Que Vinho é Este?

       Considere este post como um “quizz” para testar seus conhecimentos. Aliás, quem sabe não vira algo regular aqui? Fui numa degustação e me deparei com este vinho, divino por sinal, que mexeu com todos os meus sentidos, inclusive o visual. Afinal, olhando este final de taça com essa cor, brilho e transparência, que vinho você acha que eu estava  tomando e tanto me entusiasmou? Vão pensando e Segunda-feira eu conto, enquanto isso, faça seu comentário e me diga, que vinho é este?!

Harmonizando Carnes & Vinho ás Cegas – Resultado Surpreendente

          Adoro desafios ás cegas! Nessas horas, sem influência de preço ou rótulo mergulhando no desconhecido é que se quebram paradigmas e preconceitos enraizados em nosso consciente. Num grupo de dez pessoas muito “fixes”, nos dirigimos à Cabana del Assado Granja Viana para um prova que, aparentemente de resultado mais ou menos previsível, não nos induzia a esperar grandes surpresas. No mesmo prato, um corte de bife de chorizo, um de bife ancho e dois carrés de cordeiro, muito bem feitos, que confirmam a fama que as carnes deste simpático restaurante de inspiração argentina ganharam em tão pouco espaço de tempo. Na frente, três taças com três vinhos diferentes, um Melipal Malbec 2006, um Menendez Mendez Tannat  Reserva Alta 2008 e um vinho surpresa que prometi colocar na prova. Qual o melhor vinho? Qual a melhor harmonização?

              Bem, antes de falarmos dessa  prova falemos da introdução desse agradável encontro promovido pela Vino & Sapore. Para começar, nos reunimos na loja, a cinquenta metros do restaurante, para um brinde com o gostoso e fresco Norton Brut Cosecha Especial. De garrafa muito bonita, um verdadeiro charme, e caldo muito fresco, este espumante mostra que mesmo a preços bem camaradas os argentinos estão chegando e os produtores nacionais que abram os olhos! Chegando ao restaurante, onde fomos muito bem recebidos por toda a equipe do salão com destaque para o Esmeraldo com um serviço muito atencioso e eficiente, iniciamos com um “aquecimento” para o Desafio que estava por vir, nos deliciando com costelinhas de porco na brasa acompanhadas de um vinho que faz a minha felicidade nestes momentos, o Varanda do Conde, vinho verde português elaborado com um corte de Alvarinho e Trajadura, harmonização esta que aparentemente foi bem sucedida e aprovada pelos presentes, mesmo não sendo lá muito costumeira. Aliás, apesar de achar que feijoada casa mesmo é com caipirinha, tentem harmonizá-la com este mesmo vinho, o resultado, mais uma vez, surpreende. A foto esqueci de tirar na hora, mas esta é de um domingo em casa, delicia!

          Voltemos ao Desafio. Não vou aqui ficar descrevendo o Malbec (este 2006 ainda melhor que o 2005) e o Tannat , pois ambos já foram por mim comentados aqui no blog  (siga os links) e, mais uma vez, demonstraram ser vinhos de grande qualidade que, ao preço de R$65,00, demonstram claramente de que não se necessita gastar rios de dinheiro para beber bons vinhos. O que foi muito interessante foi ver o resultado do grupo que deu ao vinho 3, o surpresa, a liderança como melhor vinho numa análise solo, sem comida, mesmo havendo um certo equilíbrio entre os três. Cinco pessoas preferiram o 3, três pessoas o 1 e duas pessoas o 2.

            Quando colocamos os vinhos junto com as carnes, o vinho 3 mais uma vez se destacou apresentando-se mais versátil harmonizando melhor com a maioria das carnes. Frutado, taninos finos presentes, corpo médio, boa estrutura com acidez no ponto, equilibrado e muito rico combinou bem com a untuosidade das carnes em geral sem se sobrepor ás carnes mais suaves e encarando de frente o bife de chorizo. Pessoalmente achei que cada vinho se deu melhor com uma carne especifica; vinho 3 com bife ancho, 1 com carré e 2 com o bife de chorizo, mas tenho que concordar que na média o 3 acabou se dando melhor. Agora, imagino que você já esteja curioso para saber que vinhos são o um e dois então aqui vai; o 1 foi o Tannat e o 2 o Malbec, por sinal dois vinhos de muita qualidade a preço bem razoável. O vinho 3, consequentemente, foi nosso surpresa, o Dom Rafael 2008, vinho alentejano produzido pela conceituadíssima Herdade do Mouchão, pisa a pé e um blend de Alicante Bouschet, Trincadeira e Aragonez que custa apenas R$53,00.

