fevereiro 2009

Reflexões do Fundo do Copo – A Madeira de Lei no Vinho.

breno3Mais um texto do amigo e colaborador de todos os sábados, Breno Raigorodsky. Para acessar seus textos anteriores, clique em Crônicas do Breno, aqui do lado, na seção – Categorias

 

Participei de uma degustação, com vários jornalistas de prestigio, em que a Lidio Carraro apresentava uma segunda linha de vinhos que não tem o nome Lidio Carraro no rótulo. Entre eles o Elo, um vinho 20% malbec, 80% cabernet sauvignon. Gosto, pergunto para o enólogo se um vinho equilibrado como este não estava a merecer uma versão com passagem em madeira para lhe dar mais elegância, sei lá, mais guarda. Silêncio, mal estar, cochichos. Por acaso não sabe o interrogante que a Lidio não trabalha com madeira, respondem com os olhos os indignados presentes? Fiz a pergunta, mas deveria calar e ficar a pensar com os meus botões. Estava dando tratos à bola, com as denominações espanholas na cachola, que – ao modo de tantas outras européias – vão enobrecendo o rótulo de seus vinhos conforme o tempo de guarda – de Crianza para Reserva e depois para Gran Reserva.

Uma das maiores invenções do mundo do vinho depois da uva, do carvalho e do enxerto americano é a micro-oxigenação. A uva entra com o suco e com seu levedo Saccharomyces, responsável pelo milagre da transformação do suco de uva em vinho. O carvalho vem com toda aquela pompa e circunstância de quem nasceu em berço esplêndido dos bosques bordoleses e conviveu com praticamente todos os grandes vinhos que chegaram aos nossos tempos. O enxerto viabilizou o negócio agroindustrial do vinho moderno apesar da filoxera, uma praga que dizimou os pés de videira de tudo quanto é produtor longe do Pacífico. A micro-oxigenação substitui com rapidez o processo de amaciar taninos rebeldes sem recorrer a um recipiente caro e raro como é o barril de madeira. E mais, acrescente chips de compensado de madeira com essência de carvalho e pronto, temos um vinho com os aromas e a maturidade do vinho que todos esperamos.

Neste jogo de verdade e mentira, os vinicultores andam fazendo de tudo para acelerar o momento de engarrafar seus preciosos produtos. Também pudera, em menos de cinco anos vinhos como o Brunello de Montalcino toscano passou de vendas na ordem de 800mil garrafas ao ano para 5 milhões; em menos de 10 anos a Austrália passou a utilizar o dobro de hectares para o eno-negócio! Sem falar que o vinho reconquistou espaços por décadas abandonados para o plantio da uva e descobriu milhares de hectares novos para esta prática. No Brasil do Vale do São Francisco, de São Joaquim e da Campanha. Na Itália da Puglia e da Umbria, que sempre produziram, mas não de modo tão capitalizado. Na Eslovenia, em Israel, no Líbano, na Colombia etc.

Madeira e fruta trabalhada em geléia. Este foi o objetivo do negócio novomundista do vinho nos últimos tempos, dignas exceções feitas. Agora vemos um movimento para tirar o gosto de madeira do vinho, no típico exercício pendular que rege a moda. Primeiro muito madeira, agora não. Expulsar da garrafa os taninos da madeira, é o up to date do vinho! O carvalho domina os taninos do vinho desde que os celtas começaram a misturar o líquido e a madeira de lei, algo como 1500 a.c. Certamente eles não fizeram uma pesquisa científica para ver qual era a madeira que melhor servia para substituir a ânfora no acondicionar o vinho. Pegaram a que tinham em mãos sem qualquer preocupação com o ecossistema ou a finitude dos elementos e iniciaram este casamento consagrado por todas as adegas do mundo, um processo que só agora está sendo contestado. Contestado por abuso e mau uso, evidentemente.

barrisVinhos muito ariscos como os nebiollo, sangiovese e alguns outros, que mesmo depois de cinco anos de descanso entre madeira e garrafa precisam oxigenar algumas horas, estão sendo contestados sim. O modelo, mais uma vez, é o de Bordeaux, espécie de estrela-guia para o vinho. 18 meses de barrica, guarda infinita, de preferência mais de 10 anos. Mas quando pensei em voz alta sobre a madeira para aquele bom vinho, pensei numa madeira menos vibrante, nada oxidado como os velhos espanhóis que merecem ser esquecidos nem tão cheios deste enjoado gosto duvidoso como o que se tem neste Cabernet Sauvignon reserva do Robert Mondavi, ícone do vinho do Novo Mundo.

Clos Ouvert é o nome de uma pequena produtora chilena de um francês que compra as uvas e vinifica sempre a partir de tonéis de carvalho francês com 3 usos, seguindo uma tradição de vinhos caseiros, muito antiga. Os vinhos dele são bons, à vezes melhores do que a grande maioria dos vinhos badalados do Chile e da Argentina, porque a madeira e seu sabor só se percebem lá no fundo. Acho legal, eu aceito o argumento. O nebbiolo 2002 da família Bettù que não passa por madeira é prova concreta que os caminhos que levam ao paraíso do vinho não passam obrigatoriamente pela madeira. Todo Chablis cru não passa por madeira, é ótimo e é longevo pra danar. Mas como diria Paulinho da Vila, em dia de nevoeiro é bom levar o barco devagar.

 

Breno Raigorodsky; filósofo, publicitário, sommelier e juiz de vinho internacional FISAR

Catena – Decanter Homem do Ano 2009

catenaIa deixar para as Noticias do Mundo do Vinho que publico todo o domingo, mas achei que esta merece um destaque especial e post especifico. Produtor de alguns dos melhores néctares argentinos, Nicolás Catena acaba de ser nomeado Homem do Ano 2009 pela revista Decanter. Uma grande honraria que este pioneiro e inovador produtor merece já que é, reconhecidamente, a mola propulsora por trás do enorme salto de qualidade dos vinhos argentinos. Nos idos de 1990 quando iniciou suas plantações no Vale do Uco a 1440 metros de altitude o chamavam de louco, hoje é fato consumado, quando todos apostavam suas fichas somente em Malbec, ele descobriu o enorme potencial da Cabernet Sauvignon e gerou algumas “obras” magníficas como o Estiba Reservada e o Catena Alta, dois dos melhores que já tive a oportunidade de tomar. estiba-reservada1Suas criativas e inovadoras estratégias na área de marketing internacional, também são exemplo a ser seguido e benchmarking para diversos outros produtores e regiões. Não tive a honra e o prazer de o conhecer, mas dizem que afora toda essa maestria ainda é uma pessoa boníssima e gentil com o ego sob controle apesar de toda a fama e auê à sua volta. Ele costuma brincar dizendo que “dos quatro filhos que seus pais tiveram, três nasceram no hospital, e ele foi parido em uma vinha” o que demonstra sua estreita ligação com o campo e sua paixão pelo vinho.

