Direto do Front – 1º Dia de Expovinis.

caravela1Bem que tentei me ater ao plano de navegação pré estabelecido, mas os ventos bateram forte e tive que recolher velas durante determinados momentos o que não permitiu que pudesse ver tudo o queria ontem.  Talvez o melhor fosse viajar incógnito, mas não dá né? E o papo, como fica?! Comecemos pelo primeiro fato, a feira está muito rica repleta de coisas novas para garimpo e os portos seguros como Zahil, Decanter (talvez o estande mais movimentado da feira), D’Olivino, KMM, Vinea, Interfood repletos de novidade que que quer dizer que terei um dia ainda mais cheio hoje.

Ontem me ative aos vinhos brancos e espumantes, porém não vi metade do que gostaria. Hoje começarei por aí,  em especial pelos amigos da Marco Luigi que estão com o novo Moscatel 08 já engarrafado e apresentam outras novidades como chardonnay não barricado. Falemos um pouco dos destaques que me entusiasmaram neste primeiro dia de Expovinis.

O bonito estande da Vinhos do Brasil, logo à entrada é parada obrigatória com cerca de 20 diferentes produtores entre eles a Marco Luigi que já comentei, a Caves Amadeu/Geisse, Marson, Cordelier, Lídio Carraro (também com estande próprio), Cordilheira, Gheller, entre outros. Nesta Terça tive oportunidade de provar o novo Gewurtzraminer da Cordilheira de Sant’Ana , safra 2008 que nos mostra a evolução do vinhedo nesta segunda safra e a primeira depois da de 2004. Não perca a oportunidade de conhecer este vinho que se apresenta mais estruturado e muito equilibrado. Muito bons, também, os espumantes da Cave Geisse e Amadeu, em especial o Brut Nature de perlage abundante e fina.

Passando pelo estande da Miolo, onde o Miguel de Almeida, simpático enólogo português do projeto do Seival, me apresentou aos Fortaleza do Seival Pinot Grigio 09 e Viognier 2008, ambos sem madeira para manter o frescor da fruta. O Viognier possui mais corpo, bom volume de boca apresentando aromas típicos da cepa com um floral bastante interessante. Já o Pinot Grigio me encantou mais, bem balanceado, sutil, saboroso e muito fresco. Dois brancos interessantes e de bom preço (por volta de R$20 a 24) e hoje volto lá para checar o Pinot Noir que o Miguel tanto me recomendou. De acordo com ele o melhor custo x beneficio de Pinot Noirs no mundo! Tenho uma aposta nisso e vou conferir hoje, rsrs.

Na Salton dei uma passada bem rápida, retorno hoje também, para conhecer um de seus últimos lançamentos, o Lunae branco e rosé. Na verdade, vinhos frisantes e baratos que buscam conquistar espaço ao Lambrusco no mercado Brasileiro. Corte de moscato/semillon e riesling, demi-sec, o branco é um verdadeiro vinho de beira de piscina bem balanceado, muito fresco, bom para tomar bem gelado no verão, para levar no cooler em piqueniques ou até para a praia já que possui tampa de rosca, mas um pouco doce para o meu gosto. O rosé, que afora essas uvas leva também um pouco de cabernet sauvignon, apresentou-se mais equilibrado com menor residual de açúcar e mais saboroso permitindo acompanhar alguns pratos leves, sanduíches e coisas do gênero, interessantes opções.  Muito bom o novo Chardonnay VIRTUDE 08, vinho premium elaborado 100% com uvas da Campanha Gaúcha que passa seis meses em barrica (metade americana e metade francesa) muito equilibrado em seus 13.9% de teor alcoólico por uma acidez muito boa. Cremoso, untuoso, madeira sutil e final de boca aparecendo baunilha e manteiga. Bom vinho que deve chegar ao mercado logo, logo com preço um pouco abaixo dos R$60,00, talvez uns 55.

Vinea, os sempre saborosos, frescos e encantadores espumantes da Piera Martellozo; o prosecco Incontri que me encanta, e ontem descobri o Muller Thurgau extra-dry, um espumante de muitos atributos que vale a pena conferir. Estando na Vinea não poderia deixar de trocar dois dedos de prosa com Luisa Amorim da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo uma vinícola de primeiríssimo nível da região do Douro em Portugal sobre a qual já publiquei matéria. Seu 3 Pomares branco, recém chegado ao mercado, um corte das uvas autóctones viosinho/gouveio e rabigato, é o irmão mais novo e do grande Grainha branco um vinho de excepcionais qualidades e uma das minhas paixões. Este é muito fresco, vibrante, franco que chega e diz logo o que é. Fácil de tomar e de gostar é um tiro certeiro para acompanhar pratos de fruto mar grelhados.

Na MMV entrei para conhecer os vinhos da Cinco Sentidos, da região de Mendoza, Argentina. A bodega chama-se Algarve, em função de seus fundadores, avós dos presentes donos, serem portugueses! Sinergia estabelecida, provei um gostoso Late Harvest 2007 de torrontés com chardonnay que poderia ter um algo mais de acidez para um melhor equilíbrio, mas que se mostrou bem agradável, assim como um Chardonnay 2006, de boa textura, com corpo e bem agradável passando só 30% em madeira. O Torrontés 2008 lamento não o ter conhecido antes já que poderia ter participado do Desafio Torrontés e teria se dado bem. Boa tipicidade, álcool um pouco alto, mas bem equilibrado e saboroso de se tomar que por cerca de R$35,00 no mercado, é certamente uma boa opção para se conhecer vinhos com esta cepa.

