Vidal Fleury, Aqui e no Viva a Granja

               Fui convidado pelo Marcio, editor do portal Viva a Granja, a escrever uma coluna de vinhos no site que fala das coisas de minha querida Granja Viana onde vivo já faz 28 anos e encontrei meu shangrilá neste mundo louco que é a São Paulo metropolitana. Toda a segunda-feira publicarei matéria quase sempre inédita e que, posteriormente, virá parar aqui no blog. Alternando dicas e comentários de vinhos com wine education, iniciei minhas atividades como colunista nesta última Segunda (28), falando de uma saborosa degustação que tive a honra de participar, em que traçamos 11 rótulos da Vidal Fleury que agora nos chega pelas mãos dos competentes amigos da Vinea.

              Dentro de minha filosofia de garimpar o mercado por aqueles vinhos que nos oferecem mais do que o valor pago, ou pelo menos geram essa percepção, minha primeira matéria para o Viva a Granja, tratou de dois rótulos realmente imperdíveis em função da ótima relação Qualidade x Preço x Prazer. Desses, você vai ter que clicar aqui para ler mais, mas hoje quero falar de outros dois rótulos marcantes e que, a meu ver, talvez sejam os grandes vinhos da degustação.

             Provamos vinhos de R$56,00 a 560,00, todos muito bons. Um Condrieu muito bom, mas puxado no preço, um Côtes du Rhône básico muito saboroso por apenas R$56,00 (verdadeiro achado!), um Chateauneuff-du-Pape de muita qualidade, um estupendo Hermitage e dois Côte-Rotie (assemblage de Syrah com Viognier) que é um vinho que me encanta; o La Chatillonne 2004 que custa R$554,00 e o Brune et Blonde da mesma safra por R$328,00, ambos magníficos exemplares de Côte-Rotie mas tenho que confessar que o que me deu maior prazer foi o mais barato que me seduziu pela incrível e complexa paleta olfativa que convida a levar a taça à boca onde o vinho nos traz um enorme prazer com seu bom equilíbrio, textura gostosa completada por taninos finos que compõem um conjunto de grande elegância com um final carnudo e mineral, um grande vinho que deixa, desde já, saudades. Para mim, o melhor vinho de todos eles, mas que matou o delicioso Entrecôte de Paris que foi servido. Do ponto de vista de harmonização, o Côtes-du-Rhône Village de apenas R$65,00 matou a pau!

           Dois vinhos, no entanto, me marcaram pois são vinhos de grande qualidade por um preço que, dentro do que nos entregam de prazer e satisfação, muito em conta. O Vacqueyras, aquele que meu bolso elegeria como o vinho do encontro, e o Crozes-Hermitage, dois belos vinhos numa faixa de preços bem competitiva se olharmos o que mais existe no mercado dessas AOCs.

Vacqueyras Rouge 2007, por R$109,00 um vinho realmente sedutor e, parafraseando aquele velho anuncio,  muito “bom de boca”. Assemblage de Grenache (50%) com Syrah e Mourvédre que mostra boa estrutura e harmonia montado sobre um tripé de acidez x álcool x taninos muito bem balanceados e sem arestas. Paleta olfativa sedutora com muita fruta, toque floral, alguma especiaria e nuances terrosas. Na boca é muito rico, bom volume de boca, taninos delicados de muito boa qualidade, harmônico, boa textura, médio corpo para encorpado, boa concentração e pasmem, somente 13.5% de teor alcoólico, com um final de boca muito apetecível e longo que deixa aquela vontade de quero mais na taça. Fico pensando nele acompanhando uma perna de cabrito assada e minha boca se enche d’água!  Show de bola e a maioria dos convidados o colocou como destaque da degustação e realmente merece todos os elogios.

Crozes-Hermitage 2007, 100% Syrah de muita elegância. Os Hermitage, uma pequena colina, são vinhos bastante másculos, encorpados e de longa guarda. Os Croze-Hermitage são os vinhos que vem da colina atrás de Hermitage e estão um degrau abaixo, mas o patamar é tão alto……! Este vinho é mais manso, mais amistoso ao palato e deve ser tomado agora, quando já nos dá muito prazer, e nos próximos dois a três anos imagino eu. Teor alcoólico muito educado, para os dias de hoje, com 13%, equilibrado, frutas negras e couro no olfato, algo defumado na boca, salumeria, taninos aveludados e um final saboroso de boa persistência e elegante. Um vinho que surpreende e custa R$112,00, um boa compra.

              Por hoje é só. Amanhã é dia de post com a degustação virtual da Confraria em que diversos amigos blogueiros e eu, estaremos comentando e compartilhando com os amigos nossas impressões sobre vinhos Sauvignon Blanc sul-africanos. Até lá. Salute e kanimambo pela visita.