Nicolás Catena tem como companheiros nesse verdadeiro hall da fama do mundo do vinho, alguns dos mais ilustres nomes de nossa vinosfera, veja abaixo, não é para qualquer um não!!

  • 2008 Christian Moueix – Pomerol
  • 2007 Anthony Barton – Bordeaux
  • 2006 Marcel Guigal – Rhône
  • 2005 Ernst Loosen – Mosel
  • 2004 Brian Croser – Adelaide Hills
  • 2003 Jean-Michel Cazes – Bordeaux
  • 2002 Miguel Torres – Penedès
  • 2001 Jean-Claude Rouzaud – Champagne
  • 2000 Paul Draper – California
  • 1999 Jancis Robinson MW – London
  • 1998 Angelo Gaja – Piedmont
  • 1997 Len Evans, OBE AO -Australia
  • 1996 Georg Riedel – Austria
  • 1995 Hugh Johnson – London
  • 1994 May-Eliane de Lencquesaing – Bordeaux
  • 1993 Michael Broadbent – London
  • 1992 André Tchelistcheff – California
  • 1991 José Ignacio Domecq – Jerez
  • 1990 Prof Emile Peynaud – Bordeaux
  • 1989 Robert Mondavi – California
  • 1988 Max Schubert – Australia
  • 1987 Alexis Lichine – Bordeaux
  • 1986 Marchese Piero Antinori – Florence
  • 1985 Laura and Corinne Mentzelopoulos – Bordeaux
  • 1984 Serge Hochar – Lebanon

Uma Taça ao Dia?

uma-tacaPara aqueles que abusaram neste carnaval, cairam na gandaia e trocaram a taça pela latinha e/ou destilados, é importante revermos os aspectos medicinais do doce néctar e também dar um descanso ao fígado com algo mais light, vinho. Como já disse anteriormente, há gente que recomenda uma taça por dia e outros vão até quatro, ou seja, a variável do que seja o ideal para colher todas as benesses que o vinho aporta à saúde é muito ampla. Eu sou um adepto das três taças diárias, mas depois deste carnaval acho que poderíamos dar um break e ficar com uma taçinha diária, eheheh, só por um tempinho, não?

Brincadeiras á parte, vejam esta interessante tabela que tem como fonte o manual de nutrição e saúde da Petrobrás obtida através do site http://www.habitossaudaveis.com

tabela-de-nutricao

60% dos Polifenóis vêm da semente da uva, 33% da casca, o resto da polpa, pedicelo e madeira. É por isso que, como regra, os vinhos tintos têm mais virtudes para a saúde que os vinhos brancos. Dentro esses polifenóis, o RESVERATROL presente no vinho tinto, ajuda a aumentar o colesterol bom evitando o acúmulo de gordura nas artérias, prevenindo doenças do coração. Quantidade recomendada, por eles, dois copos de suco de uva ou uma taça de vinho tinto por dia. Esse negócio de suco de uva sem álcool não sei se está muito bem comprovado não então, por via das duvidas, eu opto pelo conjunto e fico no vinho mesmo!

Salute e kanimambo.

Ps. Imagem da taça obtida de http://triviaveg.blogspot.com

Brancos & Rosés – Vinhos que Tomei e Recomendo de R$30 a 50,00.

Tomei e Recomendo vinhos brancos & rosés deste verão, parte dois, é de vinhos entre R$30 e 50,00, em que galgamos um degrau na qualidade com alguns belíssimos vinhos. Alguns estavam num patamar abaixo no quesito preços porém, com o advento dos problemas com o câmbio, lamentavelmente ultrapassaram a barreira dos R$30,00 o que, apesar de não os desabonar do ponto de visto qualitativo, tira-lhes algo da competitividade e glamour do preço. Eram fantásticamente bem “preçados” abaixo de R$30, porém ficaram apenas bons nesta faixa. É o caso dos brancos; Pascual Toso Sauvignon Blanc, Fonte do Nico Fashion ou o Calvet Sauvignon Blanc, todos vinhos muito gostosos e ainda atraentes, porém seriam campeões se estivessem 10% abaixo, alguns um pouquinho mais. Algumas das melhores relações Qualidade x Preço x Prazer vem exatamente desta faixa de preços e espero que você tenha a oportunidade de aproveitar alguns deste bons rótulos.

 

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Rosés – Três dos melhores vinhos provados neste painel vieram da Argentina e qualquer um deles é, a meu ver, uma grande escolha para quem gosta deste tipo de vinho. São todos vinhos de muita personalidade, sabor, enorme frescor e “sustança”, vinhos que têm o que nos dizer. Melipal 08* (Wine Company) rosé de Malbec verdadeiramente suculento, boa concentração e incrível textura, um vinho empolgante; Crios 07* (Cantu) mais um delicioso rosé de Malbec sedutor, vibrante, rico, ótima acidez e um longo e agradável final de boca, dois dos melhores provados neste painel, e o Reflejo Rosé de Syrah  (Vinea Store) muita framboesa e fruto doce, um vinho mais gastronômico porém sem perder o frescor e vivacidade, mostrando muita qualidade e equilibrio. Temos, no entanto, bem mais opções de igual nível de encantamento e satisfação; Branciforti Rosato 06* (Wine Premium) da região da Sicília elaborado com Sangiovese é um vinho de linda cor cereja, muito saboroso, boa acidez, que cresce muito com comida mostrando seu caráter eminentemente gastronômico; Majolica 07 (Santa Ceia) um rosé de Montepulciano d’Abruzzo bem balanceado, untuoso e fresco com final de média persistência; o estupendo Goats do Roam Rosé 07* (Expand) um sedutor assemblage sul-africano elaborado com 5 cepas diferentes, de aromas limpos e frescos lembrando frutas vermelhas, acidez excelente, boa concentração de fruta, groselha, mas seco e de boa persistência para um vinho destas características; o Estampa Rosé 07 (Decanter) corte de Cabernet Sauvignon e Syrah chileno de cor rosa pálido, suavemente frutado e delicado na boca, que garante satisfação como um aperitivo fresco e agradável apesar do teor de álcool um pouco alto; o Recorba Rosado 06 (Decanter) espanhol da Ribera Del Duero, de cor cereja escuro, encorpado de teor alcoólico alto, boa acidez e uma certa mineralidade, um vinho que pede comida sem a qual perde muito, complexo e, certamente, não do tipo de rosé que estamos habituados a bebericar sem grandes compromissos; o Rosato di Toscana 07 (Decanter) elaborado com Sangiovese, de boa tipicidade, correto, bem fresco na boca e fácil de beber, pode não empolgar, mas dá conta do recado se tomado como aperitivo num encontro informal de amigos. Para finalizar, dois franceses, um que me entusiasmou e outro nem tanto. O que mais me chamou a atenção foi o encantador Domaine Sorin 06* (Decanter) de linda cor salmonada que nos convida a provar, aromas tímidos, mas bastante agradáveis, boca suave, fresca, saborosa e equilibrada, ótima companhia para um peru à Califórnia ou um bate papo informal e o Domaine de Pontfrac 06 de Cotes de Provence no sul da França, elaborado com Grenache, Cinsault e Carignan, de cor muito característica e bonita dos rosés desta região, salmão bem clarinho, nariz de boa intensidade frutado e fresco com alguns toques florais e na boca parece que vai ………, mas não vai! Tem uma entrada de boca interessante e saborosa, mas some na boca de tão curto sendo interessante como um aperitivo leve.

