dezembro 2009

Namastê – Feliz 2010!

                Recebi da amiga Cleide e me encantei com a filosofia por trás dos pensamentos e gesto, não resistindo a compartilhar com os amigos esta mensagem de paz e harmonia. Namastê meus amigos, que 2010 lhes seja especialmente frutífero. Muita Saúde, Serenidade e Sabedoria neste Ano Novo que se aproxima, o resto é conseqüência. Cultuemos a humildade, tem muita gente por aí precisando, e com ela o respeito por nosso próximo.

Salute e kanimambo por mais um ano!

Champagne ou Espumante?

       Os dois, mas a escolha depende muito da ocasião e da disponibilidade financeira. Primeiramente, no entanto, tenho que registrar a famosa frase de que; todo o Champagne é espumante, mas nem todo o espumante é Champagne! Sim, porque ainda se confunde muito os termos, então deixemos claro que Champagne são todos os espumantes exclusivamente produzidos nessa região demarcada na França sendo o resto; Cavas, Cremants, Sekts, Proseccos, Sparkling, etc., simplesmente conhecidos como espumantes. Se ainda restarem duvidas sobre o quê é o quê, clique aqui para  informações mais detalhadas.

      Pois bem, ainda não escolheu com que espumante vai comemorar este final de ano? Eu, se tivesse que fazer uma escolha hoje, certamente iria de Brédif Vouvray Brut (Vinci), um espumante francês do Loire que me surpreendeu nessa maratona de espumantes realizada nos últimos 45 dias. Qualidade de Champagne, tanto que bateu diversos numa degustação às cegas, com preço de espumante (abaixo de R$90) o que o tornou um dos meus favoritos tendo obtido uma relação Qualidade x Preço x Prazer díficil de bater e um de meus grandes achados em 2009. Entre todos os outros, se grana não fosse levada em consideração, mais dois estupendos néctares; o Champagne Zoémie de Sousa Marveille Brut (Decanter) e o Cremant de Bourgogne Cuvée Jeaune Thomas Brut de Louis Picamelot (D’Olivino). Algumas outras agradáveis surpresas, com preços bem acessíveis, que me entusiasmaram foram; Ponto Nero Extra Brut (Domno do Brasil), El Portillo Brut (Zahil) e o Barton & Guestier Chardonnay Brut (Interfood) espumantes que, a meu ver, entregam mais prazer pelo valor cobrado, isso em falar do Santa Julia Brut (Ravin), nosso grande campeão no quesito Custo xBeneficio. Todos esses e mais algumas ótimas opções, você poderá ver aqui mesmo no blog nos diversos posts já publicados sobre o Grande Desafios de Espumantes promovido em Novembro (foram um total de 66 rótulos provados entre os vários estilos). Tem Champagnes, espumantes Moscatel, Rosés, brasileirosdiversas outras regiões produtoras, e até uma lista de espumantes bons e baratos que recomendo.

        Se, no entanto, ainda estiver com duvidas, afora meu comentário de ontem sobre o Villaggio Grando Brut, uma saborosa novidade no mercado, eis mais quatro rótulos para você escolher, espumantes estes que se classificaram abaixo dos top 20 (já comentados), porém todos de muita qualidade que me agradaram e tiveram os seguintes comentários da banca degustadora. Quatro rótulos, quatro países, quatro blends diferenciados, porém a mesma satisfação, prazer e frescor.

Trapiche Extra Brut (Interfood) – uma das boas relações Custo x Beneficio do Desafio de espumantes e mais uma surpresa argentina no mercado, um verdadeiro achado. Desta feita um corte diferenciado elaborado com 70% Chardonnay, 20% Semillon e 10% de Malbec pelo processo Charmat longo em que permanece em contato com as leveduras por até 4 meses. Nariz intenso, muito perfumado, fresco, aromas de frutas cítricas com leves nuances de fermento muito sutis. Muito boa perlage, abundante e persistente, adorável acidez, equilíbrado, aguçando o palato e deixando a boca limpa e pronta para o que der e vier. Um ótimo espumante para abrir uma reunião ou acompanhar frutos do mar e ainda por cima tem um preço bem camarada, em torno de R$35,00. Com um formato de garrafa diferenciado, é um produto que deixa sua marca tanto no visual como onde mais interessa, no palato.

Freixenet Cordon Negro (Preebor) – este cava produzido na região de Penedés pelo método tradicional com as uvas autóctones da região Macabeo, Xarel-lo e Parellada, possui um nariz suave com sutis notas de padaria e algo citrico, cor palha brilhante com bolhinhas finas e persistentes. Na boca mostra-se bastante elegante e fino com a perlage “agulhando” a boca com muita delicadeza, ótima acidez, e um final bastante fresco e mineral. Preço ao redor dos R$49,00.

Bridgewater Mill Sparkling (Wine Society) – elaborado pelo método tradicional, é um corte clássico de Pinot Noir com Chardonnay e único representante australiano neste Grande Desafio de Espumantes. Nariz algo tímido onde aparecem aromas que nos recordam maracujá doce. Na taça uma perlage de muito boa qualidade formando um colar de espuma atraente que convida à boca onde se mostra mais cítrico com um toque mineral bastante interessante, cremoso e um final algo mais doce e fácil de agradar. Preço ao redor de R$78,00.

Moinet Prosecco Millesimato Brut 2007 (Winery) – diferente de seus pares mais comuns no mercado que são extra-dry, este é Brut e surpreende. Blend da uva Prosecco com um tempero de 10% de Chardonnay que lhe agrega complexidade, sem que lhe tire a classificação DOC. No nariz é uma explosão de aromas florais e tropicais em que se destaca o abacaxi. Na taça é espumoso, boa perlage, fina mas algo curta, boca gostosa, bom corpo, algo de frutas brancas como pêra e melão apresentando um final com algum açúcar residual.  Um dos bons espumantes Proseccos de categoria superior disponíveis  no mercado. Preço ao redor de R$65,00.

