Tour Mistral II – A Ressaca!

Tour Mistral I 001Brincadeira, se tem uma coisa que vinho não me dá é ressaca como a que costumeiramente conhecemos, até porque abasteço o tanque com bastante água. Esta ressaca é cansaço mesmo, muita coisa, muitos vinhos e o mundo não pára aqui fora, então …! Este segundo dia foi um pouco mais light, porém com maiores distrações que acabaram fazendo com que eu cometesse duas falhas; a primeira de não ter fotografado nem revisitado os vinhos da Graham´s, de novo, e a segunda de não ter feito a visita aos vinhos da Vallontano. Uma pena, mas ontem o salão estava especialmente cheio. Uma coisa legal; a primeira foto na mídia do novo espumante Vallontano Rosé, de que tanto gostei, saiu aonde, aonde? Aqui, eheheh.

           Bem, mas falemos do segundo dia e dos vinhos provados . Para começar fui visitar os estandes mais concorridos, já que cheguei cedo, da Anima Negra, Luis Pato (sim, novamente e não percam o espumante de Touriga Nacional) e Catena Zapata. Depois passei para provar os vinhos da linha mais “básica” do Castello Del Terricio, Badia a Coltibuono com seus chiantis mais acessíveis, Domaine D’Aussiéres, Quinta do Côtto, Viña Montes e uma breve passada por Penfolds, Viña Carmen e só. O resto foi muito papo com os amigos, leitores e colegas. Dois dias muito intensos e tenho que parabenizar o Ciro Lila por mais este evento e congratular a Sofia Carvalhosa pela esmerada organização.  

                Antes que fale sobre os vinhos, um comentário especifico sobre os vinhos Chilenos. Assustei-me com os teores alcoólico dos vinhos provados. Vinhos brancos com 13.5 a 14%, tintos de 14% para cima, complicado e um pouco na contramão do que o mercado começa a exigir mundialmente. Entendo as dificuldades climáticas, mas existem produtores que estão produzindo belos vinhos com teores mais civilizados. Por outro lado, quando falamos de vinhos de grande estrutura, vinhos de guarda com bastante corpo, o equilíbrio acaba sendo maior e sente-se menos a forte presença do álcool, mas nos brancos e nos vinhos de menor estrutura para consumo mais imediato, acho algo difícil de digerir. Enfim, o que fazer não sei, mas que algo precisa mudar, lá isso precisa. Pelo menos esta é minha opinião e tenho visto que o mercado caminha fortemente nessa direção.