 

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Brancos – Chardonnays, Vinhos Verdes, Sauvignon Blanc, Riesling, vinhos sedutores e sutis, vinhos francos e vibrantes, tem de tudo um pouco e muito bons. Dos vinhos verdes portugueses com tudo a ver com o nosso clima, farei um pequeno painel num futuro post, mas o Muralhas de Monção 06* (Barrinhas), Quinta do Ameal Loureiro* (Vinho Seleto) e Loureiro Muros Antigos 06* (Decanter), todos revisitados neste painel, e o Varanda do Conde 07* (Casa Flora) recém tomado, são vinhos vibrantes, de baixo teor alcoólico e ótima acidez, algo muito típico da região, verdadeiramente imperdíveis para serem tomados com frutos do mar grelhados, sós ou ainda acompanhando um bolinho de bacalhau ou até um acarajé!  Os portugueses famosos por seus tintos, mostram que seus brancos também são muito bons e vão além dos vinhos verdes afora possuírem preços muito corretos. É o caso do surpreendente Fonte do Nico Fashion 07* (Wine Company) que foi recentemente lançado em 2008 com uma estratégia de preços agressiva, tendo sido pego de calça curta pela crise mundial e o salto do câmbio que levou seus preço de fantásticos R$22 para R$35 o que foi uma pena. Mesmo a uns R$28 (ainda se encontram algumas garrafas por aí a esse preço) seria campeão em sua faixa, mas isto em nada altera seus sabores, frescor e prazer que dá ao ser tomado. Produzido na região de Terras do Sado, apesar de parecer um vinho verde, é um inusitado corte de Moscatel com um leve aporte de Arinto que resulta num vinho absolutamente sedutor e com tudo a ver com o nosso verão, seco na medida, aromas frutados, macio, balanceado de aromas frutados e algo floral bem aparentes, para ser tomado aos goles com seus parcos 10% de álcool. Já o Herdade Paço do Conde 07 (Lusitana) um corte de Antão Vaz e Arinto, é um vinho com mais corpo, curto e menos marcante, em que aparece um floral bastante intenso no nariz, vinho honesto que, se não encanta, também não desencanta,  sem contar todos os outros deliciosos rótulos já provados e comentados ao longo de 2008.

Saindo dos portugueses; um vinho alemão, coisa difícil de encontrar nesta faixa de preços, off-dry muito sedutor e equilibrado, um doce muito leve e muito bem equilibrado por ótima acidez, grande pedida como aperitivo é o Forster Mariengarten Kabinett 06* (Decanter) um riesling muito saboroso e agradável de tomar com apenas 10% de teor alcoólico, o estupendo Pascual Toso Sauvignon Blanc 07* (Interfood) argentino, mais um que estava por volta de campeonissímos R$25 e teve que ser aumentado para cerca dos, ainda muito bons, R$32,00, para ser tomado por volta dos 8º, mostra toda sua tipicidade com muita suavidade e boa intensidade aromática e de sabores, um vinho sedutor que encanta fácil e deve acompanhar maravilhosamente bem um spaghetti al vongole (sem tomate) que só de pensar me dá água na boca! Ainda na linha dos Sauvignon Blanc de que tanto gosto, o gostoso chileno William Cole Mirador 07* (Ana Import) ótimo nariz em que ressaltam os aromas de frutas tropicais e algo herbáceo, boa persistência e frescor, mostrando-se na boca com caráter cítrico muito saboroso e boa estrutura que o faz um vinho não só para um agradável bebericar, como para acompanhar um prato como um salmão grelhado, não sendo à toa que é considerado um dos melhores vinhos desta cepa sendo produzidos no Chile, o também chileno Casillero del Diablo Sauvignon Blanc 2008 (VCT Brasil) com screw cap, fechamento usado por eles nos vinhos aromáticos, de que gostei muito. Muito intenso no nariz e muito fino na boca onde apresenta bastante frescor, algo cítrico e uma certa mineralidade que me agradou muito e, ainda, o Francês Calvet Conversation 06 (Interfood) da região de Bordeaux, que só por R$1,50 não caiu na faixa anterior sendo um dos mais competitivos desta faixa, de nariz tímido é na boca que mostra todo o seu valor sendo macio, balanceado, suave, fácil de tomar e agradar sendo grande companhia como um aperitivo num bate-papo informal ou como acompanhante de entradas leves num almoço de verão. Da Espanha vem um delicioso Verdejo da região de Rueda e uma das melhores relações Qualidade x Preço x Prazer desta faixa de preços que é o Vega los Zarzales 07* (Wine Premium) de cor palha dourada como uma espiga de trigo ao sol, aromas de que lembram maça verde e algo floral, mas sendo na boca que ele explode mostrando todo o seu sabor, ótima acidez, cremoso e algo untuoso num conjunto muito agradável de boa persistência que acompanhou muitíssimo bem um prato de antipasti diverso, especialmente uma berinjela com uva passa e castanha de caju, muito yummy.

Por ultimo deixei três chardonnays muito agradáveis e diferentes entre si; Primeiramente o Trio Chardonnay 07* (Expand) da Concha y Toro chilena que é um corte muito bem elaborado tendo como protagonista a chardonnay muito bem escoltada por partes iguais de Pinot Grigio que lhe agrega frescor e Pinot Blanc que traz elegância e estrutura ao vinho, um daqueles vinhos que mostram a aptidão desta vinícola para produzir bons vinhos por bons preços e este não nega a raça, cremoso, macio mostrando estar muito balanceado com um frescor muito agradável e um final de boca com leves nuances de abacaxi e algo mineral que me agrada muito; os argentinos Família Gascon Chardonnay 07* (Wine Company) sem os excessos de madeira típico dos chardonnays da região, foi uma grata surpresa que me encantou por sua delicadeza de aromas de frutas tropicais com nuances leves de baunilha, pleno de frescor e sabor com ótima acidez e um saboroso final de boca de média persistência que nos deixa aquela sensação de quero mais e o Fabre Montmayour Chardonnay 07* (Wine Premium) elaborado com cepas extraídos de vinhedos de cerca de 60 anos, de grande estrutura, nariz intenso de ananás e algo de baunilha (mas sem madeira), na boca, todavia, aquela sugestão de madeira desaparece, é balanceado, rico, saboroso, delicioso final de boca, um vinho cativante e essencialmente gastronômico.