Dicas da Semana

           Os Chilenos, eternos clientes, ainda ajudaram já que três de seus defensores titulares não jogarão e o Brasil deverá jogar completo. Com o jogo de sexta e este hoje, vivemos na verdade um fim de semana longo e improdutivo. Aliás, pelo que tenho visto e conversado por aí, acho que o PIB vai dar uma bela caída neste mês, só não consegui entender a exata influência da copa nisso!  Agora, que as vendas caíram drasticamente desde que a copa começou, disso não restam duvidas e nos mais diversos setores da economia. Acho que o pessoal separou a grana só para TVs e camisas da seleção, será?!

           Bem, mas você veio aqui para ver as Dicas da Semana, certo? Pois bem, aqui vão algumas que espero aproveitem entre um jogo e outro.

Cia do Whisky, um dos meus parceiros de longa data e uma das lojas que indico na região de Moema (veja links aqui do lado). Desta feita está com uma série de KITS alusivos aos países participantes desta copa.

Portal dos Vinhos, no Morumbi, dos amigos Fátima e Emilio, também companheiros de longa data, anunciam seu curso de férias agora para Julho. Sempre bastante concorrido, eis aqui uma boa opção para quem está começando a navegar em nossa vinosfera.

Grande Hotel Campos de Jordão. Está subindo a serra, então veja o que o hotel-escola Senac traz para você na alta temporada: chefes renomados, shows de stand-up e MPB.  “As cantoras Paula Lima e Ana Canãs, os humoristas Marco Luque e Evandro Santo, e os chefes Murakami, José Barattino e Bella Masano marcarão presença na 2ª edição do festival de inverno do hotel.

           Sucesso absoluto de público em 2009, O Grande Hotel Campos do Jordão – Hotel-escola Senac, um dos mais luxuosos destinos da cidade, repete a dose e promove a 2ª edição doFestival Rota dos Sentidos – O Brasil do Mundo Todo. A expectativa é que ao longo de todo o mês de julho o hotel receba mais de seis mil pessoas, entre hóspedes e visitantes, para vivenciar de maneira intensa o que há de melhor na cultura, lazer e gastronomia do mundo.

          Degustar os melhores pratos e vinhos, participar de workshops e jantares enogastronômicos e até cozinhar ao lado de renomados chefes, como Tsuyoshi Murakami, do Restaurante Kinoshita, José Barattino, do Hotel Emiliano, Patrícia Fontana, que comanda a cozinha do Grande Hotel São Pedro e Bella Masano, do Restaurante Amadeus, são algumas das mais atraentes atividades gastronômicas desta temporada. Os chefes, que serão recebidos por Alexandre Righetti, responsável pela gastronomia do Grande Hotel Campos do Jordão, também vão assinar o menu dos jantares que acontecerão às sextas-feiras no Restaurante Araucária, localizado dentro do hotel, e aberto também a visitantes.

            Aos sábados, o Grande Hotel promove oFestival do Humorcom os melhores comediantes do momento.Marco Luque, do programa CQC, Evandro Santo, que faz o personagem Cristian Pior do Pânico na TV, os Deznecessários, da MTV e TV Record, Fafy Siqueira e o grupo Café com Bobagem vão garantir o bom humor e prometem arrancar muitos risos da platéia.

           Para as noites de muito frio, o hotel preparou uma programação para relaxar e curtir o som das melhores vozes da MPB, em um aconchegante espaço com lareira. Paula Lima e Ana Cañas são alguns dos nomes já confirmados para esquentar o clima. E as atividades não param por aí. “Os amantes de um bom vinho poderão desfrutar doWine Moment, um workshop de vinhos com sommelier para promover explanações sobre a bebida. Para os apreciadores de cerveja, o hotel-escola oferecerá oBeer Moment, programado para todas às segundas-feiras, com a participação da mestre cervejeira da Baden Baden ”, afirma Renato Bianchi, gerente geral do Grande Hotel.

              Hóspedes e visitantes terão ainda a opção de saborear pizzas artesanais na Arte da Pizza, estrelada pelo Guia Quatro Rodas. O cardápio traz ingredientes especiais como trutas defumadas, rum jamaicano que é borrifado sobre a pizza de banana, shitakes preparados sobre forno refratário, orégano chileno e chocolate belga. A novidade desta temporada é o menu degustação, servido aos domingos para duas pessoas, com quatro sabores de pizzas salgadas e dois sabores de doces. A pizzaria funcionará de terça a domingo durante toda a temporada.”