  • Tour Mistral II 013Penfolds, um dos principais produtores australianos, que elabora o ícone Penfolds Granje, e a sempre simpática presença de Carlos Rodriguez, seu diretor comercial . Fazem parte do grupo empresarial, também a Wynns e a Coldstream Hills . Passei quase no final, e poucos rótulos provei, mas gostei do Coldstream Hills Pinot 2006 que necessita de um pouco mais de tempo em garrafa, do Wynns Coonawarra Shiraz 2006, Rawson´s Retreat Semillon/Chardonnay 2008 e o incrível BIN 389 Cabernet/Shiraz que acho um baita vinho. Muito rico, equilibrado e vibrante na boca, é um vinho que sedus e encanta com sua exuberância e elegância. Um dos meus favoritos!
  • Anima Negra, o produtor de Mallorca que se tornou algo “Cult” em nossa vinosfera tupiniquim, produzindo bons vinhos elaborados com uvas autóctones da ilha. Iniciamos pelo interessante branco Quibia, produzido com Premsal e Callet resultando num vinho muito aromático, balanceado e fresco com boa acidez e um final algo salgado. AN2 de 2005, o primeiro tinto, elaborado com 65% Callet, 20% Mantonegre-Fogoneu, 15% Syrah, é muito agradável, saboroso, equilibrado e sedoso, mas o que mais gostei foi do AN 2005, seu vinho principal elaborado quase que só com Callet, que apresenta maior complexidade  e volume, terminando com uma mineralidade cativante. Ainda possui mais um rótulo top, que vi que chegou quase ao final, o Son Negre que só se produz em safras muito especiais, mas que não tive oportunidade de provar. Cá entre nós, achei bons, mas pelo marketing e expectativa criada, esperava mais. Aqui vai uma sugestão aos amigos do Rio, de BH, Brasilia e Curitiba, provem estes vinhos e depois coloquem aqui suas impressões.
  • Catena Zapata, difícil falar desse que é o principal produtor argentino com bons vinhos, dos básicos aos Tour Mistral II 002grandes néctares, que primam pela elegância. Revi o bom Angelica Zapata Chardonnay 2004 que acho que começa a cansar, preferiria uma safra mais nova e fresca, e esqueci de provar o Catena Chardonnay 2007! Dos tintos; o bom Catena Malbec 2006 sedoso e de taninos doces, o DV Catena Cabernet / Malbec 2005, um vinho muito equilibrado, macio e sedutor; o muito bom Catena Alta Cabernet Sauvignon 2005, mas rever o Estiba Reservada 2004 (100% Cabernet Sauvignon de três vinhedos de altitudes diferentes) é sempre uma festa para o palato e um sopro revigorante para a alma. Para mim, um dos Tour Mistral II 003melhores vinhos argentinos mostrando que lá, também se podem produzir grandes vinhos de muita elegância e refinamento sem exageros de álcool, neste caso 14%.  Produzem umas 800 a 1000 cxs (12) por ano que ficam básicamente na Argentina e por aqui. Outro privilégio, provar o Catena Zapata Adrianna Vineyard Malbec (100%) dos quais se produzem meras 300 cxs anuais, quando a safra assim o permite, um outro baita vinho. Para finalizar, Catena Semillon Doux 2006, uma verdadeira maravilha elaborado no estilo de sauterne com uvas botritizadas que, ainda por cima, está com um preço muito bom!
  • Castel Del Terricio, onde tinha ficado de retornar para conhecer seus vinhos mais “básicos”. Gostei muito do Tassinais 2004,  corte Cabernet Sauvignon com Merlot, muito redondo, cremoso com ótima textura, saborosissímo com um final longo e aveludado, o melhor custo x beneficio deste produtor.
  • Tour Mistral II 012Badia a Caltibuono, produtor tradicional de vinhos de Chianti que começa por um rótulo de entrada muito saboroso, corte de Sangiovese com Syrah, o Cancelli 2006. O Chianti Cetamurra 2006 corte de Sangiovese e Canaiolo, é um vinho bem típico e gostoso,; Chianto Classico Riserva 2005 um vinho ainda duro, fechado (2 anos de madeira), mas de grande potencial; Sangioveto 2004 um baita vinho de grande estrutura, e o vinho que mais me agradou, mostrando todas as benesses da safra , o Chianti Classico 2006 muito sedoso, rico e sedutor.
  • Domaine d’Aussiere, da região de Corbiére, Languedoc. O A d’Aussiére, que hoje se chama Blason d’Aussiére 2005, sempre foi um dos meus vinhos preferidos da região em especial por sua boa relação custo x beneficio, um vinho muito saboroso e fácil de agradar. O topo de gama é o Chateau d’Aussiéres 2005 que é um vinho refinado, cremoso, taninos sedosos, redondo e absolutamente cativante, de muita elegância e um final algo mineral. Este é para provar e comprar!
  • Tour Mistral II 007Quinta do Côtto, onde conheci seu simpático diretor, Vasco Coutinho. O branco Paço de Teixeiró, elaborado com as uvas Loureiro e Avesso, é muito saboroso, fresco e balanceado e dos tintos; o Quinta do Côtto 2005, corte de Touriga Nacional, Tinta Roriz e Touriga Franca, é muito harmônico, rico e macio, com taninos finos já equacionados e o estupendo Quinta do Côtto Grande Escolha 2001, corte de Touriga Nacional e Tinta Roriz, um vinho de grande categoria e fino com civilizados 13% de teor alcoólico. Complexo, sedoso, um Tour Mistral II 006vinho para apreciar com calma e sem moderação depois de decantado por uma ou duas horas para melhor aproveitar toda a sua exuberância. Só produzido em anos excepcionais, o próximo será o de 2007. Estupendo vinho que já entrou na minha, enorme, wish list!
  • Viña Montes, vinícola de renome que dispensa apresentaçãoes em nosso mercado produzindo alguns vinhos dos quais sou fã, como o Montes Alpha Syrah e o selección Limitada Cabernet/Carmenére . Me assustei com os teores de álcool bastante altos, especialmente em sua gama de vinhos de entrada o que dificulta na boca, em especial nos brancos. Gostei bastante do Rosé Cherub 2008 elaborado com 100% de Syrah, aromas sedutores que encanta na boca com enorme frescor, Montes Alpha Pinot 2007 do Vale de Leyda, equilibrado, boa fruta e de boa tipicidade, mas foram os grandes Purple Angel e Montes M que acabaram por me seduzir e, devido ao corpo dos dois, encaixam melhor o alto teor alcoólico que aqui não se sente. Vinhos muito saborosos, encorpados, mas sem perder o refinamento num final de boca muito elegante e complexo. Dois baita vinhos.
  • Luis Pato, já comentei ontem porém revisitei para provar o novo espumante de Touriga Nacional, que está muito bom, e aproveitei dei um tapa no Vinhas Velhas e no Vinha Barrosa. Bão demais da conta sô! Com as fotos dos vinhos deste grande mestre e personagem raro, eu dou como finalizados meus comentários sobre este magnifico evento. Espero que estes posts possam lhe ser úteis, especialmente ao amigo das outras cidades por onde o TOUR , um verdadeiro playground etinerante para os amantes do vinho, passará. Eu me diverti á bessa, mas como sempre, ficou gente de fora que eu adoraria ter visitado. Enfim, nunca dá para tudo, salute e kanimambo!

Tour Mistral II 010