrever e aí é complicado!
Na verdade eu vou ficar com o Brunello envelhecido em Barris de Canela! hehehe. Que coisa gente.
Como sempre um post sensacional João!!
Abraços!
Medo!
Já achei coisa estranha, mas isso é incrível.
Uma coisa é ter uma opinião diversa, errar por direito e falta de informação.
Outra coisa é esse tipo de aberração…
Acho que divulgar isso é um serviço à comunidade do vinho.
Oi Eduardo, foi isso que me assustou! Já vi gente falando que assemblage é a mistura de restos de uvas na vinificação, outra que sentiu aromas de silicone mineral, enfim algumas coisas realmente estranhas, mas……vá lá!. Agora, tanta falta de conhecimento em textos num lugar só, conceitos tão incoerentes e tamanha aberração informativa, me assustou e até parece que a pessoa (s) chupou matéria da internet com tradução google e, como não tem nenhum conhecimento sobre o assunto, simplesmente botou no ventilador, coisa totalmente irresponsável! Na verdade, este post serve mesmo é como um alerta para quem nos lê e está começando, cuidado nem tudo que está na rede é bom e é vero! Não quero parecer snob e arrogante, quem me conhece sabe que não é esse meu feitio e certamente tenho erros cometidos ao longos destes anos como cronista e colunista de vinhos, mas há limites para tudo e só espero que quem tenha escrito estas matérias não se intitule jornalista ou sommelier!
ps. por uma questão ética, até porque não levaria a nada,e antes que me cobrem, declino de mencionar a origem dos textos. O objetivo é alertar, não apedrejar ninguém.
João…
Não tem o famoso: “Se beber não dirija?”
Deveríamos criar um novo: “Se não estudar, não escreva.”
vergonha alheia.
abs!
Ale
JFC, eu venho dizendo isso há algum tempo. A facilidade de publicar as coisas sem critério e responsabilidade tornou o mundo dos blogs um grande balaio de gatos. Não falo apenas de informações erradas, mas também de propaganda descarada travestida de opinião embasada em critérios técnicos. Os blogs não precisam ser imparciais e jornalísticos, mas o que eu mais vejo é jabá e informação errada escrita como se fosse matéria jornalística.
É Paulo, pena mesmo é que esse tal de jabá parece que tomou conta de boa parte da imprensa, de todos os tipos, e da sociedade como um todo! O vil metal é que anda ditando regras e costumes, uma lástima que tenhemos chego a a esse status quo. Agora, com ou sem jabá, como tem gente ignorante nesse balaio de gatos, como você acertadamente definiu, que é o mundo blogueiro! Dar opinião, mesmo que eu discorde radicalmente dela, é absolutamente válido, mas se meter a falar sobre determinados temas sem qualquer conhecimento ou pesquisa, isso é assustador porque tem um monte de incauto que acredita no que está lendo!
Coisa boa teu blog João:
além de educativo é muito divetido.
Já li e já ouvi muita bobagem. Muita coisa é ligada a mitos e controvérsias ainda hoje corriqueiras como a de deixar o vinho “descançar” um ou dois dias após o transporte…creio que tem gente comprando berço e bebe conforto para as garrafas…
Outro assunto que tem dado o que falar é o caso das garrafas deitadas x garrafas em pé. Penso que o Dr Pet deveria ser chamado e ensinar as ditas cujas a sentar, fingir de morta e outros truques. Muitas pequisas já comprovaram que não entra oxigenio através das celulas da cortiça, ele só pode entrar pelo espaço entre a rolha e a parede da grf, quando a rolha não tiver pressão suficiente ou defeitos, dai não tem como, – o vinho vai azedar.
O único oxigenio que o vinho respira é o que fica no espaço entre o final da rolha e o início do vinho, dentro na garrafa.
Rolhas são impermeáveis, não incham em contato com o líquido, bem é muito assunto..
http://www.pavincork.com/propriedades
Parabéns pelo blog e em especial pelo tema abordado. Nos iniciantes precisamos de esclarecimento e um bom guia.
Grato pelas informações,
Flávio Binder
e ainda ficam brabos quando corrigimos…nossa, quanto absurdo!
O blog que publicou tudo isso realmente é um “luxo” de bobagens…
Incrível!! Confesso que fiquei curiosa pra saber as fontes. Um abraço e parabéns pelo trabalho.
Eh, eh, vivo não Sr. Sampaio!
João,
Ai jisus…como tem gente que fala asneira…e acha que tudo é “um luxo”…tenha dó !
Acho que não seria tãããõ absurdo assim nomear o responsável por estas bizarrices.
Sim, bizarrices acho que é a palavra certa !
abs
Beto
HAHAHAHAH! Fantástico! Estava precisando mesmo dar umas boas risadas…
Valeu João!
Concordo com Mario, muito bom rir às vezes.
Será que o mais divertido foi às comparações das irrigadas regiões Borgohna-Bordeaux? Tenho um desses vinhos magros da safra 96 na adega – pelo menos não é fermentando 15 anos como o DRC.
Um abraço
Ulf
João, realmente, incongruências lecionadas sem origem dão nisso… agora, só abro parênteses para o assunto “bottle shock”… vale ler o livro do Tapia pra entender teorias sobre as cadeias de moléculas e a evolução do vinho… vamos lembrar que ninguém é o senhor absoluto do assunto. Abraço.
PS: a ressalva não diz respeito ao teu post, mas ao comentário do amigo Nilson.
Olá Elmo,
Tudo está sempre em constante mutação, prefiro acompanhar a minha mutação taça após taça , deem uma olhada no link que nos leva a uma “maquina adega” que promete “envelheçer” o vinho por controle remoto..
http://www.tecmundo.com.br/5975-esta-adega-envelhece-os-seus-vinhos-ate-o-ponto-certo-para-consumo.htm
Cruzes, como sou do passado. É como trocar a mulher por uma boneca de borracha..
Vou reler o livro do Tapia o “Vinho sem segredos”, para relembrar a teoria das moléculas. Está nele?
Uso os seus guias “Descorchados” para obter informações sobre vinhos..
Sobre as moléculas no vinho existe boa bibliografia. Um livro fácil de se encontrar e muito bom na base científica é o do Mat Kramer ” Os sentidos do Vinho” onde muita coisa é bem explicada e facilmente entendida, como o do vinho em movimento..
abraço a todos!
Nilson Guaragni Cesar
Nilson, o Kramer é quase ídolo de uma grande amiga minha que chamo carinhosamente de Kaori. Ainda não li o livro, mas com o reforço de dica feito pelo amigo, vou procurar. Achei muito feliz sua colocação sobre “acompanhar a minha mutação taça após taça”. Realmente, o mundo atingiu um padrão de automatismo e “ready-to-eat” que me desola um pouco o coração. Empirismo subsidiado com curiosidade intelectual ainda é um caminho muito mais profundo e formador para os enófilos, opino eu. E sim, o assunto “molecular” está no Vinho sem segredos. (PS: O Tapia, a meu ver, tem se mostrado bem mais consistente do que a WS e o Parker, e acredito eu seja ele obrigatório para os vinhos sulamericanos…)
Forte abraço
ELMO
Bem legal Elmo, no meio de tantas coisas incomodas e pasteuziparkerizadas encontramos boa gente. Se qq hora vier a Florianopolis venha me visitar, tenho uma loja com cerca de 1000 rótulos, bem selecionados, e será uma felicidadde dividir algumas taças com o amigo.
armazen.nilson@gmail.com
http://www.facebook.com/?ref=home#%21/album.php?aid=7344&id=100000989571021&ref=pb
Boa leitura com o Kramer, é bom demais!!