Para maiores informações da programação e reservas clique aqui  ou contate-os por telefone: 0800 77 00 790 / (12) 3668-6000

Ville du Vin apresenta uma bela promoção com os bons vinhos Cinco Tierras, de nossos hermanos argentinos, em sua nova loja no Shopping Vila Olimpia. Vale a pena conferir:

Por hoje é só. Para as Dicas da Semana que vem estou trabalhando em mais duas opções de KIT Caixa Cheia que a Vino & Sapore oferecerá com novidades que acho bastante interessantes, tanto como conceito como com relação aos rótulos que escolherei como no aspecto preço. Enquanto isso, aproveitemos a semana. Temos a reta final da copa e um mundo de informação sobre nossa vinosfera.

Salute e kanimambo, nos vemos por aqui.

Hoje é Dia!!

               Toda a Sexta é dia de alto astral já que anuncia a chegada do fim de semana! Hoje é mais ainda, é dia de festa já que daqui a pouco tem um embate que pode ser um joguinho ou jogão! Amigos portugueses e brasileiros grudados na televisão, outros no estádio para ver um Portugal x Brasil na copa do mundo, coisa que não se via desde 1966 e que espero possa repetir o placar. É, não adianta reclamar não, o Brasil já está classificado, então sou Portugal desde criancinha! Eheh. Tem mais, seria uma bela lição no prepotente e arrogante “professor” de más maneiras, o tal de Dunga que está merecendo uma lição para ver se desce de seu salto XV! Nunca uma seleção esteve tão distante de seu povo, mas enfim, sinal dos tempos. Mais uma, Carlos Queiroz, o técnico de Portugal, é primo de meu padrasto e Macua como eu, nascidos que somos em Nampula, norte de Moçambique, ou seja; quase familia e conterrâneo! Bem, mas este não é o lugar para falar de futebol então minha sugestão de hoje é também por um embate entre dois vinhos, obviamente um luso e outro brasuca, numa faixa de preço média acessível à maioria.

Escalei o Ceirós Tinto 2006, um vinho para quem não tem pressa pois vai desabrochando na taça conforme o papo corre solto, mostrando-se menos rústico que o 2004. Um tradicional blend duriense de Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz e Tinta Barroca é vinho complexo produzido pela Quinta do Bucheiro uma vinícola familiar com mais de 250 anos localizada na região de Sabrosa (será que é de lá que vem o Simão, jogador português?!) no Douro. Direto da garrafa para a taça, o vinho é impactante, vinhoso de aromas em que a fruta madura predomina com boa intensidade.  Deixe-o respirar e desfrute de um vinho untuoso, fruta madura (ameixa), bom volume de boca, rico, taninos presentes mas bem equacionados num final de boca longo, macio e algo apimentado. Um vinho muito particular e marcante, equilibrado e guloso com boa acidez que pede comida e agrada sobremaneira. Importado pela Vinhas do Douro custa por aí em torno dos R$50,00.

 

uma escalação complicada, mas devido á falta de opções no mesmo patamar de preços, sim porque há que se manter um mínimo de bom senso comparativo, caí num hibrido! Sim, porque a mão do enólogo é português e as castas também de lá se originam, o bom Quinta do Seival Castas Portuguesas 2005, um corte de Touriga Nacional, Alfrocheiro e Tinta Roriz produzido pela Miolo na região de Campanha, próximo da fronteira com o Uruguai. Surpreendente e prova inequívoca da melhora de qualidade dos vinhos brasileiros num projeto muito interessante. Frutos negros maduros com algo resinoso no nariz, madeira, fruta passa, bem estruturado com taninos finos, equilibrado, saboroso com um final de boca agradável e de boa persistência em que se manifestam nuances herbáceas. Está pronta a beber, é um de meus “nacionais” mais requisitados à mesa e meu amigo Rui Miguel do excelente blog português Pingas no Copo (link aqui do lado) o elogiou demais e comentou, “Olhando para o prontuário, dicionário e outros acessórios gramaticais apenas ocorreu a seguinte definição: Complexo e distinto.” Veja o resto dos comentários dele aqui.  O preço anda também pela casa dos R$50 a 59,00 dependendo de onde estiver.

           Que ganhe o que performar melhor, mas não deixe de levá-los á mesa acompanhados debons amigos e pratos. Se o jogo for tão bom como esse embate viníco, estaremos bem servidos! Que assim seja e como o jogo começa às 11, já dá para abrir um espumante no intervalo, algo leve, suave e fácil sem muita complexidade, um espumante brasileiro vai muito bem ou até um Prosecco como o Moinet. Brasileiros, podem ser; um leve Moscatel bem equilibrado como o da Marco Luigi ou Garibaldi, ou os; Marco Luigi Brut, Ponto Nero Brut, Valduga Arte Brut ou Aurora Blanc de Noir elaborado com Pinot Noir, todas ótimas opções de espumantes secos, mas vibrantes e cheios de vida que ajudam a alegrar o momento.

