Kami no Shizuku

Este título está na boca da imprensa do mundo inteiro e é um hit no mundo do vinho asiático, em especial no Japão. Reuters, Blue Wine, Times, Wired Network, Guardian, etc.  todos noticiam o sucesso da “Gota de Deus”, tradução deste, inicialmente, estranho título. É um mangá, estilo próprio de história em quadrinhos japonês. Meio cult em nosso meio e uma febre em terras orientais, com os mais diversos temas. Este mangá, escrito por um casal de irmãos, conta a história de um jovem chamado Shizuku Kanzaki que descobre a beleza do mundo do vinho quando seu pai, um famoso critico de vinhos, vem a falecer  e deixa para trás um testamento, no mínimo estranho. Seu legado, uma importante coleção de vinhos, será herdada por aquele que primeiro encontrar os 12 vinhos considerados por ele como os melhores de nossa vinosfera. Essa busca pelo legado do pai , coloca Shizuku numa competição direta com seu irmão adotivo Issey Tomine que trabalha como critico de vinhos. Meio que discípulos na busca do santo graal!

Na busca por esses 12 néctares, eles vão provando diversos outros rótulos o que cria uma ação meio novelesca dividida em diversos episódios, ou edições, em que esses vinhos são efetivamente degustados pelos autores resultando num astronômico pulo de vendas no mercado. Essa mistura de ficção com realidade é o que, imagino, atrai tantos fiéis leitores ao ponto de ter provocado venda de mais de 50 caixas do vinho Chateu Mont Perat 2001, do nosso conhecido Thibault Despagne, em menos de dois dias. quando do lançamento do mangá em Taiwan. No Japão, já chegou a vender 20 mil garrafas em um unico dia! Os autores afirmam que nada têm qualquer vínculo comercial com os vinhos, o que acredito, mas a sua menção nos mangás, significa sucesso garantido e enorme aumento nas vendas tanto no Japão como em outros países da região. Um produtor Italiano que teve a sorte de ver um de seus rótulos incluídos no manga, viu suas vendas crescerem 30 por cento!

Esses vinhos degustados recebem criticas hedônisticas expostas de forma coloquial com linguagem jovem e direta, como a do Chateau Mont Perat, comparada à afinação e desenvoltura da banda Queen enquanto sua acidez se assemelha á voz de Freddie Mercury envolta por guitarras e bateria em perfeito equilíbrio. Não muito ortodoxo, mas perfeitamente entendível pela maioria de seus leitores.

Se é bom não sei, se é isento só posso acreditar que sim, mas que estimula e educa disso não restam duvidas e as vendas tanto dos mangás como dos vinhos é prova disso. Interessante também é o fato de que os vinhos provados na busca do “santo graal”, pelo menos do que pude observar, são na sua grande maioria vinhos de baixo valor para médio, vinhos que cabem fácil no bolso da maioria o que tem um efeito propulsor no crescimento do consumo. Enfim, algo de curioso e diferente acontecendo do outro lado do mundo, que achei interessante compartilhar com os amigos. Será que estamos descobrindo uma nova ferramenta de marketing? Se quiser conhecer mais sobre os mangás, faça uma visita no blog da Valéria.

Salute e Kanimambo.