Afora o painel especifico de Vinhos Verdes que publicarei um pouco mais adiante, nesta próxima semana farei uma prova às cegas com alguns rótulos elaborados com a cepa Torrontés. Para este “Desafio Torrontés” separei alguns rótulos interessantes como o Crios, Alta Vista Premium, Alamos, Santa Julia, Colomé, Mauricio Lorca, Pisano Cisplatino e, talvez, mais um ou dois a serem definidos. Aguardem!

Assim que der darei sequência com os vinhos acima de R$50,00 que não são muitos, mas são de prima! Ao longo dos próximos dias seguirei mostrando um pouco mais de vinhos brancos e rosés provados, até porque o verão segue e as descobertas também, então continue passando por aqui. Gostou das sugestões, quer provar? Aproveite algumas das promoções ainda disponíveis no mercado e faça seu estoque. Contate os importadores, os lojistas parceiros ou pesquise junto a seu fornecedor predileto, mas não deixe de aproveitar estas delicias.

Salute e kanimambo

E o Brasil Parou por Cinco Dias!

           quarta-feira-de-cinzas                                                  

         Quarta-feira de cinzas,  finalmente acabou o carnaval e podemos começar a planejar a Páscoa! Tem gente que cansou de tanto beijar, outras de tanto pular e, outras ainda, de tanto beber, mas sempre tem aqueles que conseguem juntar tudo isso e se a-ca-bar em mais um carnaval. Eu me esbaldei e cansei de tanto descansar, ufa! Preciso me recuperar, (rsrs) volto amanhã com mais matérias do mundo do vinho.

Salute!

 

 

            

 Fuçando na rede por uma imagem, eis que me deparo o o blog do J.BOSCO,  jornalista, cartunista, ilustrador, caricaturista e chargista do jornal O LIBERAL, de Belém do Pará, desde 1988. O cara é muito bom e criativo, recomendo uma visita de vez em quando – http://jboscocartuns.blogspot.com/ ,  ou acesse o link aqui do lado.

Selo Fiscal nos Vinhos, Mais Sobre o “Maledetto”!

         Sigo na minha “pelea” particular, que iniciei em 13 de Janeiro com o post “Um Passo Atrás?” e outros que vieram depois, contra esse descalabro que querem nos impingir. Andei conversando com alguns importadores e realmente essa medida, caso realmente venha a ser aplicada será um retrocesso e uma imoralidade. No mínimo será a criação de entraves tarifários disfarçados de ação contra o contrabando e passível, a meu ver, de retaliações e contestações jurídicas internacionais. Considerando-se, todavia, o país em que vivemos, podemos esperar de tudo.

O Didu mencionou em seu blog que tem cara oferecendo Cartuxa a R$12 no mercado o que é uma afronta. Concordo, e mais do que uma afronta ilegal contra o consumidor, é também uma afronta á nossa inteligência! Primeiro, a esse preço não pode sequer ser contrabando e sim falsificação; segundo, o cara que cai nessa só pode ser trouxa (ou é um daqueles que adora levantar vantagem em tudo o que, normalmente, costuma dar na mesma) e terceiro, se tem gente que faz isto desta forma, será que esse “selinho” será impecillho para seguir às margens da lei? Bem, para termos a medida justa do impacto de tamanha aberração sob o mercado, caso venham a realmente aplicar essa resolução da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Viticultura, Vinhos e Derivados, veja a elucidativa resposta de um importador que, creio, exemplifica bem os reais efeitos de uma aberração dessas:

“Não vejo como os produtores colocarem isso na origem, a não ser para vinhos que tenham muito volume, o que não é o caso de 99% dos rótulos vendidos no Brasil. Não conversei com nenhum ainda sobre o assunto, mas para alguns deles até colocar o contra-rótulo já é difícil (estou conversando com um pequeno produtor do Piemonte, que terá bastante dificuldade em contra-rotular, imagine se eu falar para ele que precisaremos de um selo, o negócio simplesmente não vai sair!). Isso considerando que a contra-rotulagem é uma operação normal, pois na grande maioria dos casos, eles têm máquinas que estão adaptadas, enquanto que a colocação de um selo na parte superior é algo completamente distinto das tarefas às quais eles estão habituados e, certamente, a operação terá que ser manual na maioria dos casos. Aqui estamos falando de custo hora/homem em euro e dólar…

 Imagine agora uma segunda opção, que seria a colocação no porto, mas aí teríamos que abrir todas as caixas e etiquetar garrafa a garrafa. À parte do custo e complexidade da operação em si (não parei para calcular quantos homens/tempo levaríamos para abrir as 1.200 caixas, etiquetar as 15.000 garrafas, e fechar 1.200 caixas de novo, tudo sem destruir a embalagem original, afinal nós importadores somos 100% responsáveis perante a lei pelos produtos que trazemos), deve-se considerar ainda o custo de armazenagem (hoje ao redor de USD 30/dia) e o custo financeiro dessa mercadoria parada.”

Deu para entender? Alguém duvida que se isso sair vai criar um tremendo impacto negativo e limitante no consumo, nos preços e na qualidade? Pois bem, cabe-nos alertar, mostrar, tomar posição e dizer não a esse verdadeiro descalabro. Vai limitar os importados e encarecer todos os produtos, inclusive os nacionais! Apóio o produto e os produtores nacionais, mas não este tipo de ação que, a meu ver, não tem nem pés nem cabeça e é um verdadeiro tiro que sairá pela culatra! Não é criando barreiras que solucionaremos os problemas da vitivinícultura brasileira, o caminho é outro totalmente diferente desse tomado. Passa por uma maior profissionalização do setor, redução efetiva de impostos na cadeia produtiva e o reconhecimento da vitinícultura como fonte alimentar. Espero que os órgãos competentes vetem essa iniciativa apesar de achar difícil, pois já estamos em plena campanha presidencial e os interesses por trás de tudo isso são enormes! Aliás, podiam usar o momento para fazer algo realmente útil e definitivo, não este tradicional e paliativo ato de insistir em tapar o sol com a peneira. Quem não se manifestar agora e acordar para o que se está tentando fazer, não poderá reclamar depois do leite derramado.

Salute

 

Ps. Se quiser saber mais sobre o assunto, digite “selo fiscal” ou “Maledetto”no espaço acima,à direita no topo da página, e clique em pesquisar.

Noticias do Mundo do Vinho

wine-globe-22Portugal, finalmente a Revista de Vinhos faz sua estréia na rede e, desde já, seu link está aqui do lado. Apesar de algumas criticas que lhes faço, uma delas a excessiva soberba, é uma interessante fonte de informação sobre a enogastronomia portuguesa. Depois de longo e tenebroso inverno, finalmente entram para a época da modernidade algo que há muito se esperava deles. Aproveitou o embalo e publicou sua já tradicional lista de Vinhos de Excelência do ano que pouco costuma mudar ano, após ano, porém vi algumas caras novas que merecem uma conferida.