           Como, espero, o resultado final deverá ser empate, daí Portugal se classifica e sai em segundo pegando jogos mais “fáceis” na sequência, celebrarei com um Vértice Gouveio, um dos melhores espumantes hoje produzidos em Portugal. Para quem quer algo mais jovial, uma garrafita do rosé 3b da Filipa Pato também não é má pedida, não! Na eventualidade, mesmo que remota (eh,eh), de dar Brasil, bem, aí um Miolo Millésime/ Cave Geisse Nature ou Ponto Nero Extra Brut cairão muito bem. Aliás, já dizia Napoleão, “merecido nas vitórias e necessário nas derrotas”!

Salute, kanimambo e Segunda estarei de volta com Dicas da Semana, inclusive de boas compras.

Ps. Bolas, faltaram e muito para o meu conterrâneo Queiroz. Metesse o Hugo Almeida enfiado entre o Juan e o Lucio (este o melhor da partida de hoje) e acho que meu desejado 1 x 0 teria sido possível. Joguinho, não?! Sabem qual a diferença entre o rugby e futebol? É o seguinte; rugby é um jogo de animais jogado por cavalheiros, enquanto o futebol é um jogo de cavalheiros jogado por animais! O Felipe Melo não é uma prova disso?!!!

Dica da Semana Especial – Solidariedade Já!

             É, quando foi de Santa Catarina me manifestei aqui pleiteando ajuda via os amigos da Decanter que são de Blumenau. Agora chegou a vez do Nordeste que está mais arrasado que nunca com as enchentes e verdadeiros mares de lama que destroem tudo em seu caminho. Milhares de pessoas, que já pouco tinham, atingidos em cheio por esta verdadeira catástrofe que atinge a região. A Adega Alentejana levantou sua voz em solidariedade, mas mais que isso, tomou uma atitude através de seu representante local. Abaixo a chamada, e segue aqui meu apoio. Eu certamente passarei lá para depositar a minha contribuição em produtos essenciais a fazer frente a tamanha calamidade, e você, vai colaborar?

Parabéns ao Manuel e sua equipe pela iniciativa. Salute e um kanimambo muito especial aos amigos que puderem colaborar.

Cuatro Pasos e um Repto

          Dois tintos que me souberam muito bem e ganharam espaço em minha adega. Um espanhol e outro português, mais uma vez uma dupla Ibérica muito apetecível.

O Cuatro Pasos 2007 é um vinho da região de Bierzo elaborado com 100% da cepa Mencia que no Dão (Portugal) é conhecida como Jaen. Esta cepa vem ganhando espaço nos vinhos de ambas as regiões e este é um dos poucos rótulos que provei com ela, mas certamente o que mais me agradou. Não é um grande vinho nem pretende sê-lo, porém é um vinho vibrante, jovem e bem feito que seduz facilmente, com leve passagem de dois meses por barricas de carvalho e faz aquilo que é essencial a um vinho, nos enche de prazer e alegria. Franco, nariz de frutas vermelhas maduras e algo balsâmico apresentando-se muito redondo na boca com taninos finos já integrados, frutado e fresco com um saboroso final algo mineral de média persistência que certamente se dará bem com fondue de queijo, caldo verde, bacalhau, rondele 4 queijos com molho rosé,  até uma carninha grelhada sem grandes condimentos. Aqui em casa se deu muito bem com queijos e frios, num gostoso bate-papo em família. Para o que se propõe, um bom vinho que agradou sobremaneira e, como sugestão, uma garrafa é pouco pois acaba muito rapidamente. Custa em torno de R$65,00 e é importado pela Peninsula.

Repto 2007 é um vinho produzido por brasileiro no Douro, em Portugal. (recebi comentário abaixo que contesta esta informação então resolvi fazer este adendo ao post neste dia 15/12/2010 – “”Os vinhos repto são produzidos e engarrafados na região do Douro por um Português chamado João Carlos C. P. Teixeira Bessa (como podem verificar no rotulo”). Mauricio Gouveia se prepara para trazer suas criações para o Brasil e me deu uma garrafa do Repto Gran Reserva 2007 a provar e confesso que gostei. Blend das castas típicas do Douro; Tinta Roriz, Tinta Barroca, Tinto Cão e Touriga Franca de vinhedos em encostas de xisto com exposição solar abundante, o vinho vem comprovar a característica de elegância dos vinhos desta safra produzidos na região. Fermentado em lagares de inox, estagia em barricas de carvalho por cerca de seis meses e depois por mais um período em garrafa antes de chegar ao mercado. Um vinho de linhagem mais moderna, bem frutado com nuances florais no nariz. Taninos finos e aveludados, rico, boa acidez, equilibrado nos seus imperceptíveis 14% de teor alcoólico muito bem integrados no conjunto de boa estrutura e volume de boca onde a madeira foi muito bem usada aportando uma certa complexidade sem que se tenha destacado em momento nenhum. Final de boca longo e um vinho que certamente deverá evoluir por mais um par de anos em garrafa, mas que já se mostra muito bom. Ainda não está disponível no Brasil, mas sei que o Mauricio está trabalhando nisso e em breve teremos boas noticias.

