Itália – Regiões, Cepas e Vinhos – Parte III

             Eis as principais regiões e seus vinhos. Nesta passeio de conhecimento pelas regiões Italianas, comecei a entender melhor seus vinhos e, conseqüentemente a apreciá-los. Uma de suas características fundamentais é a de serem vinhos muito gastronômicos o que faz com que, em uma degustação tradicional, seus vinhos se saiam normalmente piores que vinhos de outras origens. Realmente seus vinhos crescem muito quando acompanhados de um bom prato.

Lombardia – região de onde saem os melhores espumantes italianos, a DOCG Franciacorta, espalhada por 19 comunas ao redor da cidade de Brescia. Os espumante de Franciacorta, produzidos pelo método tradicional de fermentação na garrafa, são, também, os únicos capazes de rivalizar com os Champagne. Caso queira ver mais detalhes, eis um site interessante para fuçar, http://www.franciacorta.net/it/page.asp?id_cat=25. Para provar um Franciacorta de primeira, conheça o Bellavista (Expand).

Emilia-Romagna – mais conhecida entre nós pelos volumes grandes de importação do vinho Lambrusco, branco. Existe muita confusão entre os consumidores brasileiros que, por muitas vezes, o confundem com um vinho espumante e não um frizzante, que é o que realmente é pois possui somente uma a duas atmosfera de gás carbônico enquanto os espumantes exigem no mínimo três. O “verdadeiro” Lambrusco é elaborado tão somente com a uva tinta Lambrusco com, dependendo da região, Fortana e Malbo Gentile em pequenas quantidades. É produzido tanto na versão branca, rosé e tinto, sendo um vinho para consumo rápido já que não suporta envelhecimento. O que mais se exporta para o Brasil é vinho de baixa qualidade, muitas vezes gasificado artificialmente, corte de diversas uvas não autorizadas, sem grandes pretensões e muitas vezes estocados na porta de entrada do estabelecimento tomando sol. Não dá para se esperar muito de um vinho assim. Os melhores são os DOC que também são um pouco mais caros, e é um vinho muito mais elaborado. O maior consumo no Brasil é do branco (blanc de noir já que a uva é originalmente tinta) enquanto que na Itália é de, principalmente, tinto. Devido a sua forte acidez e presença de gás, é um vinho que acompanha bem refeições com bastante gordura, como a comida tradicional Mineira, ou uma boa feijoada. Não são grandes vinhos, mas podem ser alegres companhias para momentos descontraídos ou beira de piscina substituindo, com vantagens, a cerveja. Quer conhecer mais, clique em http://www.tutelalambrusco.it/.

Veneto – Mais conhecida entre nós pelos vinhos Valpolicella e, especialmente, os Proseccos que invadem as prateleiras de lojas e supermercados. Junto com os bons Proseccos DOC de Conegliano e Valdobbiadene, vem muita coisa de qualidade duvidosa em que se faria um favor ao palato se fossem trocados por espumantes nacionais. De qualquer forma, foram importante fator de divulgação e promoção dos vinhos espumantes no Brasil, o que por si só já é ótimo, pois gerou uma popularização do produto. O bom espumante Prosecco é elaborado pelo método charmat com um mínimo de 85% da uva prosecco, podendo receber um corte das cepas verdiso, perera e bianchetta. Se quiser ver mais, ente no site http://www.prosecco.it/, mas se quiser provar alguns excelente exemplares de Prosecco de qualidade, prove o Bedin (Decanter) e Incontri (Vinea Store).

Já os bons Valpolicellas, são vinhos muito saborosos, especialmente os Ripasso de Valpolicella, Amarones e Recioto, elaborados com as uvas autóctones Corvina, Rondinella e Molinara, podendo receber o aporte, até de 15%, de Barbera, Sangioves, Negrara e Rossignola. Nos Vino di Tavola, existem muitos no mercado, busque sempre comprar de produtores mais conceituados. Dos Valpolicellas; Ripasso, Amarone e Recioto, falarei em separado já que sua forma de eleboração é bastante diferenciada. Muito bons o Palazzo della Torre Allegrini (Expand) e Valpolicella Clássico Ripasso Costamaran (Decanter).

Piemonte – Berço de alguns dos principais vinhos da Itália e do mundo, com ênfase nos Barolos e Barbarescos elaborados com a uva Nebiollo (uva da neblina em função das neblinas de outono nas colinas da região) que, mesmo não sendo amais plantada na região, é a que produz os vinhos mais famosos. As cidades dão os nomes aos vinhos, junto com sua uvas, e não são poucos! O Barbera d’Alba (uva barbera nas cercanias da cidade de Alba), Barbera d’Asti, Dolcetto d’Alba (o nome da uva é Dolcetto, nada a ver com vinhos doces) são alguns bons exemplos disto. Região lindíssima de vinhos deliciosos. Os Barbarescos e Barolos são vinhos por vezes difíceis, muito encorpados e normalmente caros, porém alguns dos vinhos mais saborosos que tomei na região, são da uva Barbera entre eles um que me encantou, o Pio Cesare Barbera d’Alba Fides (Decanter), um sonho de vinho, dono de uma finesse e elegância incríveis. Em Tomei e Recomendo, dou diversas sugestões de vinhos da região, inclusive de Barolos, mas prove também os Barbera d’Asti; Le Orme (Zahil) e Valfierri (Vinea).