           Agora, está de bolso recheado e querendo comemorar para valer? Então sugiro visitar o blog dos meus amigos da Confraria 2 Panas que botaram para quebrar com alguns dos melhores Champagnes e o Evandro ainda cumpriu uma maratona de quase 100 rótulos! Clique aqui e aqui.  Se quiser acessar o importador para saber onde mais próximo de você estes espumantes estão disponíveis,  clique em “Onde Comprar” .

Salute e kanimambo

São Paulo de Férias, Eta Coisa Boa!!!!!

Da Granja Viana em Cotia, à Vila Mariana (altura do Hospital do Coração) em meros 35 minutos e um só farol vermelho, isso ás sete de la matina!!! Para quem não conheçe, um trajeto de cerca de 30kms que leva normalmente uma hora e, nesse horário, pelo menos uma e meia! Eta cidade porreta nesta época do ano.

Variedade Sobre a Mesa e na Minha Taça

         Se há uma coisa que me encanta nesta vinosfera, é a diversidade de sabores, cepas e regiões produtoras. Possuo meus “portos seguros”, mas sempre que posso me aventuro por mares não navegados na busca por novas experiências e sensações. Aliás, eis aí algo a ser pensado como diretriz enófila para 2010; navegar e aventurar-se mais, provar sem preconceitos, buscar sabores novos. Eis alguns desses vinhos que curti ultimamente e que achei valem a pena ser compartilhados com os amigos. São vinhos que tomei, gostei e recomendo aos amigos.

Teroldego 2005 – Produzido pela Angheben e distribuído em São Paulo pela Vinci, Vinho diferenciado produzido com uma cepa pouco conhecida no Brasil. Violáceo na cor, nariz de frutos negros em compota, algum chocolate e baunilha fruto de uma madeira bem aplicada que só ressalta e dá complexidade a um conjunto olfativo sem muita intensidade, porém muito elegante. Na boca é carnudo, ótimo volume de boca, equilibrado, taninos macios, rico com um final de boca muito saboroso invocando especiarias e algum tostado. Vinho gostoso para quem busca sabores e sensações diferenciada. Preço ao redor de R$59,00.

Barossa Valley Estate E-Minor Shiraz 2006 – Estilo: Varietal / Origem: Austrália / imp.: Wine Society – vermelho intenso com variações púrpuras e brilhante formam um visual convidativo na taça. Aromas de frutos negros com algo de especiarias típicas da casta compõem uma paleta olfativa bastante atraente. Na boca é muito sedutor, boa estrutura, frutado, fresco e elegante com taninos sedosos, muita riqueza de sabores, boa acidez, equilibrado com um final longo, mineral, levemente apimentado e apetecível. Um belo exemplar de shiraz australiano com um preço muito convidativo, ao redor de R$83,00.

Villaggio Grando Brut 2009 – o novo espumante desta vinícola situada em Caçador, Santa Catarina. Esteve presente no Grande Desafio de Espumantes que realizei em Novembro e nem rótulo tinha conforme pode ser visto pela foto. Como vieram duas garrafas e só uma foi usada no Desafio, a segunda me fez companhia neste almoço de Natal. Incrível a excelente perlage que, lamentavelmente, não consegui captar de forma adequada em foto. Intensa, abundante, tamanho médio e muito persistente formando um delicado colar de espuma na borda da taça e uma cor amarelo palha bem clarinho. Baunilha bem presente no nariz, frutos secos e algumas nuances de padaria de forma bastante sutil e delicada. Na boca mostra-se harmonioso, fresco com toques mais cítricos e bastante longo, muito agradável e apetecível tendo sido um ótimo “preparador’ do palato para os pratos que estavam por vir. Elaborado pelo método Charmat, é um corte de Pinot Noir com Chardonnay e Pinot Meunier (único no Brasil), uma ótima opção entre os bons espumantes nacionais. Na faixa dos R$40,00 na vinícola.

           Por hoje é só, mas amanhã tem mais. Falta pouco, estamos por terminar mais um ano e muita gente já está de férias. uns fazem o balanço do ano, outros preparam suas listas de objetivos e promessas para 2010. A todos um brinde especial, que no próximo ano consigamos cumprir mais objetivos e promessas. Que seja um ano melhor do que 2009!

Salute e kanimambo.

Quinta das Marias Garrafeira 2005, um Vinho em Dois Tempos

Momento 1 – A principio, um vinho de bom impacto olfativo com boa fruta madura, especiarias e um certo toque balsâmico, bastante convidativo. Uma entrada de boca muito elegante, sedutora e delicada que desandou daí  para a frente ao me travar a boca com sua potência de taninos ainda muito agressivos, álcool ainda muito presente (15%) mostrando-se algo rústico mesmo após uma meia hora de decanter. Certamente muito over para o bacalhau que tinha sido escolhido para sua companhia. Encostei o vinho e recorri a outra garrafa (outra estória para um outro dia), um ótimo branco encorpado que mesmo com seus 14% de teor alcoólico, na temperatura certa deu conta do recado. Cerca de uma hora e meia depois, voltei ao Garrrafeira  que já se apresentava melhor porém ainda “pegando” um pouco. Retornei o vinho para a garrafa usando um funil com filtro e, impressionante, a lateral do decanter (como a garrafa) era só borra! Garrafa devidamente fechada com vacu-vin e de volta para a adega.