           Neste ano o foco seria conhecer mais vinhos italianos, o que até tenho feito, mas é incrível o que cai de vinho Ibérico na minha taça! Será que é perseguição ou destino? Melhor é que a qualidade tem comprovado a excelente fase porque passam os vinhos desta região.

Salute e kanimambo

Dicas da Semana

Semana de alguns eventos muito interessantes, alguns dos quais gostaria muito de participar, em diversos cantos do país.

Degustação Espanhola no Rio – A boutique de vinhos Confraria Carioca e o Celdom Gourmet promovem no dia 24 de junho às 20h a Degustação Espanhola com o melhor do país ibérico. O menu de entrada traz um dos pratos mais tradicionais dessa saborosa gastronomia,  a Tortilla Espanhola. Também os vinhos que serão degustados são de safras que expressam a riqueza e a diversificação dos conceituados rótulos espanhóis e suas bodegas, dentre os quais, o Protos Verdejo 2009 (Ribeira Del Duero), Dios Ares Crianza 2006 (Rioja), Hércula Monastrell 2005 (Yecla) e Obra Crianza 2005 (Ribera Del Duero). Para finalizar a noite será servido o Risoto de Chorizo Espanhol acompanhado do Perinet Mas Perinet 2004 – Priorato.

           O evento acontece no charmoso e aconchegante Celdom Gourmet, que fica no mezanino da própria loja, localizado no Rio Plaza Shopping, em Botafogo. As reservas estão limitadas a 12 pessoas. Mais informações através do telefone (21) 2244-2286.

Enopira e Adega Alentejana – esta é para quem é do interior de São Paulo, região de Piracicaba e arredores. O incansável Luiz Otávio promove um Wine Dinner com Açorda de Bacalhau e Bacalhau ao Forno regado com vinhos alentejanos no próximo dia 2 de Julho. Vejam só a lista dos rótulos a serem apreciados nesse que certamente será um saborosissimo evento:

  • Clementina 2006 – Alto Alentejo
  • Ponte das Canas 2007 – Alto Alentejo
  • Monte do Pintor 2006- Alentejo Central
  • Borba Reserva Rótulo de Cortiça 2005- Alentejo Central
  • Cortes de Cima 2007- Baixo Alentejo
  • Paulo Laureano Alicante Bouschet 2005- Baixo Alentejo

Tudo isso por meros R$100,00, uma baba para quem estiver por lá perto! Rua Mamede Freire nº 79, Piracicaba SP – Tel.: (019 ) 3424-1583 –  Cel. ( 19 ) 82040406 ou via e-mail com luizotavio@enopira.com.br. Vagas limitadas, então  ligue logo e reserve sua vaga.

Queijos & Vinhos em Porto Alegre – Curso Avançado de Degustação e Harmonização apresentado pela Maria Amélia Duarte Flores. Vinho é arte para observar, conhecer, degustar. São nuances, sabores, história. Imagine combinado a sua alma gêmea – um queijo de procedência, terroir. Um encontro informal, dinâmico, com linguagem fácil, voltado a quem aprecia enogastronomia e quer se aprimorar nestas combinações. Bate-papo e degustação comparativa de vinhos e provas de queijos, para entender estilos e diferenças.

Serão degustados espumantes, vinhos brancos e tintos e licorosos, como Porto e Sauternes. Será hoje, dia 21 de junho de 2010, das 19h30 às 22h . Enoteca Conte Freire/Bia Vargas Store Rua Des. Espiridião de Lima Medeiros, 156 . Três Figueiras – Porto Alegre RS. Valor individual – R$ 125,00 – (incluso palestra, vinhos, apostila, certificado, pães, tábuas de frios. Sorteio de brindes). Ligue para conferir se ainda existem vagas! Tel.:(051) 9331 6098 ou mariaamelia@vinhoearte.com .

Pote do Rei e Fundação Eugenio de Almeida – eis aqui um pitéu para o dia de hoje em Sampa, mas precisa ligar para conferir se ainda existem vagas.

