Séptima

Final do ano passado tive a oportunidade de degustar, pela primeira vez, alguns vinhos que a Interfood importa, especificamente os da Bodega Septima, da Codorniu Sur na Argentina. Porquê Septima? Porque foi a sétima vinícola do grupo Codorniu, que hoje possui 11 empreendimentos espalhados pelo mundo. Porquê do convite a esta degustação? Principalmente para o lançamento do María, seu primeiro espumante a ser produzido em Mendoza!

Fui pra conhecer a María e descobri um Cabernet Sauvignon muito saboroso que quase, por muito pouco que não entrou, fez parte de minha lista de Melhores de 2008 dentro de sua faixa de preços. De qualquer forma, eis uma geral de todos os rótulos tomados num agradável almoço realizado no simpático e agradável Aguzzo Caffé e Cucina aqui em São Paulo.

maria-codorniu-sur-altaMaría, que já recomendei em meus posts sobre espumantes em Dezembro, é um produto bastante agradável e fácil de tomar, elaborado com um corte de 60% de Chardonnay e uns 40% de Tocai Friulano pelo método charmat. O resultado é um espumante muito aromático, provavelmente em função do inusitado corte com a Tocai Friulano, frutado, de cor muito clara algo pálida e transparente, de boa espuma e perlage fina, abundante e de boa persistência na taça. Na boca é bastante agradável, fácil de tomar, um pouco curto, com uma forte presença gustativa de maçã verde e leve amargor final que não chega a incomodar. Preço ao consumidor por volta de R$35,00.

Septimo Dia Chardonnay 07, bem cítrico e algo de baunilha mostrando estar muito bem balanceado com ótima acidez tendo acompanhado maravilhosamente bem uma endívia com queijo de cabra, tomate cereja e rúcula. O final de boca é bastante saboroso porém a madeira tende a aparecer um pouco quando sobe a temperatura do vinho na taça. Preço por volta de R$56,00.

Malbec Septima 06, cor típica, fruta intensa, o ácool desponta um pouco no nariz. Na boca mostra taninos doces (álcool acentuado porém equilibrado), se não encanta, também não espanta. Um vinho correto básico que vende por volta de R27,00 no mercado.

Septimo Dia Malbec 06, uma outra historia, de uma linha um degrau acima, elaborado com uvas originárias de vinhedos entre 10 a 25 anos que passa 11 meses em carvalho sendo parte em francês e a outra em americano. Com uma cor bem violeta, mostra grande concentração de fruta com algo floral. Na boca apresenta bom volume, corpo médio de boa estrutura, bem equilibrado com taninos firmes porém finos e elegantes de boa persistência. Preço por volta de R$56,00.

Septimo Dia Cabernet Sauvignon 06, para mim o vinho que mais me encantou tendo apresentado uma relação Qualidade x Preço x Prazer muito boa. De bonita cor ruby brilhante, é um pouco austero, puxado para o clássico, com aromas especiados e algo herbáceos. Ótima estrutura, com uma entrada de boca impactante que amacia na boca, textura sedosa de taninos muito bem equacionados com um agradável e saboroso final de boca de muito boa persistência. Um que certamente habitará minha mesa neste ano de 2009 e o preço é justo pelo qualidade oferecida, cerca de R$56,00.

Septima Gran Reserva 2005, um vinho de guarda aberto cedo demais. Está tudo lá, mas ainda muito fechado não mostrando toda a sua exuberância apesar de mostrar enorme potencial. Um corte de Malbec (55%), Cabernet Sauvignon (34%) e Tannat (11%) que mostra grande potência e estrutura, complexo e expressivo, taninos ainda muito firmes e presentes com um final de boca algo tostado. Para quem tiver paciência, um vinho que, pelo preço e qualidade, vale a pena ser guardado por mais uns dois anos quando acredito estará ótimo. Opcionalmente, deixe decantar por umas duas horas. Preço, incríveis R$80, ou por aí perto, por um vinho Gran Reserva. Este gostaria de provar novamente em 2010!

septima-panorama

Um aspecto muito interessante desta jovem Bodega de 306 hectares, comprada em 1999, é a busca por produtos e cepas diferenciadas. Nesta degustação me chamou a atenção o uso da Tocai Friulano no espumante e o Tannat no Gran Reserva, tendo o enólogo (Rubén Calvo) me informado que já se encontram experimentando com a Nebiollo e que a Tannat vem apresentando ótimos resultados. Uma vinícola a se prestar atenção pois inovar é preciso e parece que eles possuem esse conceito no gen. Como eu sou faminto por novidades, acompanharei com prazer a evolução destes vinhos de e com castas diferenciadas.

Por hoje é só, amanhã publico a lista dos Melhores de 2008 entre R$30 a 50,00. Nos vemos por aqui, salute e kanimambo.