        Mais uma vez um monte de paradigmas quebrados; boa harmonização de carne com um vinho branco, gente que não compraria um Tannat surpresa porque foi o vinho que mais lhe agradou, o vinho de menor preço foi o ganhador e …..nem Malbec nem Tannat, deu Alentejano na cabeça! Gostoso exercício de harmonização com carnes que mostrou que nem tudo o que aparenta ser óbvio, efetivamente o é.

         Melhor de tudo, a harmonização perfeita entre os participantes deste gostoso evento. Como sempre digo e insisto, a perfeita harmonização ocorre quando vinho, prato, momento e pessoas conseguem se  unir e criar entre elas um forte elo propulsor que faz com que a aritmética seja colocada de lado e a soma das partes seja exponencial. Neste sentido, sucesso total e os nossos agradecimentos a todos que transformaram um mero exercício de degustação num momento muito especial.

Salute e kanimambo.

Ps. Sugestão para o próximo sábado; almoço na Cabana del Asado e compra de vinhos na Vino & sapore , eh/eh!

Dois Surpreendentes Vinhos Brasileiros – Parte II

            Parte dois e, como passei por uma outra experiência muito interessante recentemente, acho que terei que incluir uma terceira!  Bem, mas falemos deste segundo vinho tomado que me causou muito boa impressão inclusive por sua faixa de preço, em torno dos R$20 a 21 a garrafa de 375ml . Interessante que este Reserva dos Pampas apresenta um corte levemente diferente da garrafa de 750ml, tendo sido engarrafado posteriormente. Nesta garrafa de 375ml, o porcentual de Tannat usado é maior o que deixa o vinho bem mais interessante e marcante do que o da garrafa tradicional que já é bem saboroso. A Cordilheira de Santana  é conhecida por seus bons e longevos vinhos, especialmente pelo Chardonnay, Gewurztraminer (melhor do Brasil) e Tannat  já amplamente conhecidos pela maioria dos leitores

           A vinícola tocada a quatro mãos pelo casal Rosana Wagner e Gladistão Omizzolo, é localizado na Campanha Gaúcha, fronteira com o Uruguai. Eis o que eles  falam sobre suas terras em Palomas, Santana do Livramento:  “A escolha da região de Santana do Livramento, ao sul do estado do Rio Grande do Sul, tem uma motivação técnica própria. Essa região fica localizada no paralelo 31º, o mesmo de regiões produtoras de vinhos na Argentina, África do Sul e Austrália, países que produzem vinhos de excelente qualidade. Verificou-se que a região oeste-central da fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai, representada, meteorológicamente, pelas localidades de Santana do Livramento e Bagé, apresenta o melhor conjunto de condições climáticas para a produção de vinhos finos, no Rio Grande do Sul. Uma vantagem da região oeste-central do Rio Grande do Sul, especialmente Palomas, é a sua continentalidade que, aliada a uma atmosfera límpida (em virtude da baixa umidade relativa do ar), determina maior amplitude térmica diária da temperatura, (diferença entre as temperaturas mínima e máxima). Tudo isso, juntamente com a maior insolação, favorece a fotossíntese líquida, determinando maior teor de açúcar da uva.  O solo arenoso e a pouca precipitação de chuvas, características favoráveis ao plantio, tornam a região muito especial.”

          Esta linha Reserva dos Pampas é sua gama de entrada buscando uma maior participação no mercado e tenho que reconhecer que acertaram em cheio, o vinho é bom e muito saboroso sendo uma ótima opção de vinho para o dia-a-dia. O Marcelo Copello, em seu painel de 80 vinhos brasileiros analisados por faixa de preço em Setembro de 2010, colocou este vinho da safra de 2004, a que está no mercado, como destaque em melhores compras até R$50,00 e estava certo. Apesar de ser um vinho mais comercial, diferentemente do Hex von Wein que possui uma outra proposta, é muito bem elaborado e muitíssimo saboroso. A Tannat lhe aporta um corpo que o torna muito atraente na boca com boa textura, muito equilíbrio com um teor de álcool muito bem dosado (13%), frutos negros, taninos finos e aveludados compondo um conjunto deveras prazeroso de persistência média algo especiada. Um vinho de boa acidez que se mostrou gastronômico, mesmo que não complexo e nem busca essa identidade, sendo boa companhia para carnes grelhadas, um risoto de funghi e coisas do tipo, até uma boa pizza de linguiça de javali. Mais uma grata surpresa fora do roteiro dos grandes produtores e regiões mais tradicionais da produção nacional e mais uma boa razão para jogar o preconceito contra vinhos brasileiros, ou qualquer outro tipo, no lugar onde merece estar, na lixeira mais próxima. Prove vinhos nacionais diferenciados de produtores idem e surpreenda-se você também.

