Espumantes que Tomei e Recomendo III – Dez/08

A principio, prefiro os espumantes elaborados pelo método tradicional já que o processo é mais elaborado e menos estressante sobre o vinho gerando, normalmente, produtos mais complexos, com maior intensidade de sabores e aromas, quase sempre mais cremosos apresentando perlage mais fina e delicada do que os elaborados pelo método charmat. Por outro lado, é comum os “charmats” apresentarem perlage abundante, de dimensão maior, porém de menor persistência, e bom frescor. Tudo isto, no entanto, tem suas exceções como é o caso de um dos melhores, se não o melhor espumante nacional, o Chandon Excellence, que possui todos os atributos do método tradicional mesmo sendo elaborado pelo método charmat. Resumo da história, apesar dos guias, dicas e sugestões, não existem verdades definitivas no mundo do vinho, tudo é mutável e nada supera a prova, então aproveite ao máximo a época, ótima desculpa, e diversifique o quanto possa até encontrar o estilo de espumante que lhe agrade mais.

A faixa de preços anterior é tão rica de bons produtos, que pouco tenho me aventurado nos rótulos acima de R$50,00, apesar de ter provado diversos bons espumantes tanto nacionais como importados. Neste post, pretendo cobrir as ultimas duas faixas de meus Tomei e Recomendo, de R$50 a 80,00 e de R$80 a 120,00.

 

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De R$50 a 80,00 – Meu garimpo por bons vinhos e espumantes com bons preços, gerou algumas pedras preciosas neste ano, e alguns deles estão presentes aqui.

Proseccos, tradicionalmente elaborados pelo método charmat, algums belos exemplares que mostram que existem proseccos, e PROSECCOS! Estes fazem parte dessa ultima leva, rótulos de muita qualidade e muitíssimo saborosos. Bedin (Decanter) e Incontri (Vinea Store) são produtos muito similares, até de preço, e de grande qualidade, verdadeiramente cativantes. Ambos apresentam um enorme frescor, algo de maçã verde no olfato, bem cítrico na boca, muito bem balanceados e sedutores com um final de boca muito agradável e longo, deixando na boca aquele gostinho de quero mais que faz com que a garrafa acabe rápido demais. Duas opções difíceis de resistir em função da incrível relação Qualidade x Preço x Prazer que entregam. Rústico (Expand) é um prosecco também muito fresco, porém um pouco mais complexo com aromas que me lembram pêra e algo de pêssego, mais encorpado sem ser pesado, muito harmônico, cremoso com suave presença de sabores de levedura na boca, um senhor prosecco com uma personalidade muito própria.

petit-kriter1Dos outros espumantes importados, dois franceses de tirar o chapéu e cair o queixo, ótima opção para quem é chegado num champagne, porém está com o bolso meio curto. Kritter Brut Blanc de Blancs (Decanter) crémant de bourgogne da região de Beaune, amarelo palha, límpida e brilhante, perlage muito boa, fina e abundante. De média estrutura é um espumante macio, algo cremoso, mais sério e compenetrado mostrando alguma fruta, bom frescor e algo de torrefação e leveduras bem ao estilo dos espumantes de champagne.  O Kritter Rose, me encantou mais ainda porque tenho uma certa dificuldade em gostar deste estilo de espumante, em função do forte amargor de final de boca que costumam apresentar, tendo-me deixado muito satisfeito e seduzido por seu saboroso e muito agradável final de boca com grande frescor. Os suaves aromas de frutas silvestres frescas, se confirmam na boca com muita sutiliza e harmonia. O legal é que estão disponíveis em doses quase que individuais em pequena e charmosas garrafinhas de 200ml.

Ainda dentro os importados, duas deliciosas Cavas, tradicionalmente elaboradas pelo método champenoise; a Raventos i Blanc L’Hereu Reserva Brut .(Decanter) muito equilibrada, saborosa, frutada, fresca, de perlage fina e abundante, aromas sutis e delicados, persistência média, muito fácil de tomar e agradar formando um conjunto muito refinado; a outra acaba de chegar e já está à venda na rede de supermercados do interior Paulista, a rede Paulistão, e é uma grata surpresa, verdadeiramente encantadora e complexa, é a Marrugat Gran Reserva Brut Nature 04 (Pinord) de produção biodinâmica que passa 36 meses em garrafa. De cor amarelo dourado, límpida e brilhante, na boca é cheia, cremosa, seca, porém sem nunca perder o frescor aportado por uma ótima acidez. Boa estrutura, perlage muito fina, abundante de enorme persistência (aproximadamente uns 30 minutos) mostrando todo o seu potencial. Aromas sutis de leveduras e frutas cítricas, uma cava de primeiro nível, muito bem elaborada, de delicado final de boca mostrando muita finesse e elegância. Enorme surpresa que esteja posicionada nesta faixa de preços e um grande achado.