Momento 2 – Almoço do dia seguinte, Ravioli recheado de mussarela de búfala e manjericão, molho de tomate e pernil assado. Tinha previsto um Chianti Clássico, mas me lembrei do Garrafeira já aberto que não poderia, de forma alguma, ser deperdiçado. Tirei-o da adega e voltei com ele mais uma hora e meia de decanter sobre prato com gelo para manter-lhe a temperatura. Mamma-mia, que chianti que nada!!! O vinho, finalmente, encontrara seu equilíbrio. Estava todo lá como o dia anterior, o olfato de fruta madura e especiarias, porém agora com um pouco de baunilha e nuances defumadas mostrando sutilmente as nuances de barrica e algumas notas florais provávelmente advindas de um bom porcentual de Touriga Nacional no corte. Na boca a mesma delicadeza e riqueza sem a agressividade do dia anterior que possibilitou desvendar algumas qualidades adicionais. Untuoso, denso, encorpado, taninos sedosos, ótima acidez e um mineral de final de boca longo que chama comida e compatibilizou maravilhosamente bem com o almoço. Bão demais da conta sô e uma pena que só tinha uma garrafa porque terminou rápido demais.

            Conclusão, um baita vinho de grande qualidade que me foi sugerido pelo Miguel da Garrafeira Nacional em minha visita de Abril passado a quem agradeço a indicação, mostrando que nem tudo o que começa mal assim acaba! Por um preço bem camarada, por volta dos 13 euros lá porque por aqui ainda não chegou, é uma grande opção de compra para quem quiser um vinho de guarda e não queira gastar muito. Um vinho de grande estrutura que pode ser tomado já, com paciência e trato como fiz acima, mas que deve evoluir maravilhosamente por mais três ou quatro anos antes de atingir seu apogeu. Agora fiquei curioso por provar o Touriga Nacional deles do qual terei que fazer uma encomenda a algum amigo que esteja por viajar a terras Lusas! Alguma boa alma se candidata?! (rs)

Salute, felizes festas e kanimambo.

Então é Natal, o que Você Fez?

           “Então é Natal e o que você fez? Mais um ano se passou e outro está por começar”, assim dizia John Lennon em sua “And so this is Xmas” com toda a sua riqueza lírica. E daí, o que você vai fazer nestes dias que não fez o ano inteiro? Porque é que na maioria das vezes, passamos o ano de forma egoísta olhando somente nossos umbigos e nossas necessidades sem estendermos nosso olhar a nossos semelhantes , de alguma forma, menos privilegiados?  Eu andava matutando sobre uma forma de transmitir aos amigos leitores uma mensagem natalina diferenciada quando recebi esta mensagem de uma amiga. Está tudo na mensagem que recebi, que mexeu comigo, e que agora retransmito para você como uma mensagem de reflexão. Clique para ver o video, vai aparecer um link, pode segui-lo sem medo.

já tinha escolhido um e-mail todo bonitinho cheio de efeitos de cor, bem natalino, mas recebi esta mensagem e a escolhi como a minha preferida. É nesta época que todos os nossos melhores sentimentos se sobrepõem as maus, que por muitas vezes nos dominam ao longo do ano. A palavra solidariedade é usada e abusada, muitas vezes só para fachada da alma que não é tão pura assim… Mas, ao vermos este vídeo (Demora a abrir mas por favor percam com ele um minuto) só nos resta pensar que pode haver um mundo melhor se olharmos para todos por igual e expandirmos nossos horizontes. Nunca vi uma interpretação tão maravilhosa como esta do “Imagine”. Se o John Lennon estivesse vivo estaria orgulhoso da beleza da sua canção tão emocionadamente interpretada… Uma lição de vida para nós que  estamos sempre a reclamar de tudo e de todos… Podemos sim realizar tudo, ou quase tudo, se tivermos vontade. Basta querer e acreditar.”

 [youtube=http://www.youtube.com/watch?v=BvF83NOoK38&annotation_id=annotation_803430&feature=iv]

           A mensagem está dada, mas isso só não basta, há que colocá-la em prática. Retransmita a mensagem e adote-a como um mantra, erga seu olhar para um pouco além da esquina de sua quadra e vislumbre um mundo que está por aí. Mais que isso; olhe vendo, ouça escutando, encare, haja, faça algo por alguém além daqueles que o cercam. Quando foi a última vez que você estendeu a mão a alguém sem segundas intenções sejam elas de cunho financeiro ou profissional? Eu sei que estou devendo! Neste Natal, fica aqui meu desejo de; mais amor, mais paz, mais alegria, mais saúde, mais solidariedade e participação, mais compreensão e tolerância, mais sensibilidade, mais ação, mais emoção e, especialmente, MENOS EXCLUSÃO!

        Obrigado Carmito por ter partilhado esta bonita mensagem comigo, sem contar que “Imagine” não é só uma uma canção, é um hino! Realmente é difícil não deixar escorrer uma lágrima de emoção pelo rosto e espero que os amigos leitores do blog gostem tanto como eu.

Salute e kanimambo a vocês que acompanham este blog. Um Feliz Natal a todos.

Namastê.*

Mezzo a Mezzo

          Não, não tem nada a ver com pizza, tem a ver com a postagem deste blog durante os próximos quinze a vinte dias que será meio errática. Tem as festas, as férias e tem, também,  uma série de acontecimentos pessoais no forno então está faltando tempo e meu foco anda meio disperso. Vou, no entanto, tentar dar uma certa sequência ás matérias que venho publicando. Hoje, uma série de dicas dos amigos blogueiros do vinho sobre caldos especiais tomados em 2009:

Álvaro Galvão (Divino Guia)–  Maiores destaques do ano de acordo com o amigo.