         Para quem os quiser conhecer melhor, minha sugestão é, afora a óbvia prova de seus vinhos, visitar seu site que é bem legal mostrando bem o projeto que vêm desenvolvendo no extremo sul do Brasil, clique aqui. É isso e logo, logo tem mais. Por enquanto, salute, kanimambo e nos vemos por aqui ou na Vino & Sapore onde uma taça de vinho sempre espera os amigos.

Friday Night Live!

             Parodiando o famoso programa de televisão, eis aqui uma bela dica para quem estiver á toa nesta Sexta à noite e esteja afins de adicionar litragem, da boa, em sua trajetória enófila. Só vinhos de dez anos na casa dos amigos Fátima e Emilio, na Portal dos Vinhos ali no Morumbi. Imperdível!!

          Abraço, salute e amanhã tem a segunda parte do post de ontem sobre os vinhos brasileiros que me surpreenderam, parece que dá ibope no Enoblogs! rs Por hoje é só, kanimambo pela visita e seguimos nos vendo por aqui.

 

Dois Surpreendentes Vinhos Brasileiros

              Apesar da descrença de alguns para com este cronista dos vinhos quando o assunto é vinho brasileiro, deixemos, espero que pela última vez, claro de que meu problema é com o maledetto selo fiscal e quem nos enfiou goela abaixo essa aberração, não com os vinhos nacionais como um todo, até porque apoiar não significa dizer amém para tudo e todos a toda hora! Gosto que me pelo quando provo um vinho que me surpreenda, especialmente quando é brasileiro pois confirma o fato de que estamos evoluindo na elaboração de bons vinhos que, ás cegas e sem preconceitos, acabam ganhando, ou se posicionando muito parelhos com a concorrência externa em provas temáticas. Ainda temos um longo caminho a percorrer, inclusive para ganhar uma maior consistência, porém caminhamos a passos largos numa trajetória muito positiva do ponto de vista qualitativo, faltando-nos ainda, no entanto, desenvolver melhor os aspectos estratégicos e mercadológicos do mercado, mas isso é papo para outro post.  Hoje quero falar de mais dois vinhos que provei recentemente, em meia garrafa, que me deixaram “saborosamente” feliz.

Hex Von Wein, (vinho da bruxa) – é nossa miscigenação cultural chegando  à vinosfera tupiniquim na Picada Café, Rio Grande do Sul no caminho de Gramado. Onde mais, um vinho poderia ter suas uvas plantadas por uma família de origem italiana, vinificado por um alemão e comercializado por uma cooperativa de produtos naturais?!  O Claudio Werneck, amigo blogueiro dos bons que junto com sua parceira Rafaela produzem o delicioso Le Vin au Blog no Rio de Janeiro, é que nos traz esta novidade que alguns outros amigos já provaram. O pessoal de lá devia te dar uma medalha Claudio e valeu, muito, por este agradável e surpreendente presente que degustei neste último Sábado na loja com alguns clientes. Sua peculiaridade começa pelo fato de que sua pequeníssima produção é orgânica e vendida majoritariamente em lojas do setor, não em adegas e lojas especializadas em vinho como a maioria. Vejam o que eles dizem sobre suas uvas; “As parreiras da Hex baseiam-se na BIODIVERSIDADE, ou seja, a eliminação da monocultura e cultivo de várias espécies no mesmo habitat.  Em resumo, na nossa produção voltamos aos antigos modelos de produção agrícola, equilibrando o meio ambiente naturalmente e amenizando as mudanças no sistema biológico. Assim, o solo produz uma fruta mais autêntica, particular, caracterizando o produto de acordo com a região e expressando o real terroir. Quando o solo recebe quimicamente os nutrientes que lhe faltam, até chegar ao ponto ideal de produção, ocorre a massificação da variedade, ou seja, qualquer lugar do mundo o produto tem as mesmas características. Já nossas uvas estão em total harmonia com a natureza”.

Sua filosofia:

“Mas ao fim e ao cabo, nada mais inteligente que comermos e bebermos menos e melhor, contemplando vinhos mais autênticos e expressivos, inspirados em velhos valores de felicidade e bem-estar e orientados pelo respeito ao elo entre a natureza e o homem. Dedicatória a meu Mestre Schleicher R. (Germany), o qual me ensinou a fazer bons vinhos, com lucro se possível, com prejuízo se necessário, mas sempre bons vinhos. Herzlichen Dank. “A qualidade nunca é alcançada por acaso; é sempre o resultado de um grande esforço “.