Copa no Restaurante d’Olivino – De 11 de Junho a 11 de Julho este restaurante nos jardins, em São Paulo, homenageia a Grécia.

Salute, kanimambo e uma bela semana para todos.

Dois Pinots que Cabem no Bolso

             Quem adentra a vinosfera borgonhesa tem que saber que está se metendo numa seara difícil do ponto de vista de preço e relação custo x beneficio. Pequenas propriedades, grande demanda, complexidade, preços nas alturas e qualidade nem sempre o que esperamos. É a marca da Pinot Noir, uva de difícil trato que na mão de quem sabe produz maravilhas e em outras, …..bem, em outras deixa a desejar. Ainda bem que ainda encontramos algumas exceções à regras na região e temos a opção dos vinhos do Novo Mundo como alternativa. Provei e recomendo dois Pinots bem diferentes entre si que demonstram algumas das peculiaridades inerentes a terroirs bem diferentes, tendo em comum o fato de serem acessíveis e, a meu ver, entregarem o que se propõem entregar.

Chateau Dracy Bourgogne Rouge 2006, produzido por Albert Bichot que durante muito tempo foi trazido pela Expand e agora nos chega pelas mãos da Winebrands. É um pinot de estilo francês, delicado, vermelho rubi brilhante, levemente translucido,de corpo médio e muito agradável de tomar sendo uma bela porta de entrada para o complexo mundo desta cepa e região. No nariz, fruta madura e leves especiarias formam uma paleta relativamente simples, porém de boa qualidade e tipicidade. Na boca, taninos de boa qualidade já equacionados, finos e sedosos, equilibrado com uma acidez adequada, saboroso e fácil de se gostar num final de média persistência. Gostei, não é exuberante, mas dá conta do recado e vale o que pedem por ele, cerca de R$70,00, deve crescer com comida e este está no momento certo para ser tomado não devendo evoluir mais na garrafa.

Pacifico Sur Reserva Pinot Noir 2008 do vale do Curicó no Chile. Anteriormente trazida pela Wine Company, chega-nos agora pelas mãos da Berenguer Imports capitaneada pelo amigo Charlston. Um digno exemplar dos Pinots do Novo Mundo onde a tipicidade da Borgonha tem pouco espaço, até em função do terroir, mas tem a alma da cepa presente. Cor mais escura, um vermelho grenada, denso e uma paleta olfativa mais rica, intensa e frutada onde as frutas vermelhas se mostram mais presentes junto com uma presença herbácea destacada. Na boca mostra-se mais estruturado, também é mais novo, com taninos finos e aveludados, apetitoso e rico, vibrante, com um final de boa persistência com toques de especiarias. Em Sampa custa em torno dos R$65,00 e é uma boa alternativa de Pinots num estilo mais moderno e novo mundista.

                 Uma boa brincadeira, vinho também é diversão, é juntar uns quatro ou cinco amigos, comprar uma garrafa de cada e curtir essas diferenças que são o que fazem nossa vinosfera tão intrigante. A mesma cepa pode produzir vinhos totalmente diferentes pois as variáveis são enormes, tanto de terroir como de tecnologia e objetivos do enólogo que cada vez tem mais ‘mão’ sobre os destinos dos caldos elaborados. Minha dica para a região da borgonha é, mesmo tendo caixa, começar com os pinots mais básicos, prove diversos produtores e depois evolua gradativamente. Para a Pinot como um todo, a dica é a temperatura que deverá estar ao redor de 15º. Tome-o a 18 ou 19º e provará um outro vinho!

             Um ótimo fim de semana, espero que um jogo melhorzinho no domingo e nos vemos por aqui na semana que vem. Salute e kanimambo.

ps. uma outra indicação legal que cabe no bolso e é bastante interessante, é o Terranoble Pinot Noir, também do Chile e num patamar mais alto mas estupendo, o argentino Barda o mais borgonhês dos Pinots sul americanos. Cinco vinhos e diversos estilos, dá uma bela degustação!

Curiosidades do País da Copa II

               Você sabia que o ‘apartheid’ era uma política de segregação racial? Sim, se não esteve escondido em alguma gruta pelos últimos 40 anos, certamente saberá. Agora, você sabe que essa política não somente segregava brancos e negros? É vero, mas isso poucos sabem. No entanto, se virmos as placas nos bancos de praça e locais públicos, entre outras, vemos que o aviso é muito claro, Nie-Blanks ou Non-Whites. Ou seja, a segregação era entre brancos e não brancos sendo jogados nessa segregação, também os mulatos, indianos e chineses por exemplo, mesmo que em menor escala ou, digamos assim, com uma maior leniência para estes. Era a política dos Só-brancos!