Claudio Werneck (Le Vin Au Blog) – eis alguns dos achados deste ano: Iniciemos pelos nacionais, algumas vinícolas que não conhecia que acredito que devemos ficar de olho:

Do Chile, os vinhos da Valle Casablanca, como:

Um francês:

 

O Maior Post de Vinhos do Mundo – Não sei se batemos o recorde, mas a ótima iniciativa do Alexandre teve uma participação bastante boa, mesmo que eu esperasse uma maior presença dos amigos blogueiros do vinho prestigiando esta iniciativa de quem nos abriu este portal chamado Enoblogs.  Neste post de grandes dimensões, quem participou enviando sua contribuição, eu incluso, tratou de falar de seus melhore de 2009 ou algum/s rótulos que se tenham destacado e marcado presença , deixando um rastro na memória. Vale a pena fuçar por lá pois existem uma porção de dicas e  rótulos interessantes a conferir.  http://www.enoblogs.com.br/blog/Default.aspx?BlogID=24

         É só por hoje. Amanhã minha mensagem natalina e depois dois dias de provável “dolce fa niente” aqui no blog já que estarei demasiado ocupado preparando a ceia aqui em casa e focado em outras prioridades.

Salute e kanimambo.

Rioja x Ribera del Duero, um Grande Páreo.

           Como em Portugal em que existem duas grandes e principais regiões produtoras de maior reconhecimento internacional Alentejo e Douro, a Espanha também tem as suas; Ribera Del Duero e Rioja. Ambos os países são extremamente ricos em diversidade de terroir e regiões, mas estas são as principais conhecidas. Pensando bem, cada país produtor do velho mundo tem lá sua rivalidade viníca de maior destaque; na Itália é Piemonte e Toscana, na França Bordeaux e Bourgogne, na Alemanha Mosel e Rhein, etc. A revista Freetime, uma revista que todo o executivo deveria ter em casa ou escritório pois tem uma diversidade editorial muito interessante, recentemente fez uma degustação às cegas de vinhos destas duas principais regiões produtoras e, gentilmente, nos cedeu a matéria. Todas as amostras dos vinhos foram escolhidas e enviadas diretamente pelas importadoras e casas especializadas. Foram convidados cerca de 14 experts para formar a banca degustadora que se utilizaram de fichas de degustação padrão de 50 a 100 pontos, em que o aspecto visual vale 10, o olfativo 30, e o gustativo 60, básicamente a mesma que uso em meus Desafios de Vinhos.   Na média das notas, visando evitar distorções, toma-se o cuidado de eliminar a nota mais alta e a mais baixa de cada vinho analisado.

            Foram um total de 25 vinhos em prova, dos quais 16 de Rioja e 9 de Ribera Del Duero. Como não houve número igual de participantes, tomei a liberdade de pegar somente os primeiros nove colocados de Rioja para efeito comparativo tendo dado Rioja com um total de 805,90 pontos contra os 798,7 alcançada pela Ribera Del Duero. No entanto, os dois primeiros colocados foram de Ribera Del Duero, tendo o incrível Pago de Santa Cruz da Vina Sastre, sido o grande campeão. Aliás, quando somamos todos os pontos por região e apuramos a média, aí a Ribera Del Duero leva uma pequena vantagem ou seja, um páreo duríssimo. O pago de Santa Cruz é um estupendo vinho que tive o privilégio de provar recentemente e um dos meus melhores provados em 2009, então fico feliz com esse resultado. Por sinal, o Prado Rey Elite, também biquei e é outro grande vinho que me chamou a atenção em uma degustação de vinhos de Espanha de que participei. Bem, mas chega de lero, na verdade você está interessado mesmo é em saber como os participantes da prova “perfomaram”, então vamos ao que interessa, eis os vinhos e comentários em ordem de classificação na prova:

PAGO DE SANTA CRUZ – VIÑA SASTRE – RIBERA DEL DUERO – 2003  Rubi profundo com alta concentração e leve halo de evolução. Complexo, frutas vermelhas em compota, ameixas, chocolate, café, lácteo, toffee, especiarias, tostado, lembra um Bordeaux. Carnudo com ótima acidez, taninos muito finos, envolvente, volumoso, persistência longa e retrogosto frutado com toques de alcaçuz. PENÍNSULA – (011) 3822- 3986 – Preço R$ 429,00 – Nota 91,2

 PRADO REY ELITE – RIBERA DEL DUERO – 2005 – Rubi violáceo, alta concentração, sem halo. Complexo, frutas negras, cerejas, floral, violetas, resinoso, tostado bem integrado, toques lácteos. Estruturado, alta acidez, taninos ainda verdes mas muito finos, persistência longa e retrogosto frutado, um vinho ainda jovem que irá evoluir muito. DECANTER – (047) 3326-0111 – Preço R$ 303,00 – Nota 90,4

CONDE SIRUELA RESERVA – RIBERA DEL DUERO – 2001 – Violáceo, alta concentração, sem halo. Nariz instigante, frutas negras, defumado, café, baunilha, chocolate, herbáceo e toques terrosos. Redondo, ótima acidez, taninos finos, encorpado, persistência longa e final de boca frutado, traz características de vinhos do Novo Mundo. D’OLIVINO – (011) 5532-1820 – Preço R$214,00 – Nota 90,2

 SOMSIERRA RESERVA – RIOJA – 2002 – Granada, média concentração e halo de evolução. Muito complexo, frutas vermelhas maduras, ameixas, chá-preto , funghi, ervas aromáticas, menta, ligeiro químico e toques terrosos. Elegante, acidez correta, taninos finos, corpo médio e persistência longa com final de boca frutado lembrando figos secos. CASA DO WHISKY – (011) 5055-5244 – Preço R$ 96,20 – Nota 90,2