          A esta altura espero já ter captado sua atenção. O vinho da bruxa, ou da sogra como eu lhe apelidei (rs) , tem a ver com o fato de que estas eram sábias amantes da natureza e seus segredos. Pois bem, parece-me que aqui temos um bruxo da biodinâmica pois o Ricardo Fritsch balançou meu barco com este Cabernet Sauvignon 2007! Para quem gosta, como eu, de vinhos antigos com aromas e sabores de “vinho velho” certamente saberá ao que me refiro. São sempre vinhos que mechem muito com nossos sentidos e este possui estas características Corpo médio de boa textura, acidez no ponto, taninos suaves, sabores algo terrosos, rico, fruta presente de forma sutil e harmoniosa, muito equilibrado com um final de média persistência algo mineral que nos traz de volta à taça para curtir aromas diferenciados e sedutores. Quem me lê e vê minha empolgação pode até pensar que se trata de um grande vinho. Não é, nem pretende ser, cumprindo sim o papel que o Ricardo determinou; vinho bom e autentico que reproduz a essência do terroir através de manuseio o mais natural possível. É sim algo diferente, saindo da mesmice, sedutor e prazeroso para quem aprecia o estilo, outros talvez não o entendam ou gostem dele pois gosto é puramente subjetivo, mostrando a diversidade que podemos encontrar em nossa vinosfera, inclusive a nossa tupiniquim, sem ter que cair em receitas já batidas que pouco ou nada têm para nos surpreender. Para quem queira conhecer mais, faça uma viagem pelo site deles  clicando aqui. Lá, você encontra um link para compras on-line e vi que o preço da garrafa de 750ml está na casa dos R$35,00. Vou ver se acho algumas, das pouquissímas garrafas produzidas, por aqui algures em São Paulo! Por enquanto, ainda tenho mais uma meia garrafa (da foto) para abrir com alguém, tipo eu, que curte estas surpresas, e acho que já sei quem será, mas depois comento.

          Agora, o titulo fala de dois vinhos!  Como optei por começar com o Hex von Wein e acabei me alongando demais na matéria – me empolguei com o vinho, o produtor e o conceito, o segundo vinho, um saboroso Reserva dos Pampas, corte de Cabernet com Merlot e uma boa dose de Tannat elaborado na região de Campanha Gaúcha pela Cordilheira de Santana ficará para o próximo post.

Salute, kanimambo pela visita e nos vemos .

Diversidade Italiana num Encontro Divino com 12 Mulheres

Um grupo de amigas se encontra mensalmente para explorar os sabores do vinho e descobrir os segredos de deus Baco! Tenho a honra de ter sido escolhido por elas, sim porque a escolha é sempre delas, como seu guia nessa viagem e, desta feita, incansáveis em sua sede de saber,  após seis, ainda pediram mais e terminamos com o soberbo Amarone Ca del Pipa Cinque Stelle acompanhado de lascas de Gran Mestri, um queijo tipo Grana Padano de muita qualidade produzido em Santa Catarina. Passeamos virtualmente por parte da Itália, deixando a outra parte para uma segunda viagem, mostrando toda a diversidade e grandeza dos vinhos italianos.

       Iniciamos pelo Veneto nos deliciando com um fresco e muito bom Prosecco Incontri elaborado por uma mulher de talento, a Piera Martelozzo, e nos esbaldamos com o Costamaran Valpolicella Superiore Ripasso que é um tremendo vinho, complexo e encantandor mostrando que a região de Valpolicella tem diversas vertentes, entre elas a de grande qualidade como os vinhos deste produtor (Castellani); na Puglia provamos o Prima Mano, um belo exemplo de um primitivo muito estruturado e saboroso; passamos por Abruzzo e vimos que a colina Terramane, unico DOCG da região, pode produzir vinhos inesquecíveis e o Notari Montepulciano d’Abruzzo é um claro exemplo disso com sua cor intensa, denso, untuoso e quase mastigável, taninos finos e muita fruta no nariz;  terminando esta primeira etapa da viagem na magnifica Piemonte onde provamos um delicado Michelle Chiarlo Barbera d’Asti Superior Le Orme pleno de sutilezas e o valente Tre Ciabot um Barolo de La Morra produzido pela Cascina Ballerin, vinhos de muita qualidade e extremamente gastronomicos que imploravam por comida.

            Mas este seleto grupo de mulheres se mostrou insáciável neste encontro não resistindo a um vinho de pura reflexão, o divino Ca del Pipa Cinque Stelle um belissímo exemplo de Amarone muito balanceado em seus 15.5% de teor alcóolico, complexidade na boca com um final longo, daqueles vinhos que, na duvida entre se fungarem ou se beberem, são para ser lambidos em puro extâse, um vinho soberbo e inesquecível que marcou este encontro marcante com Baco e suas tentações!

