Degustando Vinhos – Negócios ou Prazer?

A meu ver tanto pode ser um, como o outro ou, preferencialmente, um mix dos dois. Há poucos dias tive a oportunidade e privilégio, de conhecer uma ícone do vinho espanhol, influente crítico vitivínicola com enorme respaldo internacional e com mais de trinta anos degustando vinhos, sua excelência, o Sr. Josè Penín, profissional do ramo e de fama incontestável. Grande personalidade, escritor e jornalista, certamente o homem que mais entende de vinhos espanhóis. Edita o famoso Guia Penim com resenhas de mais de 13.000 vinhos, a edição de 2008 que tenho em mãos teve um repasse sobre 8 mil deles. A “charla” poderia ter ido longe se houvesse tempo, mais vinhos e algumas tapas para rechear o bucho. O homem gosta de falar e é prazeroso sorver desse seu conhecimento de uma forma despojada de frescuras, recheada de humildade e simplicidade no falar. Desse bate papo, e do Guia, desta verdadeira lenda do vinho espanhol, tirei alguns ensinamentos e frases para reflexão.

  • A critica por si só não é difícil de ser aceita pelo ser humano, o que gera reações adversas é, normalmente, a forma e o tom em que elas são colocadas.
  • O Guia Penin não vende vinho, vende imagem.
  • O Degustador tem que ser frio, eqüidistante, não influenciável, desprovido de emoções e paladar próprio enquanto degusta.
  • Fazer um vinho bom se tornou algo normal. Realmente, com toda a tecnologia hoje disponível no mercado, só não produz bom vinho quem não quer. Grandes vinhos são outro capitulo!
  • O Guia Penin é o único guia do mundo que publica uma lista de vinhos não recomendáveis. E ele, José Penin, segue sem escoriações.
  • O Degustador experiente e qualificado, não degusta às cegas. Saber o que se está provando, é importante informação comparativa para qualificar o produto.
  • Existem três tipos de degustação, ou catas como a chamam em Espanhol.
  •                     A Cata Técnica, aquela normalmente elaborada pelos enólogos nos vinhos em barricas da vinícola. Muito técnica, sem conhecimento comparativo externo, serve somente ao desenvolvimento e elaboração dos vinhos.

                        A Cata Comercial, que poderia também se chamar de “cata crítica”, que é a que é feita pelo famosos críticos nacionais e internacionais como  Don Penín, Robert Parker, Jancis Robinson, Stephen Tanzer e outros. É a cata que qualifica o produto terminado segundo os mercados a que vai ser destinado. As características do degustador destas catas é a descrita por ele e mencionado aqui acima.

                        Cata Hedonista, é uma nova forma que se impõe como entretenimento e prazer de gente amante dos vinhos, apreciadores, grupos de amigos e confrarias, muito vinculado aos foros da Internet. É o deleite de perceber sensações que têm a ver com a cultura que o vinho encerra (origem, história, terroir, cepas, etc) e transportá-las para o papel, ou tela, com a sabedoria sensorial e experiência que possuem, porém sem a responsabilidade profissional. Eu adicionaria, fazer tudo isso com um enorme prazer deixando transparecer todas as emoções que o doce néctar lhe provocou. Ó euzinho aqui!

             Não necessariamente concordo com tudo o que diz, porém são sempre citações sobre o qual refletir, resultado que são de muito anos de experiência e resultados reconhecidos. Só vende a “mixaria” de uns 400.000 guias anuais e agora se prepara para lançar sua versão on-line, certamente alguém a ser escutado, mais do que meramente ouvido. Cada um com seu valor, sua filosofia e seus objetivos, mas que ele manja uma enormidade, disto não se pode duvidar. De qualquer forma, faço minhas as palavras do amigo blogueiro do vinho, Pingus Vinicius o mestre da pena, que diz sobre seu blog Pingas no Copo, “Um espaço feito por um amador para amadores que gostam de beber, provar, degustar sem rodeios, sem preconceitos e com muita paixão!”. Disse tudo!

    Salute e Kanimambo. 

     Ps. E ele ainda falou bem de alguns vinhos brasileiros. Dêm uma olhada na entrevista que ele deu para o Luiz Horta