 OSBORNE MONTECILLO GRAN RESERVA – RIOJA – 1998 – Granada, média concentração, halo de evolução presente. Balsâmico, ameixa, chá, toques terrosos, sottobosco, animal e tostado agradável lembrando madeira de longo uso. Macio com acidez correta, taninos maduros e finos, bom corpo e persistência, final de boca vivo e fresco com retrogosto frutado.  MIOLO – (0800) 9704165 – Preço R$ 131,00 – Nota 90,1

DON JACOBO GRAN RESERVA – RIOJA – 1995 – Granada, média concentração, leve halo de evolução. Frutas passas lembrando figo e uva, floral, chá, chocolate, caramelo e toques herbáceos. Alta acidez, taninos bem presentes, encorpado, persistência longa, com final de boca muito elegante. Retrogosto balsâmico. Vinho evoluído que não perdeu o vigor. SEM IMPORTADORA – BODEGAS CORRAL www.donjacobo.es . Preço R$? – Nota 90,1

 AMAREN LUIZ CAÑAS – RIOJA – 2002 – Rubi violáceo, média concentração, sem halo. Frutas lembrando cereja, floral, violetas, tostado elegante, café, especiarias, anis, toques balsâmicos.  Excelente exemplo de vinho equilibrado, acidez correta, taninos finos, bom corpo e persistência, retrogosto frutado e final de boca muito agradável. DECANTER – (047) 3326-0111 – Preço R$ 284,00 – Nota 90,0

FUENTESPINA RESERVA – RIBERA DEL DUERO – 2001 – Rubi, boa concentração e halo de evolução. Complexo, Frutas negras em compota, chá-preto , tabaco, animal, carne, terroso, chocolate,  borracha, ligeiro mentolado e tostado agradável.  Alta acidez, taninos marcados, corpo amplo e persistência longa, retrogosto frutado. EXPAND GROUP – (011) 3847-4700 – Preço R$275,00 – Nota 90,0

MARQUÉS DE RISCAL GRAN RESERVA – RIOJA – 2000 – Rubi com toques de evolução, boa concentração. Predominância de aromas terciários, tostado, animal, couro, especiarias, sottobosco, frutas vermelhas maduras, floral, violetas. Redondo, acidez correta, taninos finos, encorpado e persistência longa, retrogosto frutado. INTERFOOD CLASSIC – (011) 2602-7255 – Preço R$ 243,30 – Nota 89,8

ONTAÑON RESERVA – RIOJA – 2001 – Violáceo,  média concentração, sem halo. Frutas passas, ameixas, especiarias, couro, tabaco, herbáceo e toques florais. Ótima acidez, taninos presentes, bom corpo e persistência, retrogosto frutas passas. D’OLIVINO – (011) 5532-1820 – Preço R$ 141,00 – Nota 89,7

 VINA ARDANZA RESERVA – RIOJA – 2006 – Rubi com baixa concentração, leve halo. Frutas maduras, ameixa, madeira bem presente, baunilha, sottobosco e toques terrosos. Elegante, com ótima acidez, taninos finos, corpo médio, persistência longa. GRAND CRU – (011) 3062-6388 – Preço R$ 198,00 – Nota 89,6

 PROTOS RESERVA – RIBERA DEL DUERO – 2003 – Rubi,  boa concentração, sem halo. Frutas vermelhas maduras, floral, violetas, tostado, baunilha, chocolate, pimenta-do-reino. Alta acidez, taninos finos, bom corpo e persistência, retrogosto frutado. PENINSULA – ( 011)  3822-3986 – Preço R$ 261,00 – Nota 89,1

 RODA RESERVA – RIOJA – 2004 – Rubi,  média concentração, sem halo. Predominância de aromas terciários, tabaco, tostado, especiarias, pimenta, frutas negras e toque lácteo. Ótima acidez, taninos firmes e doces, bom corpo e persistência, retrogosto frutado.  EXPAND GROUP – (011) 3847-4700 – Preço R$ 198,00 – Nota 88,8

 BÁRBARO RESERVA – RIOJA – 2005 – Violáceo, boa concentração, leve halo de evolução. Aromas de frutas vermelhas maduras, floral, anis, tostado agradável, toque químico. Acidez alta, seco, taninos ainda verdes, corpo e persistência longa, vinho jovem de muita potência. SEM IMPORTADORA – BODEGAS FRANCO ESPAÑOLAS www.francoespanolas.com – Preço R$? – Nota 87,6

TORRES CELESTE CRIANZA – RIBERA DEL DUERO – 2005 – Rubi escuro, boa concentração, sem halo. Aroma terroso, funghi, bala de cevada, frutas negras, tostado agradável, pimenta-branca, toque herbáceo. Boa acidez, estruturado, taninos ainda jovens, bom corpo e persistência, final de boca muito agradável. RELOCO – (021) 2215-8055 – Preço R$ 160,00 – Nota 87,5

 TAMARAL CRIANZA – RIBERA DEL DUERO – 2003 – Granada, média concentração, leve halo. Complexo, chá-preto , frutas vermelhas evoluídas, ameixa, funghi, terroso, chocolate, caramelo e toque resinoso. Alta acidez, taninos presentes, bom corpo e persistência, retrogosto lembrando ameixas. CASA DO WHISKY (Barrinhas)-  (011) 5055-5244 – Preço R$ 107,00 – Nota 87,4

 OSBORNE MONTECILLO RESERVA – RIOJA – 2005 – Rubi brilhante, média concentração, halo de evolução. Aromas terciários, chá-preto, tostado, chocolate, especiarias, frutas secas, herbáceo, toque químico. Acidez correta, taninos presentes, corpo médio e persistência longa. MIOLO – (0800) 9704165 – Preço R$ 71,00 – Nota 87,1