          A grande maioria elegeu o Amarone como o grande vinho da noite (pudera!), mas a prova como um todo foi de um nível de qualidade muito bom e marcante, cada vinho com seu jeito e sua personalidade. Impressionou muito o Costamaran Valpolicella Ripasso, que passa por barricas usadas de Amarone, em função do preço e do fato de que pouco se esperava de um Valpolicella, marca regional amplamente degradada pelos fiascos de palhinha de outrora!

        Feliz por ter podido usufruir e contribuir com este encontro, fico-me perguntando como superar esta experiência em nosso próximo? Certamente um trabalho que vai demandar mais criatividade e serenidade na escolha de novos caldos e, esperamos, alguns néctares que desfrutaremos na continuação desta viagem pela Itália.

        Arriverdeci,  grazzie e una buona giornata per tutti.

Jantares Degustação – A Dica da Semana

Bem, antes de falar de vinho, começamos a semana com duas dicas para provar vinho e você mesmo fazer juízo de valor. Dois eventos para sua agenda, um no North Grill e outro na Granja Viana promovido pela Vino & Sapore. Em comum, o cardápio de carnes!

 

Harmonizando Carnes & Vinhos – Dia 19 de Julho, ás 20 horas tendo como recepção uma taça de espumante e com inicio mais tardar 20:30, um encontro diferenciado, desta feita numa parceria com a Cabana del Asado e as belas carnes que eles servem nesta casa que chegou há pouco na Granja Viana, mas já dá o que falar! Vos estaremos recebendo lá, a 50 metros da Vino & Sapore, para fazermos uma prova diferente onde veremos que vinhos realmente se destacam com as carnes. Será o tão badalado Malbec? Poderá ser um Tannat que os uruguaios alegam ser a melhor companhia para cordeiro? Pois bem, para tirar a prova dos nove serviremos três cortes diferentes de carne e três vinhos, sim porque afora o Malbec e o Tannat, introduziremos na prova um terceiro vinho de outra origem, que será um vinho surpresa no mesmo patamar de qualidade que o Malbec e Tannat escolhido! Antes da prova, que será ás cegas, serviremos uma entrada diferenciada, costelinha de porco na brasa com vinho verde! Vejamos:

 

  • Entrada – Costelinha de Porco na brasa com Varanda do Conde um vinho verde elaborado com um blend de Trajadura e Alvarinho na região do Minho
  • Prato – no mesmo prato serviremos um corte de cada, Bife ancho, Bife de Chorizo e Carré de Cordeiro (2)
  • Na taça – 100ml de cada; Luigi Bosca Malbec DOC, Menendez Mendez Tannat Reserva Alta e ????????????? 

 

Após a entrada, serviremos os três vinhos (taças numeradas) juntos com as três carnes e você escolherá qual o melhor vinho só e a melhor “maridaje” para só depois divulgarmos a ordem e nome dos vinhos tomados. Interessante? Eu acho e estou ansioso por essa prova de harmonização que custará R$120,00 por pessoa, 10% de desconto para quem vier em dois, já inclusos; serviço, água, vinhos, carnes e estacionamento, pagos no ato da reserva. Extras serão cobrados à parte. No total serão no máximo 12 participantes, dos quais parte já estão com reservas garantidas, então eu não esperaria muito para tomar uma decisão. Tem mais, quem estiver presente receberá um cartão desconto de 10% para compras na loja durante a semana subsequente.

 

 Para maiores informações, envie mensagem para comercial@vinoesapore.com.br ou ligue, entre 11 e 20 horas, para (11) 4612-6343 ou 1433. Nos vemos lá?

          North Grill – a maioria já conhece a “sede” no shopping Frei Caneca, mas este evento é na nova casa em Vila Nova Conceição, Sampa, com os premiados vinhos portugueses Grande Follies tinto e branco. Ligue logo e garanta sua vaga.

Vino & Sapore  – do lado da loja temos uma filial da Cabaña del Asado com quem fizemos uma parceria para promover esta degustação. Quem aprecia vinho está careca de saber que Malbec vai bem com carne, mas com que cortes vai melhor? Mais, será que um vinho Tannat não vai melhor? E se colocarmos, só para apimentar esse angu (rs), um terceiro vinho surpresa provando-os todos  às cegas? Pois bem, se quiser passar uma noite agradável, não deixe de comparecer, veja abaixo:

         Quer mais? Provar aqui não é sua praia e você gosta mesmo é de provar na origem então eis aqui mais uma viagem “Sem Fronteiras” promovida pelo Aguinaldo Záckia:

VIAGEM A BORDEAUX, COGNAC E LOIRE

 Uma viagem maravilhosa visitando alguns dos melhores produtores de vinho do mundo!

 

28-10 – 6ª feira – S.Paulo/ Paris

 29-10 – Sábado – Chegada a Bordeaux e saída para Saint-Emilion. Recepção e traslado para o hotel  Logis des Remparts www.logisdesremparts.com , em Saint-Emilion. Acomodação , tempo para descanso, passeio pela cidade.