              Politica institucionalizada pela maioria Afrikaner da população branca dominante, mostrava todo o xenofobismo de uma parte importante da população que se mostrava arredia a todos que não fossem Afrikaners, especialmente aos estrangeiros. Gregos e portugueses, por exemplo, eram meramente tolerados nessa sociedade, vistos como um mal necessário para melhorar o equilíbrio de brancos e negros no país. Hoje, graças a Mandela e outras lideranças negras e brancas, esse “satus quo” mudou e o país vive momentos especiais apesar das dificuldades encontradas.

           Existem hoje uma série de bons filmes sobre Mandela que mostram um pouco do que foi essa luta, porém minha recomendação para os amigos que se interessarem por conhecer um pouco mais da história deste belo país, é para que assistam a três filmes muito especiais; Biko, The Power of One (o poder de um jovem) e Sarafina, de onde pincei este vídeo com a musica tema “Freedom is Coming”. Muito ainda há por fazer, que seja feito em paz e respeito a todos. Colocar de lado feridas nem sempre cicatrizadas e apostar num futuro em que as memórias do passado e atrasos tribais não assombrem as gerações por vir, requer um esforço muito grande de todos. Que Mandela e seu legado, patriarca da nova nação, para sempre iluminem o caminho de fraternidade entre os povos. Não ao racismo de qualquer tipo, porque tanto faz de que lado venha a intolerância! A Copa do Mundo na África do Sul é muito mais que um evento esportivo, é o ponto máximo de demonstração da integração dos povos, bandeira maior a ser lembrada. 

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=1YRQefxaLVg&feature=related]

Salute e kanimambo.

Goats do Roam Red, um Tinto Jovial.

               Pela primeira vez participo da degustação/post tema da CBE, para os menos íntimos a Confrararia Brasileira de Enoblogs, que mensalmente, no mesmo dia, publicam seus posts sobre o vinho (s) de acordo com um tema pré-determinado por um dos confrades. Neste mês de Junho abriram uma exceção e aproveitando a Copa escolheram um tema extra para que os confrades comentassem nesta Quarta  dia 16 de Junho, dia de ressaca após um joguinho muito meia boca, e eu embarquei nessa viagem. Vinhos sul africanos, uma grande coleção de rótulos provados que os amigos devem explorar visitando o site dos Confrades que listo abaixo com os links. Deverão ser cerca de 31 rótulos diferentes avaliados e comentados, que certamente aguçarão a curiosidades dos amigos apreciadores de bons caldos. Eu certamente fuçarei muito, pois gosto de viajar por esta vinosfera atrás de novidades e sabores nunca dantes provados. Vamos á lista dos blogues:

Amando Vinhos / De Vinho em Vinho / Atlan Vitis / Azpilicueta / Bebendo com Os OlhosEnodeco / Blog do JerielDegusteno / Diário de Baco /  / Enoleigos / Escrivinhos / Gourmandise / I Vini Vinhos / Le Vin Au Blog / Nosso Vinho / O Avaliador de Vinhos / O Tanino / Pequenos Prazeres / Vim, Vinho, Venci / Vinho com Prosa / Vinhos de Corte / Vinhos e Vinhas / Vitis Vinifera / Viva o Vinho / Vivendo Vinhos / Tintos, Brancos e Borbulhas / Notas Etilicas / Vinho Para Todos / Le Vin Quotidien / Marcelo di Morais e espero não ter esquecido nenhum.

        Eis alguns rótulos, entre vários outros, que serão ou foram, acho que dei um fora na data e era ontem (15) postados, então há que navegar:

  • AVONDALE RESERVE MUSCAT  BLANC 2007 (Le vin Au Blog) 
  • ENGELBRECHT ELS 2007 (Notas Etílicas)
  • THE WOLFTRAP BLEND 2008 (Vinhos de Corte)
  •  NEDERBURG CABERNET SAUVIGNON 2008 (De Vinho em Vinho)
  •  RUST EN VREDE MERLOT 2008 (EnoDéco)
  •  SPICE ROUTE PINOTAGE 2008 (Blog do Jeriel)
  •  TRIBAL ESPUMANTE (Marcelo Di Morais)
  •  CLUB DES SOMMELIERS PINOTAGE (Amando Vinhos)
  • AVONDALE CHENIN BLANC (Pequenos Prazeres)
  • THE WOLFTRAP BLEND 2008 (Vinho para Todos)
  • GUARDIAN PEAK CABERNET SAUVIGNON 2007 (Nosso Vinho)
  • NEDERBURG TWENTY 10 DRY ROSÉ 2009 (Enoleigos)