 ATALAYAS DE GOLBAN CRIANZA – RIBERA DEL DUERO –  2005 – Rubi, alta concentração, sem halo. Floral, violetas, frutas vermelhas, tostado, chocolate, menta, terroso com ligeiro toque químico. Acidez correta, taninos presentes, corpo médio e persistência longa, retrogosto de after eight (menta e chocolate). MISTRAL – (011) 3372-3400 – Preço R$ 130,00 – Nota 86,8

 ORBEN CRIANZA – RIOJA – 2005 – Rubi, alta concentração, sem halo. Frutas vermelhas maduras, especiarias, canela, herbáceo, erva-doce, tostado. Alta acidez, taninos ainda verdes, corpo médio e persistência longa, retrogosto lembrando erva-doce. Bom potencial de envelhecimento. PENINSULA – ( 011)  3822-3986 – Preço R$ 198,00 – Nota 86,7

 CANTIGA DE DANIEL PURAS CRIANZA – RIOJA – 2004 – Granada, média concentração, leve halo. Nariz austero, sottobosco, tostado marcado,frutas negras maduras,químico, toque de ervas aromáticas. Acidez correta, quente, taninos finos, corpo e persistência longa, final ligeiramente adocicado. TERROIR – ( 011)  3168-2200 – Preço R$ 105,00 – Nota 86,1

 RACAMONTE CRIANZA – RIBERA DEL DUERO – 2004 – Violáceo, média concentração, sem halo. Floral, violetas, alcoólico, pimenta-do-reino, frutas negras, ameixas, toque herbáceo. Acidez correta, taninos verdes, encorpado, persistência longa. Ainda muito alcoólico. SEM IMPORTADORA www.grupoyllera.com – Preço R$ ? – Nota 86,1

VIÑA CERRADILLA CRIANZA – RIOJA – 2004 – Rubi, média concentração, sem halo. Floral, lavanda, sottobosco, frutas em compota, especiarias, chocolate, leve mentolado. Alta acidez, taninos ainda verdes, corpo médio e persistência longa. SEM IMPORTADORA www.vallemayor.com – Preço R$? – Nota 86,1

 MILETO CRIANZA – RIOJA – 2005 – Granada, média  concentração, leve halo. Frutas maduras, cereja, chocolate, químico e toques florais, madeira de longo uso. Boa acidez, taninos presentes, bom corpo e persistência, retrogosto lembrando cereja. SEM IMPORTADORA www.bodegasalvar.com – Preço R$? – Nota 85,9

 ALLENDE CRIANZA – RIOJA – 2004 – Rubi, boa concentração, sem halo. Frutas vermelhas maduras, químico, pimenta-do-reino, tostado bem integrado, chocolate. Alta acidez, taninos finos, corpo médio e persistência longa, ligeiro amargor. PENÍNSULA – (011) 3822-3986 – Preço R$ 159,00 – Nota 85,4

DON FAUSTINO VII JOVEN – RIOJA – 2007 – Granada, média concentração, leve halo. Frutas vermelhas maduras, tostado intenso, caramelo, toque químico. Acidez correta, taninos presentes, corpo médio e persistência média. Rústico. CAVA DE VINHOS – (011) 3467-9917 – Preço R$ 60,00 – Nota 84,9

 Os campeões em suas classes:

 Gran Reserva

Pago de Santa Cruz – Ribera Del Duero – Nota 91,2 – Península – Preço R$ 429,00

Reserva

  • Somsierra – Rioja  – Nota  90,2 – Barrinhas /Casa do Whisky – Preço R$ 96,20
  • Conde de Siruela – Ribera Del Duero – Nota 90,2 – D’Olivino – Preço R$ 214,00

Crianza

Torres Celeste – Ribera del Duero – Nota 87,5 – Reloco – Preço R$ 160,00

          Interessante o resultado de dois vinhos que, a meu ver e mesmo não tendo estado presente nessa degustação, me chamaram a atenção pois mostraram possuir uma tremenda relação custo x beneficio que foram o Somsierra (na minha regra de desempate, menor preço, seria terceiro na classificação geral) e o Osborne Montecillo Reserva, dois rótulos que entram na minha lista de vinhos a conferir e os seus? Quais são os rótulos que lhe aguçaram a curiosidade? Podendo, não hesite em tomar o Pago de Santa Cruz, um dos grandes vinhos de Espanha.

Salute e kanimambo

Reflexões do Fundo do Copo – A terceira onda da importação do vinho, 2010!

breno3Não me peça dados precisos para o que vou dizer, pois espertamente criei este espaço para especulações, coisa que não precisa ser defendida com dados muito precisos. São reflexões feitas desde o fundo do copo, da taça, da garrafa, da adega. Mas adianto que tudo que direi me parece tão verdadeiro, tão historicamente confiável que me atrevo a dividir com vocês.

          Vieram os vinhos com as imigrações. Vieram, portanto, para atender uma demanda que passaria de pai para filho, de mãe para filha, de tio para caiçara, porque sempre, nas colônias que se formaram, desde os primórdios, teve alguém que se engraçou com uma nativa, uma escrava liberta, uma vizinha de alguma colônia das redondezas. Porque os portugueses, nossa primeira colônia, diz a lenda só veio porque pode trazer sua Pêra Manca e Vinho do Porto nos baús, seguidos, nos séculos posteriores, pelos vinhos verdes tintos e brancos, pelos Dão e Garrafeiras que freqüentaram as empoeiradas e ensolaradas prateleiras das padarias. Porque os italianos só se dispuseram a vir para cá se viesse com eles um belo estoque de Chianti de cestinha, de Valpolicella, de Corvo di Salaparuta, de Marsala. Vieram os espanhóis com as suas amostras riojianas e penedes, com seus xerez e brandis, sempre muito bem avaliados.