  • Jantar no restaurante “ L´Envers du Deco” (incluso).

30-10 – Domingo – Café da manhã no hotel.

  • 9:30-  Visita guiada à cidade de Saint-Emilion e região. Almoço  no centro histórico da cidade. Tarde e noite livres.

31-10 – 2ª  feira

Volta a Saint-Emilion. Noite livre.

01-11 – 3ª feira – Café da manhã no hotel.

  • 8:30 – Saída para o Médoc. Manhã: visita ao Ch. La Lagune www.chateau-lalagune.com  , em Ludon Médoc.
  • Almoço em Margaux.
  • Tarde: visita Ch. Bon Pateur, de Michel Rolland, em Saint-Emilion..

Volta a Saint-Emilion. Noite livre.

02-11 – 4ª feira –

  • Café da manhã no hotel. Check out do hotel e saída para o Médoc.
  • Manhã: visita ao Ch. Lynch-Bages (Pauillac) www.lynchbages.com .
  • Almoço no Bistrot Café Lavinal , em Bages, bairro de Pauillac. O bistrot é de propriedade do Château Lynch-Bages. (incluso).
  • Tarde: visita ao Ch. Lafite-Rothschild (Pauillac) www.lafite.com

Hospedagem no The Regent Grand Hotel Bordeaux , em Bordeaux. Noite livre.

 03-11-5ª  feira

  • Café da manhã no hotel. 08:30 – Saída para o Médoc. 10:00- Visita ao Ch. Cos D´Estournel,(Saint-Estèphe) www.estournel.com
  • Almoço em bistrot da região.
  • Saída para a região de Sauternes. 15:30 –  Visita ao Ch. D´Yquem  www.yquem.fr

 04-11 – 6ª feira – 

  • Café da manhã no hotel.  Visita guiada na cidade de Bordeaux. Passeio de barco pelo rio Garonne. Compra de vinhos em Bordeaux.

 05-11 – sábado –

  • Dia livre em Bordeaux. Programa cultural a ser pesquisado. Degustação de queijos em fromagerie em Bordeaux (incluso).

 06-11– domingo –

  • Café da manhã no hotel. Check out. Saída para a cidade de Aubeterre-sur-Dronne, considerada uma das vilas mais belas da França. Visita à cidade e almoço.

Saída para a região de Cognac. Hospedagem no Relais& Château  de Mirambeau www.chateaumirambeau.com , perto de Cognac.

 07-11– 2ª feira

  •  Café da manhã no hotel. Check out. Visita a  Cognac Hennesy www.hennessy.com .
  • Jantar na cidade de Cognac em restaurante a ser sugerido. 

08-11 – 3ª feira –

  • Café da manhã no hotel. Check out. Saída para o Loire.
  • Chegada ao maravilhoso Relais& Château Hotel du Lion D´Or www.hotel-liondor.fr , na encantadora cidade de Romorantin-Lanthenay, no Vale do Loire. O restaurante do Relais& Château é comandado pelo chef Didier Clement. Visita a um dos châteaux, passeio pela região.
  • Jantar no Hotel.

 09-11 – 4ª feira – Loire.

  • Visita ao produtor Château de Tracy www.chateau-de-tracy.com  .
  • Visita a mais um dos châteaux da região.
  •  Jantar no hotel.

 10-11 – 5ª feira – Café da manhã. Check out. Saída para Paris. Visita a um outro produtor pelo caminho ( a ser definido). Alojamento em Paris no Hotel Concorde Opera **** .

 11-11 – 6ª feira – Paris. Dia livre.

 12-11 – sábado – Paris. Dia livre. À noite, jantar de despedida no Bâteau Parisien, pelo Sena (incluso).

 13-11– domingo – Check out. Volta a SP.

pelo nome dos chateaus a serem visitados, um roteiro realmente maravilhoso! Quer saber mais – AD TURISMO – (11) 5087 3455 – com  Cinthya ou DEGUSTADORES SEM FRONTEIRAS – (11) 3287 1703 – com Aguinaldo Záckia.

         Salute, programe-se e aproveite as delicias do reino de Baco & Dionisio. Kanimambo pela visita e seguimos nos vendo por aqui.