Na Domno, afora os já tradicionais espumantes de produção própria em Garibaldi, Moscatel e Brut, agora chega o Rosé e o Extra-brut. Ambos os vinhos bem gostosos e de boa perlage, mas talvez um pouco exagerados no peço com níveis ao redor de R$45,00. O mesmo padrão de estratégia comercial se vê nos vinhos argentinos da Vistalba, de importação exclusiva, que também estão à prova no estande. Já os conheço e não os revisitei desta feita, mas tendo a oportunidade não perca o Tomero Reserva Petit Verdot e os Vistalba Corte B e Corte A.

VCT Brasil (Vina Concha y Toro) – lança sua nova linha de vinhos premiums – Serie Riberas Gran Reserva – elaborados com uvas de vinhedos ribeirinhos, que se posicionará um pouco abaixo do Marques de Casa Concha ficando ao redor de R$60 a 65,00. No Chile, cada vale tem seu rio e estes vinhedos estão plantados às margens destes rios o que gera um terroir diferenciado. A apresentação digna da empresa, uma das melhores no quesito marketing, e os vinhos, como de praxe, sempre muito bem feitos. Foi lançada uma linha de varietais bastante ampla composta de; Sauvignon Blanc, Chardonnay, Carmenére, Syrah e Cabernet Sauvignon. Todos bastante agradáveis, mas a meu ver três se destacaram; o Sauvignon Blanc sem barrica com muito frescor, cítrico e mineral; o Chardonnay muito macio e equilibrado mostrando também bons traços de mineralidade e frescor e, finalmente o Cabernet Sauvignon que achei com uma personalidade muito própria, de boa acidez, ótima estrutura, agradável textura com taninos ainda firmes por sua tenra idade, mas mostrando finesse com aromas frutados ainda fechados e meio tímidos. Promete muito e certamente um ano a mais de garrafa ou uma hora e pouco de decanter devem permitir que mostre todo o seu potencial

ACHADO – Union des Vignerons Corsican (Emporio Sorio), dizem que os últimos serão os primeiros e, neste caso, é vero. Certamente o maior achado de ontem, quiçá de toda a feira, a conferir aqui na Sexta-feira. Já tinha dado uma noticia sobre a chegada dos vinhos da Córsega ao Brasil pelas mãos do Empório Sorio, e agora tive a oportunidade de os conhecer e provar alguns dos vinhos (hoje retorno para os tintos) e caí de quatro! Em um dos boxes do grande estande da França, um bate-papo muito agradável com a Andréia, o Thierry e o produtor provando os seus bons vinhos com uvas autóctones e outras que são verdadeiras “aventuras” deste enólogo treinado em Bordeaux e que viu nesta região a possibilidade de dar asas a sua imaginação e criatividade. Sair da mesmice e buscar o novo, eis o que me encantou nesta visita. Muito bons o branco Terranostra Vermentinu 2007 fresco, de acidez mediana e bom cítrico ao nariz e boca assim como o Chardonnay Domaine de Lischetto 07, sem madeira , peculiar e pura demonstração do terroir, de enorme frescor e muita fruta um vinho delicioso. O Rosé Terranostra Sciaccarellu, uva autóctone, de bonita cor salmão é delicioso, exótico, crocante, vibrante e pleno de sabor um dos muito bons rosés provados ultimamente e, cá entre nós, deixa no chinelo a grande maioria dos aclamados Rosés de Provence que tive a oportunidade de provar. Divinos dois vinhos de sobremesa com teor de álcool com 11% o que nos permite esticar aquele almoço ou jantar ad-infinitum! Na minha opinião particular, são estes vinhos de baixo teor alcoólico e plenos de sabor que cumprem a verdadeira função social do vinho, o de juntar as pessoas em volta de uma mesa por um tempo longo e muito bate-papo. Muscat Felix Pietri, de aromas encantadores e sedutores, flores brancas, pêssego, macio na boca, perfeitamente equilibrado com uma ótima acidez  e o Domaine Pasqua Impassitu, um Vin Doux de Chardonnay. Elaborado por método similar ao Passito italiano, em que as uvas são secas ao sol sobre esteiras, perdendo grande parte de seu suco por evaporação, aumentando o nível de açúcar até que cheguem ao ponto ideal determinado pelo enólogo. Nunca tinha provado um vinho doce tendo como base a uva Chardonnay e fui absoluta e completamente enfeitiçado por este vinho que, apesar de seus 120 grs de açúcar residual, apresenta um frescor inigualável balanceado que é por uma ótima acidez e uma cor dourada que apaixona o olhar. Na complexa paleta olfativa, algo de figo confitado e mel. Na boca extremamente elegante, cremoso, refinado e harmonioso, com um final extremamente saboroso e de grande persistência que fará qualquer final de refeição se tornar inesquecível! Duvida de tudo o que falei? Passa no estande e prova! Depois falamos, mas hoje volto lá para provar os tintos. Fui!

[rockyou id=137211835&w=510&h=376]

Salute kanimambo