 

Murganheira Vintage Távora Varosa Espumante branco 2004

SOC. AGR. E COM. DO VAROSA

Anselmo Mendes Vinho Verde Alvarinho branco 2007

ANSELMO MENDES

Muros de Melgaço Vinho Verde Alvarinho branco 2007

ANSELMO MENDES

Quinta de Soalheiro Vinho Verde Alvarinho Reserva branco 2006

ANTÓNIO ESTEVES FERREIRA

Aneto Douro Grande Reserva tinto 2006

SOBREDOS

Barca Velha Douro tinto 2000

SOGRAPE

Charme Douro tinto 2006

NIEPOORT (VINHOS)

C.V. – Curriculum Vitae Douro tinto 2006

LEMOS & VAN ZELLER

Duas Quintas Douro Reserva Especial tinto 2004

ADRIANO RAMOS PINTO

Poeira Douro tinto 2006

JORGE NOBRE MOREIRA

Quinta do Crasto Douro Touriga Nacional tinto 2005

QUINTA DO CRASTO

Quinta do Noval Douro tinto 2005

QUINTA DO NOVAL (VINHOS)

Quinta das Tecedeiras Douro Reserva tinto 2005

QUINTA DAS TECEDEIRAS

Four C Dão tinto 2005

DÃO SUL

Quinta dos Carvalhais Único Dão tinto 2005

SOGRAPE

Quinta da Garrida Dão Touriga Nacional Reserva tinto 2005

ALIANÇA

Encontro 1 Bairrada branco 2007

QUINTA DO ENCONTRO

Kompassus Private Collection Bairrada Baga tinto 2005

KOMPASSUS VINHOS

Hexagon Reg. Terras do Sado tinto 2005

JOSÉ MARIA DA FONSECA VINHOS

António Maria Reg. Alentejano tinto 2006

FRANCISCO NUNES GARCIA

Avó Sabica Alentejo tinto 2004

CASA AGR. SANTANA RAMALHO

Cortes de Cima Reg. Alentejano Reserva tinto 2004

CORTES DE CIMA

Esporão Private Selection Alentejo Garrafeira tinto 2005

ESPORÃO

Júlio B. Bastos Reg. Alentejano Alicante Bouschet tinto 2004

JULIO TASSARA BASTOS

Vinha de Saturno Reg. Alentejano tinto 2004

HERDADE MONTE DA CAL

Burmester Porto Vintage 2005

SOGEVINUS FINE WINES

Burmester Tordiz Porto + de 40 anos

SOGEVINUS FINE WINES

Kopke Porto Colheita 1957

SOGEVINUS FINE WINES

Offley Porto 30 anos

SOGRAPE

Quinta do Vesúvio Porto Vintage 2005

SYMINGTON FAMILY ESTATES

 

Espanha – As exportações da região de Rioja desabaram em 15% no ano de 2008 enquanto as de Rias Baixas (Galicia, leia-se vinhos brancos á base de Albariño) e Castilla de la Mancha subiram. Considerando-se todos os mercados, o total da queda chegou a 7.5%. Lá, como aqui, as regiões acabam se canibalizando e forçando a mudanças estratégicas para sobreviver e manter seu status-quo. Rioja voltou aos volumes de 2005 enquanto Castilla subiu 19% e Rias Baixas subiu, de 2005 a 2008, algo como 235%! Fonte: Decanter Magazine

 

Bordeaux – A comercialização de vinhos de Bordeaux tradicionalmente feita via “negociants” caiu algo em torno de 30% nos últimos cinco meses do ano passado. De acordo com os “negociants”, o mercado apresenta os piores resultados dos últimos 25 anos. Até pouco tempo, vimos uma dominância dos Chateaus sobre os “negociants” em que estes eram obrigados a aceitar, sem grandes opções, a política de preços imposta pelos produtores. Está-se verificando uma forte mudança de comportamento com o Chateaus sentando à mesa de negociações como há muito não se via. Fonte: Decanter Magazine

 

Argentina – El Malbec, um dos meus blogs preferidos na Argentina, cobrindo a vitivinícultura em Mendoza, mas também no Chile e Uruguai, lançou sua versão TV que está muito legal. Eis algo diferente e interessante para os amigos leitores verem. Clique aqui no link  http://elmalbectv.com.ar/ e aproveite a viagem. Estas são as vantagens de ter patrocinadores, dá para expandir ações e permite uma maior dedicação à “causa”. Será que chego lá?! Ó eu aquiii!!

 

Ana Import – Expandindo seu portfolio, esta simpática importadora anuncia a chegada de mais um rótulo do produtor argentino Mauricio Lorca. È a linha OPALO, um projeto de vinhos de alta gama sem qualquer passagem em madeira. Nos dias de hoje uma grata surpresa que nos deixa com água na boca e ansiedade por provar desses caldos. O Gran Opalo Blend 06, corte de 30% cada Malbec, Cabernet Sauvignon e Syrah, que leva ainda 10% de Petit Verdot. Um cuvée sem carvalho que cresce inteiramente em tanques de inox. Levou 91 pontos de Robert Parker e seu Opalo Syrah 05 também foi bastante elogiado. O Blend está por R$91,00 e o Syrah está com uma promoção, até 28/02 ou término de estoque, em que você compra 6 e paga 5, R$61,60 a unidade. Tá aguado, acesse o site  da Ana Import ou ligue para (11) 3950-2013.

 

Expand Sale – Falando em promoção, a da Expand está terminando e agora começam a aparecer algumas preciosidades. Vamos lá para as dicas baseadas em minha ultima visita, ontem:

La Conreria 04 – Priorat / Espanha – uma sugestão do Edgar da loja da Granja Viana que diz ser um achado e a safra foi ótima. De R$ 75 por 37,50.

Monte da Penha Fino Reserva 03 de R$148,00 por R$78,00.

Achaval Ferrer Malbec 07 , não necessita de apresentações, de R$98,00 por R$78,00.

Prelúdio 04, um blend uruguaio de fina estirpe de R$115,00 por R$88,00

Aspire Cabernet Sauvignon/Merlot 03, para aproveitar já, está divino. De R$88,00 por R$59,00.

Don Pascual Edição Limitada 05, um corte de Shiraz/Tannat com produção de somente 2571 garrafas, de R$65 por R$32,50

Norton Privado 04 e 05, um respeitado e renomado Malbec argentino de R$125,00 por 95,00.

Aligoté de Bouzeron 06, um dos meus Deuses do Olimpo 2008, rótulo que já  esteve por R$135,00, passou para 148 e agora está por R$115,00. Em sendo o vinho que é; branco sedutor, complexo e encantador é uma bela oportunidade de provar este néctar com um preço levemente mais camarada.