Abruzzo –  Os mais conhecidos são o Trebbiano (branco) e Montepulciano d’Abruzzo (tinto) também com a combinação Uva + Cidade, no nome. Importante não confundir a uva Montepulciano com a cidade do mesmo nome na Toscana, onde imperam outras cepas. Um dos meus preferidos para tomar bons vinhos sem gastar demasiado. Alguns dos maiores achados deste meu garimpo por terras Italianas, vieram daqui como; Nicodemi Trebbiano (Decanter) Bonachi Montepulciano (Mistral) e Dal Tancetto Zacagni (Expand) assim como o Notári (Decanter) e o Casale Vechio (Portal dos Vinhos) num degrau mais acima.

Puglia – Região não muito representativa, mas que começa a crecer de importância com o ressurgimento dos vinhos Primitivo de Manduria DOC, que dizem ser a origem para a cepa americana, Zinfandel. Os americanos não tendem a compartilhar dessa versão, mas na boca essa semelhança é latente. Também importante a DOC Salice Salentino. Duas recomendações para quem quiser conhecer vinhos da região são; Primitivo di Manduria Masseria Trajone (Portal dos Vinhos), Rosso Salento Santi Medici (Vinea) elaborado com a uva negroamaro e o Primitivo Puglia Di San Marzano (BR Bebidas) que é muito barato saboroso e ótimo para o dia-a-dia.

Toscana – Uma confusão danada em termos dos diversos tipos de Chianti e diversas versões da principal cepa, a Sangiovese. É também, de onde temos uma maior disponibilidade de rótulos no mercado, com algumas opções muito boas começando com níveis de preço bem baixos. Cuidado no entanto, tem muita coisa ruim por aí! Depois falo dos Chiantis (quando falar dos Valpolicellas) mas gostaria de começar pela cepa Sangiovese que é a principal uva usada na elaboração dos vinhos da região. Em Montalcino, seu clone recebe o nome de Brunello gerando os fantásticos, complexos, encorpados e caros Brunellos di Montalcio (uva + Cidade novamente) dos quais tomei poucos, sempre só degustação, mas o bastante para comprovar o porquê de tanto auê em cima destes rótulos. Em Scansano, recebe o nome de Morellino, daí o Morellino di Scansano um outro DOCG, este mais recente, tendo sido elevado em 2006. Em Montepulciano, recebe o nome de Prugnolo Gentile onde, em conjunto com outras cepas como Canaiolo Nero, gera os ótimos  Nobile di Montepulciano. Desta região saem também alguns incriveis e espetaculares vinhos de reflexão elaborados por grandes produtores com cepas e cortes fora do estipulado na regulamentação vigente. O mercado e os produtores, se encarregaram de denominar estes vinhos como Supertoscanos. Em Tomei e Recomendo I e II já publicados, e no III que espero publicar entre esta Sexta e a próxima Segunda-feira, listo alguns exemplares que valem a pena ser provados e não são caros, havendo opções para vários tamanhos de bolso e gostos. Como opções ao Brunello tente o Rosso di Montalcino, o mesmo sendo válido para o Nobile de Montepulciano, em que o Rosso é uma boa opção e mais em conta. Quer conhecer mais? tente este sites http://www.consorziobrunellodimontalcino.it/ ; http://www.chianticlassico.com/ e http://www.vinonobiledimontepulciano.com/.

Marche – Mais uma região em que se gasta pouco e se bebe bem. Os dois principais vinhos da região são o branco Verdicchio dei Castlelli de Jeisi e o tinto Rosso Conero. A uva Verdicchio, uma das mais antigas da Itália, dá vinhos de enorme frescor e muito agradáveis de tomar acompanhando peixes grelhados e frutos do mar divinamente, ou simplesmente como aperitivo. O Rosso Conero é tradicionalmente um corte majoritário de Montepulciano com Sangiovese, muito macio e saboroso. Se quiser conhecer mais sobre os vinhos da região, clique em www.imtdoc.it. Para provar estes vinhos, sugiro o produtor Umanni Rochi que possui tanto um como o outro por preços muito acessíveis (Expand).

Sicília – Estagnada durante tempos, a Sicilia vêm nos surpreendendo nos últimos anos com bons vinhos, junto com muita coisa ruim que sempre vem na bagagem assim que a região começa a ganhar alguma fama, e preços acessíveis. Os ótimos já começam a ficar salgados, mas os vinhos elaborados com uvas autóctones são diferenciados e muito saborosos. São cerca de 450 produtores, dos quais uns 10 são de primeira grandeza, sendo que 80% dos vinhos engarrafados, somente 20% da produção, vêm de somente sete produtores. Os vinhos elaborados com a uva Nero d’Avola têm me agradado muito e tomei um corte de Nerello Mascalese com Nerello Cappucio estupendo, o Firriato Etna Rosso (Wine Premium). Dos Nero d’Avola, o Masseria Trajone (Vinci) e Branciforti (Wine premium) são boas opções com um preço muito acessível, porém o Chiaramonte IGT (Wine Premium) é um vinho em outro patamar de qualidade e complexidade. Alguns bons brancos também, usando cepas autóctones como Insolia, Grecanico e Catarrato com uvas internacionais como o Chardonnay. 

Salute e kanimambo.

 

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