 

Tirando o Chapéu

Dá gosto ver gente empreendedora ser bem sucedida de forma honesta e trabalhadora. Gente que , com muito suor e lágrimas, transforma sonhos em realidade. Para esta gente faço questão de publicamente tirar o chapéu e neste caso o faço para a Angela Mochi proprietária da Viña Sucre no Chile. De uma loja de vinhos em Campinas, a Art du Vin, em 2000, passando pela importadora Wine Company em 2003 até aos dias de hoje como bons vinhateiros com este projeto da Viña Sucre, foram pouco mais de dez anos dedicados a um projeto que não tem data para acabar. Desde cedo que falo deles porque o binômio qualidade x preço me fisgou por completo. Seu Sucre Cabernet Sauvignon 2008 foi uma grande estréia e seu Reserva Syrah surpreendente dentro da faixa, mas todos os rótulos são bons, tanto que o Reserva Carmenére é campeão de vendas em alguns restaurantes onde o coloquei. Agora estão dando um paço a mais com a chegada dos Gran Reserva e um Sauvignon Blanc de Casablanca que já me despertam curiosidade!

           A Angela me enviou um e-mail onde pedia minha opnião sobre seu novo blog falando das coisas da Viña Sucre e da elaboração de seus vinhos. Sem maquiagem, indo direto ao assunto, o blog é uma delicia que nos permite acompanhar um pouco da elaboração dos vinhos e nos leva a compartilhar virtualmente a colheita. Foi nele que vi o tremendo trabalho que eles estão tendo para, com uvas das mais diversas regiões, elaborar os vinhos que em breve estarão em nossas taças, legal! Minha dica para este fim de semana é você fazer como eu, navegar pelo blog deles e colocá-lo entre seus favoritos. Boa colheita, ótimo fim de semana e kanimambo pela visita.

PS. Clique no mapa para ampliá-lo.

Frio Congelante – Tristeza de Uns, Felicidade de Outros

          Há pouco mais de oito meses tive o privilégio de ter participado do lançamento do primeiro Icewine brasileiro, o Pericó Icewine, frutos do sonho de um empreendedor (Wander Weege) e de um técnico de muito conhecimento e sensibilidade, o enólogo Jefferson Nunes. Juntos transformaram  esse sonho em uma muito boa realidade na taça, por sinal, lindíssima!

          Escrevi sobre essa experiência e vinho aqui, mas pairava uma duvida em minha mente. Quando seria possível repetir a dose com as dificuldades climáticas que temos para produzir este tipo de vinho que requer uma temperatura superior a menos cinco graus centígrados! Pois bem, como diz o título, “Frio Congelante – Tristeza de Uns, Felicidade de Outro” e com esta onda de frio as condições de colheita nunca estiveram tão boas deixando o pessoal da Pericó pleno de felicidade! Em meados de 2012 devemos ser agraciados com uma nova safra nas prateleiras das melhores lojas do ramo com, espero, preços algo mais convidativos.

        Eu que acompanho desde o inicio as peripécias do Jefferson nos vinhedos da Pericó tentando materializar esse sonho, fico feliz de vê-lo ser concretizado mais uma vez e, quem sabe, não possa novamente vir a ser testemunha de mais esse êxito em Outubro de 2012! Vejam algumas das fotos recebidas da vinícola.

Colheita

Salute e kanimambo pela visita.

Portugueses e Argentinos Juntos Numa Casa Brasileira

                A Familia Valduga tem uma visão diferenciada do mercado e sabe que a soma é sempre muito mais saudável ao mundo do business do que a divisão. Em vez de lutar contra os importados decidiu integrá-los a seu portfolio através de uma empresa do grupo mais conhecida por seus bons espumantes, a Domno que produz e comercializa com sucesso a marca Ponto Nero. Na lista de produtores, o grupo Enoport (português) e Vistalba (argentino) assim como Yalis (chileno). Este último ainda não tive oportunidade de conhecer, porém os argentinos e portugueses andaram por minha taça então compartilho com os amigos minha opinião e os destaques que me mais me chamaram a atenção.

Bodega Vistalba – é um produtor familiar tendo Carlos Pulenta como seu comandante   produzindo vinhos de muita qualidade em Lujan de Cuyo, especialmente seus cortes A, B e C assim como seu Tomero Reserva Petit Verdot. Duas linhas, a Tomero e a Vistalba. Neste degustação provamos os Tomeros Malbec  e Cabernet Sauvignon, Reservas Pinot e Petit Verdot assim como os três cortes.

  • Na linha dos Tomero “básicos” varietais, os vinhos se mostram bastante honestos vis-a-vis os preços cobrados, em torno de R$48,00, ficando o destaque, na minha opinião, para o Cabernet Sauvignon, um vinho mais equilibrado do que o Malbec que é assim, digamos, mais padrão da cepa sem traços marcantes. O Cabernet não,  este já é mais marcante e sedutor capaz de mudar o curso de uma refeição com seus taninos sedosos e corpo médio mostrando-se  mais gastronômico.
  • Na linha dos Tomero Reservas que estão no mercado paulista por volta dos R$120,00, o Pinot Noir me surpreendeu bastante para esta casta nesta região mostrando um teor alcoólico bem equacionado e equilibrado, de taninos macios e muito saboroso. Já o Petit Verdot é para mim o melhor e mais marcante vinho desta família Tomero. Fruta madura de boa intensidade com sutis nuances de baunilha, mostrando-se com ótimo volume de boca e boa textura. Os taninos estão sedosos, muito boa acidez, rico, com um final muito saboroso e mineral onde aparece também um toque cítrico muito interessante e cativante. Muito consistente com minhas experiências anteriores, um belo vinho que mostra bem as caracteristicas desta nobre cepa que segue sendo uma grande desconhecida para a maioria!