De Toren Fusion V 05, um dos melhores vinhos sul africanos da atualidade e este desta safra obteve 92 pontos na Wine Spectator. Corte de Cabernet Sauvignon, Merlot, Malbec, Cabernet Franc e Petit Verdot que, de R$148,00 está por R$125,00.

Ficou com água na boca? Então dê uma passada em uma das lojas da Expand para os últimos garimpos, quem sabe você ainda encontra algumas garrafas de Vinho do Porto Quinta das Tecedeiras LBV 2001. Por R$34,00, comprei algumas, talvez a melhor barganha desta grande liquidação para ajuste de portfolio.

 

Salute e kanimambo.

Breno direto da FENAVINHO – O salto de qualidade

breno2Breno Raigorodsky, amigo e colaborador de todos os sábnados com suas deliciosas crônicas, nos escreve direto da Fenavinho. Para acessar seus textos anteriores, clique em Crônicas do Breno, aqui do lado, na seção – Categorias

 

Nesta semana de visitas à região do Vale Vinhedo, sob o patrocínio da Ibravin e por ocasião da Fenavinho, elejo homenagear com este artigo dois sujeitos entre todos que nos acolheram e nos agradaram com seus produtos, e suas personalidades. Um lembra o outro. Idalêncio Angheben lembra Mário Geisse.

Trabalharam juntos em projetos importantes na consolidação da imagem Chandon no Brasil, o primeiro desde o começo – e por muitos e muitos anos – e o segundo ao orientar a criação do momento mais bem sucedido em termos de qualidade da empresa francesa por aqui, em torno do início dos anos 90, incluindo o lançamento do Excelence da Chandon. Pensem que ousadia foi criar um produto que atingiria o mercado com o peso de um preço ao menos duas vezes superior a tudo que ele houvera absorvido até então! O Excelence foi sucesso puro e abriu o caminho para que Garibaldi ganhasse a fama de terra dos espumantes. O Idalêncio colocou seu conhecimento a serviço da Chandon, desde o inicio do processo de implantação da gigante francesa pela América, que, como um polvo atento, estendia seus tentáculos para o Brasil, Argentina e EUA simultaneamente. Idalêncio veio de família vinhateira, mas foi dos primeiros de sua geração a se livrar do rame-rame circular das famílias de antão, que viciava a produção brasileira com álcool indevido, vindo de uvas americanas. Foi pras cabeças, não conciliou sempre que houve brechas para lutar e se locupletou com conhecimentos modernos adquiridos não apenas nas salas de aulas, mas nos campos e bodegas.

espumantes-salton1O Mario veio para cá quando já tinha dados os primeiros passos no Chile em direção às modernas técnicas que faziam da qualidade o objetivo a ser atingido e não mais – quase tão somente – a quantidade produzida. Por esta razão, a Chandon o cooptou. O chileno ficou por aqui durante alguns anos, foi-se embora para a sua terra para sempre cá voltar, seja como consultor, seja como produtor proprietário de uma das mais charmosas e melhores casas vinícolas do Brasil. Sua especialidade agora, borbulha em garrafas que saem com o nome Casa Amadeu/Cave Geisse as melhores do país (não para mim, não para você, mas para toda a torcida do Corinthians). São borbulhas que nascem neste canto do Vale do Vinhedo, onde Pinot Noir e Chardonnay – na proporção de um para três – brotam das terras que ficam na chamada Linha Amadeo, terra cujo solo rochoso, poroso e com falhas estruturais importantes, permite rápida drenagem. E, com a cumplicidade indispensável de uma amplitude térmica excelente, cria as condições de plantio que procurava.

Sem deixar seu trabalho na Casa Silva chilena, Geisse está sonhando acordado, fazendo parcerias locais para produzir o seu projeto que, não por acaso, chama-se Soño, que é de produzir ele mesmo e em terra própria o que ele mais tem como referência. Ou seja, Mario comprou e produz atualmente champanhe em Champagne, Reims, França. Mario produz carmenèrre no Chile, com marca própria. E pretende fazer muito mais, é só esperar. Em artigo recente para a revista Isto É, o leitor fica sabendo que “um de seus tintos, o Bisquertt, foi eleito em 2002 o melhor merlot do mundo pela International Wine Spirit Competition, na Inglaterra. O mesmo concurso elegeu no ano passado outro de seus “filhos”, o Los Lingues Gran Reserva 2001, o melhor carmenère do planeta”. Mas o que a revista e ninguém mais fala é sua revolucionária decisão de optar por estas caixinhas com torneira para comercializar os vinhos que produz, além dos espumantes, com o nome Casa Amadeo. São vinhos de uvas de vinhateiros da Linha de Amadeo que ele fiscaliza e vinífica criando seus Reservas, um tinto – em caixas de 5 litros – e outro rosado – em caixas de 3 litros. É um projeto que pretende diminuir custos e popularizar o vinho, que pode chegar às taças dos restaurante a menos de R$5,00 com a qualidade Geisse, produto de excelência como já demonstrou com todos os outros que faz.

Mas o Mario continua lembrando o Idalêncio Angheben, depois de tudo isso. Eles se assemelham pela quantidade de coisas que fizeram para o vinho brasileiro ganhar qualidade. Pois não bastasse Idalêncio ter seu nome ligado à história da Chandon, foi ele o principal professor formador desta geração de enólogos que começam a aparecer atrás de todas as vinhas Brasil afora. Não bastasse sua ação acadêmica, foi o técnico explorador que com seu filho Eduardo – doutor em enologia, formado pela primeira turma do Brasil, com especialização em Bordeaux – descobriu para o vinho a Campanha, particularmente a Encruzilhada da Serra, onde mantém sua plantação, muito antes de Lidio Carraro sequer pensar em plantar por lá. Foi ele também responsável pela realização do Vale do Vinhedo, dando condições para que aquela produção passasse do vinho de mesa a vinho fino entrando para uma rota de qualidade. O cara é sério. Fora do meio, seus produtos são conhecidos apenas alguns de seus vinhos de muita qualidade, como estes Gewurtzraminer e  Touriga Nacional que tive oportunidade de provar e colocá-los entre as melhores surpresas que experimentei nesta semana (veja abaixo).