           Em São Paulo do Pós-Guerra, alguns restaurantes faziam as vezes de importadores diretos, mas quase sempre quem se ocupava deste negócio, eram as empresas que viviam da importação de alimentos em geral. Era vinho de gueto, de pouca variedade e quase sempre de pouca qualidade. E dificilmente um vinho saia de um gueto e ia satisfazer o outro, a não ser quando descobriam similaridade. Portugueses bebiam os da terrinha, italianos os oriundi e os espanhóis, igual. É preciso dizer que esta coisa do vinho do gueto era superado pelos vinhos franceses, champanhas, Bordeaux e Borgonhas, que transitavam por igual entre as mesas mais abastadas, desta ou daquela colônia. Eram ursos em meio a ovelhas, para usar a imagem do Anjo Exterminador do Buñuel. Estes estavam acima do bem e do mal, se bem que para os do gueto, eram sempre comparados aos grandes de cada colônia, que orgulhosa defendia seus Barolo, Veja Sicilia e Barca Velha.

          Compunham a carga, vinho junto com o queijo parmesão, com o azeite, entre as peças de bacalhau, de embutidos, dividindo espaço com os enlatados. Não havia especialidade na importação do vinho, que nos digam as Casa Prata, Chiapetta, Rei do Bacalhau, La Pastina, Gomes Carreira, Gomes Sá, Casa Ricardo, Aurora, Casa Flora e outras tantas que atendiam diretamente a demanda. Os volumes eram muito pequenos, comparado com a circulação de hoje. Para se ter uma idéia, a grande Yllera ( http://www.grupoyllera.com ), que produz mais de um milhão de garrafas por alguns de seus 30 rótulos, estava entre nós, importada diretamente pelo restaurante Don Curro, que traz apenas o suficiente para atender a demanda de seus clientes. Anos depois, restaurantes como o Massimo e o Supra, passaram seus anos de glória importando poucos vinhos de nicho, vinhos muito especiais. Mas isso já é história do segundo capítulo, não do primeiro, este que acabamos de acabar.

           Veio então o boom do vinho chique, aquele que trocou a quantidade pela qualidade e mudou o panorama do vinho no mundo. Anos 80? Anos das degustações frenéticas nos EUA, na Inglaterra, no Japão e na Alemanha. Anos que transformaram o vinho em produto de leilão. Pois até lá, o vinho mais caro tinha sido um Bordeaux, vendido a US$500,00. Depois de lá, o preço dos vinhos foram à estratosfera e todo mundo ganhou bastante com isso… Menos o coitado do consumidor. As importadoras brasileiras pularam para patamares de lucratividade muitas vezes maiores, afastando-se dos enlatados, dos secos e dos molhados. Ao mesmo tempo – mostrando que a era do consumo dos guetos tinha sido superada com o fim dos próprios guetos de colônias que mais e mais se confundiam na sociedade urbana que se formava, com a presença importante de outras vertentes culturais, como os árabes, judeus, japoneses e tantos outros cuja origem não se confundia com a produção vinícola – o brasileiro que nasceu depois dos anos 50, chegava à sua idade adulta pronto para trocar a Coca-Cola pelo atraente vinho de garrafa azul, vindo diretamente da Alemanha para a taça de quem queria um vinho descolorido e açucarado.

          De um lado o luxo, do outro a popularização do vinho (o lixo?), este produto que insiste em se chamar vinho, não importa se custa na gôndola 1 ou 1000. Foram os anos de ouro da Mistral, Expand, WorlWine, Carrefour, Pão de Açúcar. Foram os anos dos vinhos de nicho, onde os casos citados do Massimo e muito anos depois do Supra se acomodam, mas também os da Decanter, da Peninsula, da Adega Alentejana, da Hannover. São os anos da passagem das simples cantinas italianas para os restaurantes de grande serviço, com muita coisa tercerizada. Anos que elevaram à condição de profissão especializada, o servidor do vinho na taça do cliente, profissão cujo nome bizarro – sommelier (que quer dizer em francês literalmente o despenseiro, o homem que sabe o que tem na casa, o responsável pelas compras da despensa) – é vestido de estranha nobreza, que pretende justificar, em parte, os custos astronômicos dos vinhos em carta nos restaurantes. Do lado do luxo, uma quantidade absurda de vinhos que custam ao consumidor mais de R$200,00. Do lado da popularização, 15 mil rótulos vindos, na grande maioria, dos vizinhos protegidos pelas leis do Mercosul, a um preço de gôndola a partir de R$8, preço até então exclusivo aos vinhos simples de garrafão.

            Chegamos então aos dias atuais, onde a Queda Tendencial da Taxa de Lucro se faz ver com clareza. Com tanto vinho era impossível manter aquele Império sem fronteiras. Por isso a fratura exposta de tantos bem sucedidos, empresas de grande porte como a Expand, que chegou a ter em seus catálogos 4 mil rótulos de importação exclusiva. Por isso a reformulação de empresas do Top da importação, como a Mistral que, para manter a pose de fornecedora de produtos vendidos apenas nas lojas especializadas, abriu uma Vinci, que nada mais é – além dos argumentos de aparência – uma empresa que tem uma porta aberta para o canal Supermercados. Diga-se de passagem, os supermercados não ficaram a ver a banda passar. Notaram a importância do mercado que se abria e se aparelharam tecnicamente para vender vinho. Com isso, é possível ter o vinho de qualidade nos grandes canais de circulação, coisa que era inviável até poucos anos atrás.