Dos nacionais, alguns dos considerados tops e já amplamente comentados pela imprensa especializadada; Valduga 130, Miolo Millésime e Chandon Excellence, todos grandes espumantes, porém bem diferentes entre si, com estilos diferentes que atendem gostos diferentes. O Valduga 130, homenagem à idade da vinícola, é o mais encorpado deles, um espumante que passa 30 meses em contato com as leveduras e adquire aromas muito clássicos de brioche e algo tostado,  muito presente no nariz, boa estrutura de corpo médio, denso, mostrando boa concentração de aromas e sabores mostrando um leque de sensações bastante complexas e uma perlage de média intensidade. O Millésime 04 da Miolo, segue o mesmo estilo, mas tenho para mim que a melhor acidez lhe dá um frescor maior de final de boca que me atrai mais. Cremoso, algo de torrefação e leveduras no nariz, na boca apareceu uma certa mineralidade, algo de abacaxi que me agradou bastante. Perlage abundante e fina com leve amargor no final. O teor alcoólico de 13º incomoda um pouco, não na boca porque está bem equilibrado, mas na terceira taça (hic.. rsrs). O Chandon Excellence Brut Cuvée Prestige, único deles produzido pelo método charmat, é elegante e sedutor, mostrando uma perlage fina, abundante e concentrada de ótima persistência. Apresenta aromas sutis de padaria, algo de abacaxi com eventuais nuances florais. Ótima acidez aportando bom e refrescante frescor produzindo muito equilíbrio, cremoso com espuma abundante que forma um bonito colar. Final de boca saboroso e muito agradável, algo cítrico e amendoado, convidando a mais uma taça.

 

De R$80 a 120,00 – quase não provei espumantes nesta faixa de preços, exceção feita a um delicioso spumante italiano rose e um soberbo espumante francês que, lamentavelmente, subiu para esta faixa em função da forte valorização do Euro e do Dólar. Da faixa anterior, andei pulando direto para alguns champagnes realmente muito bons, mas sob os quais pouco falarei já que, certamente, a maioria é bem conhecida e já amplamente comentada pela critica especializada.

Começemos pelo Bailly-Lapierre Brut Reserve (Nova Fazendinha) um crémant de bourgogne de muita qualidade  e um verdadeiro achado, que já foi mais competitivo, mas segue sendo uma boa opção aos champagnes de maior valor, especialmente para os amigos do Rio de Janeiro, Niterói e região. Às cegas, é difícil identificá-lo como um cremant e não um verdadeiro champagne. É bastante complexo, elaborado com um corte de Pinot, Chardonnay e Aligoté, passa 18 meses em garrafa nas caves antes de ser lançado no mercado. Os aromas de panificação estão muito presentes, com algo de frutas brancas e uma acidez e mineralidade bem marcantes que ajudam a dar-lhe equilíbrio, tornando-o mito agradável e sedutor na boca.

O Faive Rosé (Expand), é mais um daqueles espumantes que me arrebatou e encantou. Começa a cativar pela bonita cor rosa pálido, quase cobre, e límpida. Corte de Cabernet Franc e Merlot, muito balanceado com a marca de frescor e frutuosidade que Nino Franco, produtor italiano, imprime a seus saborosos espumantes, é extremamente sedutor, cremoso, equilibrado e fácil de beber. Ótima perlage, fina, persistente e abundante algo de cereja fresca na boca, vibrante, levemente off-dry, suave e de boa textura, muito agradável e saboroso final de boca de muito boa persistência. Um dos meus favoritos.

 

Acima disto chegamos nos champagnes e aí o céu é o limite. Para quem pode, recomendo alguns “básicos” de excelente qualidade com os quais me identifico mais. Um dos mais baratos e, na minha opinião, um dos mais frescos e saborosos é a Piper-Heidsieck (Interfoods), depois temos a super-elegante Taittinger Reserva Brut (Expand) verdadeiramente aristocrata e fina plena de sabor, cremosa, algo de baunilha e caramelo na boca com grande frescor harmonizando o todo; a Gosset Excellence Brut (Expand) muito equilibrada e de estupenda perlage, fina, abundante e persistente e a Veuve Clicquot Ponsardin Brut, de grande frescor e frutuosidade todos entre R$180 a 200 exceto a Piper que costuma estar por volta dos R$140,00.  Uma das que mais gostei, sem considerar o Comtes de Champagne de Taittinger que é de reflexão e talvez o melhor vinho que tenha tomado este ano, está o Mailly Grand Cru Brut Reserve (Ana Imports), de perlage abundante, persistente e fina com sur-lie de 3 anos que lhe dá profundas notas de brioche, boa fruta com ótimo frescor que mexem com nossas pupilas gustativas, um champagne verdadeiramente inebriante e muito elegante.

Bem, este foi realmente longo, mas queria terminar isto hoje. Faltaram os Cave Geisse, eu sei Leandro, mas estes e mais uma série de outros bons rótulos nacionais e importados, serão um de meus focos para 2009. Salute amigos, com muita borbulha e muito sabor. Aproveitem com moderação, desfrutem das festas, de bons vinhos e de boa gastronomia. Espero que estas dicas de Tomei e Recomendo do mês tenham ajudado em sua escolha e termino aqui as indicações do ano. Kanimambo e nos vemos por aqui lembrando; Sábado a Coluna do Breno e Domingo Noticias e Eventos de nossa Vinosfera. Segunda tem mais.