Geisse e Angheben. Uma dupla que merece um olhar atento, porque quando parece que eles estão deitando em berço esplêndido, mostram que se levantam, só para surpreender. 

remuage 

  • Palmas para um produtor como o Geisse, que decide comercializar seus vinhos tinto e rosado reservas, em caixinhas de papelão, incentivando o mercado para superar a pecha de produto de carregação colados às caixinhas, que não deixam o ar entrar conforme o vinho vai saindo, uma solução ideal para vender vinho em taça em restaurantes de bom movimento.
  • Palmas para a Angheben por estes Touriga Nacional e Gewurtzraminer, ambos traduções locais, sem muitas concessões aos modelos europeus.
  • Palmas dobradas ao elegante brinde que os jornalistas receberam do Juarez Valduga: uma grappa de chardonnay embalado como se fosse perfume com spray. Ótimo para pulverizar um embutido fatiado ou uma salada ou sei lá o quê, provando que a Valduga atingiu a maturidade em comunicação.
  • Palmas para os chardonnay tranqüilos da Guerini, Salton e da Valduga. Competem com outros grandes como os da Cordilheira de Sant’Ana, do Bettù e do Villa Francione. O Valduga tem quase tanta manteiga quanto o da Villa Francione e até arrisco dizer que pode ser mais equilibrado que o prestigiado concorrente. Palmas para os espumantes em geral, o que não é mais surpresa. Surpresa neste quesito é o da Dal Pizzol, finalmente um moscatel que não exagera no açúcar.
  • Palmas para o Elo da Lidio Carraro, que usa o malbec em 20% para equilibrar o cabernet sauvignon e fazer do vinho um retorno gastronômico à vocação autóctone em Cahor da uva ícone argentina. Finalmente, nada daquela gosma enjoativa de compota de açúcar que tanto caracteriza o ataque na boca.
  • Palmas (?!) para o Series: Cabernet Franc da Salton. Palmas pela qualidade, mas pena pela descontinuidade, pois o produto saiu da linha de produção.
  • Palmas para a propriedade do Dal Pizzol. Palmas para a sua adega de vinhos de mais de 30 anos. Palmas por nos conceder uma degustação com um deles, polêmico na avaliação, agradando mais um do que outros.
  • Palmas para aqueles que procuram sua identidade porque parece ter chegado a hora de não apenas servir o que se espera, mas surpreender e educar com a qualidade.

Breno Raigorodsky; filósofo, publicitário, sommelier e juiz de vinho internacional FISAR

 

Vinhos da Semana

Vinhos da semana anterior ao meu aniversário. Um preparo para o que está por vir, já que pretendo me tratar muito bem por quinze dias. Como diriam meus amigos Gaúchos, “Bah, para quê só comemorar um dia chê?!”  Mereço mais que isso, modéstia é uma de minhas principais virtudes (rsrsrs), então vou mesmo é me tratar muito bem e desbravar alguns rótulos que guardo já faz um tempinho. Enquanto isso, eis os vinhos tomados na preparação para o evento principal.

 

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Espumante Milantino Moscatel – Havia prometido fazer de cada semana uma data especial para tomar espumantes e já comecei. Porquê aguardar os momentos especiais e não, simplesmente, criá-los por decreto pessoal? Espuma abundante, perlage fina de pouca intensidade, porém constante. Nariz tímido, porém de boa tipicidade. Entrada de boca saborosa, algo doce, mas bem balanceado pela existência de uma acidez correta dando-lhe maior equilíbrio. Fácil de agradar, um pouco doce em demasia para o meu gosto, sendo ótima companhia para uma sobremesa. Produtor de pequeno porte no Vale dos Vinhedos, trazido pela Lusitana que o vende em Sampa por R$35,00. I.S.P.  

 

Blackbird Bonarda/Malbec 06 – Tinha provado este vinho na Wines of Argentina do ano passado e o achado bem interessante. Esta é uma linha básica, de entrada, da Clop y Clop que possui um portfolio bem mais amplo trazido pela D’Olivino. Vi no mercado perto de casa e comprei uma garrafa para fazer a prova dos nove. Só confirmou tudo o que tinha achado em minhas primeiras impressões. Um vinho simples, agradável, honesto, bastante saboroso, corpo leve e fácil de tomar, uma opção aos varietais trazendo alguns aromas e sabores mais elaborados e diferentes. Se não tem grandes virtudes, também não tem defeitos e pelo preço de R$19,00 é uma boa opção para o dia-a-dia junto com outros vinhos argentinos já mencionados aqui anteriormente. Um vinho que satisfaz acompanhando uma pizza de calabreza ou peperoni. I.S.P. 

 

Stepping Stone Padthaway Shiraz 05 – um vinho australiano da região de Limestone Coast que meu sobrinho me trouxe no Natal de 2007.  Lá, custa algo próximo a 13 dólares australianos o que equivale a mais ou menos USD9. Pensando bem, custa praticamente o mesmo que o Blackbird aqui acima, sacanagem!!! A esse preço estaria costumeiramente sobre a minha mesa e na minha taça, um vinho sedutor que me agradou sobremaneira. Cor bonita de um rubi profundo, bem frutado com leves toques apimentados. Na boca confirma a fruta, com a madeira muito bem posicionada não se sobrepondo ao vinho em momento nenhum. Vinho de muito boa acidez, textura encantadora, jovial e macio, taninos sedosos e um final de boca muito saboroso de boa pesistência mostrando toques herbáceos. Com teor de álcool de 13.5% em perfeita harmonia, a garrafa terminou rápido demais, deixando-nos, tomei com meu genro, com água na boca e desejos de mais algumas garrafitas. Se alguém estiver por lá e quiser me presentear, pode trazer uma caixa! Bom demais, me deixou feliz e deixou saudades. Quem sabe algum importador não se anima?!

 I.S.P.  

 

Palazzo Della Torre 01 – elaborado com Corvina, Rondinella e um tico de Sangiovese. Cerca de 70% do lote é viníficado de imediato, enquanto o restante passa por um processo de secagem em esteiras ao estilo amarone para posterior mescla dos lotes. Uma inovação do produtor que perde assim a classificação de DOC, menos importante do que o nome Allegrini que lhe confere a importância e prestigio que merece. Um vinho suculento, diferente, com um nariz muito agradável em que aparecem frutas do bosque, baunilha e algo floral. Na boca sabores complexos em que sobressai alguma fruta passa, bem balanceado, taninos finos e sedosos num ótimo final de boca. Muito similar ao 2004, mas este está mais maduro, médio corpo com taninos mais equacionados e macios com um final algo mineral. Um belo vinho que está na Expand (04) com um preço em torno de R$98,00.

 I.S.P.  

