Quimera, um sonho alcançado!

Fazia tempo que minhas garrafas da 2004 piscavam para mim cada vez que abria a adega e me mandavam mensagens telepáticas, me toma, me toma, me toma! Ontem olhei e pensei, porquê fazê-lo, porquê não, ai fui lá e fi-lo, peguei uma garrafa. Antes de falar do vinho, no entanto, vejamos o que diz o, falho mas prestativo, Wikipedia sobre o nome Quimera; “Quimera é uma figura mítica que, apesar de algumas variações, costuma ser apresentada como um ser de cabeça e corpo de leão, além de duas outras cabeças, uma de dragão e outra de cabra. Outras descrições trazem apenas duas cabeças ou até mesmo uma única cabeça de leão, desta vez com corpo de cabra e cauda de serpente, bem como a capacidade de lançar fogo pelas narinas. Graças ao caráter eminentemente fantástico de tal figura mítica, o termo quimerismo e o adjetivo quimérico se referem a algo que não passa de fruto da imaginação, uma ilusão, um sonho.”

             Achaval-Ferrer, Quimera 2004 um sonho perseguido e alcançado, é isso que o vinho é.  Uma enorme fonte de prazer, um nome muito bem escolhido para um vinhaço que busca a perfeição, tanto que não conseguimos nos manter em uma só garrafa tendo consumido duas já que minha cunhada que não gosta de vinhos argentinos, eheh, gamou. Como diria meu amigo mineirinho, “bão demais da conta, sô”!

            Corte de Malbec/Cabernet Sauvignon/Cabernet Franc e Merlot, é  produzido com vinhas velhas de baixa produção o que equivale dizer, neste caso, que para cada garrafa se necessita do fruto de duas plantas. Cor escura, vinho denso e intenso em tudo, na cor, nos aromas e na boca. Encorpado, gordo com taninos finos num final de boca sedoso, longo e reflexivo, um vinho exuberante. Com álcool de 13 a 13.5º, dependendo da safra, muito comportado e bem equilibrado, é um deleite para os sentidos e mostra que os bons vinhos argentinos não necessitam ser só força e potência, a elegância tem lugar nas mãos de quem sabe. Vinho para decantar por volta de 45 minutos ou tomar com o mínimo de 4 a 5 anos da safra para poder desfrutar de todo o seu potencial. Este 2004 com seis anos de idade está no seu apogeu, uma maravilha que seduz os sentidos e ao qual se deve dedicar tempo para apreciar, não é um vinho para se ter pressa para tomar. Quando tomei o 2003, em 2008, tinha dito que que estava uma maravilha mas que dava para esperar mais um ano, ou dois, tranqüilamente, pois este confirma essa minha primeira impressão.

        Ano que vem tomo minhas garrafas de 2006, de uma safra magnífica na Argentina, mas guardarei pelo menos uma para 2012 pois acho que o vinho evoluirá mais ainda. Agora, deste produtor tudo é bom. Do Malbec “básico” ao seu magnífico Mirador, o de 2006 foi um dos melhores vinhos que já tomei, obras de artista que valem cada tostão, se não aos preços de cá, pelo menos nos de lá. Muitos amigos me perguntam o que comprar quando vão à Argentina, então fica aqui minha dica, vinhos da Achaval Ferrer.

       Sei, hoje é dia de Dicas da Semana, mas depois de tanto tempo sem falar de vinho e depois desta soberba experiência de domingo, tinha que falar do Quimera. O Dicas vem amanhã ou Quarta!

Salute e Kanimambo