Primeiro Dia de Navegação na Expovinis

Começamos por uma fila na sala de imprensa para cadastramento (?!) que ainda por cima foi enormemente reduzida. Por outro lado, como tinha credencial de imprensa!!! Enfim, nada que não fosse contornável, mas certamente algo a ser revisado para o ano que vem.

Neste primeiro dia saí um pouco a esmo, sem rumo pré traçado, o que não é muito a minha praia, pois sei que as tentações são muitas. A primeira visão da feira é de que metade do mundo produtor está por aqui procurando importadores que, por outro lado, não param de pipocar no mercado brasileiro. Desta forma, muita coisa interessante para os importadores e deleite para prova dos enófilos presentes, mas sem muita praticidade para o consumidor que não terá acesso a esses rótulos tão cedo, se é que efetivamente virão. De qualquer forma, sempre interessante  tive oportunidade de provar alguns vinhos que, pelo que ouvi, poderão estar nas prateleiras num futuro não tão distante.

Chateau de l’Oiseliniére , parte do patrimônio histórico francês desde 97, com stand na ala da França/Loire – um Chateau que vem passando mão em mão desde 1635, no coração da região de Muscadet (não confundir com moscatel) Sévres et Maine que tradicionalmente produz bons, suaves e frescos vinhos brancos que ganham complexidade quando produzidos “sur lie”. O que eu não sabia é que estes vinhos também podem envelhecer bem, pois tradicionalmente são tomados jovens. Com vinhedos de 40 anos, alguns de 70, os vinhos que produzem mostram uma maior concentração que agradam sobremaneira. Especial destaque para o Les Grands Gâts 2007 e o Les Illustres também de 2007 um pouco mais austero mas gualmente saboroso. Incrível um vinho de sobremesa com uma uva que desconhecia, a Bonnezeaux. Aparentemente uma cepa originária da Chenin Blanc e talvez por isso o bom equilíbrio encontrado entre a acidez e a doçura e pasmem, 2001! Vinhos que espero cheguem logo por aqui .

Les Vins Skalli , produtor de tintos do ano pela International Wine Challenge, produz um muito bom Chateauneuf-du-Pape de nome “La Tiare du Pape” elaborado com Grenache e Syrah que me agradou muito e talvez esteja por aqui até ao final do ano. Vale a pena dar uma passada por lá para provar e o produtor tem outros interessantes rótulos à prova.

Herdade do Pinheiro Alentejo, dos irmãos Ana e Miguel que conheço faz alguns anos e sou fã declarado já tendo colocado seus vinhos á prova por diversas vezes e sempre com muito sucesso. Trabalham o Rio de Janeiro e o Nordeste, mas aqui em Sampa buscam novo parceiro para desenvolver um trabalho de longo prazo. Lhes enviei diversos potenciais importadores e espero que algum acerte com eles, pois não faz sentido estes bons vinhos a bons preços, tudo o que precisamos como consumidores, não nos serem disponibilizados. Ótimos rótulos, desde seu branco elaborado com Antão Vaz e Arinto, passando por um Rosé diferenciado e delicioso, até seus vinhos tintos que exalam qualidade tanto no nariz como na boca. Não falarei sobre um vinho, passe no stand e prove todos!

Domaine de Lishetto Pinot Noir – Este deverá vir com certeza, apesar de estar em fase de avaliação na feira no stand do Emporio Sorio, importador especializado na Córsega, região francesa e onde vem este vinho muito agradável e bem feito, corpo médio, muito equilibrado e rico. Gostei bastante!

           Quanto aos outros que já estão por cá estabelecidos, achei muito interessante e surpreendente  um Gewurztraminer da região de Samontano (Espanha) produzido pela Absum e disponível no stand da Viníssimo.

Na Mercovino, de cara e gente nova com um  projeto mais adequado á nossa vinosfera tupiniquim, os vinhos da Lauca (chilenos) são uma boa pedida na linha de vinhos mais em conta porém de qualidade, os tintos italianos da Cantina Ballerin e da Azienda Piero Buso que são muito bons, o Esmero branco que é um blend de Gouveio, Fernão Pires e Viosinho produzido por pequeno produtor com lagares a pé, valem ser conhecidos assim como Juan Gil 12 meses, um espanhol de Toro que recomendo.

Vinhos Madeira – sempre uma parada obrigatória, desta vez contando com a presença de dois ótimos produtores. Recomendo o Henriques e o Justino, ambos Bual 10 anos, mas não deixe de provar os outros rótulos, também muito bons.

Winery – Tem que provar os vinhos argentinos da Goulart, ainda mais se com a presença da simpática produtora que é, brasileira! Sim, Mendoza virou uma babilônia onde habita gente de tudo que é origem e idioma produzindo vinhos de qualidade. Gostei mais dos blends, a não ser por uma ótima mostra de barrica o “Super Malbec”, especialmente do R que me parece a relação preço x qualidade x prazer mais interessante da linha. Aproveite que já está lá e conheça os outros vinhos desta importadora.

             Bem, por hoje é só, mas não podia deixar passar algo que considero um deslize grave numa feira deste porte. É o grandioso stand da “Sparkling Wines From Brazil” que, imagino, esteja lá para divulgar o espumante brasileiro, mas só para convidados VIP viu! Tem que ir procurar quem te convidou e solicitar uma pulseirinha, coisa mais ultrapassada que acho que nem baladas usam mais, que te dará direito a entrar! Não sei quem é responsável por isso, mas me parece que o tiro saiu pela culatra já que durante as sete horas que passei por lá vi muita pouca gente dentro. Pessoalmente, achei de muito mau gosto e um desrespeito a muitos, especialmente lojistas, que trabalham e promovem os espumantes nacionais em seus estabelecimentos! Escutei muita reclamação e concordo integralmente, bola fora!

Salute e kanimambo pela visita, amanhã tem mais e não esqueça da degustação de MALBEC 90 + que postei ontem, vale a pena!.

PS. Mapinha complicado esse da Expovinis!!