 

Amancaya 06 – um vinho fruto da sociedade entre Lafite-Rothschild e Catena Zapata na Bodega Caro, um assemblage de 50/50 Malbec e Cabernet Sauvignon. Uma segunda avaliação deste bom vinho que só tinha degustado anteriormente, o que é algo bem diferente de tomá-lo. Sem duvida alguma um bom vinho, em que se sente bem a influência de Bordeaux com toques Mendocinos. Possui intensa fruta madura no nariz, algo de café torrado e carvalho. Encorpado, firme, grande volume de boca, taninos presentes ainda bastante firmes mesmo após 45 minutos de decanter, um vinho austero, classudo e equilibrado, mostrando uma certa elegância, mas que ganhará muito com mais um ou dois anos de garrafa. O final de boca é bastante agradável de boa acidez,talvez algo mineral, média persistência e retrogosto levemente apimentado . Comprarei mais uma garrafa e a abrirei daqui a dois anos só para sentir a evolução, mas creio que crescerá muito em elegância e finesse. Um vinho de muitas qualidades, mas que ainda está muito jovem para se sentir todo seu potencial e que certamente se tornará mais amistoso com o tempo. Acho que andamos tomando determinados vinhos cedo demais, mas esse é assunto para outo post. Na Mistral por R$69,00. I.S.P. $

 

Salute e kanimambo

 

Quer contatar importadores ou lojas aqui mencionados, veja detalhes em “Onde Comprar” .

Casamento e Vinho Tinto Combinam?

       casamento-e-tinto

        Vinhos espumantes, brancos e tintos numa mesma recepção e nesse contexto, a não ser em casos muito específicos de pouca gente e maior sofisticação, acho um pouco exagerado e complicado de conciliar. Para quem quiser acompanhar a refeição com brancos, sugiro manter o espumante direto e acho que o tinto tem sua vez, sim. Cybele, Isa e Silvia, três leitoras deste blog, manifestaram essa duvida, que creio possa ser a de muitos, e pediram umas dicas de vinhos então achei que o tema valia um post. 

            Essa história de um espumante e um tinto me soa muito bem, até porque do ponto de vista de custo não altera muito, já que são vinhos de valores similares ou, pelo menos, podem ser. O problema é o quê servir? Quanto aos espumantes, tenho já uma série grande de posts sobre o assunto onde trato o tema de forma bastante abrangente. Já nos tintos, obviamente que dependerá muito de quem estará presente, de qual o tamanho do orçamento e do que será servido, mas pudemos tentar criar algumas “regras” básicas para uma escolha sem grandes riscos.

1)     Quanto mais caros os vinhos, a grande probabilidade é que eles cresçam em complexidade o que pode complicar porque a harmonização pode se tornar mais difícil e se o povo não for muito chegado no néctar, certamente vai complicar. Nestes casos, como em tudo na vida, o equilíbrio e bom senso têm que dar o tom. Algo bom o bastante para que quem aprecie vinho curta e não tão complexo que quem seja mais chegado numa cerveja não se sinta por fora e aproveite da mesma forma. Esta é daquelas horas que, a meu ver, menos pode ser mais!

2)    Cuidado para não misturar bebidas demais como; espumante, vinho branco, tinto, cerveja, caipirinha, whisky, etc. Lembre-se a festa deve ser alegre e essa mistura tem tudo para ser letal levando os mais incautos a extrapolarem e se tornarem inconvenientes estragando o momento. O espumante é essencial então se quiser uma opção de branco, siga servindo o espumante.

3)     Lembre-se a festa é sua e, pelo menos no desejo, deverá ser algo único então a recepção deve sair do jeito que você planejou e gosta permanecendo para sempre na memória. Para tanto, faça algumas degustações antes, preferencialmente harmonizando com pratos semelhantes ao que vai servir. O que você mais gostar, dentro do seu orçamento, é o que você deverá servir independentemente dos conselhos de críticos, comentaristas, colunistas, etc. Escolha três ou quatro vinhos e faça o mesmo com espumantes. Reúna amigos mais íntimos família e aproveite e faça uma prévia, dessa forma você ficará mais tranqüilo(a) e terá mais certeza de que escolherá o que lhe for mais apetecível. Sem contar que você já estará entrando no clima e se divertindo no processo.

4) Se for de vinho tinto e/ou branco, sirva somente um rótulo. Misturar vinhos diversos (algumas garrafas de Merlot nacional, outras de um blend português ou de um Carmenére chileno, etc.) complicará demasiado o serviço e a logistica, evite!  

         Minha sugestão é que o vinho não deva ser muito complexo, mesmo havendo grana para torrar, e fácil de harmonizar tanto com a comida como com as pessoas, o que chamo de vinhos amistosos e descomplicados sem deixar de ser muito saborosos e equilibrados, de maior elegância e menor potência. Na minha lista de Melhores Vinhos de 2008 até R$30 e de R$30 a 50,00 existe um grande numero de boas opções com os nomes dos importadores a quem você pode consultar para saber quem os tem em estoque próximo a sua casa. Em Sampa, eu sempre recomendo falar com nossos parceiros lojistas/importadores. Eis algumas dicas de vinhos com esse perfil que creio interessantes para você provar e poder decidir-se:

  • Se quiser ficar nos nacionais, não tenha vergonha porque os nossos vinhos estão num patamar de qualidade muito bom, tente o Angheben Barbera 07, Marson Reserva Cabernet e o Salton Volpi Merlot 05, três boas opções, assim como o Pizzato Reserva Merlot 05 um pouco mais encorpado e complexo, ou escolha um da lista de rótulos importados aqui abaixo.
  • Até R$20,00; Fincas Privadas Tempranillo, Fuzion Tempranillo/Malbec e Alfredo Roca Malbec ou Pinot Noir, Graffigna Cabernet e Las Moras Malbec, simples, redondos, fáceis de agradar sem fazer feio com quem entende.
  • De R$20 a 30; fica mais difícil escolher já que as opções são maiores, mas o Sucre Cabernet Sauvignon 06, Trivento Tribu Pinot Noir 07, Indomita Pinot Noir 07, Quinta de Cabriz 06, Monsaraz 06, Don Roman Crianza 06 e Bonacchi Montepulciano d’Abruzzo 06 fazem bonito.
  • De R$30 a 40,00; os muito bons Cono Sur Reserva Pinot Noir, Goats do Roam Red 05, Los Cardos Malbec 06, Casillero del Diablo Merlot 07 (uma grande safra no Chile),
  • De R$40  a 50; havendo grana, estes são para o pessoal aplaudir de pé – Travers de Marceau 06,  Códice 06, Saint Esteves d’Uchaux 06,  Les Bretaches 06, Ochotierras Cabernet Sauvignon 06 ou o Valpolicella Clássico Campo Del Biotto 06.

       Na minha avaliação, todos os vinhos acima sugeridos possuem o perfil ideal, uns mais evoluidos e de maior volume de boca que outros, mas sem complexidades exageradas e desnecessárias ao evento. São vinhos redondos de taninos finos e bem equacionados, leves para médio corpo e fáceis de gostar, todos ótimas escolhas que penso sejam de fácil harmonização tanto com massas como carnes tradicionalmente servidas em casamentos. O que escolher dependerá de disponibilidade financeira, perfil da galera, quantidade de convidados e seu gosto pessoal. Bem essa é minha opinião e minha sugestão, a escolha é sua! Que deus Baco lhe ilumine na escolha e aproveite o momento, que seja mágico como tem que ser.

Salute.