              A minha escolha recaiu sobre um vinho que não visitava minha taça já fazia dois anos e mostrou que, mesmo de cara nova, preferia o rótulo mais clássico, o vinho continua sendo um belo achado mesmo que com mudanças no blend. Goats do Roam Red, que tem esse nome tanto por razões criativas já que o produtor também é criador de cabras e bodes, como para criar uma certa alusão aos vinhos de Cotes du Rhône já que é um blend de Syrah, Cinsault, Grenache, Mourvedre e Carignan, originárias das regiões de Paarl e Swartland na província do Cabo. A Goats do Roam Wine Company pertence ao grupo Fairview capitaneado pelo criativo Charles Back e produz além deste vinho alguns outros que hoje fazem parte do portfólio da Ravin.

                O vinho é franco, sedutor, produzido num estilo moderno com fruta vermelha (ameixa) abundante tanto no olfato como no palato, notas defumadas e um certo toque de anis. Na boca mostra-se  fresco, médio corpo, taninos equacionados e sedosos, macio e redondo, vibrante, fácil de gostar com um final de boca de média persistência e algo mineral com toques de especiarias que convidam á próxima taça. O 2005 possuía Cabernet e Pinotage o que lhe dava um pouco mais de corpo e estrutura, mas segue sendo um vinho muito agradável e saboroso para ser tomado jovem, entre dois a quatro anos de vida, enquanto ainda mantém essa personalidade jovem e sedutora por um preço que acredito seja bastante convidativo já que seus R$42,00 são bastante justos versus o prazer que ele nos proporciona. Como dica, sugiro servi-lo um pouco mais refrescado que o normal, mais para os 15/16º dos que os 17/18º.

Por hoje é só, amanhã tem mais Curiosidades do País da Copa. Salute e kanimambo.

Curiosidades do País da Copa

                 Você sabia que em determinadas regiões da África do Sul há 35 anos atrás o futebol era quase que herege? Como alguns sabem, sou de Moçambique, porém o que talvez não saibam é que estudei na África do Sul dos 11 aos 18 anos em colégio interno nas cidades de White River e Nelspruit na província que hoje se chama Mapulalang e naquela época era conhecida por Eastern Tranvaal.  Nesses tempos idos, tou ficando velho (rs), um abnegado grupo de estudantes portugueses e alguns poucos de origem inglesa teimavam em jogar a bola redonda, afora a oval, aos Domingos que era dia sagrado para a população Afrikaner, maioria na região depois da negra. Éramos perseguidos, acusados de matar a grama (note-se que jogávamos nos campos esportivos disponíveis na escola) e perturbar a paz do Domingo, dia de descanso e reflexão. Para jogar de forma organizada fugíamos da escola aos domingos para desafiar alguns dos diversos clubes de origem negra na região, até que finalmente as autoridades escolares se deram conta que não pararíamos e assumiram oficialmente o time, que por sinal era muito bom.

               Futebol oficial nas escolas, com campeonato, etc. isso só na cidade grande, Johannesburg e região. Lá, no ano de 1972, o time de Benoni Boy’s High foi campeão regional e ganhou como prêmio uma viagem ao famoso Kruger National Park tendo que passar por Nelspruit a porta de entrada para a região do parque. Ao sabermos de sua presença na região, não resistimos e os desafiamos para uma peleja que foi aceita. O resultado está no recorte de jornal que guardo até hoje, carimbamos a faixa dos distintos com um sonoro seis a dois sendo que grande parte do time saiu de um jogo oficial de rugby para o campo de futebol.

             Existia também um clube português na cidade, composto de adultos e adolescentes, onde alguns de nós também dávamos os nossos chutes, fruto de um grupo de amigos que começou a jogar junto no primário num muito distante 1967. Velhos e bons tempos, ótimas recordações e melhor ainda de ver que um esporte quase que herege na época, se tornou no segundo esporte mais popular no país e que, hoje, lá estréiam Portugal e Brasil num campeonato mundial. Que sejam especialmente felizes hoje saindo de campo com convincentes vitórias. Parte dos amigos nestas fotos estarão em Durban para o grande jogo do grupo, Brasil x Portugal e me convidaram para o Braai (churrasco), porém não dá e estarei lá somente em pensamento e com o coração dividido.

              Amanhã, a Confraria dos Enoblogueiros estará postando sobre vinhos Sul Africanos e vai valer a pena navegar por esse monte de blogues. Eu escolhi um Goats do Roam Red, corte do Rhône produzido no Cabo, de preço acessível e………., bem o resto você lê amanhã.

Salute e kanimambo.

Ps. quem me descobrir nas duas fotos dos times, ganha uma garrafa de vinho!