Abre-se um novo momento. Acho que nós consumidores vamos ganhar com isso.

Mais um texto do amigo e colaborador, agora com participação quinzenal aos sábados, Breno Raigorodsky; 59, filósofo, publicitário, cronista, gourmet, juiz de vinho internacional e sommelier pela FISAR. Para acessar seus textos anteriores, clique em Crônicas do Breno, aqui do lado.

Dica da Semana – um Oásis em Sampa

          Toda a Sexta eu falo das Dicas da Semana, porém hoje falarei sobre A dica da semana nesta São Paulo muito especial. Uma zorra de cidade; poluição, engarrafamentos mil  a qualquer hora e dia, ritmo frenético, buzinas, 5 milhões de carros, 2 milhões de motos, 11 milhõs de habitantes mais dois ou três milhões tomados emprestados de cidades vizinhas, alagamentos, stress e ……de repente, do nada, despontam lugares dignos de um retiro espiritual! É assim com alguns bons restaurantes e é assim com este retiro australiano que nos faz viajar longe, para um mar de tranqüilidade onde podemos relaxar e recuperar energias.

          É o Wine Society Wine Gardens, algo verdadeiramente único e pioneiro na cidade de São Paulo, inaugurado recentemente. Misto de loja e enoteca, é muito mais que isso, é um novo conceito desenvolvido com uma felicidade arquitetônica única originada por uma pitada de sorte que, normalmente, acompanha os bem sucedidos. Como explicar que ao buscar um local para instalação de sua enoteca, aparecesse a oportunidade de um imóvel em que seu proprietário, português da gema, tivesse plantado um parreiral há mais de 40 anos no meio de Moema?!

          Foi ali, embaixo das parreiras, que tive a agradável oportunidade de me divertir com os Wine Flights servidos. Sim, é esse o novo conceito que está sendo trazido para o Brazil e já mais conhecido nos Estados Unidos e Austrália. Três vinhos devidamente acompanhados com pequenas porções de comida com os quais você vai “brincando” de harmonizar enquanto descobre novos sabores e sensações, usando as descrições e dados sobre o vinho que acompanham o Flight. Os pratos são elaborados ali mesmo e, pasmen, numa cozinha sem freezer!! É gente, a comida é elaborada com produtos frescos, algo digno de ser louvado e até a maionese e mostarda são feitas na casa. 

         Mas tem mais, caso você não se entusiasme pelos Wine Flights, existe um Buffet ao almoço (R$29,90) e um menu a la carte à noite com todos os vinhos da casa à disposição (180 rótulos) com dezoito deles disponíveis á taça. Que tal pedir uma Reef Salad ou Sydney Spuds como entrada e como prato principal um Cronulla Rack? Complicou né? É que os pratos também têm seus nomes originados “Down Under” (Austrália) então só conferindo o menu para ver a tradução. Ah, ia-me esquecendo, os Wine Flights também estão disponíveis na versão só vinhos o que é legal se você for no almoço e se servir do Buffet. Eu peguei dois Wine Flights, sendo um de Brancos e um de Shiraz com vinhos muito bons em que, para meu gosto, se destacaram o Banrock Station  Semillon / Chardonnay e o delicioso E-minor Shiraz que já tinha tido oportunidade de provar uma outra vez.

         Nem almoço nem jantar? Você quer mesmo é se reunir com os amigos para um happy hour acompanhado de diversos tapas, também tem. Aliás, se você estiver com um grupo, existem diversos espaços no Wine Garden especiais para juntar os amigos, sendo os mais charmosos; o lounge e a biblioteca, ambientes muito bonitos, aconchegantes e exclusivos na parte de trás do jardim onde um dia existiu uma edícula. Os Wine Flights disponíveis serão periodicamente trocados para que haja sempre alguma novidade e, caso haja interesse, pode-se solicitar um Personal Wine Flight (por encomenda e com bastante antecedência) e o pessoal tentará acomodar seus desejos.

        Eu estive lá a convite deles e posso lhe garantir que fui seduzido pelo conceito e lugar, tanto que já estou armando ir lá com um grupo de amigos nesta próxima semana num almoço pré-natalino. A loja fica na frente e em seu interior um gostoso bar envolve uma ilha central onde fica a cozinha totalmente envidraçada em que o Chef Rodrigo Santos apronta suas artes culinárias. A Austrália está por toda parte; nos vinhos, nas cervejas, na culinária, na decoração e em cada detalhe da charmosa decoração. Quanto à Wine Society, já fiz uma matéria com eles em Março e uma degustação bastante interessante na Expovins deste ano, mas, resumindo, trata-se de mais um projeto do Ken Marshall (KMM – importadora centrada em rótulos premium australianos), em conjunto com um grupo de empresários que pretendem democratizar o acesso aos vinhos e coisas da Austrália a preços mais acessíveis porém sem perder qualidade. Na sequência virão vinhos chilenos, argentinos, sul africanos, americanos, etc., tudo no seu devido tempo.

       Quer um lugar e atmosfera realmente diferentes, então esta é a minha dica da semana inclusive para aquela comemoração especial de natal ou de final de ano com a turma. Fui, gostei, aprovei e recomendo. Os preços variam de cerca de R$22  para um Flight só de vinhos brancos a cerca de R$60 o Flight harmonizado de Shiraz. O Wine Garden fica na Av. Lavandisca 519, Moema, Tel. (11) 2768-0648.

Salute, kanimambo e espero que goste tanto do lugar quanto eu. O primeiro Desafio de Vinhos de 2010 já está acertado, será aqui. Uma bela forma de começar um ano que promete. Ace place mate!

Ps. Clique nas fotos para ampliar.