 

 

A linha Vistalba é composta de três cortes (blends) em diversas faixas de preço e talvez seja a mais premiada e conhecida desta bodega. São três os cortes, todos com uma maior presença da Malbec, cepa ícone da região, com tempos diversos de estágio em barricas. Já os tomei em diversas oportunidades e a melhor relação PQP (não é o que estão pensando!!) – Preço x Qualidade x Prazer segue sendo o Corte B, porém fui surpreendido pelo C e A, sendo que este último confirma que as safras de 2006 e 2007 foram realmente safras superiores em Lujan de Cuyo. De destacar que tanto o B quanto o A são vinhos de longa guarda.

  • Corte C 2008 – 80% Malbec e 20% de merlot. Vinte porcento do lote passa por barricas de carvalho por um período de 12 meses e afinam em adega por seis meses após engarrafamento. N a minha opinião está no seu auge, um vinho muito apetecível por um preço idem, em torno dos R$58,00, com boa paleta olfativa onde se destacam as frutas vermelhas como ameixa. Na boca está cativante, taninos macios, boa acidez, redondo com um final de boca muito agradável e de boa persistência. Bom vinho que não tinha me encantado antes, mas que nesta safra se mostrou mais equilibrado tendo chamado minha atenção.
  • Corte B 2005 – Presença majoritária de duas cepas que são as grandes bandeiras deste país, Malbec e Bonarda. São exatos 60% Malbec, 30% Bonarda e o restante de Cabernet Sauvignon que juntos nos trazem um grande vinho. Com 100% de passagem por barricas de carvalho francês por um período de 12 meses mais 10 de afinamento após engarrafamento, estamos diante de um vinho de alto teor alcoólico (14.5%) e poderoso que consegue enorme equilíbrio e mescla muito bem a força com um final de boca bastante elegante. Uma conjunção de características que tende a me seduzir. Aqui  a cassis, especiarias e nuances de café compõem uma paleta olfativa bastante complexa que se confirma na boca. Taninos sedosos ainda bem presentes, de muita qualidade, pedem algum tempo de aeração que facilmente encontram seu equilíbrio com 30 a 45 minutos de decanter. Um vinho que vale muito a pena por R$115 a 120,00.
  • Corte A 2007 – O top da linha, pelo menos dos que temos por aqui, é este viril corte de 87% Malbec, o que tecnicamente lhe dá as condições legais de ser denominado um varietal da cepa, com 8% de Bonarda e 5% de Cabernet Sauvignon. Cem porcento envelhecido por 18 meses em barricas francesas e mais 12 de afinamento em garrafa. Tenho que confessar que sempre foi para mim o que menos me entusiasmou pois o álcool de praticamente 15% sempre me incomodou achando que ele não se integrava de forma harmoniosa ao todo pulando ao nariz e incomodando no palato. Desta feita tenho que dar o braço a torcer, este 2007 está soberbo e pela primeira vez reconheço nele o grande vinho que outros aclamavam. Chega a ser mais equilibrado e balanceado que o Corte B, muito rico, denso, untuoso e complexo, é um vinho viril porém muito elegante com taninos muito finos num final longo e sedutor que merece uma harmonização com carnes de sabores fortes e bem temperada, uma bela costela de ripa? Um baita vinho, o melhor que já provei desta bodega! Está na linha dos super vinhos argentinos na faixa dos R$200 (mais ou menos 10%) o que não é para qualquer  um e cabe a você fazer a prova e fazer juízo de valor!

        Bem, este já se estendeu demais, então os vinhos portugueses ficarão para outra ocasião, porém fica claro que não há que brigar com os importados.  Sabendo trabalhar, a união com os importados só vem otimizar os projetos nacionais.  Um brinde à Domno e Valduga pela visão inteligente de mercado que espero outros possam seguir. Ah, ia-me esquecendo! Para quem gosta de pontuações: Corte A 2007 – 95 pontos da Wine Enthusiast /Corte B 2005 – 92 pontos da Wine Spectator / Corte C (2004) – 88 pontos na Wine Spectator

Kanimambo pela visita e seguimos nos encontrando por aqui ou na Vino & Sapore.