Mais uma Esbórnia Viníca

             Não adianta, juntou meia dúzia, neste caso sete, enoblogueiros e um convidado e tinha que dar nisso. Grandes vinhos e, mais que tudo, grandes momentos! Agora, ruim mesmo é que seis desses blogueiros são paulistas e há muito não se encontravam, tendo que vir um carioca para fazer acontecer. Realmente ……!!!!!  Valeu Claudio (Le Vin au Blog), foste o mentor do encontro e sim, temos que repetir mais vezes e lá mesmo no La Marie onde o Chef e proprietário Edson di Fonzo, também um amante do vinho, prepara alguns pitéus para nos alegrar a alma nesse encontro mágico de pessoas, boa comida, belos vinhos e um local aconchegante e simpático.

Um menu degustação divino em que brilhou um suflê de bacalhau regado com um azeite com toque de limão siciliano que faz com que os aromas vindo do prato sejam inebriantes. Depois, um medalhão de filé mignon com shitake e molho puxado no vinho tinto acompanhado de um risoto de quatro cogumelos e queijo de cabra finalizando a esbórnia gastronômica com um cassoulet muito saboroso e suave no palato. O Edson, caprichou e nós nos esbaldamos.

         Para acompanhar esses pratos, um verdadeiro caleidoscópio viníco, um deles muito especial e altamente controverso. Gente que adorou, outros que gostaram e uma boa leva que o rejeitou.  Não vou me alongar na análise dos vinhos, mas algums comentários tenho que fazer:

Era dos Ventos – um branco da uva Peverella produzido por aqui mesmo no Brasil, que o Eugênio já comentou amplamente em seu blog Decantando a Vida e que foi o vinho mais complicado e difícil, um daqueles com estilo; ame-o ou deixe-o!  Muito foi deixado nas taças, porém o Marcus adorou e eu tenho que reconhecer que gostei, não amei, por ser diferente de tudo ao que estamos acostumados. Parece já oxidado com, como bem lembrou o Marcus, alguma semelhança com um Jerez. Faltou aqui a comida apropriada para talvez fazer com que o vinho fosse melhor entendido. Untuoso, seco, falta-lhe acidez, achei que poderia ser um companheiro interessante para uma posta de bacalhau grelhado no azeite e alho ou um presunto cru na entrada. Enfim, diferente e certamente um vinho para abrir em confraria porque a controvérsia vai rolar solta!

Tamayas Sauvignon Blanc single Vineyard 2007 – que começou no banco, mas foi rapidamente chamado a tomar o lugar do Peverella que não agradou á maioria. Um SB algo diferente, com passagem por madeira, álcool bem presente, paleta olfativa intensa com frutos tropicais, bem fresco com uma acidez muito presente, um verdadeiro energético na boca! O Marcus, portador deste caldo e autor do Azpilicueta, o descreveu bem em seu post de 1 de Abril. 

Angelica Zapata Cabernet Franc 2002 – Por incrível que pareça, estes oito anos ainda não foram o bastante e este saboroso vinho com a chancela de qualidade de Catena Zapata certamente seguirá evoluindo. Muito saboroso e rico, um belo vinho que faz jus ao nome.

Sonsierra Reserva 2002 – Um vinho de uma safra ruim que mostra que os bons produtores sabem dar a volta ás dificuldades impostas pela natureza. Bom vinho e a meu ver absolutamente pronto devendo ser tomado entre este e o próximo ano, quando deve começar seu caminho descendente. O que mais se acomodou ao medalhão de filé, mesmo não ocorrendo a harmonização que dele se esperava. Bem característico dos vinhos da Rioja, é um vinho que me agradou bastante, bem frutado e de taninos finos.

Brancaia 2007 – Mais um bom vinho que nos enfeitou a mesa, mas sinceramente não achei que seja vinho para TOP 100 da Wine Spectator. Certamente um vinho que sobressai por sua elegância, taninos finos, boca macia de boa persistência e talvez fosse o que melhor se harmonizaria com o Medalhão, mas quando abrimos a garrafa o prato já era! Pelo preço, achei bastante interessante sendo um vinho que agrada fácil.

Xavier Chateauneuf-du-Pape 2007 – Para comprovar que a melhor harmonização costuma mesmo ser entre vinhos e pratos da mesma região. Sózinho o vinho mostrou qualidades, muito jovem ainda, mas não chega a encantar. Com o Cassoulet, no entanto, transformou-se mostrando toda a sua exuberância e grande companheiro tendo crescido muito e feito dessa combinação, que alegrou a alma, um enorme prazer ao palato. Um belo vinho que necessita de tempo e comida!

Finca de Villacreces 2004 – Faltou caldo para tanto marmanjo! Para mim o melhor vinho da noite, mesmo que não tenha harmonizado com os pratos, até porque harmonizou muito bem com as pessoas e o meu palato, eheh! Tempranillo temperada com Cabernet Sauvignon e Merlot, Iniciou o diálogo dele comigo já no olfato. Intenso, rico, complexo, daqueles vinhos que conquistam à primeira fungada e nos convidam a levar a taça à boca. Estupendo vinho na boca, muita fruta escura, taninos finos presentes, muito boa acidez, bem estruturado com um volume de boca gostoso, cremoso, final longo, delicioso com toque de baunilla advindo de barricas muito bem dosadas.

             O Cristiano, Vivendo Vinhos,  sugeriu que numa próxima reduzíssemos o número de rótulos e aumentássemos o número de garrafas de cada. No caso desse Villacreces fez todo o sentido, tomaria mais!! Sniff, sniff. Vinhos muito bons, como sempre e apesar de das controvérsias com o Peverella, ótima comida e mais que tudo isso, ótima companhia! Ah, ia-me esquecendo, duas mesas ao lado, o pessoal da Valduga (Fabiano Olbrisch) jantava tendo como companhia um Villa Lobos, seu Cabernet Sauvignon top de linha, vinho no qual ainda demos uns golinhos. Surpreendeu, pelo menos a mim, já que o tinha provado logo após o lançamento e não tinha me empolgado. Com tempo o vinho evoluiu e achei interessante, um vinho que merece um retorno com mais calma e mais caldo na taça!

Salute e kanimambo